AS TRANSFORMAÇÕES RECENTES NO MERCADO DE LEITE E SEUS IMPACTOS SOBRE AS COOPERATIVAS DE LEITE DA AGRICULTURA FAMILIAR NO SUDOESTE DO PARANÁ 1

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Transcrição:

III Congresso Nacional de Pesquisa em Ciências Sociais Aplicadas III CONAPE Francisco Beltrão/PR, 01, 02 e 03 de outubro de 2014. 1 AS TRANSFORMAÇÕES RECENTES NO MERCADO DE LEITE E SEUS IMPACTOS SOBRE AS COOPERATIVAS DE LEITE DA AGRICULTURA FAMILIAR NO SUDOESTE DO PARANÁ 1 Área de conhecimento: Ciências Econômicas Eixo Temático: Economia Agrícola e dos Recursos Naturais Clério Plein 2 Adilson Francelino Alves 3 Debora Machado Inhance 4 Susi Trindade de Morais 5 Sonia Chiot Bordum 6 RESUMO O objetivo do artigo é analisar as transformações recentes (1995 a 2012) do mercado do leite no Estado do Paraná, procurando evidenciar seus impactos nas Cooperativas de Leite da Agricultura Familiar (CLAF s) na Mesorregião Sudoeste. O método consiste na análise de dados secundários do IBGE. Os principais resultados apontam para a importância da produção de leite no processo de produção e reprodução da agricultura familiar no Paraná, sobretudo nos municípios da Mesorregião Sudoeste, em que as CLAF s desempenharam um importante papel na organização dos pequenos agricultores, possibilitando sua inserção nesse mercado. Palavras-chave: Produção de Leite. Cooperativismo. Agricultura Familiar. Paraná. 1 INTRODUÇÃO O presente estudo referente ao mercado do leite é uma das ações desenvolvidas pelo Projeto Inovação da Organização Administrativa, Produtiva e Agroindustrial das Cooperativas Solidárias do Sudoeste do Paraná, vinculado à Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e ao Programa Universidade sem Fronteiras da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e 1 Este artigo apresenta resultados parciais do Projeto de Extensão Inovação da organização administrativa, produtiva e agroindustrial das cooperativas solidárias do Sudoeste do Paraná (Universidade sem Fronteiras / SETI / UNIOESTE) e do Projeto de Iniciação Científica Agricultura familiar e a evolução da produção de leite no Estado do Paraná a partir da década de 1990 (PIBIC / UNIOESTE / Fundação Araucária). 2 Professor Adjunto da UNIOESTE. Doutor pela UFRGS e Orientador do Projeto. clerioplein@ig.com.br. 3 Professor Adjunto da UNIOESTE. Doutor pela UFSC e Coordenador do Projeto. adilsonfalves@gmail.com. 4 Bacharel em Ciências Econômicas pela UNIOESTE, Bolsista UFS. debora.baser@gmail.com. 5 Graduanda em Economia Doméstica pela UNIOESTE, bolsista PIBIC. E-mail: susitrindadem@hotmail.com 6 Bacharel em Administração pela UNIPAR, pós Graduada em Controladoria e Gestão financeira. soniachiot@gmail.com.

