A situação dos reformados em Portugal e o Programa do Governo PS Pág. 1 A SITUAÇÃO DOS REFORMADOS EM PORTUGAL E O PROGRAMA DO GOVERNO PS

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Transcrição:

A situação dos reformados em Portugal e o Programa do Governo PS Pág. 1 A SITUAÇÃO DOS REFORMADOS EM PORTUGAL E O PROGRAMA DO GOVERNO PS RESUMO DESTE ESTUDO A pensão média mensal recebida pelos 2.600.000 reformados da Segurança Social, em 2005, é de cerca de 259,50 euros, sendo de 266 euros a pensão média mensal de invalidez, de 298,80 euros a pensão média mensal de velhice, e apenas de 156,37 euros a pensão média mensal de sobrevivência (quadro I). A pensão média mensal tanto de velhice como de invalidez varia muito de distrito para distrito. Assim, em 2005, as pensões médias de velhice que estão a ser pagas variam entre 374,01 euros por mês (distrito de Lisboa) e 182,40 euros por mês (Estrangeiro), o significa que a primeira é mais do dobro da segunda. relação às pensões médias de invalidez, variam, em 2005, entre 290,48 euros (distrito de Lisboa) e 196,88 euros (estrangeiro), ou seja, a primeira é superior à segunda em mais de 47,5%. (quadro II) Muitas das pensões mínimas ainda são de valores mais baixos. A pensão mínima média é, em 2005, apenas de 220,08 euros por mês tendo registado, entre 2004 e 2005, um aumento de apenas 8,30 euros. No entanto, 868.200 reformados recebem ainda em 2005 uma pensão inferior a 217 euros por mês (quadro III). Mas as principais medidas constantes do Programa de Governo são apenas as seguintes: 1-Na página 66: É condição essencial que a idade de reforma vá acompanhando a evolução da esperança de vida (pág. 66). Como a esperança de vida em Portugal está a aumentar um ano em cada 3,5 anos, isto significa que em cada 3,5 anos a idade de reforma aumentará um ano, acrescentando-se um ano aos 65 anos por cada 3,5 anos que passe. 2-Na página 66 do Programa: Uniformizar-se-ão, progressivamente, os diversos regimes de protecção social (Segurança Social, CGA, etc.), nomeadamente no que respeita à idade de reforma o que para os trabalhadores que entraram para a Administração Pública antes de 1 de Setembro de 1993 significaria o não respeito por direitos adquiridos. 3-Na pág. 69 do Programa: Implementar, no prazo de uma legislatura uma prestação Extraordinária de Combate à Pobreza dos Idosos, para que finalmente nenhum pensionista tenha que viver com um rendimento abaixo de 300 euros, devendo ser beneficiados aproximadamente 300.000 pensionistas. Esta prestação a atribuir a idosos reformados será sujeita a rigorosas condições de recursos. Portanto, não é para criar imediatamente, mas num prazo de 4 anos. Ela não vai beneficiar todos os reformados com pensões inferiores a 300 euros por mês, mas apenas um em cada quatro reformados. Para além disso, o valor considerado é o rendimento de 300 euros e não a pensão de 300 euros. Isto significa que antes de ser atribuído terão de ser analisados todos os rendimentos de cada reformado, daí a afirmação que a sua atribuição está sujeita a rigorosa condições de recursos. Isto determinará naturalmente um novo e importante acréscimo de trabalho para os serviços da Segurança Social, (o número de reformados com pensões inferiores a 300 euros, ou seja, que eventualmente poderão ser beneficiados, ronda o 1,134 milhão) que já enfrentam dificuldades enormes em cumprir as tarefas que já têm. Muitos daqueles que defendem a moderação no aumento das pensões de reforma, ou que afirmam que as despesas com as pensões constitui um gasto insuportável para a Segurança Social, ou que defendem pura e simplesmente cortes na Segurança Social para equilibrar as contas públicas, esquecem-se de referir, intencionalmente ou por ignorância, de que valores de pensões de reforma estão a falar. E isto para dizer que embora o direito a uma pensão de reforma se tenha generalizado depois do 25 Abril, as pensões de reforma recebidas pela esmagadora maioria dos 2.600.000 reformados da Segurança Social são extremamente baixas, e insuficientes para garantir uma vida com um mínimo de dignidade a quem recebe tais pensões. É o que se vai procurar mostrar seguidamente utilizando dados oficiais. AS PENSÕES MÉDIAS DA ESMAGADORA MAIORIA DOS REFORMADOS CONTINUAM A SER EXTREMENTE BAIXAS EM PORTUGTAL Observe-se o quadro I cujos dados sobre os valores médios das pensões de reforma referentes a 2003,foram calculados utilizando informação constante das Estatísticas da Segurança Social de Julho de 2004.

