ASPECTOS BIOLÓGICOS DO CAMARÃO-ESPINHO Exhippolysmata oplophoroides (HOLTHUIS, 1948) (CRUSTACEA, CARIDEA, HIPPOLYTIDAE).

Documentos relacionados
odutivos os do camarão de água doce Macrobr (Crustacea, aneiro,

Fecundidade de Callinectes danae (Decapoda, Brachyura, Portunidae) no estuário de São Vicente, SP, Brasil.

Livro Vermelho dos Crustáceos do Brasil: Avaliação ISBN SBC. Introdução

CRESCIMENTO DE Xiphopenaeus kroyeri (HELLER, 1862) (CRUSTÁCEA: NATANTIA: PENAEIDAE) DA REGIÃO DE MATINHOS, PARANÁ, BRASIL.

Biologia Reprodutiva do Siri Exótico Charybdis Hellerii no Litoral Central do Estado de São Paulo, Brasil

ESTRUTURA POPULACIONAL DE CATALEPTODIUS FLORIDANUS (GIBBES, 1850) (CRUSTACEA, DECAPODA, XANTHIDAE) NA PRAIA DA PITUBA, SALVADOR (BA)

Joaquim Olinto Branco* & Maria Jose Lunardon-Branco** ABSTRACT INTRODUÇÃO

FECUNDIDADE EM Callinectes danae SMITH (DECAPODA, PORTUNIDAE) DA LAGOA DA CONCEIÇÃO, FLORIANÓPOLIS, SANTA CATARINA, BRASIL.

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO BACHARELADO EM ENGENHARIA DE PESCA LUAN DANYLO NORONHA DOS SANTOS

Jorge Alberto L. DUARTE 1 e Álvaro Luiz Diogo REIGADA 2

Fabiana Alessandra BUENO*, Evandro SEVERINO RODRIGUES**, Jorge Luís dos SANTOS**, Pamela REIS SANTOS**.

DISTRIBUIÇÃO DE Arenaeus cribrarius (LAMARCK, 1818), (DECAPODA, BRACHYURA), NO COMPLEXO BAÍA - ESTUÁRIO DE SÃO VICENTE, (SP), BRASIL

F. A. Moschetto. Moschetto, F. A. 1

E strutura populacional de Macrobrachium brasiliense (Crustacea,

ASPECTOS PRELIMINARES DA ESTRUTURA POPULACIONAL DE

ASPECTOS DA BIOLOGIA POPULACIONAL DO TUCUNARÉ (Cichla piquiti) NO RESERVATÓRIO DE LAJEADO, RIO TOCANTINS

ASPECTOS DA BIOLOGIA DE Callinectes ornatus ORDWAY, 1563 (DECAPODA, PORTUNIDAE) DA REGIÃO DE MATINHOS, PARANÁ, BRAZIL

Roteiro Aula Prática Biologia dos Crustáceos. Prof.Dr. Alvaro Luiz Diogo Reigada

JEFERSON KEITI NAGATA

RELAÇÃO PESO/COMPRIMENTO DAS ESPÉCIES DE CAMARÃO- ROSA Farfantepenaeus brasiliensis E Farfantepenaeus paulensis, NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL

Mestrado Em Ecologia Ecologia De Crustacea. Prof. Dr. Alvaro Luiz Diogo Reigada

ECOLOGIA E BIOLOGIA POPULACIONAL DO CAMARÃO HERMAFRODITA PROTÂNDRICO SIMULTÂNEO Exhippolysmata oplophoroides (HOLTHUIS, 1948) (CARIDEA: ALPHEOIDEA:

Manoel Luciano Aviz Quadros*, Cristiana Maciel, Sandra Bastos & Iracilda Sampaio

CLASSE MALACOSTRACA SUBCLASSE EUMALACOSTRACA SUPERORDEM EUCARIDA

ESTRUTURA POPULACIONAL DE Portunus spinimanus Latreille, 1819 (CRUSTACEA, PORTUNIDAE) NA ARMAÇÃO DO ITAPOCOROY, PENHA, SC.

BOTUCATU, SP - RUBIÃO JUNIOR Fone (0xx14) fax

O melhor lugar para se viver: o caso do camarão-ferrinho 1. Danielle Mayumi Tamazato Santos*

60) Astronotus ocellatus (Cuvier, 1829)

Estrutura populacional e distribuição sazonal de Callinectes ornatus (Decapoda; Brachyura; Portunidae) no litoral norte do Estado de São Paulo, Brasil

CURRILUCUM VITAE. Cargo: Docente - Universidade Federal de Goiás (UFG) Regional Catalão Nível: Professor Adjunto IV

Biologia reprodutiva de Macrobrachium jelskii (Crustacea, Decapoda, Palaemonidae) no Rio São Francisco, Minas Gerais, Brasil

DIEGO LUÍS GUEDES DE SOUZA. Estrutura populacional e biologia reprodutiva de. do município de Cruz das Almas-BA

Relação entre os grande grupos de artrópodes

Estrutura Populacional do Camarão Sete-Barbas Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862), na Foz do Rio Itajaí- Açú, Itajaí, SC, Brasil.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DEPARTAMENTO DE PESQUISA

