Grupo de Estudos em Migração e Direito Internacional do Trabalho (GEMDIT) Edital de Atividade de Cultura e Extensão 1º Semestre de 2017 Tema: Grupos sociais vulneráveis no ambiente internacional do trabalho: Cartilha de Direitos Sociais do GEMDIT 1. Descrição e finalidade O Grupo de Estudos em Migração e Direito Internacional do Trabalho (GEMDIT), grupo de pesquisa da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP), com seu objetivo de promover reflexões e debates interdisciplinares, abre as inscrições para a participação, no 1º Semestre de 2017, de Atividade de Cultura e Extensão em torno de uma região temática bastante heterogênea e sensível: os grupos sociais vulneráveis em um ambiente internacional de trabalho, com especial atenção às condições dos imigrantes documentados ou não e aos seus impactos nos países receptores. A dinâmica da Atividade consiste, em seu âmbito acadêmico, na proposta de leitura prévia de materiais envolvendo pesquisa bibliográfica, pesquisa empírica e estudo comparado e na sua discussão em reuniões. Pretende-se utilizar normas e decisões de diversos órgãos, como: (i) em nível internacional, da Organização Internacional do Trabalho (OIT); (ii) em nível regional, das Cortes Interamericana e Europeia de Direitos Humanos; e (iii) em nível nacional, do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE). A Coordenação da Atividade poderá convidar especialistas em determinadas áreas para participar das reuniões. Em seu âmbito de extensão, a Atividade oferecerá trabalhos à sociedade, assessorando organizações não governamentais (ONGs), bem como associações que 1
tenham como objetivo a inclusão e a ajuda a grupos vulneráveis de imigrantes, isoladamente ou em parceria com outras iniciativas já constituídas no âmbito da Universidade de São Paulo (USP). Como principal objetivo da Atividade, pretende-se efetivar a elaboração e a publicação da Cartilha de Direitos Sociais do GEMDIT, com informações úteis aos imigrantes relacionadas aos seus direitos sociais. A relevância do material advém, por um lado, da ausência de informações básicas prestadas pelos órgãos nacionais oficiais acerca do tema e, por outro, da desconfiança por parte dos trabalhadores estrangeiros quanto ao conteúdo já existente. Em razão disso, a Cartilha de Direitos Sociais do GEMDIT procurará abordar, mediante a utilização de uma linguagem clara e direta, quais são alguns dos direitos sociais com foco nos direitos trabalhistas que possuem os imigrantes, documentados ou não, que exercem algum tipo de atividade laboral em nosso país. Mais do que isso, a Cartilha terá o propósito de auxiliar os imigrantes, prestando-lhes informações acerca das principais formas de implementação desses direitos previstas no ordenamento jurídico pátrio, sendo publicada no maior número de línguas possível. Ao final da Atividade, serão promovidos meios de divulgação desse material, como a apresentação de palestras aos interessados e a realização de reuniões com organizações não governamentais (ONGs), bem como com demais associações que tratam do tema. 2. Ambientação Em uma perspectiva histórica, verifica-se que muitos trabalhadores imigrantes são altamente vulneráveis à exploração quando inseridos em um novo contexto social. Essa vulnerabilidade, perceptível desde o advento das primeiras grandes ondas migratórias da história recente do Brasil, iniciadas no final do século XIX, ainda se encontra presente em nossa sociedade. Com o recente aumento do fluxo migratório, seja no Brasil advindo, por exemplo, do expressivo número de trabalhadores asiáticos e sul-americanos, seja no mundo influenciado especialmente por conflitos armados e pela Crise Econômica a partir de 2008, reacendeu-se o debate sobre os direitos dos imigrantes e os deveres dos 2
países receptores na condução de políticas públicas focalizadas, visando à diminuição do flagelo e ao amparo de milhares de pessoas. Essa nova demografia que se instala traz para a seara das relações de trabalho o problema da diferenciação e do conflito entre os endogrupos formados pelos nacionais e os exogrupos os dos não nacionais, fatos que fomentam a exclusão social, a precarização do trabalho e, em alguns casos, a eliminação de qualquer perspectiva de ascensão. Diante da necessidade de equalizar os interesses em conflito e de lidar com consequências econômicas, órgãos nacionais, regionais e internacionais vêm atuando, de um lado, para resguardar os direitos desses grupos vulneráveis e, de outro, para definir a responsabilidade dos países receptores. Todavia, ainda que tratem de direitos humanos, as normas e decisões desses órgãos são omissas ou mesmo contraditórias, diferenciando-se conforme a conjuntura em que essas entidades estão inseridas, sinalizando, assim, a existência de interferência de determinados interesses