A situação dos reformados em Portugal e o Programa do Governo PS Pág. 2 QUADRO I Pensão média mensal em 2003 e 2005 da Segurança Social TIPO Ano 2003 2005 Número Valor pago Pensão Media Pensão média De Durante o ano Mês (14 meses) Mês- Estimativa Pensionistas 1.000 euros Euros Euros TODOS OS REFORMADOS 2.593.512 8.829.734 243,18 259,50 Invalidez 342.956 1.197.420 249,39 266,12 Velhice 1.613.580 6.325.563 280,01 298,80 Sobrevivência 636.976 1.306.751 146,54 156,37 FONTE: 2003: Estatísticas da Segurança Social Julho 2004 ; 2005: Estimativas nossas calculadas com base nos valores oficiais de 2003. Como mostram os dados do quadro I, a pensão média em Portugal (inclui todos os reformados de invalidez, velhice e sobrevivência) era apenas 243,18 euros por mês em 2003 e, em 2005, deverá rondar os 259,50 euros por mês, portanto um valor claramente inferior ao limiar da pobreza, mesmo do eng. Sócrates que é de 300 euros. Se a análise for feita por tipos de pensionistas, e relativamente apenas a 2005, conclui-se que a pensão média mensal que está a ser paga este ano situa-se entre os 298,80 euros (velhice) e 156,37 euros (sobrevivência) por mês, portanto valores muito baixos que impossibilitam qualquer vida com um mínimo de dignidade. É evidente que há reformados a receberem pensões muitos superiores a estes valores médios. Mas para que isso aconteça é necessário que muitos mais recebam pensões de reforma também muitos inferiores àqueles valores médios. OS VALORES DAS PENSÕES MÉDIAS VARIAM MUITO DE DISTRITO PARA DISTRITO Se fizermos uma análise mais fina por distrito, constamos que existem diferenças muito grandes entre eles, verificando que os reformados de muitos distritos recebem pensões médias ainda inferiores aos valores que estão no quadro I. Observem-se os dados do quadro II, sendo os de 2003 publicados pela Segurança Social e os de 2005 estimativas. QUADRO II Pensão média mensal de velhice e de invalidez por distrito - 2003 e 2005 VELHICE VELHICE INVALIDEZ INVALIDEZ DISTRITOS 2003 2005 2003 2005 Pensão Pensão Pensão Pensão Pensão Nº Ano Mês- Euros Mensal- nº PensaoAno Mês-Euros Mês- Lisboa 315.582 4.907 350,50 374,01 68.761 3.811 272,21 290,48 Setúbal 112.948 4.522 323,00 344,67 25.642 4.212 300,86 321,04 Porto 213.288 4.228 302,00 322,26 55.135 3.458 247,00 263,57 PORTUGAL 1.613.580 3.810 272,14 290,40 342.956 3.440 245,71 262,20 Aveiro 102.117 3.724 266,00 283,85 21.316 3.272 233,71 249,39 RA Madeira 34.888 3.495 249,64 266,39 7.420 3.206 229,00 244,36 Santarém 83.906 3.490 249,29 266,01 14.451 3.351 239,36 255,42 Évora 37.535 3.471 247,93 264,56 6.424 3.257 232,64 248,25 Coimbra 75.953 3.425 244,64 261,06 15.973 3.444 246,00 262,50 Braga 101.303 3.420 244,29 260,67 28.324 3.289 234,93 250,69 Leiria 77.091 3.413 243,79 260,14 15.134 3.396 242,57 258,85 Faro 62.163 3.377 241,21 257,40 8.216 3.248 232,00 247,56 RA Açores 24.539 3.324 237,43 253,36 8.777 3.580 255,71 272,87 Portalegre 31.231 3.245 231,79 247,34 5.010 3.212 229,43 244,82 Beja 37.637 3.170 226,43 241,62 6.428 3.123 223,07 238,04 C. Branco 48.062 3.077 219,79 234,53 7.327 3.074 219,57 234,30 V. Castelo 43.308 3.026 216,14 230,64 9.736 3.134 223,86 238,88 Viseu 68.827 2.974 212,43 226,68 10.008 2.828 202,00 215,55 Vila real 40.646 2.927 209,07 223,10 7.705 2.801 200,07 213,49 Guarda 39.070 2.926 209,00 223,02 6.724 3.041 217,21 231,79 Bragança 32.606 2.861 204,36 218,07 6.332 2.834 202,43 216,01 Estrangeiro 30.880 2.393 170,93 182,40 8.104 2.583 184,50 196,88 Fonte: 2003: Estatísticas da Segurança Social. 2005: Estimativas Eugénio Rosa calculadas com base nos dados 2003

