ARTIGO TÉCNICO UMEB - UNIDADE MÓVEL PARA ENSAIO DA BARRA DE TRAÇÃO

Documentos relacionados
Análise computacional do desempenho de trator agrícola de pneu

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE TRATORES AGRÍCOLAS 4x2 TDA EM FUNÇÃO DA VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO E DA RELAÇÃO ENTRE O PESO E A POTÊNCIA

CARACTERÍSTICAS DE DESEMPENHO DE TRATORES AGRÍCOLAS

ENSAIOS DE TRATORES. Leonardo de Almeida Monteiro FCA - UNESP/Botucatu

WHEEL DRIVE TORQUE OF A AGRICULTURAL TRACTOR SUBMITTED TO TRACTION TEST ON SURFACE CONCRETE AND FIRM SOIL

DETERMINAÇÃO DO RENDIMENTO NA BARRA DE TRAÇÃO DE TRATORES AGRÍCO- LAS COM TRAÇÃO DIANTEIRA AUXILIAR (4X2 TDA)

DESEMPENHO DE UM TRATOR AGRÍCOLA PARA DIFERENTES FORÇAS NA BARRA DE TRAÇÃO E RELAÇÕES ENTRE O PESO E A POTÊNCIA DO MOTOR.

Desempenho de tratores

MÁQUINAS PARA PREPARO DO SOLO PARTE I

DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DE DESGASTE ACELERADO DE DIFERENTES TIPOS CONSTRUTIVOS DE PNEUS AGRÍCOLAS

CAMPUS DE BOTUCATU PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA AGRICULTURA PLANO DE ENSINO

Desempenho de trator agrícola em três superfícies de solo e quatro velocidades de deslocamento

DESEMPENHO DE TRÊS TRATORES AGRÍCOLAS EM ENSAIOS DE TRAÇÃO PERFORMANCE OF THREE AGRICULTURAL TRACTORS IN DRAWBAR TEST

PNEUS AGRÍCOLAS UTILIZADOS NA ÁREA CANAVIEIRA

DISTRIBUIÇÃO DE SEMENTES DE MILHO EM FUNÇÃO DA VELOCIDADE E DENSIDADE DE SEMEADURA INTRODUÇÃO

EQUILÍBRIO OPERACIONAL EM TRATORES. Prof. Dr. CARLOS EDUARDO ANGELI FURLANI

Rendimento na barra de tração de um trator agrícola com diferentes relações de peso e potência 1

RESISTÊNCIA DO SOLO À PENETRAÇÃO EM ÁREA CULTIVADA COM CANA-DE-AÇÚCAR SUBMETIDA A DIFERENTES MANEJOS DA CANA- SOCA RESUMO

ESALQ. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Universidade de São Paulo

DESEMPENHO DE TRAÇÃO DE UM CONJUNTO MECANIZADO EM FUNÇÃO DE PARÂMETROS TÉCNICOS E OPERACIONAIS. Apresentado no

LER 466 Avaliação do Desempenho de Máquinas Agrícolas Depto Engenharia de Biossistemas - ESALQ/USP. Prof. Walter Molina 2014

DESENVOLVIMENTO DA CANA-DE-AÇUCAR (Saccharum spp.) SOBRE DIFERENTES NÍVEIS DE TRÁFEGO CONTROLADO

DESEMPENHO OPERACIONAL DO CONJUNTO TRATOR- IMPLEMENTOS NAS OPERAÇÕES DE PREPARO DO SOLO PERFORMANCE TRACTOR-IMPLEMENTS IN OPERATIONS OF SOIL TILLAGE

Torque nos rodados motrizes de um trator agrícola submetido a ensaios de tração

PLANILHA ELETRÔNICA PARA PREDIÇÃO DE DESEMPENHO OPERACIONAL DE UM CONJUNTO TRATOR-ENLEIRADOR NO RECOLHIMENTO DO PALHIÇO DA CANA-DE-AÇÚCAR

Edital Nº 015/2016 Modalidade de bolsa - Iniciação Científica Graduação (ICG) PROJETO DE PESQUISA

Palavras-chave: Eficiência, força de tração, patinagem, consumo de combustível.

