QUADRO ESTRATÉGICO EUROPEU 2014-2020 Os Fundos Comunitários: Passado e Futuro Conferência Culturgest, Lisboa 8 Janeiro 2012 António Almeida Henriques Senhores Membros do Governo, Senhoras e Senhores Representantes dos Parceiros Sociais, Senhoras e Senhores Autarcas, Senhoras e Senhores Empresários, Senhoras Senhores Representantes das Instituições de Ciência e Ensino Superior, Minhas Senhoras, Meus Senhores, Quero começar por saudar todos os presentes: especialistas ou simples cidadãos, empresários e gestores, autoridades e instituições sociais, centros de ciência e de cultura. Esta participação é um sinal relevante e encorajador. Um projeto para o futuro de um país não se desenha no segredo dos gabinetes, nem no silêncio das torres de marfim. 1
O sucesso de um destino coletivo depende de uma liderança, tanto quanto de uma visão e participação coletivas. A mobilização da sociedade portuguesa na construção do futuro ciclo de fundos comunitários, do Novo QREN, é um fator absolutamente decisivo para o sucesso real da sua aplicação, muito para além da abstração de discursos e gráficos. Governo, parceiros sociais, empresas e centros de saber, regiões e municípios, autoridades públicas e terceiro sector: todos somos corresponsáveis. Corresponsáveis no desenvolvimento de um Portugal mais competitivo e coeso e, nesse sentido, corresponsáveis na construção de uma moldura estratégica, mais relevante e eficaz, dos fundos comunitários para a próxima década. A chave que abre o próximo quadro de fundos comunitários é a mesma que abre a porta do crescimento sustentável a Portugal. Minhas Senhoras, Meus Senhores, 2
Com este encontro, o Governo dá fôlego e continuidade ao debate que iniciou Novembro passado, em Lisboa, na iniciativa conjunta com a Comissão Europeia para o arranque formal da preparação do próximo ciclo de fundos comunitários. Nesta senda, não navegamos sem rota ou destino. As grandes prioridades para a intervenção dos fundos comunitários, no período 2014-2020, foram oportunamente definidas pelo Governo e estão diretamente plasmadas nos quatro painéis que organizam este encontro: A competitividade da economia portuguesa e das regiões; A formação de capital humano; O desenvolvimento sustentável; A coesão social e territorial. Esta conferência traduz a relevância política que o Governo, no seu conjunto, reconhece à aplicação dos fundos comunitários, no horizonte 2014-2020. Desde logo na participação do Senhor Primeiro-Ministro, que encerrará este evento, e dos senhores ministros responsáveis pela Economia e do Emprego, Agricultura, Mar, Ambiente e 3
Ordenamento do Território, Educação e da Ciência e Solidariedade e Segurança Social. Como é sabido, não é ainda conhecido o volume de apoios de que Portugal beneficiará do Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia, cujo acordo político se espera alcançar no primeiro trimestre de 2013. Por essa razão, não se encontram ainda estabilizados os calendários de formulação do Novo QREN, designado formalmente de Acordo de Parceria. Apesar dessa indefinição, a relevância dos interesses nacionais torna inadiável a nossa preparação, estratégica e programática. Precisamos de evitar atrasos, como no passado, na implementação do novo ciclo de financiamento à economia. A situação do país não justifica demoras ou adiamentos. Uma quebra prolongada no apoio ao investimento teria custos no crescimento e no emprego. Minhas Senhoras, Meus Senhores, 4
Num especial contexto de severo aperto das contas públicas, os fundos europeus são, mais do que nunca, o agente das transformações estruturais do país. Serão o motor da reindustrialização, da expansão e internacionalização das PME, e de uma especialização inteligente de base regional. Serão também o instrumento ativo de emprego qualificado e inclusivo, de um desenvolvimento sustentável e de uma coesão social expressa não em infraestruturas, mas em resultados. Estes são desígnios evidentes. Dar-lhes substância e forma é o desafio que enfrentamos. A aposta na competitividade esteve presente em anteriores quadros em particular no QCA III e no QREN. No entanto, esta foi, precisamente e sempre, a aposta menos bem conseguida. É hoje irrecusável a persistência de fatores de vulnerabilidade competitiva na economia portuguesa, a que os fundos comunitários não responderem. 5