A situação dos reformados em Portugal e o Programa do Governo PS Pág. 3 Como mostram os dados do quadro II, apenas nos distritos de Lisboa, Setúbal e Porto é que as pensões médias mensais de invalidez e velhice são superiores aos valores das pensões médias nacionais. todos os outros distritos as pensões médias estão abaixo das médias nacionais, e em muitos deles mesmo muito abaixo. Efectivamente, em 2005, as pensões médias de velhice que estão a ser pagas variam entre 374,01 euros por mês (distrito de Lisboa) e 182,40 euros por mês (Estrangeiro), o que é uma diferença muito grande, pois a primeira é mais do dobro da segunda. relação às pensões médias de invalidez, embora a diferença não seja tão grande, ela continua a ser significativa, pois variam, em 2005, entre 290,48 euros (distrito de Lisboa) e 196,88 euros (estrangeiro), ou seja, a primeira é superior à segunda em mais de 47,5%. Refira-se que os valores das pensões médias calculadas pela própria Segurança Social que constam do quadro II, na linha PORTUGAL, são ainda inferiores aos valores que calculamos utilizando uma metodologia diferente e que constam do quadro I. 1.200.000 REFORMADOS COM PENSÕES MINIMAS MUITAS DELAS AINDA MAIS BAIXAS No entanto entre os reformados anteriores existem aqueles e são quase 1.2000.000 que recebem as chamadas pensões mínimas, a maioria delas de valores ainda inferiores aos anteriores como se mostra no quadro III, que se apresenta seguidamente. QUADRO III Valores das Pensões mínimas em 2004 e 2005 ANOS DE REFORMADOS Pensão Pensão Até % do 1.12.04 DESCONTOS Nº PAÍS Euros Aumento Percentagem 1.12.2004 Aumento Euros 1.12.04 euros depois 1.12. 2004 ou seja, que vigora em 2005 REGIME GRAL Menos 15 anos 473.630 18,3% 211,50 2,5% 5,29 216,79 De 15 e16 anos 48.849 1,9% 222,00 5,0% 11,1 233,1 De 17 e 18 anos 34.220 1,3% 226,93 4,0% 9,08 236,01 De 19 e 20 anos 30.414 1,2% 231,86 3,0% 6,96 238,82 De 21 e 22 anos 51.467 2,0% 243,20 5,0% 12,16 255,36 De 23 e 24 anos 27.649 1,1% 248,12 4,5% 11,17 259,29 De 25 e 26 anos 25.590 1,0% 253,00 4,0% 10,16 263,16 De 28 e 28 anos 21.490 0,8% 257,96 3,0% 7,74 265,7 De 29 e 30 anos 15.990 0,6% 260,30 2,5% 6,51 266,81 De 31 anos 10.667 0,4% 284,91 9,0% 25,65 310,56 De 32 anos 8.981 0,3% 289,84 8,0% 23,19 313,03 De 33 anos 7.640 0,3% 294,99 7,0% 20,65 315,64 De 34 anos 6.746 0,3% 299,68 6,0% 17,99 317,67 De 35 anos 5.901 0,2% 304,60 5,0% 15,23 319,83 De 36 anos 5.085 0,2% 309,53 5,0% 15,48 325,01 De 37 anos 4.529 0,2% 314,45 4,0% 12,58 327,03 De 38 anos 4.001 0,2% 319,38 3,0% 9,58 328,96 De 39 anos 3.397 0,1% 324,30 2,5% 8,11 332,41 De 40 e mais anos 10.479 0,4% 325,37 2,5% 8,14 333,51 TOTAL Regime Geral 796.725 30,7% 228,30 236,05 Pensão social 120.000 4,6% 154,88 6,0% 9,29 164,17 Pensão Agrícolas 274.600 10,6% 189,99 5,0% 9,49 199,48 TOTAL:RG+PS+PA 1.191.325 45,9% PAÍS (reformados) 2.593.400 100,0% PENSÃO MINIMA MÉDIA- Euros 212,08 220,08 AUMEMTO ENTRE 2004 E 2005 euros 8,30 percentagem 3,9%

A situação dos reformados em Portugal e o Programa do Governo PS Pág. 4 Como mostram os dados do quadro III, 45,9% dos reformados recebem uma pensão mínima que, em 2005, varia entre 164,17 euros (valor da pensão social actual) e 333,51 euros que é a pensão mínima actual de um reformado do Regime Geral que tenha descontado para a Segurança 40 ou mais anos. Deste total, 868.200 reformados estão ainda a receber em 2005 uma pensão inferior a 217 euros por mês. Como mostra também os dados do quadro, a pensão mínima média que vigora em 2005 é apenas 220,08 euros por mês tendo registado, entre 2004 e 2005, um aumento de apenas 8,30 euros por mês (em percentagem o aumento foi apenas de 3,9%), É precisamente estes valores de pensões considerados que determinam custos não suportáveis