ENERGY EVALUATION OF A 4x2 TDA TRACTOR EQUIPPED WITH PNEUMATIC WHEELS ACCORDING TO BALLASTING WITH WATER

XI. ENGENHARIA AGRÍCOLA

Influência de diferentes teores de água e niveis de pressão no pneu sobre área de solo mobilizada e recalque no arenito Caiuá

ADEQUAÇÃO TRATOR IMPLEMENTO

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE TRATORES

CONSUMO DE TRATOR EQUIPADO COM SEMEADORA

Introdução ao estudo de tratores

SISTEMA DE TRANSMISSÃO DE TRATORES AGRÍCOLAS

DESEMPENHO DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA UTILIZANDO UM SISTEMA DE DEPOSIÇÃO DE SEMENTES POR FITA.

SISTEMAS DE TRANSPORTES TT046

DESEMPENHO ENERGÉTICO DO CONJUNTO TRATOR SEMEADORA EM DIFERENTES TIPOS DE PREPARO DO SOLO E CARGAS VERTICAIS NA SEMEADORA.

COMPORTAMENTO DE PNEUS AGRÍCOLAS RADIAIS E DIAGONAIS EM RELAÇÃO À TRAÇÃO 1

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CAMPUS DE BOTUCATU

ADEQUAÇÃO DE TRATORES CAFEEIROS UTILIZADOS NO RECOLHIMENTO DO CAFÉ DE VARRIÇÃO

DEVELOPMENT AND VALIDATION OF A TORQUE METER FOR DETERMINING THE TORQUE IN WHEEL DRIVE OF AGRICULTURAL TRACTORS

ENSAIO DE CARACTERÍSTICAS DIMENSIONAIS, PONDERAIS E DE DESEMPENHO NA BARRA DE TRAÇÃO DE UM QUADRICICLO 4X4 TEST RESULTS OF A ATV USED AS A TRACTOR

AVALIAÇÃO DE SEMEADORA-ADUBADORA DE PRECISÃO TRABALHANDO EM TRÊS SISTEMAS DE PREPARO DO SOLO

Super Boom Especificações da minicarregadeira

INFLUÊNCIA DO LASTRO LÍQUIDO E DA PRESSÃO INTERNA DOS PNEUS NA RELAÇÃO CINEMÁTICA DE UM TRATOR

MANEJO DE RESTOS CULTURAIS DE MILHO PARA PLANTIO DIRETO DE TRIGO. Resumo

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 893

New Holland TS TS6020 TS6040

SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS VIA BLUETOOTH PARA DETERMINAÇÃO DO CONSUMO VOLUMÉTRICO DE TRATORES AGRÍCOLAS

Dados técnicos EW100 com mono-estabilizador. EW100 Escavadoras sobre rodas. Rapidamente a caminho, com a EW100

Desempenho Operacional de Máquinas Agrícolas na Implantação da Cultura do Sorgo Forrageiro

PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS DE UM LATOSSOLO COM USO DE PNEUS RADIAIS E DIAGONAIS EM TRATOR AGRÍCOLA

New Holland TL exitus

Especificação Técnica

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE BOTUCATU FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA AGRICULTURA

DESEMPENHO DE TRATOR AGRÍCOLA ATUANDO COM 5% DE BIODIESEL EM OPERAÇÃO DE SEMEADURA 1 RESUMO

EFEITO RESIDUAL DO PREPARO DO SOLO E VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO NA OPERAÇÃO DE SEMEADURA DA Crotalaria juncea

