direito corrente, enquanto que a UOPG 12 prevê 9,50 metros (alínea a) do nº 4 do artº 85 da UOPG 12). Porém, em relação ao nível do terreno



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Transcrição:

direito corrente, enquanto que a UOPG 12 prevê 9,50 metros (alínea a) do nº 4 do artº 85 da UOPG 12). Porém, em relação ao nível do terreno envolvente, os seis pisos previstos constituirão 3 pisos para cima dessa cota e 3 pisos para baixo, o que significariam 3 pisos enterrados, que estarão a descoberto devido à cratera feita pela exploração da pedreira. O enquadramento envolvente apenas deixará emergir e fazer uma leitura urbana acima do terreno dos 3 pisos superiores. 7. Repavimentações das ruas do Bairro com materiais mais adequados, coloridos e apelativos, após a execução das redes de águas e de esgotos que são prioritárias, terão integradas grelhas de escoamentos pluviais e constituirão um excelente piso pedonal, mesmo para calçado ligeiro; 8. Deslocalização da fábrica Nigel, durante anos grande empregadora das gentes do Bairro, mas que hoje se limita a cerca de 2 dezenas de residentes com tendência para maior redução e cuja expansão, que deseja, está interdita; 9. Construção nos terrenos deixados vagos, de um condomínio com 4 pisos e um recuado com outro tipo de oferta de habitação, variada nas suas tipologias, diferenciada, outro tipo de oferta comercial, hoje divulgada por todo o lado mas sem a concentração comercial adequada na cidade, mas com a inclusão de estacionamento privado e público; 10. Separação do Alto da Vela e da Fortaleza através de uma zona verde bem estruturada que sirva de cortina paisagística e de pano de fundo ao encaminhamento existente desde o Campo da República e Fortaleza até ao mar, como transição entre o espaço público e o privado; 11. Zona verde e de estacionamento turístico na base do Alto da Vela, a Poente, até ao Carreiro de S. Marcos (Carreiro Fedorento), incluindo um acesso pedonal até à pequena Praia, cujo interesse e utilização, serão absolutamente de manter após o saneamento do Bairro resolvido por se encontrar no meio da cidade, podendo-se incluir um pequeno equipamento de Praia; Construção de um bloco de apartamentos com 3 pisos no Alto da Vela, no local dos actuais barracões, com estacionamento privativo e com o piso do Rés do Chão vazado por questões de manutenção de vistas e de transparências até ao mar permitindo a extensão da apropriação urbana; 12. Recuperação das casas envolventes do Bairro nas suas zonas próximas, dentro dos conceitos de "Viver na Cidade", de circulação pedonal e de bicicleta, favorecendo o encurtamento de distâncias dentro da cidade e para a integração plena do Bairro na multiplicidade social e cultural; são zonas que precisam de 201

ser revalorizadas e ocupadas por população mais jovem para rejuvenescer o tecido urbano e evitar a ocupação das periferias; 13. Implantação de um hotel de 5 estrelas no gaveto da Avenida do Mar substituindo o mosaico restaurativo actual, o qual apenas tem as fachadas tratadas para esta avenida. A unidade hoteleira teria um máximo de 6 pisos no núcleo central, recuado, degradando-se para os planos marginais, mas excedendo a previsão da cércea do PDM (nº 3 do artº 15) de 9,50 metros, a alterar em Plano de Pormenor cuja base deverá assentar no presente estudo e em obediência ao 3, artº 59º cap. II do RGEU. Figura nº 133 Proposta para a Ponte Pedonal vista Nascente Figura nº 134 Proposta para a Ponte Pedonal vista Poente 202

Figura nº 135 Proposta do Eixo Viário com o Viaduto Proposta do Condomínio do Visconde com 6 Pisos Figura nº 136 Vista da cratera onde se irá implantar a proposta do Fórum Atlântico do Oeste (Antes) Figura nº 137 Vista do Fórum Atlântico do Oeste Proposta do Condomínio do Visconde com 6 pisos (Depois) 203

Os comentários e críticas chegaram de vários lados, tendo lembrado o Presidente da CMP que a Câmara terá ainda de mandar fazer projectos e de consultar entidades, não se vendo, porém e por enquanto, qualquer problema na inexequibilidade do Estudo, antes pelo contrário, e que oficialmente a CMP iria resolver, tanto projectos como consultas. Esta forma de actuar e de acompanhamento, pode garantir uma maior eficiência dos resultados. Tiveram um excelente acolhimento por todos os moradores, técnicos e penichenses presentes os itens referidos nos números 1, 2, 3, 4 (com aplausos generalizado), 5, 6, 9, 10, 11, 12 e 13. Os itens números 7 e 8 foram motivo de comentários, mas em consenso geral se concluiu ser positivo. Apenas 2 ou 3 moradores fizeram uma crítica ao condomínio previsto com base nos 6-7 pisos apresentados em Desenho, que consideraram demasiado alto para a cidade, que desejam baixa, tendo sido discutidas as cérceas previstas para o local tanto pelo PDM como pela UOPG 12. Foi-nos solicitada uma nova proposta para este local para se obter uma fotomontagem mais elucidativa e se avaliarem as diferenças altimétricas entre as soluções apresentadas e a apresentar com um máximo de 4 pisos e meio, como média, uma vez que as peças urbanísticas estão em revisão e serão passíveis de se alterarem e ajustarem a outras realidades. O Presidente da CMP mandou já proceder à análise de algumas soluções pontuais que constam do nosso estudo nas quais se inclui a ponte pedonal sobre o Carreiro Fedorento, com vista à análise dos seus custos e à possível execução dos trabalhos incluindo a contenção e reforço das arribas onde assentará o tabuleiro. A intervenção popular foi muito participativa, houve esclarecimentos a diversas perguntas e principalmente o que ressaltou à nossa atenção foi o interesse pelo acompanhamento do desenvolvimento do Bairro e a vontade da sua valorização. Houve também perguntas sobre a legalização dos terrenos, quando e como se faz, pelo que se citou a Lei nº 54/2005 de 15 de Novembro, cujo artigo 15 prevê que essa legalização (na faixa dominial) possa ter lugar mediante acção judicial interposta até 1 de Janeiro de 2014. Deu-se ainda conhecimento do Decreto Lei nº 93/2008 de 4 de Junho 179 que complementa a Lei atrás citada. Sugeriu-se que a CMP deva criar para esse efeito um pequeno gabinete de apoio integrado por um jurista e por um técnico para o acolhimento dessas petições, que podem chegar ou mesmo ultrapassar cerca de 80% dos moradores. A discussão da sessão teve por base de fundo um diapositivo com a frase O futuro do Bairro do Visconde preocupará todos os habitantes da Cidade e não apenas os que lá vivem, o que nos parece ter sido bem compreendido, já que toda a cidade irá usufruir deste arranjo urbanístico. 179 Diário da República. I Série. Nº 107. 204