Estrutura populacional do siri-baú, Hepatus pudibundus (Herbst 1785) no Norte do Estado do Rio de Janeiro, Sudeste do Brasil

CARAMÃO-SETE-BARBAS XIPHOPENAEUS KROYERI (HELLER, 1862) CAPTURADO PELA PESCA DE PEQUENO PORTE NA PRAIA DO PEREQUÊ - SP

LÍLIA FERREIRA SOUZA QUEIROZ

MONITORAMENTO DAS PUBLICAÇÕES RELACIONADAS AO CAMARÃO SETE BARBAS (Xiphopenaeus kroyeri) (Heller, 1862)

ARQUIVOS DO MUSEU BOCAGE

CHAVE ILUSTRADA PARA IDENTIFICAÇÃO DOS CAMARÕES DENDROBRANCHIATA DO LITORAL NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL.

UFRRJ INSTITUTO DE BIOLOGIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA ANIMAL DISSERTAÇÃO

Camarões de águas continentais (Crustacea, Caridea) da Bacia do Atlântico oriental paranaense, com chave de identificação tabular

UFRRJ INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA DISSERTAÇÃO

Comparação do Peso dos Quelípodos e crescimento em duas Espécies de Sirís do Gênero Callinectes (Brachyura, Portunidae)

A FAUNA DE BRACHYURA ACOMPANHANTE DE Menticirrhus littoralis (HOLBROOK, 1860) NA REGIÃO DE MATINHOS E CAIOBÁ, LITORAL DO PARANÁ, BRAZIL.

Joaquim Olinto Branco 1,2 ; José Roberto Verani 3

Crescimento de Aegla manuinflata (Decapoda, Anomura, Aeglidae) em ambiente natural

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA UNESP INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS. Biologia e Ecologia do camarão-espinho. Paulista. Doutorado

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

Joaquim Olinto Branco 1, Maria Jose Lunardon 2, Marcelo Gentil Avila 1,3, Carlos Fernando Miguez 1 ABSTRACT

ALIMENTAÇÃO DE Rachycentron canadum NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS

O crescimento de Parastacus defossus (Crustacea: Decapoda: Parastacidae)

EPIDEMIOLOGIA DO VÍRUS DA INFECÇÃO HIPODERMAL E NECROSE HEMATOPOIÉTICA (IHHNV) EM CAMARÕES CULTIVADOS NA REGIÃO NORTE CATARINENSE, BRASIL.

RELATÓRIO DE MONITORAMENTO DA ICTIOFAUNA NA ÁREA DA UHE MAUÁ

CRESCIMENTO DO CAMARÃO-SETE-BARBAS (XIPHOPENAEUS KROYERI (HELLER 1862)), NA BAÍA DE TIJUCAS, TIJUCAS, SC (BRASIL).

Aspectos biológicos de Stellifer stellifer na pesca artesanal do camarão sete-barbas, Armação do Itapocoroy, Penha, Santa Catarina, Brasil.

BIOLOGIA E PESCA DO CAMARÃO-CANELA, Macrobrachium acanthurus (CRUSTACEA, PALAEMONIDAE), NO ESTUÁRIO DO RIO JAPARATUBA, ESTADO DE SERGIPE

Distribuição temporal do ermitão Clibanarius vittatus (Anomura, Diogenidae) no litoral do Paraná

55) Hoplosternum littorale (Hancock, 1828)

BIOLOGIA POPULACIONAL E REPRODUTIVA DO CAMARÃO SETE-BARBAS NA BAÍA DE SANTOS, SÃO PAULO*

ABUNDÂNCIA RELATIVA DE Auchenipterus nuchalis DO RESERVATÓRIO COARACY NUNES

Palavras-chave: Camarão-branco, Litopenaeus schmitti, Isca viva, Pesca esportiva, Pesca artesanal.

Hélio A. A. Fracasso & Joaquim O. Branco

Vida marinha: a pesca e a ecologia dos camarões. Ana Karolyne de Camargo Silvestre*

Pescinelli, R. A., 2015

ESTUDO POPULACIONAL DO CAMARÃO-ROSA Penaeus paulensis PEREZ FARFANTE (NATANTIA, PENAEIDAE) NA LAGOA DA CONCEIÇÃO, SANTA CATARINA, BRASIL ABSTRACT

04) Astyanax altiparanae Garutti & Britski, 2000

ESTRUTURA POPULACIONAL DO GÊNERO Callinectes NA BAÍA DA BABITONGA, SÃO FRANCISCO DO SUL, SC. Mário José Pereira

GABRIELA DE OLIVEIRA

Livro Vermelho dos Crustáceos do Brasil: Avaliação ISBN SBC. Introdução

%$ )* +, -". %, " / " #$ %& ' 3

Centro de Ciências Tecnológicas, da Terra e do Mar, Universidade do Vale do Itajaí. Caixa Postal 360, Itajaí, Santa Catarina, Brasil.

