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Transcrição:

BORBOLETAS (LEPIDOPTERA) AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO NO PARANÁ 1 Mirna M. Casagrande 2 Olar H. H. Mielke 2 ABSTRAcr. BUTIERFLlES THREATE ED WITH EXTINcrlüN IN PARANÁ. A list ofbutterflies threatened with extinction in Paraná is presented. It includedes 17 specimens with geographic distribution, brief description, habitat and behaviour. KEY WüROS. Butternies, threatened, Paraná Em 1990 foi publicada a "Lista oficial de espécies da fauna brasileira ameaçada de extinção", segundo a portaria n 2 1522 de 19 de dezembro de 1989 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis (lhama), no entanto, sentimos a necessidade de incluir mais algumas espécies para a região do Paraná e fornecer maiores subsídios para a identificação das mesmas, como figuras, posição sistemática, distribuição geográfica, data da última coleta, uma breve descrição, hábitos e habitat. Para maior clareza dividimos as 17 espécies relacionadas em três grupos: I. Provavelmente extinta Orobrassolis omamentalis (Stichel, 1906); 11. Raras - (nesta categoria foram incluídas espécies naturalmente raras e que hoje são mais raras ainda em virtude da diminuição dos habitats) - Prepona deiphile (Godart, 1824), Narope cyllarus Westwood, 1851, Charonias theano (Boisduval, 1836), Moschoneura methymna (Godart, 1819), Cyanophrys bertha (lones, 1912), Arcas ducalis (Westwood, 1851), Symmachia arion (Felder, 1865), Alesa prema (Godart, 1824), Passova passova practa Evans, 1951 e Pyrrhopyge ruficauda Hayward, 1932; m. Ocorrência provável no Paraná - (as espécies relacionadas nesta categoria nunca foram coletadas no Paraná, mas provavelmente devem voar em locais com formações semelhantes àquelas de locais já coletados nos estados limítrofes) Agrias claudina claudianus (Staudinger, 1885), Doxocopa laurona (Schaus, 1902), Xenandra heliodes dibapha Stichel, 1909, Elbella polyzona polyzona (Latreille, 1824), Drephalys miersi Mielke, 1968 e Drephalys mourei Mielke, 1968. 1) Contribuição número 741 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná. 2) Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná, Caixa Postal 19020, 81531-970 Curitiba, Paraná, Brasil. Bolsistas do CNPq. Revta bras. Zoo!. 9 (1/2): 75-92, 1992

76 CASAGRANDE & MIELKE I. PROVAVELMENTE EXTINfA Orobrassolis omamentalis (Stichel, 1906) Fig. 1 (a, b, c, d) Posição sistemática: Nymphalidae, Brassolinae. Distribuição geográfica: São Paulo, Paraná (Castro?). Data da última coleta: no Paraná no início do século. Descrição: envergadura alar - machos 6cm e fêmeas 6,5cm. Coloração amarelo pardo. Dorsalmente, tanto nas asas anteriores como nas posteriores, a margem externa contornada por faixa preta. Asas anteriores com pequeno ocelo preto próximo ao ápice. Ventralmente de coloração amarelo pardo, com linhas pretas. Asas posteriores com dois ocelos em cada lado. Fêmeas com o mesmo padrão. Habitat e hábitos: habita formações abertas com predominância de gramíneas altas, voando nas horas de sol, ao contrário das outras espécies da subfamília que são crepusculares. 11 - RARAS Cyanophrys bertha (Janes, 1912) Fig.2 (a, b, c, d) Posição sistemática: Lycaenidae, Lycaeninae. Distribuição geográfica: São Paulo, Paraná (Curitiba, Ponta Grossa) e Santa Catarina. Data da última coleta: no Paraná em março de 1948. Descrição: envergadura alar - machos 3cm e fêmeas 3,5cm. Dorsalmente de um azul metálico enegrecido. Ventralmente de um verde intenso, cortado por faixa branca leitosa no sentido ântero-posterior, em ambas as asas. Nas fêmeas o azul das asas, dorsalmente é mais claro. Habitat e hábitos: desconhecidos. Revta bras. Zool. 9 (1/2): 75-92. 1992

Borboletas (Lepidoptera) ameaçadas de extinção no Paraná 77 Figs 1-3. (1) Orobrassolis omameotalis; (2) Cyaoophrys bertha; (3) Arcas ducalis. Macho: (a) vista dorsal, (b) vista ventral; fêmea: (c) vista dorsal, (d) vista ventral.

