ANÁLISE DO PROCESSAMENTO DE DADOS GPS EM FUNÇÃO DAS DIFERENTES CONDIÇÕES DE RASTREIO

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Transcrição:

17 ANÁLISE DO PROCESSAMENTO DE DADOS GPS EM FUNÇÃO DAS DIFERENTES CONDIÇÕES DE RASTREIO A GPS observation analysis as a consequence of different tracking conditions COSTA, M. F. LAGO, I. F. PRADO, A. Universidade Federal do Paraná Curso de Pós-Graduação em Ciências Geodésicas {mfcosta, iflago, aprado}@bravo.geoc.ufpr.br RESUMO As observações GPS estão suscetíveis, principalmente, ao efeito do multicaminho e das perdas de ciclo devido a existência de obstruções nas estações de rastreio. Neste trabalho procurou-se determinar qual o tipo de observável fornece melhor resultado na determinação das coordenadas bidimensionais e tridimensionais em função das diferentes situações de rastreio. Associou-se os resultados deste experimento com as precisões requeridas nas diversas áreas da cartografia. Palavras Chave: Obstruções, GPS, Processamento, Observáveis ABSTRACT GPS observations are susceptible, mainly, to the effect of multipath and cycle slips due to obstructions in the surveying stations. In this work, we tried to determine which the observable type supplies produced better results in the determination of the coordinates 2D and 3D in function of the different surveying situations. The results of this experiment were associated with the precisions required in the several areas of cartography. Key words: Obstructions, GPS, Processing, Observables 1 INTRODUÇÃO Os levantamentos topográficos vem utilizando intensamente o sistema GPS. Grande parte destes levantamentos são executados em áreas urbanas e/ou rurais, em locais com condições desfavoráveis de rastreio, sujeitos principalmente aos efeitos de multicaminho. Quando se realizam levantamentos GPS, na presença de

18 obstruções, as perdas de sinal ocorrem com grande freqüência, fato que prejudica o resultado final do posicionamento. Assim, deve-se procurar soluções que minimizem a ação destes efeitos, utilizando, por exemplo, diferentes observáveis de acordo com a situação de rastreio encontrada (KRUEGER, 1996; SANTOS, 1997; SEEBER, 1993). Tem-se a fase da portadora como uma observável mais precisa. A sua aplicação pressupõe a resolução das ambigüidades, incógnita presente durante o processamento (SEEBER, 1993). Esta característica pode causar dificuldades, chegando ao extremo de impossibilitar o processamento dos dados, através de uma solução FIXA das ambigüidades. No caso da utilização do código, observável menos precisa, isto não ocorre pois não existe a necessidade de determinar as ambigüidades. A ambigüidade representa o número inteiro de ciclos entre a antena do satélite e a do receptor; deve ser resolvida em três situações: no início de cada rastreio, quando um novo satélite começa a ser rastreado e quando ocorrem saltos de ciclo. Os levantamentos realizados em áreas com obstruções são prejudicados pelas constantes perdas de sinais, fato que dificulta o processamento dos dados, face ao grande número de ambigüidades a serem resolvidas (KRUEGER, 1996). Em função destas características, foram realizados rastreios GPS em locais com diferentes graus de visibilidade, fazendo processamentos considerando isoladamente observações do código C/A, fase nas duas portadoras e código suavizado pela portadora L1. Com isso, foi possível testar o desempenho das observáveis e verificar a qualidade dos posicionamentos. Em cada estação de rastreio foram utilizados os métodos estático clássico e estático-rápido, adotando-se o primeiro método como padrão para comparação e análise dos resultados obtidos. 2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO Nesta seção apresenta-se a metodologia utilizada para a realização dos experimentos. As análises são focalizadas na avaliação do desempenho do posicionamento GPS, em função do nível de obstrução das estações, do comprimento das linhas de base e do tipo de observável empregada. As configurações estabelecidas possibilitaram rastreios em condições extremas e intermediárias, em relação ao nível de obstrução das estações. Assim, inicialmente realizou-se um levantamento relativo utilizando o método estático clássico, com o intuito de obter uma solução rigorosa para as coordenadas das estações teste, subentendendo-se desta maneira uma significativa redução de erros, especialmente do relógio do satélite, das efemérides e da propagação do sinal pela atmosfera. Este método caracteriza-se, basicamente, pela observação simultânea dos sinais emitidos pelos satélites em pelo menos duas estações distintas, sendo que uma delas deve ter coordenadas conhecidas. Selecionou-se a estação RM03, pertencente ao SIRGAS (Sistema de Referência Geocêntrico para a América do Sul), para figurar como estação de referência, em virtude de se conhecer suas