56) Rhinelepis strigosa Valenciennes, 1840

HISTOLOGIA DE GÔNADAS MASCULINAS E FEMININAS DE LEBISTE (Poecilia reticulata)

Crustacea (L. crusta = concha)

RAFAELA ROBERT. A FAUNA DE CAMARÕES DECÁPODES 0 0 REJEITO DA PESCA DIRIGIDA AO CAMARÃO SETE-BARBAS (Xiphopenaeus kroyerí) NO LITORAL DO PARANÁ

Crustáceos decápodes da zona de arrebentação de praias na reserva de desenvolvimento sustentável Barra do Una, Peruíbe-SP

PALAVRAS-CHAVE Brachyura. Armases rubripes. Fecundidade. Desenvolvimento

DIMORFISMO SEXUAL SECUNDÁRIO EM FÊMEAS DE Cichla kelberi (TELEOSTEI, PERCIFORMES, CICHLIDAE).

DINÂMICA POPULACIONAL DE Portunus spinimanus LATREILLE, 1819 (CRUSTACEA, PORTUNIDAE) EM UM TRECHO LITORÂNEO DA ILHA DO FRADE, VITÓRIA - ES

23) Schizodon fasciatus Spix & Agassiz, 1829

Analysis of the variation of growth and mortality parameters of Truth-Sardinha (Sardinella brasiliensis) from 1958 to 1978

Aspectos da biologia do caranguejo Menippe nodifrons (Stimpson, 1859) (Decapoda:Brachyura: Menippidae) na Praia de Paranapuã, São Vicente, SP, Brasil.

NÍVEIS DE SAÚDE EM TAMBAQUIS ORIUNDOS DE TANQUES DE CRIAÇÃO NO MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA

Livro Vermelho dos Crustáceos do Brasil: Avaliação ISBN SBC. Introdução

OCORRÊNCIA DOS CAMARÕES Macrobrachium amazonicum (HELLER, 1862) E Macrobrachium jelskii (MIERS, 1877) Resumo

FECUNDIDADE EM CALLlNECTES DANAE SMITH (DECAPODA, PORTUNIDAE) DA LAGOA DA CONCEIÇAO, FlORIANOPOUS, SANTA CATARINA, BRASIL

16) Piaractus mesopotamicus (Holmberg, 1887)

Crescimento de Chasmagnathus granulatus (Crustacea, Decapoda, Varunidae) na Lagoa do Peixe, Rio Grande do Sul, Brasil

SONIA GRAÇA MELO 2 JAYME DE LOYOLA E SILVA 3 & ANA LUIZA BROSSI-GARCIA 4

19) Leporinus friderici (Bloch, 1794)

Análise comparativa da estrutura populacional do ermitão endêmico do Atlântico Ocidental Loxopagurus loxochelis

Alessandra Paula Carneiro

INTRODUÇÃO. Carmen Rosa GARCÍA-DÁVILA 1, Fernando ALCANTÁRA Β. 2, Elvis

Giovana V. Lima, Charlene M. Silveira & Lídia M. Y. Oshiro

Idade e crescimento de Callinectes danae e C. ornatus (Crustacea, Decapoda) na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, Brasil

Joaquim Olinto Branco & Hélio Augusto Alves Fracasso

Rejane da Silva 1 Lídia Miyako Yoshii Oshiro 2

Transcrição:

ASPECTOS BIOLÓGICOS DE Exhippolysmata oplophoroides 173 ASPECTOS BIOLÓGICOS DO CAMARÃO-ESPINHO Exhippolysmata oplophoroides (HOLTHUIS, 1948) (CRUSTACEA, CARIDEA, HIPPOLYTIDAE). CHACUR, M. M. e NEGREIROS-FRANSOZO, M. L. Núcleo de Estudos em Biologia, Ecologia e Cultivo de Crustáceos, Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências, UNESP, C.P. 510, CEP 18618-000, Botucatu, SP, Brasil Correspondência para: Negreiros-Fransozo, M. L., Núcleo de Estudos em Biologia, Ecologia e Cultivo de Crustáceos, Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências, UNESP, C.P. 510, CEP 18618-000, Botucatu, SP, Brasil, e-mail: mlnf@ibb.unesp.br Recebido em 02/09/97 Aceito em 21/10/98 Distribuído em 23/02/98 (Com 4 figuras) ABSTRACT Biological aspects of the spine-shrimp Exhippolysmata oplophoroides (Holthuis, 1948) (Crustacea, Caridea, Hippolytidae) The number of eggs and the proportion in which they are produced can provide an indication of the species reproductive potential. The objective of this paper was to get basic data on the general biology of E. oplophoroides and, in particular, its fecundity in the area of Ubatuba (SP). The specimens were collected by trawl in the Ubatuba littoral (23 o S/45 o N) from June/1995 to May/1996. The number of eggs found for each female was plotted against to the cephalothoracic lenght and a linear regression was adjusted. The mean fecundity obtained was 2,742 ± 1,561 which varied from 434 to 5,215 eggs per female per spawn and the mean volume of eggs was 0.015 ± 0.002 mm 3. Fecundity increases with the growth of E. oplophoroides females. In the sampled population, it was not found males, suggesting sexual reversion which is very common in marine caridean shrimp. The high percentage of ovigerous females during the whole year confirms the fact of the tropical species present continuous reproduction. Key words: fecundity, Caridea, Hippolytidae. RESUMO O número de ovos e a taxa na qual eles são produzidos podem fornecer uma indicação do potencial reprodutivo de uma espécie. O objetivo deste estudo foi levantar dados básicos sobre a biologia geral de E. oplophoroides e, em particular, sua fecundidade na região de Ubatuba, SP. Os espécimes foram coletados em arrastos camaroneiros na Enseada de Ubatuba, SP (23 o S/45 o N), no período de junho/1995 a maio/1996. O número de ovos relacionados a uma dimensão corpórea (comprimento cefalotorácico) foi ajustado a uma regressão linear. A fecundidade média obtida foi de 2.742 ± 1.561, variando de 434 a 5.215 ovos por fêmea por desova e o volume médio dos ovos foi de 0,015 ± 0,002 mm 3. A fecundidade aumentou proporcionalmente com o tamanho de E. oplophoroides. Não houve registro de machos no período de estudo, sugerindo uma possível existência de reversão sexual na espécie, visto que tal fato é bastante comum em se tratando de camarões carídeos marinhos. A alta porcentagem de fêmeas ovígeras durante todo o ano confirma o fato das espécies tropicais apresentarem reprodução contínua. Palavras-chave: fecundidade, Caridea, Hippolytidae.

