6 Descrição do aterro experimental

Documentos relacionados
4 Descrição da obra. Figura 80 Seção transversal típica do dique do DRB#7.

5 Descrição das seções instrumentadas

3 Análises de casos reais de muros de solo reforçados com geossintéticos

3 Programa Experimental

MUROS DE CONTENÇÃO EM SOLO REFORÇADO COM FACE EM BLOCOS TERRAE W MANUAL DE INSTALAÇÃO

Neste capítulo são apresentadas as principais conclusões deste trabalho e algumas sugestões para futuras pesquisas.

MONTAGEM E EXECUÇÃO DE ENSAIOS DE PLACA EM LABORATÓRIO

ESCORAMENTO ESPECIFICAÇÕES OBJETIVO... 2 CONSIDERAÇÕES GERAIS... 2 CONSIDERAÇÕES ESPECÍFICAS... 2

Compactação Exercícios

3 Programa Experimental

8. Resultados e Análises: Ensaios de Cisalhamento Direto Convencional

4 Estabilidade estática do aterro reforçado

8 Resultados da instrumentação do muro

Compactação dos Solos

3. Descrição dos Testes Experimentais

Tópicos Especiais de Mecânica dos Solos

5.6. Ensaios de caracterização do enrocamento como meio granular

UTILIZAÇÃO DE GEOTÊXTIL BIDIM COMO FILTRO, ELEMENTO DE SEPARAÇÃO E REFORÇO EM DIQUE E ATERRO FLEXIBRÁS, VITÓRIA ES

TENSÃO NORMAL e TENSÃO DE CISALHAMENTO

Muro de Contenção Portante em Solo Reforçado

MUROS DE CONTENÇÃO DE PESO COM BLOCOS TERRAE MANUAL DE INSTALAÇÃO

Compactação dos Solos. Fernando A. M. Marinho 2012

5. Programa Experimental 5.1. Considerações Iniciais

SINAPI SISTEMA NACIONAL DE PESQUISA DE CUSTOS E ÍNDICES DA CONSTRUÇÃO CIVIL CADERNOS TÉCNICOS DE COMPOSIÇÕES PARA ATERRO DE VALAS LOTE 3

AULA 07: COMPACTAÇÃO DOS SOLOS (EQUIPAMENTOS E COMPACTAÇÃO EM CAMPO) Prof. Augusto Montor Mecânica dos Solos

execução Caixote de massa em madeira A madeira absorve a água da argamassa o que diminui a trabalhabilidade da argamassa.

Mecânica dos Solos III COMPACTAÇÃO NO CAMPO. Maio de 2012

GEOCOMPOSTO PARA REFORÇO UTILIZADO EM ATERRO DE CONQUISTA

Muro de Contenção Portante em Solo Reforçado

UTILIZAÇÃO DE GEOTÊXTIL BIDIM EM MURO DE SOLO REFORÇADO NO PARQUE INDUSTRIAL ANHANGUERA OSASCO SP

O que é compatação? Por que? Técnica de melhoria do terreno, onde o solo é densificado através de um esforço de compactação externo.

7. Resultados e Análises: Ensaios de Rampa 7.1. Considerações Iniciais

3 Estudo experimental

TENSÃO NORMAL e TENSÃO DE CISALHAMENTO

Muro de Contenção em Solo Reforçado e Face Verde com Utilização de Resíduo Cerâmico

PROJETO ACÚSTICO E MEMORIAL DESCRITIVO

Obras Geotécnicas TC 066

1. Dados e-bidim #082

Em função de suas características de fabricação e matéria-prima poliéster, o Bidim possui as propriedades:

UTILIZAÇÃO DE GEOWEB NA PROTEÇÃO DE TALUDE NO RIBEIRÃO DOS PADILHAS CURITIBA PR

MEMORIAL DESCRITIVO. Os serviços de topografia ficarão a encargo da empresa licitante.

Aula2 Tecnologia dos Processos Construtivos Residenciais

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC CENTRO DE ENGENHARIA, MODELAGEM E CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES (BC 1105)

Capítulo 3 Propriedades Mecânicas dos Materiais

Especificações Técnicas Geogrelha. Principais Aplicações

UTILIZAÇÃO DE GEOTÊXTIL BIDIM PARA EXECUÇÃO DE DIQUES CONTÍNUOS NAS INSTALAÇÕES DO SESC PANTANAL MT

4 Comparação dos métodos de projeto com resultados de campo

UTILIZAÇÃO DO GEOTÊXTIL BIDIM COMO REFORÇO NA BASE DO DIQUE DE POLDERIZAÇÃO, NA ÁREA DE VÁRZEA DA USINA CORURIPE MUNICÍPIO DE CORURIPE ALAGOAS