GLADIADOR Melhor relação peso/potência da categoria

9. SISTEMAS DE DIREÇÃO

Demanda Energética de Máquinas Agrícolas na Implantação da Cultura do Corgo Forrageiro

Possibilidade de engate 2WD 4WD em até 100 km/h. Denominação Caixa de Transferência Drive Action 4x4

M-700. Lançamento! Motores e chaves opcionais. M-700. Fornecida com motor 1,5 CV de alta rotação, eixo de transmissão e chave de reversão

DEVELOPMENT OF METHODOLOGY TO PREDICT POWER HOP OF THE AXLE INTERFERENCE OF A FRONT WHEEL ASSIST TRACTOR (FWA)

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CAMPUS DE BOTUCATU

CRESCIMENTO DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) EM FUNÇÃO DE NÍVEIS DE ÁGUA E ADUBAÇÃO NITROGENADA

Programa Analítico de Disciplina ENG338 Mecânica e Mecanização Agrícola

CARACTERÍTICAS TÉCNICAS

AVALIAÇÃO DE SENSORES DE VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO EM DIFERENTES SUPERFÍCIES SPEED SENSORS EVALUATION ON DIFFERENT SURFACES

UTILIZAÇÃO DE MOTORES DE DIFERENTES TRATORES AGRICOLA COM BIOCOMBUSTIVEL

Eixo rigido, Molas helicoidais Freios Jimny 4All Jimny Canvas 4All Jimny 4Sport Jimny Canvas 4Sport Jimny 4Work Jimny 4Work Off-Road

GERMINAÇÃO E SOBREVIVÊNCIA DA SOJA EM DIFERENTES MANEJOS DO SOLO

XLII Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2013 Fábrica de Negócios - Fortaleza - CE - Brasil 04 a 08 de agosto de 2013

Possibilidade de engate 2WD 4WD em até 100 km/h. Denominação Caixa de Transferência Drive Action 4x4

EFFECT OF SPEED AND FRONT WHEEL DRIVE ASSIST IN THE FUEL CONSUMPTION OF A FARM TRACTOR

TRATOR FUNCIONANDO COM BIODIESEL FILTRADO E DESTILADO

MF CV

PROGRAMA COMPUTACIONAL PARA PREVISÃO DE ESFORÇO DE TRAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

EFEITO DO TRÁFEGO DE MÁQUINAS SOBRE ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO E DESENVOLVIMENTO DA AVEIA PRETA. Instituto Federal Catarinense, Rio do Sul/SC

Departamento de Agronomia UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

UMA PROPOSTA PARA DETERMINAR A INFLUÊNCIA DOS DADOS DE POSICIONAMENTO DOS TRENS DE POUSO NO ALINHAMENTO DIRECIONAL DE UMA AERONAVE GILSON S.

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE BOTUCATU FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA AGRICULTURA

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JULIO DE MESQUITA FILHO FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONOMICAS CÂMPUS DE BOTUCATU

a) pressão máxima do ciclo; b) rendimento térmico; c) pressão média

Tamanho de parcela em nabo forrageiro semeado a lanço e em linha

4 Bancada Experimental e Aquisição de Dados

RD 18. Compactos, versáteis e potentes: os modelos RD18. Rolos Compactadores Tandem

Características técnicas:

PROGRAMA DE DISCIPLINA

B310r 4x2 rodoviário VOLVO PNEUS 295/80R22,5. DIMENSÕES (mm)

PROJETO DE UM CONJUNTO ESTRUTURAL PARA MONTAGEM DE INSTRUMENTAÇÃO ELETRÔNICA EM TRATORES AGRÍCOLAS

RD 27 Rolos compactadores tandem. Visibilidade perfeita desempenho perfeito: RD 27

Presentation Title 1

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE BOTUCATU FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA - IRRIGAÇÃO E DRENAGEM

Versão Jimny 4All Jimny 4Sport Jimny Canvas 4Sport Jimny 4Work Jimny 4Sport Desert 1ª 4,425 2ª 2,304 Relações de marcha