174 CHACUR, M. M. e NEGREIROS-FRANSOZO, M. L. INTRODUÇÃO A ordem Decapoda compreende um grupo bastante diversificado, cujos representantes possuem múltiplas adaptações a modos de vida muito variados. Sua evolução inclui uma inovação muito importante, única entre os Malacostraca, que é o aparecimento de incubação pleopodial, com eclosão tipicamente no estágio de zoea; este cuidado parental resulta numa grande sobrevivência da prole. De acordo com Saint-Laurent (1979), esse modo de desenvolvimento caracteriza a subordem Pleocyemata, onde está incluída a infraordem Caridea. O conhecimento da fecundidade, que corresponde ao número de ovos postos por fêmea por desova que se encontram aderidos aos pleópodos (Santos, 1978 e Lobão et al., 1985), pode fornecer uma indicação do desempenho do potencial reprodutivo de uma espécie. Essa informação é muito útil para estudos populacionais e constitui-se em subsídio importante para uma avaliação do potencial da espécie para o cultivo em escala comercial. O tamanho dos ovos colocados por uma espécie é, em parte, controlada geneticamente, mas também determinada fenotipicamente (Raven, 1961 apud Sastry, 1983). O tamanho dos ovos tem importantes conseqüências na taxa de desenvolvimento e no tamanho das larvas ou jovens, no caso de crustáceos com desenvolvimento direto, no momento da eclosão (Negreiros-Fransozo et al., 1992). A pesca artesanal do camarão sete-barbas, Xiphopenaeus kroyeri, (Heller, 1862), efetuada com barcos providos de rede de arrasto é comum no litoral norte paulista. Essa técnica, além de capturar os camarões peneídeos, captura também outros decápodos entre os quais siris, caranguejos e camarões carídeos. Entre os carídeos, a espécie Exhippolysmata oplophoroides (Holthuis, 1948) conhecida comummente por camarão-espinho, é uma das mais comuns no nosso litoral. Apesar disso, não há nenhum registro de estudos a respeito do seu ciclo reprodutivo. O objetivo deste estudo foi levantar dados básicos sobre a biologia geral de E. oplophoroides e, em particular, sua fecundidade na região de Ubatuba (SP). MATERIAL E MÉTODOS A espécie Exhippolysmata oplophoroides apresenta coloração avermelhada, rostro longo, delgado, curvado para cima, porção dorsal contendo uma crista com nove ou dez dentes próximos e um dente um pouco distante da crista, margem dorsal com um a seis dentes e margem ventral com dez a quatorze dentes (Williams, 1984). Segundo esse mesmo autor, a espécie caracteriza-se pela existência de um espinho dorsal no terceiro segmento abdominal. A distribuição de E. oplophoroides é conhecida como sendo muito extensa: de Cabo Fear River, Carolina do Norte a Port Arkansas, Texas, Guiana Inglesa até a Baía de Santos, vindo misturados com o camarão sete-barbas, em profundidade de menos de vinte metros e fundo de lodo (Iwai, 1983). Os camarões E. oplophoroides foram capturados durante o dia, mensalmente, na Enseada de Ubatuba, SP, (23 o 25 S/45 o 00 W) em arrastos efetuados paralelamente a um costão rochoso (sentido Ponta do Costa Praia Vermelha do Norte), no período de junho/95 a maio/96. Cada coleta constituiu-se de um arrasto, com rede camaroneira, durante 20 minutos a uma velocidade constante. Paralelamente, foram coletados dados de temperatura e salinidade locais. Após o término do arrasto, os camarões da espécie E. oplophoroides foram separados, contados e etiquetados. As fêmeas ovígeras foram separadas e acondicionadas individualmente. Todos os camarões-espinho coletados foram mensurados com o auxílio de um paquímetro com precisão de décimos de milímetros. Considerouse o comprimento cefalotorácico (CC) como sendo a distância tomada desde a parte posterior da órbita ocular até a parte mediana posterior do cefalotórax (Fig. 1). Em cada amostra foram selecionados indivíduos com diferentes colorações de gônadas para preparações histológicas, com o intuito de detectar a presença de indivíduos machos. Nesses casos, retirou-se dorsalmente a carapaça dos camarões, os quais foram fixados com Davidson s AFA (Humason, 1972 apud Bell & Lightner, 1988). Para o estudo da fecundidade foram selecionadas fêmeas ovígeras de E. oplophoroides com ovos em estágio inicial de desenvolvimento. Os