78 CASAGRANDE & MIELKE Arcas ducalis (Westwood, 1851) Fig. 3 (a, b, c, d) Posição sistemática: Lycaenidae, Lycaeninae. Distribuição geográfica: Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná (Tijucas do Sul, Curitiba, Ponta Grossa, Rio Negro, Cianorte, Castro (Carambeí) e Guarapuava), Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Data da última coleta: no Paraná em novembro de 1986. Descrição: envergadura alar - machos 3cm e fêmeas 3,5cm. Asas anteriores e posteriores de um azul metálico, nas posteriores com projeções alongadas em preto, azul e verde. Ventralmente com cores também metálicas em amarelo ouro e verde, que se distribuem de forma concêntrica ao redor de uma mancha róseo-violácea, também metálica. Nas fêmeas os tons são menos intensos. Habitat e hábitos: voa dentro de matas e topos de morros. Symmachia anon (Felder, 1865) Fig. 4 (a, b, c, d) Posição sistemática: Lycaenidae, Riodininae. Distribuição geográfica: Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná (São José dos Pinhais, Curitiba, São Luiz do Purunã, Colombo, Ponta Grossa) e Santa Catarina. Data da última coleta: no Paraná em abril de 1981. Descrição: envergadura alar - machos3cm e fêmeas 3,5cm. Machos com asas de cor alaranjado ferrugem, rajado em marrom. Nas fêmeas esta cor é substituída por amarelo ferrugem. Em ambos os sexos o abdômen é listrado de marrom e alaranjado ou amarelo ferrugem. Ventralmente a colorção é a mesma porém menos intensa. Habitat e hábitos: voa em capoeiras, nas proximidades de matas com preferência pelo período da tarde.

Borboletas (Lepidopteral ameaçadas de extinção no Paraná 79 Figs 4-5. (4) Symmachia arlon; (5) Alesa prema. Macho: (a) vista dorsal, (b) vista ventral; fêmea: (c) vista dorsal, (d) vista ventral.

ao CASAGRANDE & MIELKE A lesa prema (Godart, 1824) Fig.5 (a, b, c, d) Posição sistemática: Lycaenidae, Riodininae. Distribuição geográfica: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso e Paraná (Guaíra e Foz do Iguaçu). Data da última coleta: no Paraná em janeiro de 1980. Descrição: envergadura alar - machos 4cm e fêmeas 4,5cm. Asas anteriores e posteriores com coloração preta de aspecto aveludado, cortadas por faixas e manchas de um verde metálico. As fêmeas têm coloração parda com faixas e manchas marrom. Ventralmente machos e fêmeas apresentam o mesmo aspecto, ou seja, diferentes tonalidades de marrom. Habitat e hábitos: voa dentro de matas e topos de morros. Charonias theano (Boisduval, 1836). Fig. 6 (a, b, c, d) Posição sistemática: Pieridae, Pierinae. Distribuição geográfica: Minas Gerais, São Paulo, Paraná (Candido de Abreu e Ponta Grossa). Data da última coleta: no Paraná em 1959. Descrição: envergadura alar - machos 5cm e fêmeas 6cm. Asas alongadas, dorsalmente pretas com manchas brancas. Ventralmente o branco e um amarelo claro são predominantes sobre o preto. Nas fêmeas, dorsalmente o branco é substituído por amarelo ouro. Habitat e hábitos: desconhecidos. Revta bras. Zool. 9 (1/2): 75-92. 1992

Borboletas (Lepidoptera) ameaçadas de extinção no Paranâ 81 c d 7 Figs 6-8. (6) Charonlas theano; (7) Moschoneura methymna; (8) Passova passova practa. Macho: (a) vista dorsal, (b) vista ventral; fêmea: (c) vista dorsal, d) vista ventral.

82 CASAGRANDE & MIELKE Maschaneura methymna (Godart, 1819) Fig.7 (a, b, c, d) Posição sistemática: Pieridae, Dismorphiinae. Distribuição geográfica: Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. Data da última coleta:? Descrição: envergadura alar - machos 4,Scm e fêmeas Scm. Corpo alongado,.asas anteriores e posteriores com tom amarelo claro e de contorno preto esfumaçado. Nas fêmeas os tons são pouco mais pálidos. Habitat e hábitos: voa lentamente dentro de matas fechadas a aproximadamente I a 2 metros do solo. Passava passava practa Evans, 1951 Fig.8 (a, b, c, d) Posição sistemática: Hesperiidae, Pyrrhopyginae. Distribuição geográfica: Mato Grosso, São Paulo, Paraná (Foz do Iguaçu) e Rio Grande do Sul. Data da última coleta: no Paraná em 19S0. Descrição: envergadura alar - machos 4cm e fêmeas 4,Scm. Asas anteriores e posteriores de um marrom enegrecido. Margem de ambas as asas com franjas brancas. Ângulo anal das asas posteriores com mancha vermelha. Face ventral igual à dorsal. Fêmeas iguais aos machos. Habitat e hábitos: voa dentro de matas.