7.3 Discussão das alternativas com os moradores Decorreu no dia 13 de Agosto seguinte a terceira e última reunião com os moradores, convocada pelos métodos habituais e no local do costume, com a presença de várias dezenas de moradores, Presidente da Câmara, membros do executivo camarário, da Junta de Freguesia e dos técnicos da Divisão de Estudos, Projectos, Planeamento e Controlo e do respectivo Director. Com o conhecimento prévio dos serviços técnicos, explicou-se através de diapositivos a sobreposição das várias opções tomadas para o Bairro quanto a acessos, circulações, demolições, mudanças de usos e altimetrias. Figuras nº 138, 139, 140 e 141 Apresentação da Proposta de Síntese à população no dia 13/08/2010 No seu conjunto, foram 3 as opções apresentadas a discussão e apreciação em que a mudança de uso da Fábrica Nigel (que apresenta uma cércea com cerca de 11,50 metros no cunhal Poente) e dos armazéns do Bairro da Vela são sempre uma constante: Solução A - Rotunda do Visconde com um bloco para habitação, comércio e serviços, com 5-6 pisos de altura e com acesso entre o Largo do Alto da Vela e a nova Rotunda através de um viaduto a partir do Alto da Vela ( ver Desenho nº 205

41). As expropriações são mínimas e o viaduto passa sobre zonas livres de construção, excepto na sua parte final que incide sobre 5 edifícios, um deles apenas no logradouro, mas cujo eventual realojamento é fácil fazer no Bairro; Solução B - Rotunda do Visconde com um bloco para habitação, comércio e serviços, com 5-6 pisos de altura e com acesso entre o Largo do Alto da Vela/Campo da República através da rectificação das Ruas de S. Pedro e de S. Marcos (ver Desenho nº 42), eliminando-se o viaduto anteriormente proposto, passando o tráfego a sobrecarregar a Rua do Visconde, de perfil transversal reduzido para tal. As expropriações são muitas (18 edifícios) e o acesso pela Rua do Visconde é deficiente; Solução C - Rotunda do Visconde com um bloco para habitação, comércio e serviços, com 4 pisos e 1 recuado (ver Desenho nº 43) e com acesso entre o Largo do Alto da Vela e a nova Rotunda do Visconde através de um viaduto a partir do Alto da Vela. Trata-se de uma evolução da solução A, a que se deu atenção aos reparos formulados na 2ª reunião com os moradores, a que se juntou agora uma fotomontagem feita do mar para comparação da nova altimetria e volume com o da actual fábrica (Figuras nºs 140, 141) e perspectivas da implantação do condomínio no Largo do Visconde, solução A comparativa com a actualidade e a proposta C (Figuras nºs 142, 143 e 144). Desenho nº 42 Planta de Síntese Proposta Solução C Condomínio do Visconde com 4 pisos e meio 206

Figura nº 142 Vista do Mar da Fábrica Nigel (Actualmente) Figura nº 143 Fotomontagem da Vista do Mar do Condomínio do Visconde com 4 pisos e 1 recuado (Proposta C) Figura nº 144 Perspectiva da Fábrica Nigel demonstrando a volumetria de ocupação 207

Figura nº 145 Perspectiva do Condomínio do Visconde da Solução A com 6 pisos Figura nº 146 Perspectiva do Condomínio do Visconde da Solução C com 4 pisos e 1 recuado 208

A solução C foi aprovada por amplo consenso geral, e com agrado também geral. O resto do estudo que o Plano de Síntese contem não tinha merecido qualquer reparo, pelo que se considerou aprovado e legitimado. Através de diapositivos do Departamento de Planeamento da CMP foram projectados os nossos Desenhos de proposta em pormenor para a requalificação de algumas zonas do Bairro que o Senhor Presidente da Câmara deseja implementar de imediato, consignando as verbas necessárias na medida das disponibilidades, tendo o Engenheiro Chefe de Departamento dado as explicações necessárias: Zona de paragem e descanso no gaveto da Rua da Falésia com a Rua das Marés, a que a população baptizou de Varanda da Europa (Figura nº 145); Arranjos paisagísticos do Carreiro da Falésia (Figuras nºs 146, 147, 148 e 149 - sugestões); Construção da Ponte pedonal para peões e ciclistas, tendo em atenção a legislação para portadores de mobilidade condicionada. Este estudo, conforme foi explicado, encurta as distâncias do Bairro à cidade, facilita a vida dos moradores e desenvolve de imediato o turismo local. Por outro lado, é fundamental fazer-se uma análise geotécnica e proceder-se a uma consolidação das arribas nos apoios, embora a ponte seja ou possa ser de construção ligeira, eventualmente de madeira lamelada, por ser mais leve, e fácil de colocar e de conservar e fazerem-se os caminhos de acesso do lado Nascente. Contudo, vai ser necessário consultarem-se as diversas entidades intervenientes - IGESPAR, ARH e IPTM; Requalificação da Rua de S. Marcos, passando-a a rua pedonal com nova pavimentação mais atractiva e permitindo o rebaixamento da Rua a uma cota inferior às soleiras das 2 casas do Bairro (lado Sul) que neste momento estão muito mais baixas do que o arruamento. A rampa de acesso à Rua do Visconde por ser demasiado íngreme, não permite, em certos locais uma visibilidade correcta do tráfego que sobe e que desce (ver Figuras nºs 127 e 128); Arranjo paisagístico do largo no topo Sul do Beco da Escotilhas e Carreiro da Falésia (Figura nº 151 - sugestão). Foi ainda esclarecida a população que apenas se aguarda a entrega do nosso trabalho na CMP para se mandar efectuar o Plano de Pormenor consignado na Lei para a UOPG 12 - Bairro do Visconde, estando já feito, através dele, muito do trabalho que é 209