ASPECTOS BIOLÓGICOS DE Exhippolysmata oplophoroides 175 pleópodos de cada fêmea foram cortados no ponto de articulação com o abdome e colocados sobre placas de Petri com álcool. Os ovos foram removidos com o auxílio de um pincel fino. Com uma pipeta, os ovos foram transferidos para uma lâmina de vidro quadriculada e, a seguir, realizou-se a contagem total sob estereomicroscópio óptico. Dez fêmeas ovígeras foram selecionadas para a mensuração dos ovos. As medidas (diâmetros maior e menor) foram efetuadas sob estereomicroscópio óptico, provido de ocular micrométrica. O volume dos mesmos foi calculado segundo Jones & Simons (1983) e Clarke (1993), a partir da fórmula elipsóide 1/6 π I 3, em que I = valor médio dos diâmetros maior e menor. Vinte e três fêmeas ovígeras foram distribuídas em 9 classes de tamanho de 7,0 a 16,0 mm com 1 mm de amplitude por classe. A relação entre a fecundidade e a variável morfométrica foi analisada por uma regressão linear simples. Adotouse como variável dependente o logaritmo (na base 10) do número de ovos e variável independente, o comprimento cefalotorácico (mm). Para verificar uma possível associação entre a porcentagem de fêmeas ovígeras com o fator temperatura durante os meses amostrados, utilizouse o coeficiente de correlação linear de Pearson adotando-se o nível de significância de 5%. RESULTADOS E DISCUSSÃO O local onde foram coletados os camarõesespinho recebe pouca influência de águas continentais, tendo em vista que a área está mais sujeita à influência marinha. A temperatura média anual da água no local de estudo foi de 23,39 ± 2,86 o C e a salinidade 33,33 ± 1,70%. Os valores médios mensais para estes fatores encontram-se na Tabela 1. Os 560 exemplares de E. oplophoroides obtidos foram distribuídos em 10 classes de tamanho baseando-se no comprimento cefalotorácico. O tamanho dos indivíduos variou de 6,2 a 16,6 mm, com um valor médio de 11,4 mm. A distribuição dos indivíduos em classes de tamanho (Fig. 2), em 2 grupos de interesse (presença ou não de ovos), apresentou-se unimodal, sendo as fêmeas ovígeras encontradas em maior freqüência nas maiores classes de tamanho. Com base na morfologia externa dos camarões, não se obteve exemplares machos de E. oplophoroides em nenhum dos meses amostrados. CC 1 cm Fig. 1 E. oplophoroides: exemplar fêmea adulta ovígera com a indicação da dimensão usada na análise morfométrica (CC).

176 CHACUR, M. M. e NEGREIROS-FRANSOZO, M. L. 140 120 Número de indivíduos 100 80 60 40 20 0 6,35 7,45 8,55 9,65 10,75 11,85 12,95 14,05 15,15 16,25 Comprimento cefalotorácico (mm) Fig. 2 E. oplophoroides: histograma de freqüência baseando-se na presença ou não de ovos (barra branca = fêmeas ovígeras; barra preta = outros). As preparações histológicas, também não indicaram presença de gônadas masculinas. De aproximadamente 30 espécies de decápodos, nas quais ocorre reversão de sexo (Carpenter, 1978; Subramonian, 1981; Bauer, 1986), mais de 80% são camarões carídeos, a maioria membros das famílias Campylonotidae, Crangonidae, Hippolytidae, Pandalidae e Processidae (Suzuki, 1970; Noel, 1973; Zupo, 1994). As mudanças morfológicas externas que ocorrem nos caracteres sexuais secundários, constituem o critério comumente usado para identificar o estágio de transição de sexo em camarões carídeos. O endopodito do 1 o pleópodo se modifica gradualmente para a forma lanceolada das fêmeas; o endopodito do 2 o pleópodo, o apêndice masculino e órgãos copulatórios, degeneram até essas estruturas serem totalmente perdidas nas fêmea (Allen, 1959; Haynes & Wigley, 1969; Butler, 1964). No entanto, esse critério não foi suficiente para identificar tais estágios em E. oplophoroides. A falta de indivíduos masculinos na população amostrada e a predominância de fêmeas portadoras de ovos pode ser conseqüência da existência de reversão sexual em E. oplophoroides, visto que este processo pode ocorrer em outras espécies de carídeos. No entanto, a possibilidade de uma distribuição espacial diferencial entre os sexos não pode ser descartada. Para se chegar a uma conclusão satisfatória são necessários estudos mais detalhados sobre a distribuição da espécie na região de estudo, além de uma análise histológica pormenorizada das gônadas. No estudo da fecundidade, a menor fêmea ovígera apresentou comprimento cefalotoráxico medindo 7,2 mm e a maior 15,7 mm, com tamanho médio de 11,51 ± 2,48 mm. O número médio de ovos encontrado foi 2.742 ± 1.561 com variação de 434 a 5.215 ovos por fêmea (Tabela 2). O número de ovos carregados por um crustáceo Pleocyemata é relativamente variável para uma mesma classe de tamanho (Lobão et al., 1985; Negreiros-Fransozo et al., 1992), conforme registrado no presente estudo. Segundo Parsons & Tucker (1986), tal fato deve-se à perda acidental dos ovos ou devido à fertilização incompleta ou, ainda, a doenças. A relação do logaritmo do número de ovos postos por fêmea em função do comprimento cefalotorácico está representada na Fig. 3, a partir da qual conclui-se que a fecundidade eleva-se com o aumento em comprimento em E. oplophoroides.

