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Transcrição:

Formação do Sistema Internacional DABHO1335-15SB (4-0-4) Professor Dr. Demétrio G. C. de Toledo BRI demetrio.toledo@ufabc.edu.br UFABC - 2017.I (Ano 2 do Golpe) Aula 16 3ª-feira, 4 de abril

O Terceiro Mundo e a Guerra Fria 2

Módulo III: Sistema internacional e capitalismo contemporâneos Aula 16 (3ª-feira, 4 de abril): O Terceiro Mundo e a Guerra Fria Texto base: WALLERSTEIN, I. (2000) O que era mesmo o Terceiro Mundo?, p; 1-19. HOBSBAWN, E. (1995) O Terceiro Mundo, p. 337-362. Texto complementar: HOBSBAWN, E. (1995) Guerra Fria, p. 223-252. 3

O Terceiro Mundo e a Guerra Fria O período que vai do final da II GM até o presente é caracterizado pela hegemonia estadunidense. Hegemonia não significa, necessariamente, inexistência de adversários e contestações ao poder hegemônico. No meio século entre o final da II GM e meados da década de 1980, os EUA conviveram com dois grandes blocos adversários: o bloco socialista e o bloco dos países nãoalinhados. 4

Guerra Fria: 1947-1991 Guerra Fria: contrapôs bloco capitalista liderado pelos EUA ao bloco socialista liderado pela URSS. 1947: Doutrina Truman. 1949: OTAN (hoje ainda viva e crescendo!). 1955: Pacto de Varsóvia (dissolvido em 1991); Não- Alinhados (bloco do Terceiro Mundo). 1962: Crise dos Mísseis em Cuba. 1962-1979: Deténte (distensão); descolonização da África e da Ásia. 1979-1985: Segunda Guerra Fria. 1985-1991: Perestroika e Glasnost. 1991: Fim da URSS. 5

Guerra Fria: 1947-1991 6

Guerra Fria: 1947-1991 7

O Terceiro Mundo e a Guerra Fria 1949. Avanço comunista internacional: a) explosão da bomba atômica russa; b) Revolução Chinesa; c) Guerra da Coréia (1950-53). 1953: morte de Stalin; Khrushchev inicia a política de coexistência pacífica com os EUA. Busca também aproximação com o nacionalismo terceiro-mundista. 1955: Conferência de Bandung - encontro de 29 países afro-asiáticos, formando o bloco político do Terceiro Mundo. 1956: Crise do Canal de Suez - Nasser (Egito) sai vitorioso contra a invasão israelense apoiada pela Grã-Bretanha e França. 1959: Revolução Cubana. 8

O Terceiro Mundo Desde a I Guerra Mundial, mas sobretudo no entreguerras e durante a II Guerra Mundial, as periferias do sistema capitalista tiveram um afrouxamento dos laços de dependência (econômica e política) com o centro, o que lhes permitiu avanços consideráveis: Processos de substituição de importações liderados pelo Estado (sobretudo na América Latina) Estado desenvolvimentista. Movimentos de independência nacional (África, Extremo Oriente e Sudoeste Asiático). 9

O Terceiro Mundo e a Guerra Fria América Latina: Populismo (décadas de 1950-60): Estado de compromisso entre capital industrial e trabalho, mediado por líderes carismáticos (Vargas, Perón), geralmente de inspiração fascista. Nenhum dos dois novos grupos urbanos tem o poder, sozinho, de contrapor-se às oligarquias tradicionais. África e Ásia: nascimento dos movimentos nacionalistas, que irão conquistar a maior parte das suas independências entre 1945-62: Índia (1947), Vietnã ( 1945;54), Indonésia (1949), Gana (1958), Argélia (1962) etc. 10

Wallerstein (2000) A importância e o mérito da invenção do conceito de Terceiro Mundo [termo cunhado pelo francês Alfred Sauvy em 1952] foram o de lembrar a existência de uma imensa zona do planeta para a qual a questão primordial não era a do alinhamento a um ou a outro dos campos que se defrontavam na guerra fria. (Wallerstein 2000: 1) Ao englobar todos numa única expressão, Terceiro Mundo, destacavam-se, ao mesmo tempo, as características comuns, próprias a todos esses países, e também o fato de que eles não estavam necessariamente implicados na guerra fria. (Wallerstein 2000: 2) 11

O Terceiro Mundo e a Guerra Fria Era da descolonização - 1945-1977: Conferência dos Não-Alinhados - Conferência de Bandung (1955): Em 1954, cinco líderes dos países que recusavam o maniqueísmo da guerra fria o indiano Nehru, o egípcio Nasser, o iugoslavo Tito, o indonésio Sukarno e o cingalês Kofélawala reuniram-se e decidiram convocar uma conferência afro-asiática em Bandung. (Wallerstein 2000: 4) 12

O Terceiro Mundo e a Guerra Fria O movimento terceiro-mundista, autônomo, iria de vento em popa ao longo dos anos 60. Os países afro-asiáticos estreitavam laços com a América Latina sob o rótulo de países "não-alinhados", ou da Tricontinental, após o êxito da revolução cubana de Fidel Castro. (Wallerstein 2000: 4) 13