necessário fazer, entre ele, o consenso da população e as propostas para requalificação. O Plano de Pormenor é a peça fundamental, instrumento urbanístico a executar numa escala operativa esclarecedora e que, embora devesse ter sido feita antes da ocupação do solo, pode vir a constituir uma peça ordenadora. Por último, informou-se a população que o Regulamento Municipal da Urbanização e da Edificação (RMUE) já tinha uma proposta de alteração pronta, estando de acordo com os Desenhos e intenções apresentados. INDÍCES DE CONSTRUÇÃO / OCUPAÇAO Área total a reconverter 6 714,32 m2 Área de Ocupação do Condomínio 3 048,16 m2 Área de Cedências para arruamentos e zonas Verdes 3 665,16 m2 Estacionamentos e Apoios Área Coberta (caves) 6 096,32 m2 Estacionamentos ao Ar Livre 600 m2 Quadro nº 13 Índices de Construção / Ocupação para a zona do Condomínio do Visconde Figura nº 147 Arranjo paisagístico da Varanda da Europa na Rua da Falésia 210

Figura nº 148 e 149 - Arranjos paisagísticos na Rua da Falésia Figura nº 150 e 151 - Arranjos paisagísticos na Rua da Falésia Figura nº 152 - Arranjo paisagístico no topo Sul do Beco das Escotilhas 211

7.4 Proposta de Alteração do Regulamento Municipal da Urbanização e da Edificação (RMUE) O actual Regulamento Municipal da Urbanização e da Edificação já não está adaptado às actuais solicitações da edificação para a cidade e deverá ser preparado para as alterações que se devem introduzir nas construções existentes ou a construir no futuro, no Bairro do Visconde/Alto da Vela, e às edificações novas que se prevêem para a zona em estudo, como sejam as da futura Rotunda do Visconde e na Rua de S. Marcos, entre outras. Na segunda reunião havida com o executivo camarário, em face desta desactualização, foinos solicitada a revisão do RMUE, adaptando-o à nova realidade e às condições que se avizinham num futuro próximo para a zona em estudo e, generalizando, para toda a cidade. Por outro lado, a alteração solicitada talvez pudesse passar já a responder às solicitações actuais da CMP, quando devidamente aprovada em Assembleia Municipal, tanto mais que os técnicos camarários se capacitaram da sua desactualização. A proposta de alteração, (incluída em apêndices) incidiu sobre todos os capítulos do RMUE em vigor respeitando a construção e a edificação que existe, e para o Bairro do Visconde/Alto da Vela, tendo-se indicado na versão proposta, escrita sobre a versão original, a vermelho, as alterações propostas e a azul o clausulado a dispensar por já não se aplicar. A cor preta, mantém o que está aprovado. A generalização para os locais de Peniche que não o Bairro em estudo já nos ultrapassa, mas é relativamente fácil de vir a ser adaptada tendo em atenção as regulamentações específicas para cada zona. Na Nota Explicativa da alteração ao Regulamento referem-se os diplomas legais que devem ser considerados, tendo sido acrescentadas mais algumas definições no respectivo artigo, olhando o futuro. De uma forma genérica procederam-se a ajustamentos diversos tendo sido mais profundos no artigo 11 (elaboração de Plano de Pormenor e respectiva condução), no artigo 17 (procura-se conferir uma maior responsabilidade aos autores dos projectos para que orientem as alterações e conduzam o trabalho até à apresentação das telas finais), no artigo 26 (cores e materiais de acabamento das fachadas, que será também extensivo à recuperação dos edifícios da zona histórica envolvente), no artigo 31 (muros de parapeito ao longo das arribas e seu acabamento) - ver pormenor tipo - Desenho nº 44 (sem escala e em apêndices na escala 1/20), no artigo 33 (instalação de equipamentos diversos, estes já com vista ao futuro sobre energia). Neste último artigo prevê-se a regulamentação da utilização das energias alternativas e o aumento da inércia térmica da envolvente dos edifícios a construir e a remodelar, tendo em vista o conforto e a poupança energética. 212

Desenho nº 43 - Pormenor tipo do muro de parapeito ao longo das arribas O artigo 34 prevê a obrigatoriedade da apresentação do pormenor dos receptáculos postais, o artigo 36 prevê a possível futura reconversão de algumas construções do Bairro do Visconde, dada a sua aptidão turística após a conclusão dos trabalhos de requalificação. O artigo 37 altera o que estava determinado sobre acessos e estacionamentos dentro das áreas dos lotes e regula essa utilização. O artigo 38 regula a construção de passeios, definindo-se os materiais de acabamento e a colocação de alinhamentos arbóreos. A secção II em vigor que define a intervenção em zonas históricas e culturais não é balizadora de recuperações que se julgam urgentes e pertinentes, pelo que propomos alterações no sentido de se recuperar o edificado degradado e não da sua substituição através da demolição e "reconstrução". São definidos acabamentos-tipo e uma paleta de cores com as referências RAL, além de se procurar suster as demolições e aproveitarem-se as estruturas construtivas e outras morfologias existentes. A partir do artigo 40 inclusive, não foram feitas quaisquer alterações, não só porque já não dizem respeito a obras a executar na cidade, mas também porque tratam de condições administrativas diversas e outras que ultrapassam o âmbito deste trabalho. Pensamos que o novo articulado deste Regulamento insere premissas sustentáveis a nível de poupança de energia, responsabilização e credenciação dos técnicos autores de projectos, níveis mais duráveis de revestimentos e tipos de acabamentos mais duráveis também sob o aspecto estético e de morfologia. 213