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE BOTUCATU PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA ENERGIA NA AGRICULTURA PLANO DE ENSINO

ANÁLISE DO ESCALONAMENTO DE MARCHAS DAS CAIXAS DE CÂMBIO EM TRATORES AGRÍCOLAS

Transcrição:

ARTIGO TÉCNICO UMEB - UNIDADE MÓVEL PARA ENSAIO DA BARRA DE TRAÇÃO ANTONIO GABRIEL FILHO 1, KLÉBER P. LANÇAS 2, SAULO P. GUERRA 3, CRISTIANO A. PAULA 4, LEONARDO A. MONTEIRO 5 RESUMO: Um equipamento denominado Unidade Móvel de Ensaio da Barra de Tração - UMEB, foi desenvolvido na FCA/UNESP de Botucatu para realizar ensaios de tratores em solo agrícola. Construída a partir de um reboque ( trailer ), a UMEB foi adaptada para servir como carro dinamométrico instrumentado, utilizado na avaliação do desempenho de tratores submetidos a ensaios na barra de tração. Sua massa total é de 10.500 kg sustentados por um conjunto de seis rodados pneumáticos. Ensaios de campo mostraram que a UMEB proporcionou força de tração acima de 35 kn, mantendo-a constante, em diferentes condições de superfície do solo, mesmo quando a velocidade de deslocamento foi modificada. PALAVRAS-CHAVE: mecanização, desempenho, ensaio de tração, pneu. UMEB - MOBILE DRAWBAR TEST UNIT ABSTRACT: A Mobile Drawbar Test Unit - UMEB was developed at FCA/UNESP, Botucatu - SP, Brazil, to evaluate tractor performance in agricultural soil. The UMEB was built from a road trailer adapted to serve as load car used in draw bar tractor test. Its total mass is 10,500 kg sustained by a group of six pneumatic wheels. Field test showed that the UMEB generated traction force up to 35 kn, keeping it constant in different soil surface conditions, even when the forward speed changes. KEYWORDS: mechanization, performance, tractive assay, tires. INTRODUÇÃO O trator é a principal fonte móvel de potência utilizada para realizar as diversas tarefas necessárias nos processos de produção agrícola. Conhecer bem a capacidade de desempenho do trator permite aos fabricantes desenvolverem produtos mais eficientes, de tal forma que os agricultores obtenham melhor proveito das características operacionais dessa máquina. O ensaio de trator em solo agrícola é uma das maneiras de obter informações, principalmente no que diz respeito ao seu desenvolvimento de tração. Esses ensaios visam à obtenção de informações sobre o desempenho dos rodados, relacionados com as características da interação com o solo (MIALHE, 1996). A tração é a força, na direção do deslocamento, produzida por um trator em sua barra de tração (ASAE, 1999a). Segundo a ASAE (1999b), o desempenho na barra de tração de um trator depende da potência do motor, da distribuição de peso sobre os rodados, da altura e da posição dos engates da barra e da superfície do solo, entre outros fatores. A eficiência no uso dessa força é limitada pela ação dos dispositivos de tração, que, nos tratores agrícolas, mais usualmente, são rodados pneumáticos (SRIVASTAVA et al., 1996). 1 Eng o Agrônomo, Prof. Adjunto, CCET - UNIOESTE/Cascavel - PR, Fone: (0XX45) 3220.3199, gabriel@unioeste.br 2 Eng o Mecânico, Prof. Titular, Departamento de Engenharia Rural, UNESP, Botucatu - SP. 3 Eng o Florestal, Prof. Assistente, Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial, UNESP, Botucatu - SP 4 Doutorando em Agronomia - Energia na Agricultura, Departamento de Engenharia Rural, UNESP, Botucatu - SP 5 Doutorando em Agronomia - Energia na Agricultura, Departamento de Engenharia Rural, UNESP, Botucatu - SP Recebido pelo Conselho Editorial em: 30-1-2008 Aprovado pelo Conselho Editorial em: 7-10-2008