pela Segurança Social pela maioria dos comentadores e opinadores pertencentes ao pensamento único que domina actualmente os media (TV, rádios, jornais, etc.), que é necessário, segundo eles, fazer cortes e impor aumentos moderados o que, em palavras mais claras, significa aumentos inferiores à taxa de inflação. O QUE CONSTA DO PROGRAMA DO GOVERNO DO PS EM RELAÇÃO À SITUAÇÃO DOS REFORMADOS bora a situação da maioria dos reformados no nosso País seja extremamente grave e geradora da pobreza que está a aumentar, como ficou claro,no entanto o programa do governo PS contém muito pouco de concreto visando alterar a situação existente. Assim, na pág. 65 do Programa consta o seguinte: A limitação dos montantes das pensões mais altas, introduzindo um limite igual ao vencimento liquido do Presidente da República. Do mesmo modo, as actuais pensões que ultrapassem aquele valor serão objecto de congelamento dos seus aumentos. Portanto, uma medida que não vai alterar as pensões mais baixas, que são a maioria. Na pág. 66 do mesmo Programa pode-se ler o seguinte: Serão adoptadas medidas que contribuam para favorecer a permanência dos trabalhadores mais idosos nos seus postos de trabalho, portanto uma medida que visa levar o trabalhador a trabalhar para além dos 65 anos. A este propósito interessa referir aqui uma disposição do Código do Trabalho, que tem passado despercebida, mas que lesa gravemente os trabalhadores que continuam a trabalhar depois dos 65 anos de idade. Assim de acordo com o artº 5º do Decreto-Lei 64- A/89 que vigorou até à entrada do Código a permanência do trabalhador ao serviço decorrido 30 dias sobre o conhecimento, por ambas as partes, da sua reforma por velhice fica sujeita ao regime definido no capitulo VII, ou seja, às normas do contrato a prazo. Isto significava que o trabalhador quando deixasse de trabalhar tinha direito a uma compensação correspondente a 3 dias de remuneração base por cada mês completo de serviço para além dos 65 anos, pois entrava no regime de contrato a prazo com a duração de 6 meses que podia ser renovável por períodos iguais e sucessivos. A alínea d) do nº2 do artº 392 do Código do Trabalho retirou este direito ao trabalhador que continue a trabalhar para além dos 65 anos, pois estabeleceu que a caducidade não determina o pagamento de qualquer compensação ao trabalhador. É urgente revogar esta norma do Código do Trabalho pois se o trabalhador entra num regime equiparado ao de contratado a prazo é legitimo que tenha não só os aspectos negativos desse regime mas que beneficie também do pouco de positivo que ele tem. Na página 66 do programa do governo PS consta uma outra intenção que reforça o anteriormente referido e que é a seguinte: É condição essencial que a idade de reforma vá acompanhando a evolução da esperança de vida. Como a esperança de vida em Portugal está a aumentar um ano em cada 3,5 anos, isto significa que em cada 3,5 anos a idade de reforma aumentará um ano, acrescentando-se um ano aos 65 anos por cada 3,5 anos que passe. Esta intenção expressa de aumentar a idade de reforma constante do Programa do governo PS está em contradição com declarações e promessas feitas pelo actual Ministro da Solidariedade Social e do Trabalho, Vieira da Silva, durante a campanha eleitoral. Assim numa entrevista dada ao Jornal de Negócios em 10 de Fevereiro de 2005, pode-se ler o seguinte: O Partido Socialista não vai propor o aumento da idade legal de reforma, garantiu o responsável pelo programa do partido nas áreas da Segurança Social e do