Capitulo 8 A sustentabilidade do planeamento proposto No contexto da investigação e atentando aos conteúdos e valores da sustentabilidade e do desenvolvimento, estes dois conceitos podem coexistir, que se querem simultâneos mas complementares e também duráveis, no tempo e no desenvolvimento económico e social, e não e apenas geradores de desenvolvimento a curto prazo, estático e unilateral. Por si só a sustentabilidade ou a durabilidade não se basta a si própria, embora o seu conteúdo intrínseco possa dar origem a contradições pois deve ser dinâmica, sempre actual e viva, geradora de mais sustentabilidade, alimentando-se dos seus conceitos e sinergias. O presente trabalho debruça-se sobre zonas já urbanizadas, para as quais apenas se podem sugerir algumas medidas e princípios que enformam este conceito e que ainda podem e devem ser aplicados, constituindo no seu conjunto, uma estratégia para o futuro e sobre cuja implementação não temos garantias. Contudo, podemos definir um horizonte para a concretização deste estudo, pois tudo depende dos programas económico e político da autarquia, embora se encontre motivada, como mostrou, nas variadas reuniões de trabalho. Mas, segundo o Prof. Costa Lobo 180, "o planeamento das cidades e das regiões tem que contar com grandes inércias no sistema e com a própria persistência de traçados". Mas podemos admitir que temos um horizonte para cinco a dez anos, ou seja, a curto prazo, embora seja possível efectuar muito do trabalho aqui referido de uma forma imediata, num intervalo de tempo inferior a 5 anos. O conceito de sustentabilidade segundo Steve Curwell, 181 assenta nos seguintes princípios e no seu inter-relacionamento: ambientais - preocupa-se com a protecção da integridade dos ecossistemas; igualdade - preocupa-se com os pobres e os desfavorecidos (devendo todos ser tratados da mesma forma); futuro - preocupa-se com as gerações futuras (satisfazendo as necessidades presentes sem comprometer as necessidades para as gerações futuras); participação pública - todos os indivíduos podem participar nas decisões que os afectam. Ainda segundo Steve Curwell, este conceito, tem vindo a ser usado a nível internacional desde os anos 80 do século passado e 180 COSTA LOBO - Manuel. Planeamento Regional e Urbano. p. 165. 181 CURWELL, Steve et al. - Hazardous Buiding Materials. p. 24-25. 214

"assenta na estratégia de Conservação Mundial de 1980. A sustentabilidade é uma nova 'ciência' que pelas suas implicações no futuro requer muita interdisciplinaridade, compreensão e acções de cooperação. Há um relacionamento íntimo entre os princípios, crenças, éticas e valores subjacentes a uma sociedade em particular e a aproximação para um desenvolvimento sustentável colectivo". As considerações expressas a seguir, resultam também da compreensão e registo dos Princípios Orientadores adoptados para o Desenvolvimento Territorial Sustentável do Continente Europeu 182 decorrentes da Carta Europeia do Ordenamento do território (Carta de Torremolinos, 1983), confirmadas na 13ª sessão do Council of Europe Conference of Ministers Responsible for Spatial/Regional Planning (CEMAT) em Ljubljana em 17 de Setembro de 2003. Segundo estes documentos, deve ser permitido á população de todos os Estados membros, atingir um nível de vida aceitável, em que a diversidade cultural representa um elevado potencial para o desenvolvimento territorial sustentável. A Declaração de Ljubljana esclarece que o desenvolvimento sustentável não é apenas um problema ambiental, tendo sido acordados os seguintes aspectos da sustentabilidade, todos eles importantes e de igual valor: económicos; ambientais; sociais. O primeiro implica o desenvolvimento e crescimento económico, o segundo envolve a integridade dos ecossistemas e capacidade para a preservação da biodiversidade, e o último inclui valores como a equidade, empobrecimento, acessibilidade e participação, e também o desenvolvimento de acções cívicas. Os Princípios Orientadores para o Desenvolvimento e Sustentabilidade Espacial da Europa introduziu uma quarta dimensão, a Sustentabilidade Cultural. O Guia de Reabilitação Urbana dimanado do Conselho da Europa 183, refere que o desenvolvimento sustentável assenta nos 3 princípios ou componentes fundamentais, já descritos, todos importantes, sem qualquer ordem de prioridade, mas enfatizando uma grande coesão para o factor social e as heranças cultural e natural no capítulo da protecção do ambiente. A integração desta última componente no planeamento urbano, segundo Miguel Pires Amado 184 refere, 182 Ljubliana Declaration on the Territorial Dimension of Sustainable Development, (CEMAT). 183 Guidance on Urban Rehabilitation. p. 85. 184 AMADO, Miguel Pires - Planeamento Urbano Sustentável. p. 43. 215

"é uma acção que por falta de enquadramento legal do sistema de planeamento tem vindo a ser realizada em função de uma maior consciencialização por parte dos diferentes intervenientes no processo, salvo as situações nas quais a legislação impõe a realização de Estudos de Impacte Ambiental". Em relação a estes 3 princípios basilares e as consequências para o futuro, parecenos que os dois primeiros poderão estar amplamente assegurados tendo em conta a situação actual e prevendo-se a evolução geracional futura, a longo prazo já que o desenvolvimento económico se reflecte no padrão de vida actualmente patenteado numa estabilidade de vida absolutamente regular expressa em índices exteriores, na qualidade e volume das habitações e na necessidade permanente de melhorarem os locais onde vivem, num exemplo regenerativo do tecido e da sua envolvente. A coesão social existe e parece continuar durável e a manter-se forte, demonstrada pelo espírito de compreensão e de entreajuda com antecedentes comuns de trabalho, alegria e tristeza, nas relações de vizinhança, e pelo espírito patenteado de famílias alargadas às diversas gerações onde todos sabem de todos. A protecção do ambiente abarca hoje um património cultural vasto mas específico que responde aos novos requisitos da população e da sua sócio morfologia, e que pode ser tomada como uma reposição de modernidade do núcleo inicial de grande pobreza e de carências. O ambiente já foi agredido e apenas se pode reparar e impedir que se deteriore mais. No Bairro há já um grande sentido de responsabilidade e de união partilhada com outros modelos e estilos de vida que se tem vindo a adaptar às sucessivas necessidades actuais e para as quais as gerações mais novas têm vindo a dar o seu melhor contributo e é também nessa adaptação e desenvolvimento que reside a sustentabilidade social. As antigas construções têm vindo a ser sucessivamente recicladas (através de renovações e algumas actualizações), apontando cada vez mais para um melhor conforto dentro das suas estéticas, evitando demolições, lixos e os resíduos respectivos. A redução do tráfego a partir dos limites do bairro por incapacidade de lotação das suas vias internas, apesar da mistura de vivências (dormitório para os mais jovens e local de laser para os mais velhos), tem impedido uma má qualidade do ar ambiental, coadjuvado pela brisa marinha que ajuda ao varrimento natural de qualquer poluição. Considera-se portanto que o tráfego não é agressivo, embora comporte tráfego pesado que se confina aos limites Norte do bairro, de onde vêm os ventos dominantes pese embora a proposta para a construção de mais apartamentos e o correspondente aumento da população a residir, substituindo uma grande unidade industrial. Responde pois a uma boa qualidade de vida, pressupondo-se nesta data que a transmissão desta herança cultural e natural venha a ser continuadamente transmitida às gerações futuras e por elas preservada. É natural que uma 216