UMEB - Unidade móvel para ensaio da barra de tração 783 Progressos consideráveis vêm sendo obtidos, nas últimas décadas, no estudo da tração, explica ZOZ (1997), quando foram desenvolvidos critérios para avaliar o desempenho do trator com base nos resultados de ensaio realizados em pista de concreto. Entretanto, é necessário maior quantidade de pesquisas para avaliar o desempenho trativo em condições de campo e, com isso, fornecer informações suficientes para que esse atributo seja estimado. DESCRIÇÃO DO EQUIPAMENTO A Unidade Móvel de Ensaio da Barra de Tração - UMEB, foi construída a partir de um reboque ( trailer ) adaptado para servir como carro dinamométrico instrumentado, utilizado na avaliação do desempenho de tratores submetidos a ensaios na barra de tração. Para aumentar a massa do equipamento, o assoalho original foi coberto com blocos de concreto e, posteriormente, revestido com borracha. Na Figura 1, é mostrada a UMEB em sua vista lateral e traseira com a roda odométrica utilizada para gerar os pulsos relativos a distância percorrida pela unidade. Sua massa total é de 10.500 kg, sustentados por um conjunto de seis rodados, distribuídos em um eixo simples na dianteira e sistema de dois eixos em tandem na traseira. (A) FIGURA 1. Vistas lateral (A) e traseira (A ) com a roda odométrica da UMEB. UMEB lateral view (A), rear view (A ) with hodometric wheel. Na parte interna da UMEB, foi construída uma bancada de instrumentação para acomodar os painéis de leitura e o sistema eletrônico de aquisição de dados, conforme Figura 2. (A ) FIGURA 2. Bancada de instrumentação da UMEB. Instrumentation brench. Para determinar a distância percorrida durante os ensaios, foi construída uma roda odométrica de aço, revestida de borracha, com 0,3 m de diâmetro, sendo instalada na traseira da UMEB. Um sistema pneumático foi instalado para realizar a movimentação da roda odométrica (rebaixada no solo quando em ensaio e levantada quando em movimento da UMEB sem coleta de dados). No eixo

Antonio Gabriel Filho, Kléber P. Lanças, Saulo P. Guerra et al. 784 da roda odométrica, foi instalado um sensor de pulso, sendo obtida a sua rotação e, posteriormente, o percurso da unidade. A UMEB possui um sistema de controle do freio acionado por meio de válvula pneumática, sendo a frenagem obtida por tambores nas seis rodas. A forma de acionamento desse freio foi modificada para permitir o comando dentro da UMEB. Um compressor de ar acionado por gerador a Diesel, uma válvula controladora de pressão e um conjunto de tubulações foram instalados para que o operador possa selecionar a força desejada na barra de tração do trator submetido ao ensaio. Na Figura 3, apresenta-se o esquema do circuito de frenagem. A pressão é regulada por meio de manômetro, com precisão de 3,45 kpa (0,5 psi), acoplado à válvula controladora, que tem capacidade para até 413,40 kpa (60 psi). Reservatório Difusor do fluxo de ar Compressor de ar Manômetro Válvula de segurança Freio a tambor nas seis rodas Válvula controladora de pressão Fluxo normal Retorna FIGURA 3. Representação esquemática do circuito de frenagem da UMEB. UMEB breaking system schematic representation. Instrumentação da UMEB Foi instalado um painel eletrônico, tipo PLC, com indicadores de força de tração instantânea e média, de rotação das quatro rodas do trator e da roda odométrica, de consumo e de temperatura do combustível. Para determinar o requerimento de força solicitado na barra de tração, no cabeçalho da UMEB, foi instalada uma célula de carga com capacidade para 100 kn, conforme Figura 4. FIGURA 4. Detalhe do cabeçalho da UMEB mostrando a célula de carga. Detail of UMEB header with load cell. Ensaios de campo Foram realizados ensaios preliminares para avaliar a precisão da roda odométrica ao determinar a distância percorrida e a capacidade da UMEB em resistir à força de tração. A obtenção