7 Ensaios de laboratório

MURFOR Reforço de aço para alvenaria

APLICAÇÃO DO GEOTÊXTIL BIDIM EM ATERRO SOBRE SOLO MOLE NA DANA PRODUTOS MODULARES FÁBRICA DE CHASSIS - PROJETO DAKOTA CAMPO LARGO PR

4. Desenvolvimento do Equipamento

UNIVERSIDADE MOGI DAS CRUZES CAMPUS VILLA LOBOS. Construção Civil

UNIP - COMPLEMENTOS DE MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES PROFESSORA MOEMA CASTRO, MSc. [ AULA 05]

Análise do Comportamento de Muro de Contenção Portante em Solo Reforçado a partir de Monitoramento de Campo

EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS DE TERRAPLENAGEM

COMPACTAÇÃO 05/04/ COMPACTAÇÃO PRINCÍPIOS GERAIS TC-033 LABORATÓRIO DE MECÂNICA DOS SOLOS AULA 3. Prof. Caroline Tomazoni

FIS-14 Mecânica I. Ronaldo Rodrigues Pela

MANUAL TÉCNICO. Elaboração: Silvio Luis Palma Samira Tessarolli de Souza

INFRAESTRUTURA DE PONTES FUNDAÇÕES PROFUNDAS

PROCEDIMENTOS DE INSTALAÇÃO DO GCL FORTLINER

BOSCH BRAGA BRG 801 FASE 2. FUNDAÇÕES E ESTRUTURAS PROJETO DE EXECUÇÃO Rev. 02_

01. De acordo com as definições da NBR 6118:2003 (Projetos de Estruturas de Concreto), em estruturas de concreto, armaduras ativas são denominadas:

PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE ÁGUA E ESGOTOS NS016 REATERRO E COMPACTAÇÃO DE VALAS Revisão: 02 Mar.

UTILIZAÇÃO DE GEOTÊXTIL BIDIM EM MURO MISTO DE SOLO REFORÇADO E SOLO GRAMPEADO NA BASE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS SP

MESA ESTABILIZADORA MANUAL DE CONFECÇÃO

MEMORIAL DESCRITIVO DESCRIÇÃO DA OBRA

Manual de Instalação da FachaForte

CONSTRUÇÃO DA REDE DE COLETA DE ESGOTO E DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE AGUA DA RUA SETE DE SETEMBRO

6 Metodologia de Instalação, Montagem e execução do Ensaio

ESTACAS HELICOIDAIS. (21)

MECÂNICA DOS SOLOS - COMPACTAÇÃO -

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES (BC 1105) ENSAIOS MECÂNICOS ENSAIOS DE TRAÇÃO E FLEXÃO

MEMORIAL DESCRITIVO ILUMINAÇÃO EXTERNA RODOVIÁRIA

9. Resultados e Análises: Ensaio de Cisalhamento Direto Inclinado 9.1. Considerações Iniciais

3. Descrição de materiais, vigas de teste e ensaios

FIS-15 Mecânica I. Ronaldo Rodrigues Pela

ANÁLISE EXPERIMENTAL COMPARATIVA DE LAJES UNIDIRECIONAIS NERVURADAS PARA DIFERENTES PROCESSOS CONSTRUTIVOS.

INSTRUÇÃO DE USO. Descrição Geral

Terraplenagem Equipamentos para a construção rodoviária, aeroportuária e ferroviária

Descrição e Metodologia Executiva

3 Estudo experimental

UTILIZAÇÃO DE GEOTÊXTIL BIDIM EM CANAL DE DRENAGEM DA FORD CAMAÇARI BA

Aplicação de Geossintéticos em Ferrovia. Prof. Dr. Gilberto Fernandes

MANUAL DE MANUSEIO, TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO DE BOBINAS DE CABOS ELÉTRICOS

13ª Semana de Tecnologia Metroferroviária Fórum Técnico. Desempenho de Dormentes de Madeira Reforçados com Placas de Aço Embutidos na Camada

3 Material e Procedimento Experimental

Terceira Lista de Exercícios

3 Programa Experimental

PROJETO DE PAVIMENTAÇÃO COM PAVER DE CONCRETO INTERTRAVADO.