futura abertura de toda a zona do bairro, pelo menos a periférica ao turismo e às suas consequências, possa trazer um maior desenvolvimento económico noutras formas de uso, embora pontuais, pela tendência para o aparecimento de serviços de apoio ou complementares o que virá, possivelmente, favorecer um maior desenvolvimento económico e um eventual e ainda maior reforço da coesão social e da sua durabilidade. É possível que o conceito de viver na cidade evite algumas deslocações pendulares inúteis de automóvel, conceito que pode incluir-se em mais uma estratégia de desenvolvimento, gerar mais riqueza, rentabilizar todas as infra-estruturas horizontais e enterradas e explorar ao máximo a sua eficiência. A pequena concentração de autocarros de turismo nos locais previstos e já referidos e a recuperação de toda esta zona abrangida pelo projecto de investigação, vão permitir visitas a pé aos locais de interesse histórico e turístico, com a oferta de um simples plano de mobilidade através de circuitos em arruamentos reservados para tal, que se recomendam, como as novas escadas de S. Pedro, o Caminho da Falésia, o perímetro da Fortaleza e o Forum, com pavimentos adequados, cómodos para os pés e atraentes, e ainda a possibilidade de se estabelecerem circuitos para bicicletas, preservando toda a morfologia urbana actual com as necessárias actualizações. Poder-se-ia constituir um plano de mobilidade mais lato com qualidade até ao centro da cidade e zonas históricas, como recomenda ainda o Guia de Reabilitação Urbana 185, incluindo a promoção formas de deslocação amigas do ambiente, com arruamentos exclusivamente pedonais, cicláveis, libertação de espaço citadino de automóveis, parqueamentos enterrados e promoção de transportes públicos Contudo, e a bem da sustentabilidade, é fundamental a protecção ambiental através de medidas económicas e políticas atempadas que visem a estabilidade das arribas, a sua coesão geológica e a estabilidade das construções e ainda e principalmente, o desvio dos esgotos que correm para o mar, que ameaçam a diversidade biológica terrestre e marinha além de contribuírem para a péssima e actual poluição visual. Parece-nos ficar assegurada uma melhor coesão espacial, a coesão possível, com a proposta anexa e com a recuperação das zonas envolventes a Norte, Nascente e Poente do Bairro do Visconde e Alto da Vela, das quais o Campo da República é a mais importante por ser a mais representativa em termos históricos, espaciais e construtivos, motor de ingresso para a zona de novos habitantes e de novas mentalidades, mais uma abertura para o futuro como planeamento e, que em termos do desenvolvimento local significa também uma melhor coesão social e diversidade cultural pois que: 185 Guidance on Urban Rehabilitation. p. 87. 217

"o interesse pelo homem é inseparável do interesse espacial. O conceito do desenvolvimento local emerge como um caminho ideal da democracia consolidada tanto quanto foca o maior bem estar e os princípios éticos que habilitam as comunidades locais a desenvolverem-se e a prosperarem. As operações de reabilitação constituem um primeiro método de aplicação dos princípios do desenvolvimento local sustentável [...]; a diversidade ou variedade social é uma garantia da riqueza e da estabilidade da vida urbana [...] que deve ser mantida e fomentada no decurso das operações de reabilitação." 186 E a propósito ainda da reabilitação urbana, das definições, objectivos correntes e temas, o Guia da Reabilitação acrescenta que: "Os residentes devem-se apropriar da identidade da sua área, assim como da sua arquitectura e do equipamento público. Quanto melhor for o seu conhecimento e a importância do seu valor, melhor a tratarão, como se lhe pertencesse e a defenderão. Só se identificarão com ela se continuar autêntica 187 ". Actualmente o turismo, que tende a envolver toda a população conforme já referido, constitui, segundo este Guia 188 "uma das principais linhas de força do crescimento económico e pode vir a ser a principal indústria mundial, constituindo um elemento muito importante do desenvolvimento económico. Aproxima as pessoas e antevê o conhecimento e a admiração pela cultura das diversas comunidades", estando a tornar-se numa actividade sustentável que é necessário ter em consideração, principalmente quando existem condições para alimentar esta indústria de forte implantação. As zonas costeiras da Europa, além de constituírem locais de grande sensibilidade quanto ao seu património natural e em princípio, locais de eleição para o exercício de actividades económicas, comerciais e outras, constituem um "ponto de partida para a exploração de recursos marinhos e submarinos e áreas particularmente atractivas para o turismo [...] Há que dar prioridade ao desenvolvimento de formas de turismo sustentável e de grande qualidade 189 ". Existe a possibilidade de se desenvolver esta indústria, mas para ela será necessário planear, conforme referido em 7.2.2, prevendo zonas nobres, com boa localização e em locais de grande qualidade, indiscutíveis. O sector da habitação tem um papel extremamente importante a desempenhar quanto ao desenvolvimento sustentável, como factor de qualidade, função social, motor do 186 Guidance on Urban Rehabilitation. p. 89, 93. 187 Ibidem. p. 96. 188 Ibidem. p. 91. 189 Princípios Orientadores para o Planeamento Territorial Sustentável (CEMAT), Hannover. p. 12,15. 218