A situação dos reformados em Portugal e o Programa do Governo PS Pág. 5 prego. Parece que instalado no poder esqueceu as promessas que solenemente fizera poucos dias antes. Na página 66 do Programa de governo também consta expressamente a seguinte intenção: Uniformizar-se-ão, ainda, progressivamente os diversos regimes de protecção social (Segurança Social, CGA, etc.), nomeadamente no que respeita à idade de reforma. relação aos trabalhadores da Administração Pública existe também no Programa do governo PS uma outra declaração na página 40, que reforça a anterior, e que é a seguinte:- Promover a convergência gradual dos regimes de inicio do direito à aposentação dos funcionários públicos com o do inicio do direito à pensão de reforma dos trabalhadores por conta de outrem. Como se sabe a partir de 1993, de acordo com o Decreto-Lei 286/93, todos os trabalhadores que entraram para a função publica depois de 1 de Setembro de 1993, quando se reformarem a sua pensão de reforma é calculada da mesma forma como é calculada a pensão de reforma dos trabalhadores por conta de outrem abrangidos pelo Regime Geral da Segurança Social. Neste momento mais de metade dos trabalhadores da função pública já estão abrangidos por esta disposição, e prevê-se que daqui a 10 anos já sejam todos. Portanto, é evidente que a intenção constante do Programa do governo PS visa atingir os trabalhadores que entraram para a Administração Pública antes de 1993, ou seja, alterar direitos adquiridos. No entanto, isto também está em clara contradição com aquilo que os dirigentes do PS têm continuamente afirmado que não mexerão em direitos adquiridos. Finalmente na pág. 69 do Programa consta a promessa muito utilizada na campanha eleitoral (constou de um outdoor espalhado por todo o País) que interessa analisar com atenção para se poder ficar com uma ideia clara do seu impacto concreto. E essa promessa é a seguinte: Implementar, no prazo de uma legislatura (portanto 4 anos) uma prestação Extraordinária de Combate à Pobreza dos Idosos, para que finalmente nenhum pensionista tenha que viver com um rendimento abaixo de 300 euros. A solidariedade nacional fará com que aproximadamente 300.000 pensionistas vejam os seus rendimentos totais significativamente aumentados. Esta prestação a atribuir a idosos reformados e sujeita a rigorosas condições de recursos dar mais a quem mais precisa. Esta prestação extraordinária à pobreza que o governo PS promete criar, não é para criar imediatamente, mas num prazo de 4 anos. Ela não vai beneficiar todos os reformados com pensões inferiores a 300 euros por mês, pois abrangerá apenas 300.000 pensionistas, e o número dos que recebem pensões inferiores a 300 euros por mês ronda actualmente o 1.200.000, ou seja, apenas um em cada quatro reformados com pensões inferiores a 300 euros por mês é que poderá receber esta prestação extraordinária. Para além disso, o valor considerado é o rendimento de 300 euros e não a pensão de 300 euros. Isto significa que antes de ser atribuído terão de ser analisados todos os rendimentos de cada reformado, daí a afirmação que a sua atribuição está sujeita a rigorosa condições de recursos. Isto determinará naturalmente um novo e importante acréscimo de trabalho para os serviços da Segurança Social (é preciso recordar novamente que o número de reformados com pensões inferiores a 300 euros, ou seja, que eventualmente poderão ser beneficiados, ronda o 1,2 milhão), serviços esses que já enfrentam dificuldades enormes em cumprir as tarefas que já têm. O tempo mostrará se esta é mais uma promessa eleitoral que ficará por cumprir ou que será cumprida apenas muito deficientemente e qual será o seu impacto efectivo na diminuição da taxa de pobreza que se fala na pág. 69 do Programa. Eugénio Rosa Economista edr@mail.telapac.pt