Biometria De Frutos E Sementes De Inga uruguensis Hook. & Arn. (Fabaceae Mimosoideae) Do Estado De Sergipe Maria Fernanda Oliveira Torres (1) ; Robério Anastácio Ferreira (2) ; Ednei Santos de Almeida (3) (1 ) Estudante de Engenharia Florestal; Universidade Federal de Sergipe; nandatorres7@gmail.com; (2) Professor, UFS/Universidade Federal de Sergipe; raf@ufs.br; (3) Engenheiro Florestal; Universidade Federal de Sergipe; ednei_salmeida@yahoo.com.br RESUMO O estudo da biometria de frutos e sementes é uma ferramenta de suma importância, uma vez que o conhecimento das dimensões de ambos pode auxiliar em uma rápida avaliação de frutos em relação ao número de semente em que neste consta. Logo, através desses estudos pode-se também homogeneizar lotes de sementes pelo tamanho, a fim de alcançar plantas de melhor qualidade. O objetivo deste trabalho foi avaliar os parâmetros biométricos de frutos e sementes de Inga uruguensis Hook. & Arn., visando subsidiar estudos futuros sobre a espécie. O trabalho foi realizado no Laboratório de Tecnologia de Sementes, do Departamento de Ciências Florestais, da Universidade Federal de Sergipe. Foram selecionados 100 frutos e 100 sementes para a realização das avaliações de ambos e as medidas foram obtidas com auxílio de parquímetro digital. Os frutos de ingá têm em média 87,80 mm de comprimento, 11,96 mm de largura e 9,5 mm de espessura e 7,41 sementes por fruto. As sementes apresentam em média 16,1 mm de comprimento, 12,5 mm de largura e 7,24 mm de espessura. Contudo, pode-se dizer que esses dados tornam-se de suma importância para que haja uma maior compreensão sobre o comportamento e interação da espécie e também um melhor entendimento em relação aos mecanismos de dispersão de ingá. Palavras-chave: Morfometria; Qualidade genética; INTRODUÇÃO Inga uruguensis Hook. & Arn., muito utilizada para paisagismo urbano, é uma das espécies do gênero Inga, pertencente à família Fabaceae (antiga Leguminoseae). É uma espécie conhecida popularmente por ingá, ingá-banana, ingá-do-brejo e ingá-de-quatro-quinas, entre outras designações (BARBEDO & CICERO, 1998). Ao avaliar as características biométricas de frutos e sementes de uma determinada espécie, se faz possível a obtenção de informações importantes sobre a variabilidade dessas características entre indivíduos numa determinada área (SOUTO et al., 2008), além do mais, através de estudos de biometria permite-se subsidiar pesquisas sobre mecanismos de dispersão e estabelecimento de plântulas (FENNER, 1993). Porém, ao classificar as sementes por tamanho e/ou por peso obtém-se - Resumo Expandido - [255] ISSN: 2318-6631
estratégias que podem vir a serem utilizadas para homogeneizar o processo de desenvolvimento das plântulas e para que se alcance mudas de tamanho semelhante ou de maior vigor (CARVALHO & NAKAGAWA, 2000). Neste sentido, o presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar os parâmetros biométricos de frutos e sementes de Inga uruguensis Hook. & Arn., visando subsidiar estudos futuros sobre a espécie. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Tecnologia de Sementes (LABSEM), do Departamento de Ciências Florestais (DCF), da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Foram utilizados frutos maduros, colhidos de 5 a 10 matrizes localizadas no município de Lagarto SE (Latitude: 10 54' 52'' Sul, Longitude: 37 39' 50'' Oeste.). Após a coleta, os frutos foram levados ao laboratório, sendo retirados aqueles que se encontravam em estado de degradação e as impurezas contidas no meio da amostra. Para tais avaliações foi retirada uma amostra aleatória de 100 frutos e 100 sementes para determinação de medidas de comprimento, largura e espessura como auxilio do parquímetro digital Messen 150 mm de 0,01 de precisão. Diante dessas medidas, foram determinadas: média, máximo, mínimo, moda, mediana, coeficiente de variação, desvio padrão e número de sementes por fruto. Os dados foram classificados por meio de distribuição de frequência e plotados em histogramas de frequência. Após a retirada das medidas dos frutos, os mesmos foram submetidos ao processo de beneficiamento, onde foi retirada a polpa carnosa das sementes, denominada de sacrotesta, e outras impurezas, para que se permitisse a avaliação biométrica das sementes, onde estas foram colocadas pra secar por duas horas, na sombra, para retirar o excesso da agua que foi utilizada para extrair a polpa. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores mínimos, médios, máximos, moda, mediana, desvio padrão e coeficiente de variação (c.v.) do comprimento, largura e espessura do fruto de ingá são apresentados na tabela 1. Observou-se que os frutos de maior tamanho continham mais sementes, onde o número pode chegar até 12 por fruto. Moura et al (2010), em seu trabalho com Butia capitata (Mart.), afirmam que o tamanho do fruto está correlacionado com a sua massa, a massa da polpa e o número de sementes por fruto, o que fortalece mais os resultados desse trabalho. Através dos resultados obtidos e diante das análises de frequência pode-se notar que há uma heterogeneidade em relação às dimensões dos frutos de ingá, onde nota-se uma predominância 62% em frutos com comprimento que variam entre 70 e 100 mm, como mostra a figura 1A. As variações do tamanho do fruto de ingá podem ocorrer devido aos fatores ambientais externos e/ou provenientes de fatores genéticos de cada indivíduo. Macedo et al (2009), não descarta essa hipótese ao afirmar em seu trabalho com Magonia pubescens (St. Hil), que as dimensões e o peso do fruto desta espécie podem variam pelos mesmos fatores citados. Ressalta-se ainda, que 32% dos frutos (Figura 1G) mensurados apresentam variação entre 8 e 10 sementes por fruto. As sementes de ingá também apresentam uma heterogeneidade em relação as suas dimensões. Os valores mínimos, médios, máximos, moda, mediana, desvio padrão e coeficiente de variação (c.v.) do comprimento, largura e espessura das sementes de ingá apresentados na tabela 2. Observouse que cerca de 50% das sementes avaliadas apresentam uma frequência de comprimento que varia entre 13 e 16 mm (Figura 1D). Provavelmente, uma semente com maior tamanho apresenta um maior - Resumo Expandido - [256] ISSN: 2318-6631
acúmulo de matéria seca, logo se tem uma maior quantidade de substâncias de reservas, o que se faz mais conveniente para o processo de germinação, de modo que essas substâncias são essenciais para as etapas de desenvolvimento do embrião, pois estas atuam como combustível gerador de energia nessas etapas. TABELA 1. Biometria do fruto de Inga uruguensis Hook. & Arn. Parâmetros Comprimento Largura Espessura Número de sementes/fruto Máximo 155,53 19,32 17,74 12 Média 87,80 11,96 9,5 7,41 Mínimo 41,18 5,43 3,31 2 Moda 94,14 10,32 5,58 9 Mediana 92,495 11,775 9,435 8 Des. Padrão 17,40 3,18 3,32 2,30 C.V. 0,2 0,16 0,35 0,31 TABELA 2. Biometria das sementes de Inga uruguensis Hook. & Arn. Parâmetros Comprimento Largura Espessura Máximo 16,1 12,58 7,24 Média 20,11 16,33 9,75 Mínimo 11,62 7,26 5,33 Moda 14,48 10,61 6,88 Mediana 15,96 12,66 7,17 Des. Padrão 1,64 1,68 0,71 C.V. 0,10 0,13 0,1 A B - Resumo Expandido - [257] ISSN: 2318-6631
C D E F G Figura 1. Gráficos de frequência de comprimento, largura e espessura dos frutos e das sementes de Inga uruguensis Hook. & Arn.: A) frequência de comprimento do fruto; B) frequência de largura do fruto ; C) frequência de espessura do fruto; D) frequência de comprimento da semente; E) frequência de largura da semente; F) frequência de espessura da semente; G) frequência de numero de sementes por fruto. A partir dos resultados obtidos, se faz possível uma avaliação rápida do fruto em relação a sua quantidade de sementes, pois o uso das informações das medidas do mesmo pode auxiliar na coleta em indivíduos com maior produção de sementes. Perante as dificuldades de se obter informações sobre a biometria de frutos e sementes da espécie em questão, esses dados tornam-se de suma importância para que haja uma maior compreensão sobre o comportamento e interação da mesma e também um melhor entendimento em relação aos mecanismos de dispersão do ingá, pois percebe-se as sementes de ingá são relativamente grandes, fator que influencia no modo de dispersão de uma espécie. CONCLUSÃO Os frutos e as sementes de Inga uruguensis Hook. & Arn, apresentam grande variabilidade em relação aos seus parâmetros dimensionais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - Resumo Expandido - [258] ISSN: 2318-6631
BARBEDO, C.J; CICERO, S.M.; Utilização do teste de condutividade elétrica para previsão do potencial germinativo de sementes de ingá. ScientiaAgricola, Piracicaba, v. 55, nº.2, 1998. CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4.ed. Jaboticabal: FUNEP, 2000. 588p FENNER, M. Seed ecology. Chapman & Hall, London,1993. MACEDO, M.C. et al.. Biometria de frutos e sementes e germinação de Magonia pubescens St. Hil (Sapindaceae).Revista Brasileira de Sementes, v. 31, nº 2, p.202-211, 2009. MOURA, R. C. et al. Biometria de frutos e sementes de Butia capitata (Mart.) Beccari (Arecaceae), em vegetação natural no Norte de Minas Gerais, Brasil. Biota Neotrop. Apr/Jun 2010 v. 10, no. 2 http://www.biotaneotropica.org.br/v10n2/pt/abstract?article+bn02710022010 ISSN 1676-0603. SOUTO, P.C. et al. Biometria de frutos e número de sementes de Calotropis procera (ait.) R. Br. no semiárido da Paraíba. Revista Verde, Mossoró, Rio Grande do Norte. v.3, n.1, p.108 113, 2008. - Resumo Expandido - [259] ISSN: 2318-6631