emprego e multiplicador da economia em termos de localização e de quantidade. Segundo os princípios orientadores que têm vindo a ser focados, "a construção de habitações é, juntamente com a renovação e modernização do parque habitacional existente, um dos mais importantes sectores do investimento da economia, em grande parte financiada pelo sector privado. [...] A promoção da habitação é importante não só em termos de política habitacional e regional mas também em termos de política de constituição de património pessoal. Este último aspecto assume uma importância crescente que resulta da evolução demográfica no que respeita à necessidade de assegurar rendimentos próprios para a velhice. 190 " Outro factor a considerar neste capítulo de análise sustentável da cidade e zonas urbanas, é o da expansão urbana, cujo controlo necessita de ser feito à custa da "contenção das tendências para a suburbanização, disponibilizando dentro das cidades e das vilas mais terrenos para urbanização, [...] promovendo o desenvolvimento dos centros urbanos, elevando a qualidade de vida e melhorando as condições de habitabilidade das áreas urbanas, o que inclui a conservação dos ecosistemas existentes e a criação de novos espaços verdes e biótopos 191 ". As recomendações expressas nestes Princípios Orientadores recomendam ainda a requalificação dos bairros degradados, a diversificação de actividades e de grupos sociais dentro da estrutura urbana, gestão do ecossistema urbano, conservação e valorização do património cultural, etc., factores que estão subjacentes às propostas apresentadas para a recuperação do Campo da República e suas zonas limítrofes e para a reconversão das zonas anteriormente de cariz fabril, tanto no Alto da Vela como no local da Fábrica Nigel. As tendências para a suburbanização e segregação podem ser também combatidas com a oferta, agora na proposta, de mais terrenos para construção nos aglomerados urbanos, dos quais os que agora se oferecem podem constituir um início muito significativo. O novo PDM de Peniche em fase de início de revisão, que deverá abranger a totalidade do território municipal, convém assentar em estratégias sustentáveis na sua síntese de desenvolvimento e ordenamento territorial nos termos dos artº 84 a 86 do DL 380/99 de 22 de Setembro, devendo apresentar uma síntese de estratégia de desenvolvimento e ordenamento territorial. O crescimento urbano deve ter em atenção a (não) ocupação periférica dos excelentes solos agrícolas que envolvem toda a cidade de Peniche e zonas próximas, sob pena de estes desaparecerem e ficarem confinados a solos de menor aptidão agrícola, com menor produtividade ou usados pela Construção Civil. Estamos já a assistir ao crescimento 190 Princípios Orientadores para o Planeamento Territorial Sustentável (CEMAT), Hannover. p. 9. 191 Ibidem. p. 13. 219

dos perímetros envolventes das cidade com o tipo de ocupação chamado leap frogs, em que os vazios começam a ser notórios e os terrenos sobrantes não dão para nada a não ser para mais casas. A forma dessa relação e da aproximação entre o campo e a cidade deverá ser definida através de um novo PDM, orientador de um novo desenvolvimento urbano, que se quer sustentável, com linhas de força definidas que conciliem a cidade o campo, a agricultura e o mar. Neste nosso trabalho estão analisados factores de sustentabilidade relacionados com o espaço físico, de acordo com o autor Pires Amado: 192 Separação física de tráfegos pedonal e rodoviário; Promoção de percursos pedonais; Proposta para mais espaços públicos adequados; Estacionamento residencial subterrâneo, além do estacionamento indicado em superfície; Devem ser também encarados os factores ambientais na concepção, com vista à salvaguarda, "preservação, conservação e optimização do ambiente natural" 193, que podem interligar-se com os já mencionados (que apresenta comunhão de ideias com o Prof. Vicente Del Rio); Relação entre oferta de estacionamento auto e o grau de acessibilidade (a prever); Preservação da história e das tradições locais (as gentes do Bairro celebram e organizam imensas festas religiosas e pagãs, próprias, ao longo da ano, segundo a tradição, dizem, para as quais tem inúmeras comissões de festas); Implementação do verde como elemento de transição entre espaço público e privado; Relação - largura das vias e altura dos edifícios (que neste caso está prejudicada pela ocupação anárquica); Dinamização e desenvolvimento do associativismo e do comércio do Bairro (pode ser decorrente das opções agora tomadas pela dinamização turística que se propõe para o Bairro e pela sua extraordinária localização). 192 AMADO, Miguel Pires - Planeamento Urbano Sustentável. p. 58. 193 Ibidem. p. 75. 220

Ainda como factores de sustentabilidade energética, de conforto e luta contra a poluição atmosférica em simultâneo com as Medidas de Mitigação e Adaptação às Alterações Climáticas expressas pela DGOTDU 194, devem-se tomar algumas medidas que estão expressas no texto desta investigação, tais como: Redução do tráfego automóvel; Aumento e melhoria dos espaços públicos abertos; Aumento do albedo das superfícies urbanas através de cores mais claras (expresso no RMUE); Materiais de construção de baixa condutividade (expresso no RMUE); Aumento dos espaços verdes e do número de árvores nas ruas; Ciclovias e redução dos trajectos a pé. Acrescenta-se ainda que a arquitectura urbana deve ser de qualidade, sustentável, e garantir uma boa qualidade de vida, coadjuvada pelo paisagismo. Analisando a opinião do Prof. Vicente Del Rio 195 a propósito do conceito de Um Novo Urbanismo ( New Urbanism ), que surgiu como um movimento em 1993 196 cujo Congresso resultou numa Carta de Princípios ( Charter of New Urbanism ) "para o restabelecimento da arte de construir e de criar comunidade, este conceito, sustentável, pretende reafirmar os valores passados do urbanismo norte americano e da cidade como arquitectura e que se podem resumidamente referir: Diversidade de uso e da população, cujos bairros devem servir tanto para pedestres como para viaturas; Espaços públicos nas cidades e instituições comunitárias bem definidas e com acessibilidade universal; Os lugares urbanos devem ser valorizados pela arquitectura e pelo paisagismo, (cujos conceitos coincidem com os da arquitectura bioclimática - história, características do clima, ecologia, local e paisagem, práticas construtivas locais, sistema urbano pré existente, condicionantes, protecção solar, conceitos que a Europa está a pôr em prática a favor de uma nova Arquitectura anti globalização 194 DGTDU - Alterações Climáticas e Desenvolvimento Urbano. p. 60-64. 195 DEL RIO, Vicente - IV Projectar - Projecto como Investigação: Ensino, Pesquisa e Prática. p.5-6. 196 Movimento que decorreu de um "movimento de Arquitectos interessados na cultura neo tradicional norte americana e da preocupação dos impactos negativos do transporte individual, dos subúrbios impessoais e do urbanismo funcionalista de zoneamentos simplistas", como refere o autor. 221