NÚCLEO SETORIAL DE PLANEJAMENTO NUSP DRENAGEM E PAVIMENTAÇÃO DO CONJUNTO MURURÉ TRECHOS I E II PROJETO BÁSICO ANEXO 05 PLANILHA ORÇAMENTÁRIA

Construção de um "silo secador

SUMÁRIO. laboração Revisão Data da revisão Aprovado (ou Aprovação) Data aprovação Luiz Fernando J. Albrecht

CADEIRA POSTURAL REGULÁVEL MANUAL DE CONFECÇÃO

Aula 2 - Tensão Normal e de Cisalhamento.

Engenharia Civil Construção Civil I DRYWALL: VEDAÇÃO

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ PREFEITURA MUNICIPAL DE URUARÁ GABINETE DO PREFEITO CNPJ / MEMORIAL DESCRITIVO

Esta antena está sendo construída para atender o uso do Claudio PU2KVC, bem como para familiariza-lo na confecção de antenas.

3 Programa Experimental

Transcrição:

158 6 Descrição do aterro experimental A pesquisa em curso demandava a realização de ensaios de arrancamento para melhor compreender o mecanismo de interação solo-geossintético. Para tanto, foi construído pela empreiteira executora da obra um aterro experimental junto ao dique leste do DRB#7 (após a rampa de serviço), de maneira a não interferir nas atividades normais da obra. Após a conclusão dos ensaios de arrancamento o aterro experimental foi removido. O aterro possuía 2,6m de altura, 3,5m de largura e 10,8m de comprimento, descontando-se as rampas de acesso. Neste aterro foram inseridas 18 amostras de geogrelha com dimensões de 1,00m por 0,85m em seis profundidades diferentes. Para evitar a não uniformidade de tensões verticais no plano horizontal das amostras ensaiadas, devido à presença de taludes, o aterro foi contido lateralmente por pranchões de madeira escorados por trilhos de trem verticais em ambos os lados. As geogrelhas foram dispostas junto às faces do aterro, nove em cada lateral. Os trilhos foram enterrados e concretados no terreno e, posteriormente, presos entre si por cabos de aço à medida que as camadas do aterro eram compactadas. A Figura 102 apresenta a planta do aterro experimental. Lado úmido Lado seco Figura 102 - Planta do aterro experimental.

159 O aterro experimental foi executado com o mesmo solo e os mesmos equipamentos de compactação empregados na construção do muro. Em uma parte do aterro a compactação foi feita com desvio de umidade de -2 a +2 p.p. em relação à umidade ótima e grau de compactação mínimo de 95%, referentes ao Proctor Normal (lado seco ). Nesta região do aterro foram inseridas doze amostras de geogrelha. Na outra região foi adotado um desvio de umidade maior, de +2 a +4 p.p. (lado úmido ), mantendo-se o mesmo grau de compactação mínimo, para avaliar a influência da umidade na resistência ao arrancamento. No lado úmido foram inseridas seis amostras de geogrelha. Assim como no muro de solo reforçado, o solo foi lançado e compactado em camadas de altura final igual a aproximadamente 20cm e as camadas que receberam geogrelhas foram niveladas por meio de moto-niveladora. De cada camada compactada, foram retirados três cilindros de amostras do lado seco e três do lado úmido para controle de umidade e densidade do solo pelo método de Hilf. De forma similar ao muro de solo reforçado, foram utilizados o compactador manual tipo sapo e o rolo vibratório CA-25 de pata curta. O rolo foi utilizado para compactar a parte central do aterro e o sapo para compactar o espaço restante junto aos pranchões de madeira. A Tabela 12 apresenta a condição de ensaio projetada das 18 geogrelhas. Tabela 12 - Condições de ensaio projetadas para o aterro experimental. Geogrelha Desvio de Grau de Número de umidade compactação amostras 55A (Fortrac 55/25-20/30) -2 a +2 p.p. >95% 6 55A (Fortrac 55/25-20/30) +2 a +4 p.p. >95% 3 55B (Fortrac 55/30-20) -2 a +2 p.p. >95% 3 55B (Fortrac 55/30-20) +2 a +4 p.p. >95% 3 35 (Fortrac 35/20-20/30) -2 a +2 p.p. >95% 3 As Figuras 103 a 109 apresentam um registro fotográfico de algumas fases da construção do aterro. Na Figura 103 é mostrada uma camada de solo