UMEB - Unidade móvel para ensaio da barra de tração 785 do perímetro eficaz da roda odométrica e sua calibração foram realizadas em asfalto, em solo com a superfície firme e em solo com a superfície revolvida por grade pesada, numa distância de 25 m, marcados com trena métrica. Para os ensaios de tração, três condições de superfície do solo foram utilizadas: solo com superfície mobilizada por meio de escarificação e gradagem; solo firme sem cobertura vegetal e solo firme com cobertura vegetal. O solo das pistas utilizadas para os ensaios foi classificado, de acordo com EMBRAPA (1999), como Latossolo Vermelho de relevo plano e textura argilosa. Os ensaios de tração foram realizados com trator marca John Deere, modelo 6600, com 88 kw (120 cv) de potência no motor, a 2.100 rotações por minuto, com a tração dianteira auxiliar ligada nas marchas A3, B1, B2 e C1, que, de acordo com o registro no painel do trator, correspondiam às velocidades de 4; 5; 7 e 8 km h -1. Em cada velocidade, foram realizadas quatro repetições. Todos os equipamentos eletrônicos utilizados foram calibrados, previamente, nos laboratórios do Núcleo de Ensaios de Máquinas e Pneus Agroflorestais - NEMPA, e avaliados em condições de campo por meio de ensaios comparativos de trator acoplado à UMEB. Os valores obtidos foram submetidos à análise estatística descritiva e, no caso da tração, em função da velocidade para as três condições de superfície do solo, os valores foram submetidos também à análise de variância em delineamento experimental em blocos ao acaso, com arranjo fatorial com dois fatores (superfície e marcha), conforme CAMPOS (1984) e GOMES & GARCIA (2002). Para a avaliação da força em função da pressão aplicada aos freios, foi realizada análise de regressão. As análises estatísticas foram realizadas por meio do aplicativo computacional SAS (Statistical Analysis Systems) e da planilha eletrônica Microsoft Excel. Resultados dos ensaios de campo Na Figura 5, apresentam-se os valores médios, mínimos e máximos obtidos na determinação do perímetro eficaz da roda odométrica, em duas condições de superfície de rolamento. Observa-se que, tanto no asfalto quanto no solo firme, a variação entre o valor máximo e mínimo, em relação à média, foi pequena, e não ultrapassou 4 mm. Nota-se, também, que os valores médios do perímetro eficaz da roda odométrica, obtidos nas superfícies avaliadas, foram muito próximos, mostrando que houve pouca influência dessa variável na determinação da distância percorrida pelo conjunto. 1.680 1.670 (mm) 1.660 1.650 1.654 1.652 1.653 1.640 Asfalto Solo Média Total FIGURA 5. Valores médios, máximos e mínimos do perímetro eficaz da roda odométrica, em duas condições de superfície de rolamento. Mean, maximum and minimum values of effective perimeter under two rolling surface conditions.