baseada na Arquitectura Vernacular e que o Prof. Vicente Del Rio, denomina Neovernacular); Para se criarem alternativas ao crescimento disperso numa prática sustentável de desenvolvimento urbano, o movimento de crescimento inteligente denominado na origem por Smart Growth (SG) 197, "incentiva o urbanismo orientado para o pedestre, o uso de transportes alternativos, encoraja os usos mistos e a variedade de opções de habitação, bem como o senso de lugar e o espírito comunitário". O espírito desta nova corrente tem subjacente, além das oportunidades e escolhas de habitação, as vizinhanças caminháveis, os usos mistos dos solos, a preservação dos espaços abertos e das áreas críticas de desenvolvimento e a variedade de opções de transportes. Procura ainda desencorajar o crescimento dos subúrbios e os habituais vazios, perversos para a economia e impactos ambientais. A Lei nº 48/98 de 11 de Agosto 198 consagra no seu art. 5 alínea a), que a política de ordenamento do território e de urbanismo obedece aos princípios gerais de "sustentabilidade e solidariedade intergeracional, assegurando a transmissão às gerações futuras de um território e de espaços edificados correctamente ordenados". Esta Lei enuncia ainda outros princípios que garantem e reforçam no seu conjunto o conceito sustentável, como a Economia (utilização ponderada e parcimoniosa dos recursos naturais e culturais), Coordenação, Subsidariedade, Equidade, Participação, Responsabilidade, Contratualização e a Segurança Jurídica e concorre para a exigência da avaliação ambiental, dos seus impactos negativos e minimização dos seus efeitos. Pensamos que os conceitos expressos neste nosso estudo se podem enquadrar nestas correntes sustentáveis do urbanismo e podem garantir, esperamos, a sua durabilidade, no desenvolvimento e na evolução económica e social. Os aspectos construtivos decorrentes da função arquitectónica, serão assegurados no Regulamento específico para o local, que reflectirá a preocupação da construção e da manutenção com base na sustentabilidade. Contudo, entende-se este estudo como uma solução possível, a caminho de uma sustentabilidade também possível e provável, para se melhorarem as actuais condições viárias, construtivas, sociais e de infra-estruturas enterradas como se verá no nº 10.3 a propósito da solução académica apresentada, uma vez que a sobre ocupação do solo, a 197 DEL RIO, Vicente - IV Projectar - Projecto como Investigação: Ensino, Pesquisa e Prática.. p.7. 198 Diário da República I série A. Nº 184. 222

afectação exclusiva do território ao mesmo uso e a sobrecarga construtiva, prejudicam a sua sustentabilidade, a começar pela paisagística e pela ambiental, cuja consciencialização não foi tida como oportuna pelos seus moradores. Na solução académica, iremos referir alguns princípios sustentáveis que deveriam ter sido aplicados no início da formação deste Bairro e cujo cotejo nos dará uma visão mais alargada dos conceitos de sustentabilidade. O primeiro diploma legal no qual assentam estes mecanismos, é a Lei Constitucional nº 1/97 de 20 de Setembro 199 que refere no artigo 13º o princípio da igualdade "todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a Lei" 200. Acrescenta ainda a Lei Constitucional que ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado ou privado de qualquer direito. 199 Diário da República I série A. Nº 218. 200 CARVALHO, Jorge, OLIVEIRA, Fernanda Paula marques de - Perequação, Taxas e Cedências. Administração Urbanística em Portugal. p. 107. 223

Capitulo 9 A Perequação Compensatória O conceito da Perequação Urbana é recente e segundo o Decreto Regulamentar nº 9/2009 de 29 de Maio 201, entende-se uma operação de renovação, reestruturação ou reabilitação urbana, em que a valorização ambiental e a melhoria do desempenho funcional do tecido urbano constituem objectivos primordiais da intervenção. Acrescenta ainda esta Lei que surge normalmente associada a objectivos estratégicos de desenvolvimento urbano, que podem ser assumidas por uma ou várias entidades públicas ainda que possam ser executada por particulares. A Lei faz uma abordagem à valorização ambiental e à melhoria da qualidade do espaço urbano através da resolução de problemas ambientais e funcionais, tal como impedimentos à mobilidade e acessibilidade. Para se chegar a este conceito perequativo, muito caminho foi percorrido e a evolução dos instrumentos de gestão urbanística também sofreram alterações, algumas profundas. Contudo, se recuarmos no tempo, "os objectivos estratégicos de desenvolvimento urbano" focados na actual legislação foram também regulamentados nas suas consequências compensatórias e jurídicas, devidas ao estado pelas indispensáveis expropriações ao desenvolvimento urbano. A Lei de 23 de Julho de 1850 202 tinha um valor equitativo mas também de justiça social subjacente que o legislador assumiu, pois referia que a utilidade pública necessária em qualquer expropriação deveria ser declarada por lei ou por decreto e, segundo o seu art.º 5, os proprietários "podem consentir amigavelmente na expropriação - e quando aconteça haver co-proprietários, o consentimento da maioria, representando o maior parte do valor da propriedade, obrigará a minoria", seguindo-se uma autuação após caducado o prazo marcado nos editais, se não houvesse as indispensáveis concordâncias. Os proprietários podiam ainda receber por inteiro toda a parte da fracção expropriada, se tal julgassem conveniente e o declarassem, ou a indemnização devida pela parte não expropriada se ficasse depreciada. Por outro lado, assegurava o direito de reversão se parte da parcela ou o todo expropriados "não forem empregados na obra para que forem expropriados". Em qualquer dos processos de expropriação, amigável ou judicial, não havia lugar a sisas nem tributos. 201 Diário da República.Iª série. Nº 104. 202 Diário do Governo. Nº 178. 31. Jul. 1850. 224