160 compactado nivelada com três amostras de geogrelha instaladas. Pode-se ver também os cabos de aço que prendem os trilhos entre si. A Figura 104 exibe um detalhe da manga metálica do sistema de arrancamento, dos tubos dos tell-tales e dos cabos de aço de amarração dos trilhos. Na Figura 105 pode-se observar, ao fundo, os pranchões de madeira empregados para conter as camadas de solo, a manga metálica (110 x 15 x 7mm) que reduz a influência da rigidez da parede na resistência ao arrancamento e os cabos de aço que prendem os trilhos de um lado aos do outro. Em primeiro plano observam-se os tubos de PVC que levam os fios de aço dos tell-tales até a outra parede do aterro, onde é instalado o aparelho de leitura. A Figura 106 mostra um detalhe da fixação do tell-tale na geogrelha por meio da mesma presilha de metal empregada no muro. Neste caso, o ponto de fixação é o mais próximo possível à boca do tubo, enquanto no muro guardava-se uma distância de 10 cm. A Figura 107 apresenta a extremidade de uma geogrelha de 35 kn. Observase, no plano inferior da figura, a saída dos seis tubos de PVC com os fios dos telltales da geogrelha imediatamente inferior do lado oposto. O movimento dos tell-tales de cada amostra era acompanhado do outro lado do aterro por meio de um sistema idêntico ao empregado no muro de solo reforçado, conforme apresentado na Figura 108. A Figura 109 exibe a fase final da construção do aterro experimental, quando da colocação das últimas amostras de geogrelha. A Figura 110 apresenta o esquema de posicionamento dos tell-tales para as geogrelhas. As amostras de geogrelha dos ensaios de arrancamento foram instrumentadas com seis tell-tales cada. Os círculos pretos representam o ponto de fixação do tell-tale e os valores ao lado indicam a distância até o início da amostra. Os tell-tales foram dispostos de forma que o ponto de fixação se situasse em um nó da grelha. A carga aplicada durante os ensaios de arrancamento foi acompanhada por meio de uma célula de carga marca Kratos, com capacidade de 50kN em tração. Para o arrancamento das amostras foi empregado um macaco hidráulico ENERPAC com capacidade de 300kN e bombeamento manual, uma garra e um cavalete metálico. Por este método não é possível controlar diretamente a

161 velocidade de deslocamento da garra. Optou-se, então, por acompanhar os deslocamentos do primeiro tell-tale durante o ensaio, procurando-se imprimir à célula de carga carregamentos que gerassem, no mesmo, velocidade aproximadamente constante de 1mm/min. A garra consistia de duas chapas de aço com 12,7mm de espessura atravessadas por parafusos passantes. Para realizar o arrancamento, a grelha era colocada entre as chapas firmemente aparafusadas, de modo que ficasse presa somente por atrito. Para melhorar o atrito foram coladas lixas na parte interna das chapas (Figura 111). Figura 103 - Camada de solo compactado, nivelada, com três amostras de geogrelha instaladas.

162 Figura 104 - Detalhe da manga metálica, dos tubos dos tell-tales e dos cabos de aço de amarração dos trilhos. Figura 105 - Vista da amostra de geogrelha instrumentada imediatamente antes do lançamento da camada de solo sobrejacente.

163 Figura 106 - Detalhe da presilha de fixação do tell-tale na geogrelha. Figura 107 - Detalhe da extremidade da amostra de geogrelha e dos tubos de saída dos tell-tales da amostra posicionada do lado oposto do aterro.

164 Figura 108 - Vista da face do aterro com o sistema de leitura dos tell-tales de uma geogrelha instalada na face oposta. Figura 109 - Vista geral do aterro experimental em fase final de construção.

165 arrancamento 11 cm 22 cm 36,6 cm 98,8 62,2 cm 83,8 91,5 cm Figura 110 - Esquema de posicionamento dos tell-tales nas geogrelhas 35 e 55A. Foi realizado um ensaio piloto para avaliar o funcionamento do sistema. Este ensaio resultou em ruptura da geogrelha junto à garra. Constatou-se que a ruptura foi causada pelos danos que a garra causou à amostra durante o aperto dos parafusos. Para minorar os danos decidiu-se colocar, entre a grelha e a lixa, pedaços de geotêxtil não tecido de 200 g/m², para impedir que a lixa danificasse a geogrelha. A espessura do geotêxtil foi suficiente para evitar os danos sem diminuir perceptivelmente o atrito. O conjunto garra-geogrelha era conectado à célula de carga por meio de barras rosqueadas em um esticador de cabos de aço adaptado para permitir a aplicação de pré-carga sem acionar o macaco. Este esticador era conectado à célula de carga e esta ao macaco hidráulico. A Figura 112 mostra a fase de colocação dos parafusos com a geogrelha já posicionada entre as duas chapas metálicas, devidamente protegida das lixas pelo geotêxtil não tecido. A Figura 113 apresenta o sistema de arrancamento constituído pela garra, esticador e célula de carga após a ruptura da geogrelha durante o ensaio piloto.