III Congresso Nacional de Pesquisa em Ciências Sociais Aplicadas III CONAPE Francisco Beltrão/PR, 01, 02 e 03 de outubro de 2014. 2 Ensino Superior SETI. As atividades do projeto foram executadas em parceira com a União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária - UNICAFES PR e o Sistema de Cooperativas de Leite da Agricultura Familiar SISCLAF PR. O presente artigo faz uma análise do mercado do Leite na região Sudoeste do Paraná utilizando-se de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), bem como dados referentes aos 11 municípios em que estão presentes as Cooperativas de Leite da Agricultura Familiar (CLAF) vinculadas à Central SISCLAF, sendo elas localizadas em: São João, Chopinzinho, Itapejara D Oeste, Pérola D Oeste, Nova Prata do Iguaçu, São Jorge D Oeste, Coronel Vivida, Realeza, Capanema, Pranchita e Santo Antonio do Sudoeste. O método utilizado nessa pesquisa é a análise de dados secundários da Produção Pecuária Municipal (PPM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) abrangendo quatro variáveis (rebanho bovino, vacas ordenhadas, produção e produtividade de leite) que contemplam dados de 1995 a 2012. Também apresenta dados do Censo Agropecuário de 2006 (produção e comercialização de leite pela agricultura familiar) e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (preços do leite e valor bruto da produção de leite). Portanto, essa pesquisa utiliza métodos quantitativos e estatísticos, ou seja, a redução de fenômenos sociológicos, políticos, econômicos etc. a termos quantitativos e a manipulação estatística, que permite comprovar as relações dos fenômenos entre si, e obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência e significado (LAKATOS e MARCONI, 2000, p. 93). Os dados da PPM estão organizados numa comparação histórica a partir da década de 1990, fazendo cálculos das variações do período e estabelecendo relações com os dados do Censo Agropecuário realizado em 2006. Outra comparação feite é entre as 10 mesorregiões delimitadas pelo IBGE. O texto está estruturado em cinco partes. Na primeira apresentam-se dados recentes sobre a produção de leite no Estado do Paraná. Em seguida, verifica-se a evolução desta produção no período compreendido entre 1995 e 2012 no Estado e suas 10 Mesorregiões. Na terceira parte analisa-se o comportamento dos preços pagos ao produtor neste mesmo intervalo de tempo. As duas partes finais

III Congresso Nacional de Pesquisa em Ciências Sociais Aplicadas III CONAPE Francisco Beltrão/PR, 01, 02 e 03 de outubro de 2014. 3 compreendem a importância do cooperativismo na organização da produção de leite no Sudoeste do Paraná, bem como, dados relativos ao significado desta produção para a agricultura familiar nos municípios em que atuam as cooperativas ligadas à produção leiteira. 2 PRODUÇÃO DE LEITE, AGRICULTURA FAMILIAR E COOPERATIVISMO A produção e comercialização de leite na agricultura familiar é uma das principais atividades desenvolvidas pelos agricultores com o propósito de auferir rendimentos mensais. Essa atividade, voltada ao mercado e não apenas como autoconsumo, intensificou-se nos anos 1990 face à crise na produção de outras culturas, como milho e soja, que se tornaram inviáveis em pequena escala. O processo de produção e comercialização de leite constitui um exemplo de mercado tradicional de produção de commodities (PLEIN, 2012), que é realizada pela intermediação de agroindústrias ou cooperativas, sendo intensiva em capital e tecnologias (ABRAMOVAY et al., 2003). Este mercado apresenta alguns desafios no que tange a padronização, legislação, qualidade, e escala de produção (WILKINSON, 2008). Em seguida, apresentam-se dados sobre o comportamento da produção de leite no Estado do Paraná e respectivas Mesorregiões. 2.1 A PRODUÇÃO DE LEITE NO PARANÁ Segundo dados da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil em 2012, foi registrada uma produção de 32.304.421.000 litros de leite, com um rebanho efetivo de 211.279.082 cabeças, desse número, 22.803.519 referem-se a vacas ordenhadas. Considerando o período de lactação de 300 dias, a média diária de produção por vaca foi de 4,72 litros. No Paraná, a produção de leite no mesmo período foi de 3.968.506.000 litros, ocupando a 3ª posição no ranking nacional que representa 12,28% da produção do Brasil, ficando atrás apenas de Minas Gerais, a qual representa 27,57% e Rio Grande do Sul com 12,54%, conforme tabela 01.