ASPECTOS BIOLÓGICOS DE Exhippolysmata oplophoroides 177 Tal fato ocorre em outros carídeos como o Macrobrachium carcinus, M. potiuna, M. acanthurus e Hippolyte zostericola estudados, respectivamente, por Lobão et al. (1985), Bond & Buckup (1982), Valenti et al. (1989) e Negreiros-Fransozo et al. (1996). Clarke (1993) afirma que o tamanho dos ovos dos invertebrados aquáticos varia amplamente, refletindo uma variação do investimento pela fêmea em cada embrião e as fêmeas menores desovam menor número de ovos, por apresentarem um ovário menor e um reduzido espaço no abdome para a incubação dos mesmos. Entre os decápodos, verifica-se que os carídeos apresentam um número pequeno de ovos, porém, estes crustáceos figuram entre os que possuem ovos relativamente grandes. TABELA 1 Valores médios mensais e desvio-padrão dos fatores temperatura e salinidade na Enseada de Ubatuba no período de junho de 1995 a maio de 1996. Mês Temperatura ( o C) Salinidade (ppm) Junho 23,0 ± 0,04 34,3 ± 0,47 Julho 20,2 ± 0,10 35,3 ± 0,47 Agosto 20,0 ± 0,02 33,8 ± 0,75 Setembro 22,2 ± 0,42 32,7 ± 0,94 Outubro 22,2 ± 0,17 32,5 ± 0,41 Novembro 22,5 ± 0,42 30,0 ± 0,82 Dezembro 20,3 ± 1,72 31,5 ± 0,41 Janeiro 26,4 ± 0,32 35,3 ± 0,47 Fevereiro 27,5 ± 0,39 31,7 ± 0,47 Março 28,2 ± 0,12 34,3 ± 0,25 Abril 25,7 ± 0,30 35,3 ± 0,25 Maio 22,5 ± 0,98 33,3 ± 0,94 TABELA 2 E. oplophoroides: fecundidade registrada para cada classe de tamanho. Comprimento cefalotorácico (mm) Número de ovos Número de fêmeas analisadas 7--] 8 664; 860 2 8--]9 434; 864 2 9--]10 1.167; 814; 1.939 3 10--]11 1.910; 1.903; 1.474 3 11--]12 3.259; 3.561; 3.262 3 12--]13 3.460; 3.998; 5.100 3 13--]14 4.202; 5.165; 2.462 3 14--]15 5.215; 3.186 2 15--]16 3.799; 4.380 2

178 CHACUR, M. M. e NEGREIROS-FRANSOZO, M. L. A forma dos ovos de E. oplophoroides é elíptica, sendo os resultados da morfometria apresentados na Tabela 3. Para a espécie em estudo, o tamanho dos ovos num mesmo estágio embriônico não variou com o tamanho da fêmea. Entre as espécies da super família Alpheoidea estudadas anteriormente, a espécie E. oplophoroides apresentou maior número de ovos e menor volume dos mesmos (Tabela 4). Este fato pode ser um importante fator na definição da extensão do desenvolvimento embrionário, quer seja no número de estágios, quer seja no tempo requerido para completar a metamorfose. A presença de fêmeas ovígeras durante todo o ano, evidenciou um alto potencial reprodutivo de E. oplophoroides. Não se obteve correlação significativa (r = 0,545; p = 0,067) entre a taxa de fêmeas ovígeras e a temperatura da água evidenciando que a variação da temperatura da água no local estudado não se apresentou limitante à reprodução da espécie. 4,0 3,8 3,6 F = 2,065 + 0,111 C r = 0,856 (p < 0,001) 3,4 Log (número de ovos) 3,2 3,0 2,8 2,6 2,4 2,2 2,0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Comprimento cefalotorácico (mm) Fig. 3 E. oplophoroides: gráfico da regressão linear entre o log do número de ovos (F) e o comprimento cefalotorácico (C). TABELA 3 E. oplophoroides: Diâmetros médios e volume dos ovos em estágio inicial de desenvolvimento, em relação ao tamanho das fêmeas. Comprimento cefalotorácico (mm) Diâmetro maior (mm) Diâmetro menor (mm) Volume dos ovos (mm 3 ) 7,3 0,324 ± 0,033 0,268 ± 0,033 0,015 9,9 0,366 ± 0,001 0,293 ± 0,027 0,019 10,0 0,329 ± 0,033 0,256 ± 0,027 0,015 10,3 0,342 ± 0.033 0,268 ± 0,033 0,015 11,2 0,342 ± 0,033 0,256 ± 0,027 0,014 11,6 0,329 ± 0,033 0,256 ± 0,027 0,013 11,6 0,354 ± 0,027 0,281 ± 0,033 0,017 12,2 0,317 ± 0,027 0,244 ± 0,001 0,011 13,2 0,342 ± 0,033 0,268 ± 0,033 0,015 15,2 0,354 ± 0,027 0,256 ± 0,027 0,015