O Terceiro Mundo e a Guerra Fria Desde 1960, ano das independências africanas, as nações do Terceiro Mundo dispunham, na Assembléia Geral das Nações Unidas, de uma maioria que lhes permitia impor uma série de declarações legitimando aspirações anticoloniais. Foi assim que fizeram dos anos 70 a década do desenvolvimento. O apogeu desse esforço foi a decisão coletiva dos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), em 1973, de aumentar o preço do petróleo, provocando pânico no Ocidente. Iria o mundo dito desenvolvido tornar-se dependente dos países petrolíferos? (Wallerstein 2000: 4-5) 14

O Terceiro Mundo e a Guerra Fria Vinte e sete anos depois (...) o espírito de Bandung desapareceu. Por quê e como se produziu essa reviravolta? (Wallerstein 2000: 5) 15

O Terceiro Mundo e a Guerra Fria O conceito de Terceiro Mundo fez sentido na política da década de 60. Marginalizado na década de 80, ele morreu completamente na década de 90. Mas a realidade a que ele dizia respeito se tornou ainda mais evidente agora do que no passado. O quadro efêmero em que o conceito foi forjado a Guerra Fria - desapareceu. Mas o novo quadro que o substituiu clareou as verdadeiras questões: a incrível polarização da economia-mundo capitalista e sua crise estrutural, que nos coloca a todos frente a escolhas históricas. (Wallerstein 2000: 18-19) 16

O Terceiro Mundo e a Guerra Fria 17

O Terceiro Mundo e a Guerra Fria É importante iniciar qualquer história do Terceiro Mundo com alguma consideração acerca de sua demografia, uma vez que a explosão demográfica é o fato central de sua existência. A história passada nos países desenvolvidos sugere que, mais cedo ou mais tarde, também eles vão passar pelo que os especialistas chamam de transição demográfica, estabilizando uma baixa taxa de natalidade e de mortalidade, isto é, desistindo de ter mais de um ou dois filhos. (Hobsbawn 1995: 339) 18

População mundial 19

Transição demográfica 20

Transição demográfica 21

Transição demográfica 22

Transição demográfica 23

A Grande Divergência 24

PIB per capita regiões mundo 25

Evolução demográfica mundo, 3 cenários 26

Taxas de fertilidade 27

Expectativa de vida 28

Mortalidade infantil 29

Taxa crescimento PIB, população e PIB per capita 30

Ciclos de Kondratief 31

A expansão mundial: 1945-1973 Alguns países latino-americanos aproveitaram esta oportunidade para expandir sua industrialização, embora de forma dependente após a chegada das multinacionais (1950). Mas outros países, como os africanos, tiveram muito pouco tempo para reorganizar suas sociedades, herdeiras de uma situação periférica na divisão internacional do trabalho. Na melhor das hipóteses, os países recém-saídos da descolonização tiveram apenas duas décadas (1960-80) para formar o Estado-nação e desenvolver suas economias, aproveitando a Era da Ouro do pós-guerra (Hobsbawm). 32

Crises internacionais da década de 1970 1º (1973) e 2º (1979) choques do petróleo. Curto prazo: crise econômica norte-americana. Médio prazo (5 anos): expansão do poder do dólar. 1978-82: reorganização da luta de classes no plano internacional. Neo-conservadores no poder (Reagan: 1982-1988; Thatcher: 1979-1990) nos EUA e Inglaterra. 33

Neoliberalismo e as periferias Crise da dívida (década de 1980). Em crise econômica, os países centrais aproveitaram que a maioria dos empréstimos (1970) foram feitos com taxas flutuantes, para exigir o pagamento imediato destas (ou pelo menos dos seus juros, aumentados) pelos países periféricos. Estrangulamento do desenvolvimento auto-sustentado dos países periféricos, em prol da recuperação econômica do centro. Os países periféricos que conseguiram manter seu desenvolvimento o fizeram atrelando-o ao exterior, com a formação de políticas industrias para exportação (em especial os Tigres Asiáticos). 34

Anos 2000 e a reemergência do Sul Cenário adverso para o Terceiro Mundo: retomada da ofensiva dos Estados Unidos nos cenários mundial e regional; crise do campo socialista; dificuldades do diálogo Norte-Sul; crise da dívida externa; pressão das economias desenvolvidas sobre os países mais pobres: financeirização e liberalização econômica. Os países centrais ignoravam os apelos dos países periféricos 35

Anos 2000 e a reemergência do Sul Na década de 1980, os EUA retomam sua posição hegemônica internacional, subalternizando a Europa, Japão, URSS, China e bloco do Terceiro Mundo. Utilização dos organismos internacionais para este fim: GATT, FMI, BIRD. Império do capital, sobretudo após a derrocada da URSS, em 1989. Forma-se o a cultura do não há alternativas possíveis e do discurso sobre a globalização própria do pensamento único, neoliberal, dos anos 1990. 36

Anos 2000 e a reemergência do Sul A retomada do crescimento na China, em particular, traz a revalorização das commodities primárias, que continuam sendo as mercadorias de exportação dos países periféricos. Esta reemergência, portanto, não possibilita por si a reversão da posição periférica na divisão internacional do trabalho. É preciso retomar os projeto de desenvolvimento autônomo, derrotados pelos neoliberalismo. 37

Para falar com o professor: São Bernardo, sala 322, Bloco Delta, 3as-feiras e 5as-feiras, das 15-17h (é só chegar) Atendimentos fora desses horários, combinar por email com o professor: demetrio.toledo@ufabc.edu.br 38