III Congresso Nacional de Pesquisa em Ciências Sociais Aplicadas III CONAPE Francisco Beltrão/PR, 01, 02 e 03 de outubro de 2014. 4 Tabela 01 - Produção de leite (litros) dos estados brasileiros e participação proporcional, 2012 Estado Produção de leite (litros) Participação no volume total da produção (%) Minas Gerais 8.905.984.000 27,57 Rio Grande do Sul 4.049.487.000 12,54 Paraná 3.968.506.000 12,28 Goiás 3.546.329.000 10,98 Santa Catarina 2.717.651.000 8,41 São Paulo 1.689.715.000 5,23 Bahia 1.079.097.000 3,34 Mato Grosso 722.348.000 2,24 Rondônia 716.829.000 2,22 Pernambuco 609.056.000 1,89 Pará 560.916.000 1,74 Rio de Janeiro 538.890.000 1,67 Mato Grosso do Sul 524.719.000 1,62 Ceará 461.662.000 1,43 Espírito Santo 456.551.000 1,41 Maranhão 381.637.000 1,18 Sergipe 298.516.000 0,92 Tocantins 269.883.000 0,84 Alagoas 245.647.000 0,76 Rio Grande do Norte 198.052.000 0,61 Paraíba 142.546.000 0,44 Piauí 85.103.000 0,26 Amazonas 48.165.000 0,15 Acre 42.732.000 0,13 Distrito Federal 24.610.000 0,08 Amapá 10.996.000 0,03 Roraima 8.794.000 0,03 Brasil 32.304.421.000 100,00 Fonte: IBGE (Pesquisa Pecuária Municipal). O rebanho efetivo do Paraná foi de 9.413.937 cabeças, destas, apenas 1.615.916 foram ordenhadas em 2012 o equivalente a 17,16%, resultando em uma produção de 3.968.506.000 litros de leite no ano e uma média de 8,19 litros por vaca ao dia, considerando um período de lactação de 300 dias. Ao comparar o Paraná com Minas Gerais que é o Estado de maior produção leiteira do país, podemos observar que a média do Paraná é maior, no entanto os mineiros possuem um número de vacas ordenhadas 3,5 vezes maior e produção 2,24 vezes maior que a dos paranaenses. O segundo maior produtor de leite do país, é o Estado do Rio Grande do Sul, o qual possui uma média diária superior ao Paraná e uma maior produção, apesar de ter um número de vacas ordenhadas relativamente menor (tabela 02).

III Congresso Nacional de Pesquisa em Ciências Sociais Aplicadas III CONAPE Francisco Beltrão/PR, 01, 02 e 03 de outubro de 2014. 5 Tabela 02 - Produção de leite, vacas ordenhadas e média diária de leite/vaca nos três maiores estados produtores do Brasil, 2012. Estado Produção de leite (mil litros) Vacas ordenhadas (cabeças) Produtividade (l/vaca/dia)* Minas Gerais Rio Grande do Sul Paraná 8.905.984 4.049.487 3.968.506 5.674.293 1.516.689 1.615.916 5,23 8,90 8,19 Fonte: IBGE (Pesquisa Pecuária Municipal). * Tabulação dos autores considerando uma lactação de 300 dias. 2.2 AS TRANSFORMAÇÕES RECENTES (1995-2012) NO PARANÁ E MESORREGIÕES Os dados relativos ao comportamento da produção de leite no Paraná (gráfico 01 e tabela 03), mostram que no período compreendido entre 1995 e 2012 houve um significativo aumento no volume de leite produzido no Estado do Paraná (151,72%), fruto, sobretudo, do aumento da produtividade (litros de leite / vaca / dia), e não do aumento do rebanho bovino e/ou do número de vacas ordenhadas. Acredita-se que esse aumento da produtividade foi resultado de melhorias na genética, manejo e alimentação.

III Congresso Nacional de Pesquisa em Ciências Sociais Aplicadas III CONAPE Francisco Beltrão/PR, 01, 02 e 03 de outubro de 2014. 6 Gráfico 01 - Evolução do rebanho bovino, vacas ordenhadas e produção de leite no Estado do Paraná, 1995-2012. 12.000.000 10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 0 Rebanho bovino (cabeças) Produção (mil litros de leite) Vacas ordenhadas (cabeças) Fonte: IBGE (Pesquisa Pecuária Municipal). Em termos regionais percebe-se que a produção está concentrada nas mesorregiões Oeste, Sudoeste, Centro Oriental e Centro-Sul, que juntas produzem 73% do leite do Estado do Paraná (gráfico 02). Em 2012 (tabela 03), a mesorregião Oeste foi a maior produtora de leite (25%). No Centro Oriental encontra-se a maior produtividade (mais de 15 litros de leite / vaca / dia). O Sudoeste foi a região que registrou o maior aumento nos índices de produtividade entre 1995 e 2012 (136%). Já no Centro-Sul houve o maior incremento no volume de produção (quase 500%).