coordenadas com grande precisão (COSTA, 1999). Os levantamentos foram realizados em três campos de testes distintos com o intuito de verificar também a degradação da precisão do posicionamento em função da variação do comprimento da linha de base (ver Tabela 1). Nesta etapa adotou-se períodos de rastreio de uma hora em cada estação a uma taxa de coleta de dados de 5 segundos. Tabela 1 Campos de Testes e suas Respectivas Distâncias em relação ao Ponto de Referência RM03 Campo de Testes Distância (em Km) (UFPR) 0,2 8,0 (BR-277) 20,0 Em cada campo de teste realizou-se rastreios em três situações distintas, em função da quantidade de obstruções presentes no local: sem obstrução, obstruído e parcialmente obstruído. A segunda parte do experimento consistiu de um novo levantamento, agora utilizando o método estático-rápido. Este método assemelha-se muito ao estático clássico, tendo como variante um período de ocupação das estações de interesse muito menor, não acarretando prejuízo na acurácia posicional. Neste trabalho utilizou-se tempo de rastreio de 15 minutos, a uma taxa de coleta de dados de 5 segundos. Para estabelecer o comprimento das linhas de base baseou-se na literatura existente, a qual ressalta que para obter precisões decimétricas, utilizando receptores de simples freqüência, deve-se ter bases de até 20 km. Isto deve-se à impossibilidade de modelar os efeitos atmosféricos, que passam a ser mais significativos à medida que as linhas de base aumentam (SEEBER, 1993). 3 PROCESSAMENTO DOS DADOS Os dados coletados foram processados utilizando-se o programa PRISM II TM (PRISM, 1995), devido à praticidade de manipulação dos mesmos. As coordenadas da estação base (RM03), referidas ao SIRGAS, apresentam os seguintes valores: φ = 25 0 26 54,5685 S λ = 49 0 13 52,2108 W h = 923,785 m (altura elipsoidal). No processamento do levantamento estático clássico utilizou-se somente as observações da portadora L1, por tratar-se de pequenas linhas de base, nas quais os efeitos atmosféricos são considerados os mesmos em ambas as estações de rastreio. No levantamento estático-rápido utilizou-se três estratégias de processamento, a saber: 19