ASPECTOS BIOLÓGICOS DE Exhippolysmata oplophoroides 179 TABELA 4 Comparação da fecundidade de camarões carídeos. Superfamília Família Espécie Número de ovos Volume dos ovos (mm 3 ) Autor Alpheoidea Hippolytidae Exhippolysmata oplophoroides 2.742 0,015 Presente trabalho Hippolyte nicholsoni 24,75 0,018 Corey & Reid, 1991 Hippolyte zostericola 103,83 0,037 Negreiros Fransozo et al., 1996 Latreutes fucorum 126,84 0,030 Corey & Reid, 1991 Thor manningi 37,14 0,036 Corey & Reid, 1991 Tozeuma carolinense 190,16 0,057 Corey & Reid, 1991 Trachycaris restricta 431,25 0,220 Corey & Reid, 1991 Alpheidae Alpheus armillatus 279,75 0,172 Corey & Reid, 1991 A. heterochaelis 203,40 0,912 Corey & Reid, 1991 A. normanni 328,14 0,094 Corey & Reid, 1991 Synalpheus aeglas 42,4 0,228 Corey & Reid, 1991 S. brooksi 5,8 0,504 Corey & Reid, 1991 S. fritzmueller 173,38 0,085 Corey & Reid, 1991 S. herricki 45,75 0,222 Corey & Reid, 1991 S. longicarpus 195,38 0,169 Corey & Reid, 1991 S. pectininger 9,9 0,751 Corey & Reid, 1991 Palaemonoidea Palaemonidae Leander tenuicornis 452,08 0,163 Corey & Reid, 1991 Macrobrachium acanthurus 8.929,00 Valenti et al., 1989 M. carcinus 53.764,00 Lobão et al., 1985 M. ohione 11.050,5 0,080 Corey & Reid, 1991 M. olfersii 3.098,88 0,076 Corey & Reid, 1991 Palaemon northropi 395,23 0,200 Corey & Reid, 1991 Palaemonetes intermedius 104,86 0,294 Corey & Reid, 1991 P. pugio 109,62 0,320 Corey & Reid, 1991 Pandalopsis dispar 904 Harris et al., 1972 Periclimenes americanus 247,33 0,034 Corey & Reid, 1991 P. longicaudatus 92,75 0,049 Corey & Reid, 1991 P. pandionis 171,00 0,050 Corey & Reid, 1991 Pontonia margarita 1.538,25 0,093 Corey & Reid, 1991 Pandaloidea Pandalidae Dichelopandalus bonnieri 1.400,5 Al-Adhub & Bowers, 1977