III Congresso Nacional de Pesquisa em Ciências Sociais Aplicadas III CONAPE Francisco Beltrão/PR, 01, 02 e 03 de outubro de 2014. 7 Gráfico 02 - A participação das Mesorregiões na produção total de leite do Estado do Paraná, 2012. 2% 2% 11% 9% 3% 6% 5% Noroeste Centro Ocidental Norte Central Norte Pioneiro Centro Oriental 23% 14% Oeste Sudoeste Centro-Sul 25% Sudeste Metropolitana de Curitiba Fonte: Dados da tabela 03.

III Congresso Nacional de Pesquisa em Ciências Sociais Aplicadas III CONAPE Francisco Beltrão/PR, 01, 02 e 03 de outubro de 2014. 8 Tabela 03 - Evolução e variação do rebanho bovino, vacas ordenhadas, produção e produtividade de leite nas Mesorregiões do Estado do PR, 1995 e 2012. Mesorregião Rebanho bovino (cabeças) Vacas ordenhadas (cabeças) Produção (mil litros) Produtividade (litros/vaca/dia)* 1995 2012 Var. % 1995 2012 Var. % 1995 2012 Var. % 1995 2012 Var. % Paraná 9.389.200 9.413.937 +0,26 1.285.835 1.615.916 +25,67 1.576.541 3.968.506 +151,72 4,09 8,19 +100,24 Noroeste 2.577.930 2.128.610-17,43 252.560 201.318-20,29 200.770 351.434 +75,04 2,65 5,82 +119,62 Centro Ocidental 643.644 586.173-8,93 89.153 91.135 +2,22 76.299 140.966 +84,75 2,85 5,16 +81,05 Norte Central 1.649.245 1.298.803-21,25 208.076 164.200-21,09 235.877 222.253-5,78 3,78 4,51 +19,31 Norte Pioneiro 843.354 953.274 +13,03 125.698 181.608 +44,48 100.966 203.341 +101,40 2,68 3,73 +39,18 Centro Oriental 681.828 601.084-11,84 94.746 120.063 +26,72 211.247 550.359 +160,53 7,43 15,28 +105,66 Oeste 1.159.305 1.168.774 +0,82 230.390 304.380 +32,12 365.192 974.993 +166,98 5,28 10,68 +102,27 Sudoeste 723.044 923.400 +27,71 135.361 242.328 +79,02 216.244 914.472 +322,89 5,33 12,58 +136,02 Centro-Sul 701.036 1.300.117 +85,46 64.204 211.192 228,94 73.656 439.886 +497,22 3,82 6,94 +81,68 Sudeste 193.018 248.101 +28,53 36.899 52.860 +43,26 34.118 85.727 +151,27 3,08 5,41 +75,65 Metropolitana de Curitiba 216.796 205.601-5,16 48.748 46.832-3,93 62.171 85.076 +36,84 4,25 6,06 +42,59 Fonte: IBGE (Pesquisa Pecuária Municipal).* Tabulações dos autores considerando uma lactação de 300 dias.

9 2.3 O COMPORTAMENTO DOS PREÇOS DO LEITE NO ESTADO DO PARANÁ Analisando o preço do leite somente pela ótica nominal, podemos afirmar que houve um aumento significativo nos preços pagos ao produtor por litro de leite de 1995 para 2012. Porém, se considerar a inflação, o preço do leite tem uma tendência a se igualar à inflação, demonstrando que o produtor perde o poder de compra ao longo do período analisado, como pode ser observado no gráfico 03. Gráfico 03 - Evolução dos preços do leite (nominal e deflacionado) pagos ao produtor no Estado do Paraná, 1995-2012. 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 1,05 0,96 0,88 0,85 0,80 0,78 0,81 0,79 0,78 0,82 0,87 0,85 0,71 0,74 0,75 0,72 0,68 0,65 0,24 0,24 0,24 0,23 0,21 0,31 0,28 0,30 0,41 0,45 0,46 0,43 0,68 0,60 0,62 0,55 0,78 0,80 0,00 PREÇO NOMINAL PREÇO DEFLACIONADO Linear (PREÇO DEFLACIONADO) Fonte: DERAL/DEB - SEAB/PR, 2013. Tabulações do autor. Valores em 1º de agosto de 2013 deflacionados em relação ao mês de dezembro de cada ano. Atualização de valores através do IGP- DI da FGV. Neste cenário, de evolução da produção de leite no Estado do Paraná, e consequentemente, seus desdobramentos enquanto uma importante estratégia de produção e reprodução da agricultura familiar, foi essencial o papel desempenhado pelas cooperativas, sobretudo no que se refere à consolidação deste mercado, seja na organização dos produtores, negociação de preços, comercialização da produção, e ainda, redução dos custos de produção através das agrolojas para aquisição de insumos. Em seguida, analisa-se este processo de constituição e atuação das cooperativas de leite da agricultura familiar.

