ANÁLISE DE INDICADORES DOS ICMS ECOLÓGICOS DE ESTADOS BRASILEIROS PARA PROPOSTA DE PSA EM BACIA HIDROGRAFICA Mariana Cipriano do Carmo 1 ; Fernán Enrique Vergara Figueroa 2 1 Aluno do Curso de Engenharia Ambiental; Campus de Palmas; e-mail: maricipriano@uft.edu.br PIBIC/CNPq 2 Orientador(a) do Curso de Engenharia Ambiental; Campus de Palmas; e-mail: vergara@uft.edu.br RESUMO O Pagamento por Serviço Ambiental busca fortalecer, preservar e reestabelecer os recursos ambientais, com o restabelecimento, recuperação, manutenção e melhoramento do meio ambiente. Sendo um grande instrumento de preservação ambiental trazendo a população urbana, quanto rural benefícios dos serviços ambientais que tem caráter preventivo, deve ser voluntário e não apresenta punição. O PSA nesse trabalho visa à preservação dos mananciais a partir das Áreas de Preservação Permanente, analisando a viabilidade do uso de Pagamento por Serviços Ambientais PSA, tendo como suporte financeiro o ICMS Ecológico para proteção de mananciais na Bacia do Rio Formoso no estado do Tocantins e trás como benefícios ao provedor, além do pagamento recebido o qual poderia ser alocado de forma que possa investir em mão de obra ou mesmo em tecnologias, e a população em geral a conservação da bacia evitando possíveis problemas, como: surgimento de erosões no solo, assoreamento, desaparecimento dos mananciais, poluição das águas, comprometimento da saúde humana e animal e comprometimento do meio ambiente. Palavras-chave: ICMS Ecológico; Pagamento por Serviço Ambiental; conservação da água. INTRODUÇÃO O crescimento das atividades antropogênicas causam efeitos nocivos ao meio ambiente por meio de exploração, usos, acarretando até a degradação, podendo levar o meio a perder sua capacidade de se recuperar naturalmente, afetando de forma severa a água e sua qualidade. Surge nesse cenário a necessidade de buscar alternativas para a preservação e manutenção do meio, por meio de serviços ambientais. Entre as alternativas complementares de desenvolvimento local-sustentável, surge o conceito de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). A ideia básica do PSA
é a de que os beneficiários externos dos Serviços Ambientais devem realizar pagamentos diretos aos provedores desses serviços, proprietários do recurso ambiental, mediante contratos e condições que garantam que adotarão as práticas de conservação e/ou restauração dos ecossistemas (MORAES, 2012). Ferreira e Sobrinho (2011) defendem que o ICMS Ecológico é um importante instrumento econômico de financiamento de PSA, e Veiga (2008) chama a atenção para a possibilidade, ainda realizada de forma incipiente, de que parte dos repasses do ICMS Ecológico gerados pela criação voluntária de reservas possa ser retornada para a gestão destas mesmas reservas, criando um incentivo econômico direto para seus proprietários. Este trabalho visa analisar a viabilidade do Pagamento por Serviços Ambientais por meio do ICMS ecológico na Bacia do Rio Formoso, no Tocantins, propondo a conservação dos recursos hídricos. A Bacia do Rio Formoso abrange um total de 21 municípios, sendo que apenas 03 pertencem a Goiás o que representam menos de 3% do total da bacia. Dos 18 municípios que pertencem ao estado do Tocantins e para os estudos do meio antrópico, legal, institucional e de gestão dos recursos hídricos, 15 municípios foram considerados como integrantes da bacia (TOCANTINS, 2007). MATERIAL E MÉTODOS Realizou-se a estimativa das áreas de proteção da Bacia Hidrográfica do Rio Formoso e estabeleceu a perda de produção necessária para determinar o custo do PSA, através das análises dos dados: Receita Total da produção de arroz irrigado na bacia do Rio Formoso; Área plantada (ha), na bacia do Rio Formoso; Custo de produção de arroz irrigado, na bacia do Rio Formoso; Realizou-se o levantamento do repasse de ICMS Ecológico nos anos de 2009 a 2012 nos municípios da Bacia do Rio Formoso (Aliança do Tocantins, Alvorada, Araguaçú, Cariri do Tocantins, Cristalândia, Crixás do Tocantins, Dueré, Fátima, Formoso do Araguaia, Gurupi, Lagoa da Confusão, Nova Rosalândia, Pium, Sandolândia, Santa Rita do Tocantins, Talismã), analisando se o ICMS Ecológico dos municípios da bacia do Rio Formoso seria um suporte financeiro ao PSA, considerando quatro cenários:
Utilizando 100% do repasse do ICMS Ecológico; Utilizando 50% do repasse do ICMS Ecológico; Utilizando 25% do repasse do ICMS Ecológico e Utilizando o repasse referente ao índice de Saneamento Básico e Conservação da Água (SBCA). RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme a divisão hidrográfica da Agência Nacional das Águas (ANA), a bacia do Rio Formoso tem o território de 21.328,57 Km², pertence à Região Hidrográfica do Araguaia-Tocantins, situada na região sudoeste do estado do Tocantins. Através de dados cedidos pela Secretaria de Planejamento do Estado do Tocantins foram identificadas 3.444 Áreas de Preservação Permanente (APP), compreendendo um total de 71.593,52 hectares. Segundo dados do IBGE (2012), a média anual demonstrada pela Receita Total referente à produção de arroz irrigado na bacia do Rio Formoso, é de R$ 176.099.000,00. Na área plantada de arroz nos 15 municípios da bacia do Rio Formoso segundo dados do IBGE (2012), a