Antonio Gabriel Filho, Kléber P. Lanças, Saulo P. Guerra et al. 786 A medida da distância de 25 m, percorrida pela roda odométrica em uma parcela, foi precisa no asfalto e semelhante nas duas condições de superfície do solo, conforme pode ser observado na Figura 6. A variação dos valores obtidos em cada percurso do conjunto trator/umeb no asfalto não passou de 5 mm de diferença, entre os valores máximo e mínimo, com coeficiente de variação de 0,4%. No solo firme, a variação apresentou diferença máxima de 0,26 m, mínima de 0,18 m e 0,7% de coeficiente de variação. No solo solto, essa variação foi um pouco mais acentuada, sendo o valor máximo de 25,30 m e o mínimo de 24,53 m com coeficiente de variação de 1,2%. 30 28 (m) 25 25,01 24,90 24,92 23 20 asfalto firme solto FIGURA 6. Valores médios, máximos e mínimos da distância medida pela roda odométrica obtidos no asfalto, solo firme e solo solto. Mean, maximum and minimum values of distance under asphalt, firm and disturbed soil. Na Figura 7, apresenta-se a relação entre a pressão fornecida aos freios e a correspondente força necessária para tracionar a UMEB e, na Tabela 1, mostra-se o resumo da análise da regressão dos valores obtidos nas diferentes condições de superfície. Observa-se que houve elevado coeficiente de determinação entre a pressão aplicada aos freios e a força necessária para tracionar a unidade móvel. À medida que se aumentou a pressão nos freios, a força de tração correspondente aumentou linearmente. Essa equação representou 97,7% dos casos, mostrando que é possível realizar ensaios com maior variação de força, o que, muitas vezes, não é possível obter quando se utiliza comboio de tração formado por tratores, pois, nesse caso, a força é limitada ao escalonamento das marchas do trator de arraste. Observa-se, ainda, na Figura 7, que, nos valores acima de 20 kn, os pontos obtidos se aproximam mais da curva, mostrando que, a partir desse valor, há tendência de os dados de força de tração serem mais lineares. O limite máximo de força obtido para a UMEB foi ligeiramente superior a 35 kn.

UMEB - Unidade móvel para ensaio da barra de tração 787 Tração (kn) 40 30 20 10 y = 0,1088x + 0,9788 R 2 = 0,9774 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Pressão (kpa) FIGURA 7. Variação da força de tração exigida, em função da pressão aplicada ao freio da UMEB. Change of drawbar force required for traction, according to the brake pressure applied to the UMEB. TABELA 1. Valores da análise de regressão para os dados de força em função da pressão aplicada aos freios. Values of regression analisys for force according to the brake pressure. Causa da Variação QM F P > F Regressão linear 3.326,45 879,63 0,0001 Regressão quadrática 6,29 1,66 0,2100 Regressão cúbica 4,69 1,24 0,2772 Por meio dos dados da análise de variância, mostrados na Tabela 2, e da estatística descritiva, apresentada na Tabela 3, nota-se que a UMEB apresentou capacidade de manter a uniformidade de tração durante os ensaios. A força de tração média foi de 25,35 kn, com valor mínimo de 23,67 kn e máximo de 26,96 kn, variação de apenas 2,13%, para as diferentes velocidades ensaiadas. TABELA 2. Resumo da análise de variância da força de tração obtida nas superfícies: asfalto, solo firme e solo solto, para as quatro condições de marchas. Summary of the analysis of variance of traction force on surfaces: asphalt, firm and disturbed soil; for the four gear conditions. Causa da Variação G.L. Quadrado Médio Valor de F Pr>F Superfície 2 0,17801875 0,58 0,5664 Marcha 3 0,70929167 2,30 0,0950 Superfície*Marcha 6 0,30358542 0,99 0,4504 TABELA 3. Estatística descritiva da força de tração obtida nas quatro superfícies para as quatro condições de marchas. Traction descriptive statistics in the four areas for four gear conditions. Estatística Descritiva Velocidade (km h -1 ) 3,4 3,9 5,1 5,9 Média (kn) 25,33 25,45 25,48 25,15 Mínimo (kn) 24,42 24,41 24,84 23,67 Máximo (kn) 25,94 26,96 26,31 26,24 Intervalo (kn) 1,52 2,56 1,47 2,57 Coeficiente de variação (%) 1,81 1,39 2,28 2,73 Na Figura 8, apresenta-se o comportamento da tração nas marchas A1, B2, B3 e C1 do trator, que corresponderam às velocidades médias de 3,4; 3,9; 5,1; 5,9 km h -1, respectivamente. A variação