A Lei de 26 de Julho de 1912 203 passou a regulamentar as expropriações por utilidade pública, através do poder legislativo, definindo claramente o que se entendia por utilidade pública: Defesa militar Segurança Pública (aquartelamentos para forças de polícia, serviço de incêndios, naufrágios, inundações, serviços prisionais, casas de correcção, etc.) Salubridade Pública Fomento da riqueza nacional, que englobava muitas actividades económicas, desde a exploração mineira às queda de água para aproveitamento hidroeléctrico, campos de jogos desportivos, portos francos, etc.; Viação, instrução, expansão urbana, indústrias e salvaguarda do património. Os terrenos a expropriar seriam os estritamente necessários às obras, podendo o proprietário exigir a totalidade da expropriação no caso desta ter incidido apenas parcialmente na propriedade. As faixas marginais de 50 metros para além da faixa expropriada correspondente às vias públicas, eram postas á venda em hasta pública, tendo o expropriado preferência e "pertencendo ao expropriante além do primitivo preço da expropriação uma percentagem sobre o aumento de valor obtido em praça e aos expropriados o restante", conforme a redacção do artº 7. As percentagens eram de 85% nos prédios urbanos de Lisboa e Porto, 80% nos prédios rústicos destas duas cidades e 50% nos restantes casos. O alargamento, abertura ou regularização de um arruamento, poderia determinar aumento de valores locativos, valor passível de mais valias equivalentes a 30% do aumento do valor dos mesmos prédios. O Regulamento, ou os aspectos formais e administrativos referido nesta Lei de 1912, datado de 28 de Fevereiro veio a ser publicado no ano seguinte 204. O Decreto nº 1885 de 15 de Setembro de 1915 205 fixa os termos das indemnizações aos comerciantes estabelecidos há mais de 5 anos e objecto de expropriação, fixando a indemnização em valor não superior a 10% do valor dado aos prédios a expropriar. O Decreto Lei nº 33921/1944 que será referido adiante no capítulo referente á análise da proposta académica, trata da obrigatoriedade das Câmaras Municipais promoverem o levantamento de plantas topográficas e a elaboração de planos gerais de urbanização e expansão das sedes dos seus municípios. 203 Diário do Governo. Nº 185. 8. Ago. 1912. 204 Idem. Nº 48. 28. Fev.1913. 205 Idem. Nº 186. (rect. no D.G. Nº 189). 225

A Lei nº 2030 de 22 de Junho de 1948 206 estabelece que as expropriações podem incidir sobre os bens imóveis e direitos a eles relativos "mediante o pagamento de justa indemnização", conforme refere o art. 1º e regula-as, através do seu clausulado. Para o caso dos prédios rústicos, expropriados para obras de urbanização ou abertura de grandes vias de comunicação, fixa em 20% a mais valia "resultante do novo destino permitido pelas obras ou melhoramentos projectado", além do valor real conforme o artigo 11, alinea a). O artigo 17 refere ainda que os prédios rústicos não expropriados pelas obras de urbanização ou grandes vias de comunicação mas que "aumentem consideravelmente de valor pela possibilidade da sua aplicação como terrenos de construção urbana, ficam sujeitos a um encargo de mais valia", valor este obtido por arbitragem. Correspondia a 50% da importância fixada e obrigava a trabalhos de reconstrução ou remodelação ou ainda podiam ser expropriados por utilidade pública se não construídos num prazo de 3 anos. Este Decreto que introduz grande alterações na propriedade e no próprio urbanismo, regula ainda no artigo 21, o direito de superfície, definindo-o como "direito real que consiste na faculdade de implantar e manter edifício próprio em chão alheio, sem aplicação das regras sobre acessão imobiliária". A parte III é dedicada, embora muito sucinta ao estabelecimento do regime de propriedade "por andares" ou horizontal, que introduziu grandes transformações no parque habitacional do país, sendo necessário, para esse efeito a "revisão e regulamentação do artigo 2335 do Código Civil" e para a qual fixa um prazo de 6 meses. O corpo deste decreto debruça-se ainda sobre assuntos importantes como o estabelecimento de sociedades anónimas para a construção de casas de renda económica e limitada, caducidade do arrendamento, actualização de rendas, sublocação, acções de despejo e depósito das rendas. O Decreto nº 37758 de 22 de Fevereiro de 1950 207 promulga o Regulamento relativo à matéria de expropriações constante na I parte da Lei nº 2030 de 22 de Junho de 1948. Referimos a Lei nº 2063 de 3 de Junho de 1953 208 que faz alguns pequenos acertos no processamento jurídico e administrativo na aplicação do Decreto nº 37758 de 22 de Fevereiro de 1950. O Decreto nº 43587 de 8 de Abril de 1961 209 refere que o valor da indemnização se fixa "em relação à propriedade perfeita", e mede-se pelo "valor real e corrente dos bens expropriados e não pelas despesas que haja de suportar para obter a substituição da coisa 206 Diário do Governo. Nº 143. 22. Jun.1948. 207 Idem. Nº 36. 208 Idem Nº 117. 209 Diário do Governo. I série. Nº 82. 226

expropriada por outra equivalente". Refere o encargo de mais valia dos prédios rústicos que aumentem de valor devido aos trabalhos de urbanização fixando-o em 50% do valor da sua avaliação O Decreto Lei nº 46373 de 9 de Junho de 1965 210 do Ministério das Finanças, publica o Código do Imposto de Mais Valias que incidiu sobre ganhos realizados através de actos que foram enumerados, entre eles os incidentes sobre a coisa objecto de operação urbanística. O Decreto Lei nº 46673 de 29 de Novembro de 1965 211 acautela a futura e previsível especulação imobiliária devido ao também previsível desenvolvimento urbanístico, "visando o aproveitamento indiscriminado de terrenos para a construção urbana", conforme diz o preâmbulo. Refere que o loteamento urbano depende da licença camarária e que se indeferirá se não se conformar com as peças urbanísticas aprovadas. Refere ainda que a licença de loteamento será titulada por alvará do qual constarão as obrigações que deverá assumir, "como o encargo de mais valia ou a execução directa sob fiscalização da câmara municipal, dos trabalhos de urbanização e cedência de terreno para equipamento urbanístico". Em Portugal, após 1945 (II Guerra Mundial), foram feitas intervenções pelos municípios no que concerne à gestão das cidades e ao planeamento urbano, tendo por base um Estado-Providência assentando sobretudo nos princípios de justiça social e de redistribuição. Neste período foram executados grandes investimentos públicos para habitação, apoio às famílias carenciadas, com vista à educação e ao emprego para desenvolvimento das actividades económicas. Na década de setenta e oitenta do século XX, o estado tentou inverter o ciclo com grande dificuldade, visto as intervenções anteriores não terem sido planeadas e sido feitas sem estratégias urbanas, sem conseguirem promover parcerias público-privadas nem interessar a participação das entidades e particulares. A partir dos anos noventa, devido à incapacidade da governação das 2 décadas anteriores na resolução dos problemas, alguns países criaram programas a nível europeu, de forma a integrar e concertar as políticas sectoriais, principalmente em áreas degradadas, sempre de iniciativa governamental e com vista ao combate à concentração da pobreza, exclusão social e degradação urbana. 210 Idem. Nº 129. 211 Idem. Nº 271. 227