10 2.4 COOPERATIVISMO E PRODUÇÃO DE LEITE A União Nacional das Cooperativas de Economia Solidária UNICAFES é formada por cooperativas de diversos ramos: crédito, produção, trabalho e comercialização da agricultura familiar e economia solidária, todas legalmente constituídas. Possui como principal objetivo tornar o cooperativismo um instrumento popular de desenvolvimento local sustentável e solidário dos produtores e agricultores familiares articulando iniciativas econômicas que ampliem as oportunidades de trabalho, de distribuição de renda, de produção de alimentos e melhoria de qualidade de vida. Esta se organiza através das UNICAFES estaduais, regionais e dos ramos cooperativos e sistemas cooperativos, redes e associações de cooperativas. Desta forma garantem-se as pautas locais, regionais, e especificas dos ramos. Entre os espaços deliberativos da UNICAFES está a Assembléia Geral Ordinária (AGO) realizada anualmente, o Conselho Administrativo, o Conselho Fiscal com reuniões bimestrais, Congresso Estadual e Nacional a cada três anos. As representações estaduais e regionais desenvolvem pautas integradas com o coletivo nacional. Os ramos cooperativos e as Unicafes estaduais participam das deliberações do conselho administrativo nacional em suas reuniões ampliadas, ocorrendo assim a integração da pauta comum de interesses das cooperativas a nível nacional. Fazem parte da rede UNICAFES PR as cooperativas de Crédito solidário Cresol e outros sistemas, além de redes de produção, SISCLAF (sistema CLAF de cooperativa de leite com integração solidária no sudoeste); COORLAF (sistema de cooperativas de leite com interação solidária na região Centro); COOPLAF (sistema de cooperativas de leite com interação solidária na região Oeste). Nas cooperativas de comercialização há o sistema COOPAFI de cooperativas de comercialização/pr e sistema de cooperativas de pesca COOPESCA entre outras. No ramo trabalho existem as cooperativas da CENATER (assistência técnica e extensão rural).

11 A UNICAFES tem como princípios norteadores de sua atuação: organização com base nas pessoas, participação democrática, solidariedade, ética, controle social, autonomia, pluralidade, novas relações de gênero, geração e etnia, descentralização das estruturas, integração em rede, economia de proximidade, transparência, intercooperação e respeito ao meio ambiente. Embora com suas raízes nos movimentos sociais, o cooperativismo de base solidária prima por sua autonomia política e econômica, ainda que busque fortalecer os mecanismos de participação e controle social. A capacidade de cumprir sua missão, e de levar adiante as propostas e objetivos é reflexo da capacidade de governança e da comunicação das cooperativas com sua base social, como também reflete o grau de aproximação que a cooperativa estabelece com as demais organizações que compõe seu arranjo institucional. O Sistema Integrado de Cooperativas de Leite da Agricultura Familiar com Interação Solidária (SISCLAF) é uma articulação das cooperativas municipais de leite, criada a partir de fevereiro de 2003, a fim de se desenvolver e planejar ações junto às cooperativas. Seu principal objetivo é prestar serviços administrativos, assessoria técnica e organizacional, através da industrialização e comercialização da produção agropecuária das cooperativas singulares do sudoeste paranaense associadas. Sediado em Francisco Beltrão-PR, a área de abrangência do SISCLAF é a região Sudoeste do Paraná, a qual é formada por 42 municípios, com economia baseada na agricultura familiar. Sua direção é composta por membros da diretoria das singulares, eleitos em Assembléia Geral Ordinária. É constituído por 14 cooperativas singulares com aproximadamente 2.949 associados. Seus órgãos deliberativos, fiscalização e assessoria são formados pela Assembléia Geral Ordinária, Conselho de Administração, Conselho Fiscal e Diretoria Executiva. Conforme o regimento interno cabe ao Conselho Administrativo difundir e implementar políticas, diretrizes, programas e projetos, conforme deliberações da Assembléia Geral. A Diretoria Executiva é responsável pelas ações operacionais da Central. O Conselho Fiscal acompanha e fiscaliza as atividades financeiras de gestão, além de emitir relatórios sobre o balanço geral e demonstrações financeiras.