Borboletas (Lepidoptera) ameaçadas de extinção no Paraná' 83 Figs 9-10,12. (9) Pyrrhopyge ruficauda; (lo) Narope cyuarus; (12) Xenandra heliodes dibapha. Macho: (a) vista dorsal, (b) vista ventral; fêmea: (c) vista dorsal, (d) vista ventral.

84 CASAGRANDE & MIELKE Pyrrhopyge ruficauda Hayward, 1932 Fig.9 (a, b) Posição sistemática: Hesperiidae, Pyrrhopyginae. Distribuição geográfica: Mato Grosso, Paraná (Morretes - Alto da Serra, Castro, Londrina, Foz do Iguaçu) e Santa Catarina. Data da última coleta: no Paraná em 1989. Descrição: envergadura alar - machos 5cm e fêmeas 5,7cm. Asas anteriores e posteriores de coloração preta com reflexos azul metálico. Margem das asas com franjas brancas, exceto no ângulo anal das asas posteriores onde é de coloração ferrugínea. Face ventral igual à dorsal. Fêmeas como os machos. Habitat e hábitos: voa dentro de matas e topos de morros. Narope cyllarus Westwood, 1851 Fig. 10 (a, b, c, d) Posição sistemática: Nymphalidae, Brassolinae. Distribuição geográfica: Acre (?), Rio de Janeiro, Paraná (Foz do Iguaçu), Santa Catarina. Data da última coleta: vista em fevereiro de 1968, porém não coletada. Descrição: envergadura alar - machos 5cm e fêmeas 5,5cm. Coloração ocre ferrugínea. Margem externa das asas anteriores e posteriores com faixa submarginal de coloração marrom escura. Mancha com a mesma cor na extremidade da célula discoidal de ambas as asas. Ventralmente com diferentes matizes escuras em fundo ocre. Fêmeas com o mesmo padrão. Habitat e hábitos: desconhecidos. Voa ao crepúsculo, em matas. Revta bras. Zeel. 9 (1/2): 75-92, 1992

Borboletas (Lepidoptera) ameaçadas de extinção no Paranâ 85 Fig. 11. Prepon8 deiphile. Macho: (a) vista dorsal, (b) vista ventral; fêmea: (c) vista dorsal, (d) vista ventral.

86 CASAGRANDE & MIELKE Prepona deiphile (Godart, 1824) Fig. 11 (a, b, c, d) Posição sistemática: Nymphalidae, Charaxinae. Distribuição geográfica: Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná (Litoral - Mata Atlântica) e Santa Catarina. Data da última coleta: vista em 1968, porém não coletada. Descrição: envergadura alar - machos 8,5cm e fêmeas 1O,5cm. Asas anteriores e posteriores marrom escuro e com manchas amarelo ouro submarginais. Destas manchas até a base das asas de um azul anil, com reflexos metálicos. Nas fêmeas a coloração é menos intensa. Vista ventral em ambos os sexos, em tons de marrom com contornos preto. Habitat e hábitos: voa alto e rápido em matas fechadas. III - OCORRtNCIA PROVÁVEL NO PARANÁ Xenandra heliodes dibapha Stichel, 1909 Fig. 12 (a, b, c, d) Posição sistemática: Lycaenidae, Riodininae. Distribuição geográfica: Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e provavelmente no Paraná. Descrição: envergadura alar - machos 3,5cm e fêmeas 4cm. Machos com asas anteriores e posteriores de coloração preta. Nas posteriores, a metade costal é alaranjada. Nas fêmeas, em ambas as asas com manchas alaranjadas na margem externa. Ventralmente com o mesmo padrão de manchas e cores, porém menos intensas. Habitat e hábitos: voa lentamente dentro de matas. Revta bras. Zoo!. 9 (1/2): 75-92, 1992

Borboletas (Lepidoptera) ameaçadas de extinção no Paraná 87 Fig. 13. Agrias c1audina c1alldlanus. Macho: (a) vista dorsal, (b) vista ventral; fêmea: (c) vista dorsal, (d) vista ventral.