180 CHACUR, M. M. e NEGREIROS-FRANSOZO, M. L. Como pode ser observado na Fig. 4, a menor taxa de fêmeas ovígeras não foi inferior a 50%. Tal fato confirma a proposição feita por Sastry (1983), na qual a maioria das espécies tropicais apresenta reprodução contínua. Agradecimentos Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão da bolsa de estudos de aperfeiçoamento à primeira autora; aos membros do NEBECC, pelo auxílio nas coletas, e ao assessor anônimo da Revista Brasileira de Biologia, pelas valiosas sugestões ao manuscrito. 100 90 80 30 28 Fêmeas ovígeras (%) 70 60 50 40 30 26 24 22 o Temperatura ( C) 20 10 20 0 J J A S O N D J F M A M Meses 0 Fig. 4 Gráfico de linhas da taxa de fêmeas ovígeras e da temperatura ao longo dos meses de coleta (círculo aberto = fêmeas ovígeras; círculo fechado = temperatura). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AL-ADHUB, A. H. & BOWERS, C. A. B., 1977, Growth and breeding of Dichelopandalus bonnieri in isle of man waters. J. Mar. Biol. Ass. U. K., 57: 229-238. ALLEN, J. A., 1959, On the biology of Pandalus borealis umderland coast. J. Mar. Biol. Assoc. U. K., 38: 189-220. BAUER, R. T., 1986, Sex change and life history pattern in the shrimp Thor manningi (Decapoda: Caridea): a novel case of partial protandric hermaphroditism. Biol. Bull., 170: 11-31. BELL, T. A. & LIGHTNER, D. V., 1988, A handbook of normal penaeid shrimp histology. Louisiana: World Aquaculture Society/ Baton Rouge, 114p. BOND, G. & BUCKUP, L., 1982, O ciclo reprodutivo de Macrobrachium borellii (Mobilii, 1896) e Macrobrachium potiuna (Müller, 1880) (Crustacea, Decapoda, Palaemonidae) e suas relações com a temperatura. Rev. Brasil. Biol., 42(3): 473-483. BUTLER, T. H., 1964, Growth, reproduction and distribution of pandalid shrimp in British Columbia. J. Fish. Res. Board. Can., 21: 1403-1452. CARPENTER, A., 1978, Protandry in freshwater shrimp Paratya curviostris (Heller, 1862) (Decapoda: Atyidae), with a review of the phenomenon and its significance in the Decapoda. J. Res. Soc. N. Z., 8: 343-358. CLARKE, A., 1993, Reproductive trade-offs in caridean shrimps. Functional Ecology, 7: 411-419. COREY, S. & REID, D. M., 1991, Comparative fecundity of Decapod Crustaceans 1. The fecundity of thirty-three species of nine families of caridean shrimp. Crustaceana, 60: 270-294. HARRIS, C., CHEW, K. K. & PRICE, V., 1972, Relation of egg number to carapace lenght of sidestrip shrimp (Pandalopsis dispar) from Dabob Bay, Washington. J. Fish. Res. Bd. Canada, 29(4): 464-465. HAYNES, E. B. & WIGLEY, R. L., 1969, Biology of the northern shrimp, Pandalus borealis, in the Gulf of Marine. Trans. Am. Fish. Soc., 98: 60-76. IWAI, M., 1983, O camarão no Centro Sul do Brasil. São Paulo: Superintendência do Desenvolvimento do Litoral Paulista, Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, São Paulo, 71p.

ASPECTOS BIOLÓGICOS DE Exhippolysmata oplophoroides 181 JONES, M. B. & SIMONS, M. J., 1983, Latitudinal variation in reproductive characteristics of a mud crab Helice crassa (Grapsidae). Bull. Mar. Sci., 33: 656-670. LOBÃO, V. L., VALENTI, W. C. & MELLO, J. T. C., 1985, Fecundidade em Macrobrachium carcinus, (L.) do Rio Ribeira do Iguape. Bol. Inst. Pesca, 12: 1-8. NEGREIROS-FRANSOZO, M. L., BARBA, E., SANCHEZ, A. J., FRANSOZO, A. & RAZ-GUZMÁN, A., 1996, The species of Hippolyte Leach (Crustacea, Caridea, Hippolytidae) from Terminos Lagoon, S. W Gulf of Mexico. Rev. Bras. Zool., 13(3): 539-551. NEGREIROS-FRANSOZO, M. L., FRANSOZO, A., MANTELATTO, F. L. M., NAKAGAKI, J. M. & SPILBORGHS, M. C. F., 1992, Fecundity of Paguristes tortugae Schmitt, 1933 (Crustacea, Decapoda, Anomura) in Ubatuba (SP), Brazil. Rev. Brasil Biol., 52: 547-553. NOEL, P., 1973, Cycle biologique et inversion sexuelle du Crustacé Décapode Natantia Processa edulis. Cah. Biol. Mar., 14: 217-227. PARSONS, D. G. & TUCKER, G. E., 1986, Fecundity of northern shrimp, Pandalus borealis (Crustacea, Decapoda), in areas of northwest Atlantic. Fish Bull, (Dublin), 84: 549-558. SAINT-LAURENT, M., 1979, Ver une nouvelle classification des Crustacés Décapodes Reptantia. Bull. Off. Natn. Pêch. Tunisie, 3: 15-31. SANTOS, E. P., 1978, Dinâmica de populações aplicada à pesca e à piscicultura. São Paulo: HUCITEC/EDUSP, 130p. SASTRY, A. N., 1983, Ecological aspects of reproduction, pp. 179-270. In: F. J.Vernberg, W. B. Vernberg (eds.), The Biology of Crustacea, vol. 8, 383p. Environmental adaptations, New York, Academic Press. SUBRAMONIAN, J., 1981, Sexual and reproductive endocrinology of Crustacea. J. Sci. Ind. Res., 40: 396-403. SUZUKI, H., 1970, Taxonomic review of four alpheid shrimps belonging to the genus Athanas, with reference to their sexual phenomena. Sci. Reports of theyokohama National University, section II, 17: 1-37. VALENTI, W. C., MELLO, J. de T. C. & LOBÃO, V. L., 1989, Fecundidade em Macrobrachium acanthurus (WIEGMAN, 1836) do Rio Ribeira do Iguape (Crustacea, Decapoda, Palaemonidae). Rev. Bras. Zool., 6(1): 9-15. WILLIAMS, A. B., 1984, Shrimps, lobsters and crabs of the Atlantic Coast of the Eastern United States, Maine to Florida. Washington: Smithsonian Institution Press, 550p. ZUPO, V., 1994, Strategies of sexual inversion in Hippolyte inermis Leach (Crustacea, Decapoda) from a Mediterranean seagrass meadow. J. Mar. Biol. Ecol., 178: 131-145.