Antonio Gabriel Filho, Kléber P. Lanças, Saulo P. Guerra et al. 788 da força necessária para tracionar a UMEB foi a mesma quando a velocidade de deslocamento foi alterada. 30 28 Tração (kn) 25 23 20 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 Velocidade (km(km/h) h -1 ) FIGURA 8. Valores totais, médios, máximos e mínimos da tração em função da velocidade de deslocamento da UMEB, em parcelas de 25 m. Totals, average, maximum and minimum levels of traction depending on the UMEB speed in plots of 25 meters. Conforme mostra a Tabela 2, nas quatro velocidades, a tração média permaneceu próxima de 25 kn, sendo estatisticamente iguais nas quatro marchas. A máxima tração ocorreu a 3,9 km h -1 e não ultrapassou 1,51 kn da média, e a mínima tração ocorreu a 5,9 km h -1 e foi 1,48 kn menor que o valor médio. A maior variação entre os valores máximos e mínimos ocorreu a 5,9 km h -1, e o coeficiente de variação não ultrapassou 2,73%, valor considerado adequado para padrões de campo, conforme CAMPOS (1984). Na Figura 9, pode ser observado que a força de tração média foi estatisticamente semelhante nas três condições, mantendo-se próxima dos 25 kn, conforme desejado. No solo mobilizado, o intervalo de variação entre o menor e o maior valor foi mais acentuado do que nos demais solos, e as variações não foram maiores do que 2,70%. No solo firme e no solo coberto com palha, o coeficiente de variação foi baixo, com valores iguais a 1,94% e 1,50%, respectivamente. 30 Solto Com Palha Firme Tração (kn) 27,5 25 22,5 20 1 6 11 16 21 Distância (m) FIGURA 9. Comportamento da tração da UMEB em função da condição da superfície do solo. UMEB traction behavior depending on the soil surface condition.

UMEB - Unidade móvel para ensaio da barra de tração 789 CONCLUSÕES A Unidade Móvel de Ensaio na Barra de Tração - UMEB, pode ser utilizada para ensaios de trator em condições de solo agrícola, pois apresentou: - Precisão adequada da roda odométrica para estabelecer a distância percorrida nos ensaios, com pequenas ressalvas para solo mobilizado; - Capacidade de solicitação de força de tração com limite máximo superior a 35 kn; - Pouca variação da força de tração quando a velocidade variou entre 3,5 e 5,9 km h -1, e - Força de tração constante, em torno de 25 kn, ao longo da parcela de 25 m, nas três condições de superfície avaliadas. REFERÊNCIAS ASAE. Agricultural Machinery Management Data. In: ASAE Standards: standards engineering practices data. St. Joseph, 1999a. p.359-66. (ASAE, D 497.4) ASAE. Uniform terminology for traction of agricultural tractors, self-proprelled implements, and other traction and transport devices. In: ASAE Standards: standards engineering practices data. St. Joseph, 1999b. p.119-21. (ASAE, S296.4 DEC95) CAMPOS, H. Estatística aplicada à experimentação com cana-de-açúcar. São Paulo: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 1984. 292 p. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de Janeiro, 1999. 412 p. GOMES, F.P.; GARCIA, C. H. Estatística aplicada a experimentos agronômicos e florestais: exposições com exemplos e orientações para uso de aplicativos. Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 2002. 309 p. MIALHE, L.G. Máquinas Agrícolas - Ensaios & Certificação. Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 1996. 723 p. SRIVASTAVA, A.K.; GOERING, C.E.; ROHRBACH, R.P. Tractor hitching, traction and testing. In: Engineering principles of agricultural machines. 3 rd ed. St. Joseph: American Society of Agricultural Engieers, 1996. p.117-45. ZOZ, F. Belt and tire tractive performance. Milwaukee: Society of Automotive Engineers, 1997. 8 p.