Construímos uma sociedade mais coesa, mas sem ganhos na economia a coesão social estará comprometida ou condenada. No futuro ciclo de financiamentos, e porque será previsivelmente o último relevante em dimensão, não temos margem para falhar. Economia e Emprego estarão no coração do Novo QREN. Serão as palavras-passe de acesso aos seus instrumentos. A natureza dos desafios que enfrentamos exige, igualmente, uma maior proximidade aos seus territórios. Aí radicam os problemas e o potencial das suas soluções. O Novo QREN é uma oportunidade para realizar o sempiterno adiado projeto de integração territorial das políticas, dos diferentes fundos comunitários e dos seus programas. É urgente combater a dispersão, tanto quanto fomentar um verdadeiro racional de desenvolvimento regional e local. Temos hoje a oportunidade para desenhar e implementar estratégias de valorização territorial, criação de emprego e inclusão social. 6
Foi este o desafio que lançámos às Regiões e aos Municípios, através da ação das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, das Áreas Metropolitanas e das Comunidades Intermunicipais. Precisamos de estratégias que ativem o triângulo que associa a Economia ao Território e à Inovação. Por outras palavras, empresas, regiões e municípios, centros de saber. É de assinalar como positiva e encorajadora a disponibilidade dos municípios portugueses em participarem ativamente nesta viragem aos temas da economia e do emprego. O desenvolvimento económico dos territórios é um objetivo inadiável. E o envolvimento dos atores regionais e municipais essencial à ativação e sucesso dessa aposta. O Programa VALORIZAR, já aprovado pelo Conselho de Ministros, é uma resposta ao apelo desta mudança. Uma deriva centralista dos fundos comunitários é recusada tanto pela Política de Coesão da União, como pelo Governo; 7
pela regulamentação comunitária, como pelos manuais de políticas económicas. O reforço da relevância territorial da aplicação dos fundos estruturais, no próximo ciclo, está consagrado nos documentos comunitários e será observado nas orientações nacionais. Em contrapartida, não podemos abrir mão de uma maior exigência na qualidade dos projetos e na eficácia da gestão. Aos Programas Operacionais Regionais, em particular, caberá desenvolver uma virtude relevante: estimular a criação de uma agenda de organização e cooperação dos territórios, de natureza intermunicipal e empresarial. Os regulamentos que irão enquadrar a aplicação dos fundos estruturais, no ciclo 2014-2020, apresentam um conjunto de novas figuras eminentemente territoriais, que terão nos Programas Operacionais Regionais a sua sede privilegiada. Minhas Senhoras e Meus Senhores, 8
Devemos partir para o planeamento do futuro sem preconceitos nem receitas impostas, mas não podemos fazer tábua rasa da experiência, do know-how e da reputação de que dispomos. 2012 foi o melhor ano de sempre na execução do QREN. Foram injetados na economia perto de 4000 milhões de euros, mais de 900 milhões dos quais só no mês de Dezembro. Este número constitui um recorde histórico para Portugal e dános autoridade para preparar o ciclo 2014-2020. Estes resultados confirmam ainda o sucesso da reprogramação estratégica. O QREN não só não parou, como acelerou e recentrou a sua atenção nas empresas e no emprego. 62% dos fundos foram já aplicados na economia real e a taxa de execução deverá ficar próxima deste resultado. Os números definitivos deverão ser conhecidos até final do mês de Janeiro. A máquina de gestão do QREN dá hoje mais garantias de resposta a quem investe. Terminámos o ano sem pagamentos pendentes. 9
Nos próximos 3 anos, até 2015, Portugal beneficiará ainda da aplicação de 8,5 mil milhões de Euros. Mantendo o ritmo, seremos um dos primeiros Estados-Membros a executar integralmente o atual ciclo de financiamentos comunitários. Recentemente, a Comissão Europeia qualificou os nossos sistemas de certificação, gestão e controlo como os mais fiáveis da União. Perdê-los significaria um retrocesso sem precedentes. O QREN foi e é também sensível à simplificação e racionalização. Implementámos um regime de guichet aberto para candidaturas de investimento em contínuo; abolimos exigências de prestação de garantias bancárias; implementámos a regra dos reembolsos às empresas no prazo máximo de 30 dias úteis. Este programa de simplificação deverá prosseguir em 2013 e intensificar-se no Novo QREN. Tenho repetido com insistência que em 2014-2020 a parte de leão dos fundos comunitários será destinada à economia. 10
Esta premissa terá de ser consequente nos fins e nos meios. Para isso, precisamos de um quadro de financiamento mais amigo das empresas e dos empreendedores. E, em contrapartida, mais responsabilizador nos resultados. No Governo, seremos consequentes com esta visão. Precisamos de preparar o futuro com ambição, corrigindo os erros do passado e recusando experimentalismos vãos. Este é um desafio mobilizador e positivo: projetar Portugal e as suas regiões num horizonte de crescimento, emprego e coesão. Todos fazemos parte. Votos de bom trabalho! 11