12 Figura 01 Municípios Analisados FONTE: Alves, 2013. 2.5 CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS DOS MUNICÍPIOS COM COOPERATIVAS DE LEITE Considerando somente os municípios onde estão localizadas as CLAFs, o número total de estabelecimentos agropecuários foi de 16.842 em 2006. Destes,

13 9.731 produziram leite no ano, porém, somente 7.989 comercializaram este leite, o equivalente a 82,09%, ou seja, abaixo da média do Estado. Conforme a pesquisa de Bazotti (2007) isso acontece devido ao fato de grande parte dos produtores possuírem animais de raças mestiças, diferente das regiões mais produtivas que possuem animais de raças européias no rebanho. A figura 2 destaca os municípios de Capanema e Santo Antonio do Sudoeste, com o maior número de estabelecimentos agropecuários da região Sudoeste do Paraná. Gráfico 05 Estabelecimentos agropecuários/estabelecimentos com bovinos por município SÃO JORGE D'OESTE SÃO JOAO SANTO ANTONIO DO SUDOESTE REALEZA PRANCHITA PEROLA DO OESTE NOVA PRATA DO IGUACU ITAPEJARA DO OESTE CORONEL VIVIDA CHOPINZINHO CAPANEMA 507 969 1142 1034 1420 1315 2132 1110 1498 724 1034 1472 1059 1335 781 999 1419 1776 1561 1936 1977 2408 Estabelecimentos que possuem Bovinos Numero de Estabelecimentos Agropecuários FONTE: IBGE, Censo Agropecuário 2006. Podemos observar no gráfico 05, que em todos os municípios, o número de estabelecimentos que possuem bovinos é inferior ao número de estabelecimentos agropecuário, o que demonstra que a produção leiteira não é a única atividade na propriedade. A seguir, o gráfico 06 mostra que dos estabelecimentos que possuem bovinos o numero de estabelecimentos que produziram leite ainda é menor em todos os municípios analisados. Podemos concluir que a diferença refere-se aos animais fora do período de lactação e/ou animais de corte.

14 Gráfico 06 Número de Estabelecimentos que possuem bovinos/estabelecimentos que produziram leite no ano SÃO JORGE D'OESTE SÃO JOAO SANTO ANTONIO DO REALEZA PRANCHITA PEROLA DO OESTE NOVA PRATA DO IGUACU ITAPEJARA DO OESTE CORONEL VIVIDA CHOPINZINHO CAPANEMA 806 969 822 1034 929 1315 770 1110 389 507 742 1034 867 1059 562 781 1163 1419 1153 1561 1528 1977 Estabelecimentos que produziram leite no ano Numero de Estabelecimentos que possuem bovinos FONTE: IBGE, Censo Agropecuário 2006. Os municípios pesquisados possuem essencialmente a agricultura familiar como característica predominante, onde cada propriedade/atividade desenvolvida no meio rural é administrada pelos integrantes da família. O gráfico 07 apresenta a quantidade de estabelecimentos que comercializam e que produzem o leite In natura (cru), ou seja, o produto que não passou por nenhum procedimento de industrialização. Os municípios de Capanema, Coronel Vivida e Chopinzinho, destacam-se na produção e na comercialização deste produto, com uma produção máxima de 1.528mi litros/ano em Capanema, ao mesmo tempo em que comercializaram juntos 3.250mi litros/ano.