20 Pseudo-distância e fase da portadora em L1 e L2; Código suavizado pela portadora L1; e Código C/A. 4 RESULTADOS A Tabela 2 mostra as coordenadas UTM dos pontos de interesse obtidas no posicionamento estático clássico, bem como status referente a resolução da ambigüidade. Segundo o manual do software PRISM a acurácia posicional é estabelecida entre 0,1 e 0,01 metros quando as ambigüidades são fixadas (PRISM II TM,1995). Tabela 2 - Coordenadas UTM das Estações Estático Clássico Ponto Coordenada Leste (m) Coordenada Norte (m) Altitude geométrica (m) Resolveu as ambigüidades Livre 677809,61762 7184408,80097 928,334 Sim Semi-obstruído 677872,77770 7184183,52739 922,520 Sim Obstruído 677801,49763 7183920,02117 912,190 Sim Livre 670005,08724 7186542,95144 899,446 Sim Semi-obstruído 669992,34305 7186615,26648 899,969 Sim Obstruído 669988,87168 7186629,13408 899,948 Sim Livre 695030,61574 7173630,41986 917,128 Sim Semi-obstruído 696044,85537 7173334,27272 944,630 Sim Obstruído 696111,39241 7173439,99735 953,912 Sim As Tabelas (3.a), (3.b) e (3.c) mostram, respectivamente as coordenadas UTM dos pontos de interesse nos diferentes campos de teste, obtidas no posicionamento estático-rápido através das estratégias pseudodistância e fase da portadora em L1 e L2, código suavizado pela portadora L1 e somente código C/A. Tabela 3.a - Coordenadas UTM das Estações: Estático Rápido Estratégia: Pseudodistância e fase da portadora em L1 e L2 Ponto Coordenada Leste (m) Coordenada Norte (m) Altitude geométrica (m) Livre 677809,61762 7184408,80067 928,347 Semi-obstruído 677872,79331 7184183,52472 922,527 Obstruído 677801,62479 7183920,15027 912,434 Livre 670005,08578 7186542,94685 899,522 Semi-obstruído 669991,81706 7186615,32731 899,648 Obstruído 669988,76689 7186629,20034 900,470 Livre 695030,58272 7173630,47174 917,217

Ponto Coordenada Leste (m) Coordenada Norte (m) Altitude geométrica (m) Semi-obstruído 696044,62962 7173334,26311 944,341 Obstruído 696111,09693 7173440,41074 955,241 Tabela 2.b - Coordenadas UTM das Estações: Estático Rápido Estratégia: Código suavizado pela portadora L1 Ponto Coordenada Leste (m) Coordenada Norte (m) Altitude geométrica (m) Livre 677809,61593 7184408,79946 928,342 Semi-obstruído 677872,38922 7184183,47807 922,462 Obstruído 677800,98557 7183921,32309 912,723 Livre 670004,98731 7186542,98256 899,546 Semi-obstruído 669993,23908 7186615,36345 900,349 Obstruído 669988,76440 7186629,15791 899,840 Livre 695030,47171 7173630,42320 917,229 Semi-obstruído 696043,00777 7173334,34911 943,860 Obstruído 696112,17965 7173440,89805 953,683 Tabela 2.c - Coordenadas UTM das Estações: Estático Rápido Estratégia: Somente Código C/A Ponto Coordenada Leste (m) Coordenada Norte (m) Altitude geométrica (m) Livre 677809,55000 7184408,86342 927,465 Semi-obstruído 677872,76137 7184183,09676 924,142 Obstruído 677800,49855 7183920,11167 913,103 Livre 670004,85388 7186543,17074 900,020 Semi-obstruído 669991,79590 7186613,54673 901,981 Obstruído 669989,29136 7186630,01226 902,196 Livre 695030,49656 7173630,53764 917,500 Semi-obstruído 696043,72233 7173334,99788 944,077 Obstruído 696108,78783 7173436,44443 964,437 Considerando as Tabelas mostradas anteriormente, foram calculadas as diferenças dos valores obtidos para as coordenadas geradas a partir dos métodos de posicionamento utilizados, nas suas diferentes estratégias Esta comparação gerou as tabelas (4.a) e (4.b), que mostram o vetor posição bidimensional e tridimensional para cada estação, respectivamente. 21