166 Figura 111 - Detalhe da superfície interna da garra após a colagem da lixa na região de um parafuso passante. Figura 112 - Detalhe da fixação da geogrelha à garra.

167 Figura 113 - Vista superior do sistema de arrancamento (garra, esticador e célula de carga). Verificou-se durante a construção do aterro experimental uma série de dificuldades devido às condições da obra e outras razões fortuitas. A liberação do local para a construção do aterro, decidida em acordo entre a construtora e a fiscalização, levou dois meses, atrasando o cronograma de execução dos ensaios. A construção foi lenta devido à baixa disponibilidade de equipamentos e mão de obra, empregados pela construtora em partes mais prioritárias da obra. O projeto do aterro previa a contenção lateral do solo por paredes verticais de pranchões de madeira contidos por perfis estruturais de aço laminado. A construtora ofereceu a alternativa de empregar-se trilhos ferroviários de aço. O projeto foi então redimensionado para o uso dos trilhos. Entretanto, no início da execução, durante a operação de nivelamento da segunda camada, a lâmina da moto-niveladora abalroou um dos trilhos, que se quebrou sem maiores deformações aparentes. Percebeu-se, então, que os trilhos eram de ferro fundido e não de aço e, por isso, não apresentariam a resistência esperada. Para não comprometer a segurança do aterro foi necessário redimensionar o projeto da contenção para considerar a menor resistência do material e a perda do

168 trilho quebrado. O resultado foi a necessidade de mais um nível de cabos de aço, tornando a construção ainda mais morosa. A construtora encontrou dificuldade em atingir a umidade especificada em algumas camadas, tanto no lado seco como no lado úmido. A razão alegada foi a pequena quantidade de solo a ser tratado e lançado para cada camada. Uma vez que a umidade era conferida após a compactação não foi possível corrigir os erros percebidos, pois a presença de amostras já instrumentadas e cabos de aço enterrados tornava temerária e dispendiosa a operação de remoção de uma camada já compactada. A Tabela 13 e a Tabela 14 apresentam os valores de umidade ótima, desvios de umidade e graus de compactação para as várias camadas do aterro nos lados seco e úmido. Os dados foram obtidos retirando-se três cilindros de cada lado do aterro. Foi utilizado o mesmo laboratório e a mesma equipe da fiscalização. Nas tabelas também é indicada entre quais camadas as dezoito geogrelhas foram instaladas. Pode-se perceber que, no lado seco, as camadas 5, 7 e 10 apresentam umidade acima do especificado. O grau de compactação obtido foi sempre superior a 95%. Tabela 13 - Características das camadas do aterro experimental, lado seco. posição das geogrelhas 2 x 55A 55B, 35 2 x 55A 55B, 35 2 x 55A 55B, 35 Lado seco camada G.C. G.C. desvio desvio umidade previsto real previsto real ótima 2ª 99,8% -0,1p.p. 29,9% 3ª 98,5% -1,4p.p. 30,4% 4ª 101,9% -1,6p.p. 28,7% 5ª 98,0% 2,4p.p. 31,7% 6ª 99,4% -0,3p.p. 30,2% >95% -2 a +2p.p. 7ª 96,1% 2,1p.p. 28,7% 8ª 99,0% 0,9p.p. 26,6% 9ª 97,7% 1,8p.p. 31,1% 10ª 98,2% 2,3p.p. 31,1% 11ª 100,5% -0,2p.p. 28,7%

169 No lado úmido, as camadas 2, 3, 4 e 9 apresentaram umidade abaixo do especificado e as camadas 6 e 11, acima. O grau de compactação mínimo não foi atingido nas camadas 6, 10 e 11. Em ambos os lados foi possível observar variabilidade de, aproximadamente, ±2,7p.p. na umidade ótima para as diferentes camadas, apesar do solo provir da mesma jazida. Tabela 14 - Características das camadas do aterro experimental, lado úmido. 55B 55B 55B posição das geogrelhas 55A 55A 55A camada Lado úmido G.C. G.C. desvio desvio umidade previsto real previsto real ótima 2ª 99,8% 1,5p.p. 30,6% 3ª 98,5% 1,9p.p. 30,6% 4ª 99,7% 1,8p.p. 30,0% 5ª 98,2% 2,8p.p. 32,8% 6ª >95% 92,9% +2 a +4p.p. 4,9p.p. 35,3% 7ª 99,1% 3,1p.p. 30,0% 8ª 97,8% 2,4p.p. 29,4% 9ª 98,1% 0,2p.p. 32,3% 10ª 94,7% 3p.p. 31,2% 11ª 93,3% 4,2p.p. 31,0%