15 Gráfico 07 Estabelecimentos que produziram leite cru/ Estabelecimentos que Comercializaram leite cru SÃO JORGE D'OESTE SÃO JOAO SANTO ANTONIO DO SUDOESTE REALEZA PRANCHITA PEROLA DO OESTE NOVA PRATA DO IGUACU ITAPEJARA DO OESTE CORONEL VIVIDA CHOPINZINHO CAPANEMA 663 806 718 822 643 929 626 770 285 389 549 742 772 867 483 562 989 981 1163 1153 1280 1528 Estabelecimentos que Venderam o Leite Estabelecimentos que produziram Leite Cru FONTE: IBGE, Censo Agropecuário 2006. Na tabela 04, em relação à produção, a representatividade da atividade leiteira ainda é pouco significativa se comparado ao Valor Bruto da Produção Rural em todos os municípios pesquisados. Atinge um percentual entre 7,73% em Santo Antonio do Sudoeste a 26,47% em Chopinzinho. Tabela 4 Valor Bruto da Produção Total Rural X VBP Leite 2012 CIDADE VBP RURAL VBP LEITE % LEITE Capanema 209.236.115,14 28.400.000,00 13,57 Chopinzinho 205.090.836,93 54.297.712,00 26,47 Coronel Vivida 129.247.913,72 33.311.480,00 25,77 Itapejara do Oeste 188.529.359,09 14.716.864,00 7,81 Nova Prata do Iguacu 149.343.177,18 26.880.000,00 18,00 Perola do Oeste 78.534.243,99 11.680.000,00 14,87 Pranchita 78.947.220,61 6.880.000,00 8,71 Realeza 180.305.015,23 21.120.000,00 11,71 Santo Antonio do Sudoeste 199.657.534,46 15.440.000,00 7,73 São João 166.358.021,10 35.783.600,00 21,51 São Jorge d'oeste 141.785.695,12 25.120.000,00 17,72 TOTAL 1.727.035.132,57 273.629.656,00 15,84 Fonte:Secretaria de Agricultura e Abastecimento - PR

16 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa teve como principal objetivo compreender as mudanças na produção de leite no Estado do Paraná nos anos recentes (1995-2012) e compreender a sua importância para agricultura familiar, enfatizando a organização desses agricultores através das Cooperativas de Leite da Agricultura Familiar (CLAF s) no Sudoeste do Paraná. Os dados analisados no decorrer deste artigo permitem concluir que a produção de leite tornou-se uma importante estratégia de produção e reprodução da agricultura familiar no Paraná, que atualmente é o terceiro maior produtor de leite do Brasil. No período analisado, percebeu-se que a maior mudança refere-se à produtividade (litros de leite / vaca / dia), o que provavelmente é resultado das melhorias na genética, alimentação e manejo. Em termos de produtividade, a mesorregião Sudoeste foi o grande destaque no período, o que colocou a região como a segunda maior produtora de leite do Estado. Foi nesse cenário que surgiram as CLAF s, presentes em vários municípios da região e desempenhando um importante papel no processo de organização dos pequenos produtores de leite, fortalecendo-os no processo de comercialização dessa produção. 4 REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, Ricardo et al. Mercados do empreendedorismo de pequeno porte no Brasil. In. CEPAL, Comissão Econômica para América latina e Caribe; DFID, Department for International Development. Pobreza e mercados no Brasil: uma análise de iniciativas de políticas públicas. Brasília: CEPAL/DFID, 2003. pp. 235-311. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção Pecuária Municipal e Censo Agropecuário 2006. Disponível em www.ibge.gov.br. Vários acessos. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. PARANÁ. Secretaria da Agricultura e do Abastecimento. Evolução dos preços médios nominais mensais (R$/litro) recebidos pelos produtores de leite no Estado do Paraná, 1995-2012. Curitiba, 2013. Disponível em <http://www.agricultura.pr.gov.br/preços>. Acesso em: 20 ago. 2013.

17 PLEIN, Clério. Os mercados da pobreza ou a pobreza dos mercados? as instituições no processo de mercantilização da agricultura familiar na Microrregião de Pitanga, Paraná. 2012. 266 f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Rural) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. WILKINSON, John. Mercados, redes e valores: o novo mundo da agricultura familiar. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008.