políticos. Há, ainda, nessa perspectiva, a questão da ausência de conhecimento ou da desconfiança em relação às informações prestadas aos imigrantes. De fato, apesar do trabalho de diversos órgãos públicos nacionais como o Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) no sentido de assessoramento a essas pessoas, constata-se que muitos trabalhadores estrangeiros não confiam nesses serviços. Consideram os imigrantes que, em muitos casos, os órgãos públicos não têm interesse em prover as informações necessárias para o acesso aos direitos a que fazem jus esses trabalhadores. Todo esse cenário evidencia a relevância da reflexão e da promoção de debates interdisciplinares em torno da temática dos grupos sociais vulneráveis, do seu ambiente de trabalho e das medidas necessárias à satisfação dos direitos trabalhistas desses imigrantes. 3. Pontos a serem abordados - Normas e decisões sobre trabalhadores imigrantes de órgãos: (i) internacionais, sobretudo da OIT; (ii) regionais, com destaque para as Cortes Interamericana e Europeia de Direitos Humanos; e (iii) nacionais, como o CONARE; 3
- Normas e decisões de países de origem de grande número de trabalhadores que vem ao Brasil destacadas, na Ásia, as normas da Coreia do Sul e da China e, na América do Sul, o Tratado de Livre Circulação do Mercosul, Chile e Bolívia; - Análise das principais atividades laborais desempenhadas no Brasil pelos imigrantes integrantes dos grupos vulneráveis; - Principais dificuldades práticas para a implementação de direitos sociais focados os trabalhistas aos imigrantes no Brasil; - Aspectos relacionados à elaboração da Cartilha de Direitos Sociais do GEMDIT formas de apresentação do conteúdo e à divulgação desse material. 4. Enquadramento A Atividade enquadra-se na alínea a do art. 2º da Resolução CoG e CoCEx nº 4738/2000, dado que favorece discussões interdisciplinares sobre o Direito, sobretudo em Direito do Trabalho e da Seguridade Social e em Direitos Humanos. 5. Período de realização, carga horária e duração A participação na Atividade implicará a disponibilidade de 4 (quatro) horas quinzenais, totalizando 32 (trinta e duas) horas no 1º Semestre de 2017. As reuniões terão início no dia 20 de março de 2017. 6. Hora e local As reuniões ocorrerão às segundas-feiras, quinzenalmente, no horário das 17h30 às 19h30, na FDUSP, na Sala Miguel Reale. 4
7. Número de vagas São oferecidas 10 (dez) vagas para alunos a partir do 2º Ano da Graduação e 10 (dez) vagas para alunos de Pós-graduação. 8. Frequência e avaliação Para a atribuição dos créditos pertinentes à Atividade, a frequência mínima exigida é 70% (setenta por cento) e a nota mínima é 5,0 (cinco). Para a avaliação, serão aplicados os seguintes critérios: (i) comparecimento às reuniões; (ii) participação nos debates; (iii) entrega, ao final da Atividade, de um trabalho acadêmico individual, com extensão de 7 (sete) a 10 (dez) páginas, sobre um ou mais pontos de discussão, com vistas à consolidação de um pensamento crítico e propositivo; e (iv) participação na elaboração da Cartilha de Direitos Sociais do GEMDIT. 9. Inscrições Para participar do Processo Seletivo, o candidato deverá enviar Carta de Motivação, abaixo especificada, até o dia 17 de março de 2017, impreterivelmente, para o e-mail gemditdireito@gmail.com, além de seguir o procedimento regular de inscrição junto à Comissão de Cultura e Extensão Universitária (CCEx) da FDUSP 5º andar do Prédio Anexo. A Carta de Motivação deverá explicitar as razões pelas quais o candidato deseja participar da Atividade do GEMDIT, contendo, no máximo, 2 (duas) páginas, escrita com fonte Times New Roman, tamanho 12, espaçamento 1,5, com margens esquerda e superior medindo 3,0 cm e margens direita e inferior medindo 2,0. 5
10. Seleção e resultado Os participantes serão selecionados mediante a análise do conteúdo das Cartas de Motivação, promovida pelo orientador da Atividade. O resultado será divulgado em data ainda a ser definida, por meio de mensagem encaminhada ao endereço eletrônico dos alunos inscritos. 11. Coordenação da Atividade Professor Associado Antonio Rodrigues de Freitas Júnior (Orientador) Ana Beatriz Costa Koury (Mestranda em Direito do Trabalho e da Seguridade Social na FD-USP) Daniel Bertolucci Torres (Mestrando em Direito Humanos na FD-USP) Edson Gramuglia Araujo (Doutorando em Direito do Trabalho e da Seguridade Social pela FDUSP) Felipe Augusto Mancuso Zuchini (Mestrando em Direito do Trabalho e da Seguridade Social na FD-USP) Maurício Evandro Campos Costa (Mestrando em Direito do Trabalho e da Seguridade Social na FD-USP) Rodrigo de Souza Rodrigues (Mestrando em Direito do Trabalho e da Seguridade Social na FD-USP) Tatiana Chang Waldman (Doutora em Direito Humanos na FD-USP) Victor Raduan da Silva (Mestrando em Direito do Trabalho e da Seguridade Social na FD-USP) 6