22 Tabela 4.a - Vetor Posição Bidimensional Ponto EST1 (m) EST2 (m) EST3 (m) Livre 0,00030 0,00227 0,09205 Semi-obstruído 0,01584 0,39160 0,43094 Obstruído 0,18121 0,59444 1,00317 Livre 0,00482 0,10466 0,32023 Semi-obstruído 0,52949 0,90126 1,80469 Obstruído 0,12398 0,10989 0,97331 Livre 0,06149 0,14407 0,16756 Semi-obstruído 0,22595 1,84918 1,34523 Obstruído 0,50813 1,19625 4,40535 Tabela 4.b - Vetor Posição Tridimensional Ponto EST1 (m) EST2 (m) EST3 (m) Livre 0,01300 0,00831 0,87386 Semi-obstruído 0,01731 0,39587 1,67827 Obstruído 0,30393 0,79840 1,35644 Livre 0,07615 0,14476 0,65729 Semi-obstruído 0,61919 0,97809 2,70279 Obstruído 0,53652 0,15408 2,44966 Livre 0,10818 0,17594 0,40799 Semi-obstruído 0,36685 2,00309 1,45446 Obstruído 1,42282 1,21797 11,40976 nas quais: EST1: diferença obtida entre o processamento do levantamento estático clássico e o estático-rápido (pseudodistância e fase da portadora em L1 e L2); EST2: diferença obtida entre o processamento do levantamento estático clássico e o estático-rápido (código suavizado pela portadora);e EST3: diferença obtida entre o processamento do levantamento estático clássico e o estático rápido (somente código). Nas Tabelas (4.a) e (4.b) observa-se, de forma geral, um decréscimo de desempenho, quando compara-se os resultados obtidos nas estratégias EST1, EST2 e EST3, respectivamente. Com relação aos diferentes campos de teste verifica-se um desempenho decrescente nos resultados de acordo com o comprimento das linhas de base.

Atribui-se a discrepância encontrada nas estratégias EST2 e EST3 no vetor bidimensional (Campo de teste: - Ponto semi-obstruído) à possível resolução incompleta das ambigüidades. Outra discrepância no vetor bidimensional é observada quando compara-se os resultados obtidos nos campos de teste Centro Politécnico e, e, nas três estratégias de processamento. Atribui-se este fato a uma menor quantidade de obstruções nos pontos do segundo campo de teste. Comparando-se as Tabelas (4.a) e (4.b) observa-se piores resultados do vetor posição tridimensional em relação ao bidimensional. Isto pode ser atribuído à presença da coordenada altitude a qual possui menor precisão que as coordenadas latitude e longitude. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisando os resultados obtidos nos diferentes campos de teste, empregandose as três estratégias, verifica-se diversas possibilidades dependendo da finalidade do levantamento/equipamento disponível. Para usuários que possuam receptores geodésicos, ou seja, que operem simultaneamente nas portadoras L1 e L2, pode ser alcançada precisão bidimensional da ordem de 50 centímetros na pior das hipóteses (ponto totalmente obstruído e linha de base de 20 km) e melhor que o decímetro em condições ideais de rastreio. Sabendo-se que a cartografia urbana desenvolve-se basicamente nas escalas 1:1000 e 1:2000, as Tabelas (4.a) e (4.b) mostram a possibilidade da utilização do método estático rápido, empregando receptores com as características supra citadas, em levantamentos com a finalidade de cadastro urbano. Já para usuários que possuam receptores conhecidos no mercado por topográficos (apenas portadora L1) sugere-se o emprego desta metodologia apenas em bases inferiores a 10 km, em qualquer condição de rastreio. Os resultados obtidos com receptores de navegação C/A e capazes de armazenamento de dados podem ser utilizados perfeitamente para a orientação de imagens de satélites e para levantamentos de feições no cadastro rural. As precisões obtidas neste experimento podem ser observadas nas Tabelas (4.a) e (4.b). 23

24 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Prism Precision GPS Surveying Software, Ashtech Corporation, 1995. COSTA, S.M.A. Integração da Rede Geodésica Brasileira aos Sistemas de Referência Terrestres. Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciências Geodésicas da UFPR. Curitiba: 1999. KRUEGER, C.P. Investigações sobre Aplicações de Alta Precisão do GPS no Âmbito Marinho. Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciências Geodésicas da UFPR. Curitiba: 1996. SANTOS, M. C. Integração GPS/GIS. Curso Ministrado no GIS Brasil 97, Curitiba: 1997. SEEBER, G. Satellite Geodesy. Walter de Gruyter, New York: 1993. (Recebido em 05/07/01. Aceito para publicação em 28/06/02.)