88 CASAGRANDE & MIELKE Agrias claudina claudianus Staudinger, 1885 Fig. 13 (a, b, c, d) Posição sistemática: Nymphalidae, Charaxinae. Distribuição geográfica: Paraná (deve voar na Mata Atlântica) e Santa Catarina. Descrição: envergadura alar - machos 7,5cm e fêmeas 8,5cm. Asas anteriores e posteriores de coloração marrom escuro. Nas anteriores com mancha em forma de meia lua, de coloração púrpura com reflexos metálicos. Asas posteriores com pincel de pêlos amarelos na margem anal. Na face ventral das asas anteriores com O mesmo aspecto da face dorsal, nas posteriores o contorno externo é formado porsete pequenas manchas de coloração preta com pupila azul violeta. Nas fêmeas, o tom púrpura da mancha nas asas anteriores é substituído por vermelho vivo. Habitat e hábitos: áreas de mata. Os machos voam em topos de morros, muito rápidos e podem ser atraídos quando se agita freneticamente um pano vermelho preso à ponta de uma vara. Este pano é confundido com um invasor. O macho então, aproxima-se para a briga, e assim é capturado. As larvas alimentam-se de Quiina glaziovii Engler (Quiinaceae). Doxocopa laurona (Schaus, 1902) Fig. 14 (a, b, c, d) Posição sistemática: Nymphalidae, Apaturinae. Distribuição geográfica: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Tudo indica que também deva ocorrer em São Paulo e Paraná. Descrição: envergadura alar - machos 5,5cm e fêmeas 6,5cm. Asas anteriores de coloração marrom com faixa longitudinal amarelo-ocre. Asas posteriorescom faixa longitudinalbrancacom início nàs asasanteriores. Ambas as asas com reflexos violeta metálico. Face ventral, cinza metálico com amarelo nas asas anteriores. Nas fêmeas os reflexos violeta metálico são pouco visíveis. Habitat e hábitos: voa rápido dentro de matas. Os machos podem ser encontrados sugando sais minerais na areia, em beira de córregos ou sobre matéria orgânica em decomposição. Revta bras. Zooi. 9 (1/2): 75-92,1992

Borboletas (Lepidoptera) ameaçadas de extinção no Paraná 89 Figs 14-15. (14) Doxocopa laurona. (15) Drephalis mourei. Macho: (a) vista dorsal, (b) vista ventral; fêmea: (c) vista dorsal, (d) vista ventral. Revta bras. Zool. 9 (1/2): 75-92. 1992

90 CASAGRANDE & MIELKE Drephalys mourei Mielke, 1968 Fig. 15 (a, b) Posição sistemática: Hesperiidae, Pyrginae. Distribuição geográfica: Santa Catarina e provavelmente Paraná. Descrição: envergadura alar - machos 4cm. Asas anteriores e posteriores de coloração marrom escura. Nas anteriores pequenas manchas em creme e nas posteriores, larga faixa longitudinal, com a mesma cor das manchas, ocupa o meio da asa. Ventralmente, as asas anteriores apresentam o mesmo padrão da face dorsal e com a base da margem costal de coloração alaranjada; asas posteriores com a metade basal de um branco leitoso e a distai marrom escuro. Fêmea desconhecida. Habitat e hábitos: voa dentro de matas e topo de morros. Drephalys miersi Mielke, 1968 Fig. 16 (a, b, c, d) Posição sistemática: Hespcriidae, Pyrginae. Distribuição geográfica: Santa Catarina e provavelmente Paraná. Descrição: envergadura alar - machos 4cm e fêmeas 4,5cm. Asas anteriores e posteriores de um marrom escuro com manchas branco-leitosas. Ângulo anal das asas anteriores e margem externa das posteriores com franja dc escamas da mesma cor das manchas discais. Ventralmente nas asas posteriores, faixa oblíqua no meio da asa de cor branca com reoexos violáceos. Fêmeas iguais aos machos. Habitat e hábitos: voa dentro de matas e topo de morros.

Borboletas (Lepidoptera) ameaçadas de extinção no Paraná 91 Figs 16-17. (16) Drephalys miersi; (17) Elbella polyzona Macho: (a) vista dorsal, (b) vista ventral; fêmea: (c) vista dorsal, (d) vista ventral. Revta bras. Zool. 9 (1/2): 75-92,1992

92 CASAGRANDE & MIELKE Elbella polyzona (Latreille, 1824) Fig. 17 (a, b, c, d) Posição sistemática: Hesperiidae, Pyrrhopyginae. Distribuição geográfica: Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e provavelmente no Paraná. Descrição: envergadura alar - machos 5cm e fêmeas 5,5cm. Asas anteriores e posteriores de coloração preta. Nas anteriores com manchas azul metálico e outras transparentes. Nas posteriores, o azul metálico está distribuído em duas faixas longitudinais que cortam toda a superfície da asa. Ventralmente o azul é mais intenso. Nas fêmeas o padrão é o mesmo, no entanto, mais claro. Habitat e hábitos: voa rápido dentro de matas e em topo de morros. REFEflliNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERNARDES, AT.; AB. MACHADO & AB. RYLANDS. 1990. Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Belo Horizonte, Fundação Biodiversitas, 65p. Recebido em 02.XI.J9'l2; aceito em 07.VI.I993.