média anual é de 62.939,75 (ha) e é utilizada para o calculo do lucro obtido pela produção de arroz irrigado. Estabelecendo a perca de produção nessa área, para que se estabeleça o custo do PSA tem-se que a média do lucro anual obtido, considerando as áreas de preservação será R$ 13.746.671,78. Para o calculo do lucro obtido com a produção de arroz irrigado foi considerada a média anual da Receita Total referente à produção de arroz na bacia, dividida pela média anual da área plantada. Subtraiu-se do lucro da média anual da Receita Total por hectare a média anual do custo de produção por hectare, que é de R$ 2.605,88 segundo a EMBRAPA (2012), obtendo assim o lucro de R$ 191,01 por hectare. Com o levantamento do repasse do ICMS Ecológico nos anos de 2009 a 2012 dos 15 municípios que compreendem a área da bacia no estado do Tocantins obteve-se uma média anual do repasse do ICMS Ecológico de R$ 5.188.968,73 SEFAZ-TO
(2013), o que bancaria 27.024,47 ha pagando pela preservação de cada hectare a média anual de lucro obtida pela produção de arroz irrigado. Foram considerados quatro cenários, como demonstrado na tabela 1, para analisar a possibilidade de financiamento do PSA com repasse do ICMS Ecológico. Cenários Média Anual (R$) Quantidade de ha, considerando o lucro total Porcentagem do que seria obtido com o lucro Pagamento por hectare (R$) 1 (100%) 5.188.983,73 27.024 37,74% 72,48 2 (50%) 2.594.491,86 13.512 18,87% 36,24 3 (25%) 1.297.245,93 6.756 9,43% 18,12 4 (SBCA) 1.307.348,17 6.805 9,51% 18,26 Tabela 1: Análise da viabilidade do PSA, com base no repasse do ICMS Ecológico. Cenário 1: considerando 100% do repasse do ICMS Ecológico para atender a área total de APPs da bacia do Rio Formoso, seria possível o pagamento de R$ 72,48 por hectare, o que seria 37,74% do que é obtido de lucro com a produção por hectare. Cenário 2: considerando 50% do repasse do ICMS Ecológico para atender a área total de APPs da bacia do Rio Formoso, seria possível o pagamento de R$ 36,24 por hectare, o que seria 18,87% do que é obtido de lucro com a produção por hectare. Cenário 3: considerando 25% do repasse do ICMS Ecológico para atender a área total de APPs da bacia do Rio Formoso, seria possível o pagamento de R$ 18,12 por hectare, o que seria 9,43% do que é obtido de lucro com a produção por hectare. Cenário 4: considerando o repasse do índice de Saneamento Básico e Conservação da água para atender a área total de APPs da bacia, seria possível o pagamento de R$ 18,26 por hectare, o que seria 9,51% do que é obtido de lucro com a produção por hectare. Para cálculo foi utilizado a media anual do repasse do índice de Saneamento Básico e Conservação da água, dos municípios da bacia do Rio Formoso, obtidos na Secretaria da Fazenda - Tocantins, sendo a média anual de R$ 1.307.348,17. Ao definir o valor do Pagamento por Serviços ambientais deve-se levar em conta o que o comprador está disposto a pagar e o que o vendedor dos serviços está disposto a aceitar, é necessária a compreensão do produtor de que ele recebera pela conservação da área e que haverá restrições quanto ao uso da terra em sua propriedade. Outro fator que deve ser levado em conta é o valor financeiro, que combina alguns fatores, como o custo de oportunidade, no qual está sendo analisado nesse
trabalho, deve se levar em consideração o que renderia ao produzir arroz irrigado em vez de conservar a área. No cenário 1, seria utilizado 100% do repasse de ICMS Ecológico dos municípios da bacia, uma proposta arriscada, considerando que o mesmo é pontuado em diversos índices além do que prevê a conservação dos recursos hídricos, dificilmente o comprador do serviço ambiental estaria disposto a ceder todo esse recurso, que poderia ser aplicado nas outras áreas, para aceitação do pagador a melhor proposta seria o cenário 4, utilizando somente o índice que se refere a conservação dos recursos hídricos, porém o valor do pagamento por hectare nos quatro cenários não seria suficiente ao analisarmos o que renderia com a produção do arroz irrigado. A melhor proposta seria utilizar parte do repasse do ICMS Ecológico juntamente com outra fonte de recursos, buscando assim apoio financeiro, como comitê de bacias, empresas privadas, setor público e ONGs nacionais ou internacionais, entre outros. LITERATURA CITADA FERREIRA, Y. C. S. M. L., SOBRINHO, M. V. ICMS Ecológico como suporte ao Pagamento por Serviços Ambientais (PSA): uma análise para o estado do Pará. Novos Cadernos NAEA - v. 14, n. 1, p. 179-198, jun. 2011, ISSN 1516-6481 MORAES, J. L. A de. Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) como Instrumento de Política de Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais: O Projeto Protetor Das Águas de Vera Cruz, RS. 2012, Sustentabilidade em Debate - Brasília, v. 3, n. 1, p. 43-56, jan/jun 2012. TOCANTINS (ESTADO). Secretaria de Infra estrutura. Elaboração do Plano Estadual de Recursos Hídricos do Tocantins. 2007. VEIGA NETO, F. C da. A Construção dos Mercados de Serviços Ambientais e suas Implicações para o Desenvolvimento Sustentável no Brasil. 2008. 286 f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade) Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil. Agradeço ao apoio da Secretária da Fazenda SEFAZ-TO