Aula 05. Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das Multas (art. 85 e ss., do CPC/15)

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Transcrição:

Turma e Ano: MASTER A 2016 Matéria: Novo Código de Processo Civil Comparado e Comentado Professor: Rodolfo Hartmann Monitor: Victor Giusti Aula 05 Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das Multas (art. 85 e ss., do CPC/15) Art. 85, do CPC/15 Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente. Este primeiro parágrafo traduz disposição técnica que aponta em quais situações são devidos honorários advocatícios. Importante lembrar: reconvenção não é mais peça autônoma, mas integrante da própria contestação (art. 343, do CPC/15 1 ). 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos: I - o grau de zelo do profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. O 2º refere-se a demandas que envolvem particulares, ou seja, no polo passivo e ativo figuram pessoa física ou jurídica de direito privado. Se não houver condenação (e.g. demanda declaratória), considera-se como parâmetro para determinar o valor de honorários advocatícios o 1 Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.

proveito econômico obtido ou o valor atualizado da causa. Neste sentido, percebe-se que o CPC/15 inovou em relação ao anterior (art. 20, 3º, do CPC/73 2 ). O professor aponta que, muito provavelmente, os juízes fixarão os honorários advocatícios em 10% (patamar mínimo) sobre o valor da causa, devido a uma interpretação conjunta com o 11 deste mesmo dispositivo. 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos 2º e 3º para a fase de conhecimento. Observa-se, de acordo com a leitura deste parágrafo, que os honorários fixados serão majorados pelo tribunal no momento do julgamento de recurso oportunamente interposto. Considera-se, para tal majoração, o maior trabalho que o advogado terá para combater a impugnação da parte contrária, devendo elaborar mais peças, realizar sustentação oral, deslocar-se fisicamente para comparecer a audiências etc. Percebe-se, portanto, que esta norma funcionaria como uma forma de desestimular a interposição de inúmeros recursos. Hipótese: em primeira instância, os honorários são fixados em 10% sobre o valor da condenação; a parte sucumbente apela e perde em segunda instância, sendo os honorários majorados para 13%; diante da nova sucumbência, a parte interpõe Recurso Especial, perante o STJ, não obtendo sucesso, neste momento os honorários são majorados para 17%. Percebe-se, portanto, razão para que o juízo a quo fixe os honorários no patamar mínimo. 3º Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do 2o e os seguintes percentuais: I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos; II - mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 200 (duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois mil) saláriosmínimos; 2 Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. [...] 3º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por cento (20%) sobre o valor da condenação, atendidos: [...].

III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte mil) salários-mínimos; IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até 100.000 (cem mil) salários-mínimos; V - mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 100.000 (cem mil) salários-mínimos. No que tange à Fazenda Pública, a fixação de honorários deve se pautar no valor da condenação, observando-se a regra quanto maior o valor da condenação, menor o percentual de honorários. Aplicam-se, também neste caso, as disposições do 11, ou seja, quanto maior o número de recursos perdedores interpostos, maior poderá ser o valor dos honorários. 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial. Se o juiz requisita precatório de natureza alimentar, este é pago antes daquele que não possui natureza alimentar. Hipótese: o juiz requisita um precatório para a parte, sem natureza alimentar, e outro para o advogado, a título de honorários, ou seja, com natureza alimentar; diante desta situação, o precatório do advogado será pago antes que o da parte beneficiária. Quanto à parte final do dispositivo (grifo acima), observe-se a seguinte situação. Hipótese: O autor promove a demanda e requisita condenação do réu em R$10.000.000,00, o juiz julga parcialmente procedente e condena o réu a pagar R$5.000.000,00. Sob a égide do CPC/73, havia a possibilidade de decretar a sucumbência recíproca, salientando o juiz que não haveria fixação de honorários processuais, ficando as partes responsáveis por pagar apenas os honorários contratuais de seus respectivos advogados. Conforme o novo CPC, contudo, o juiz deverá fixar os honorários processuais, devendo, doravante, os advogados cobrarem o percentual fixado em face de seus próprios clientes. Tal disposição, contudo, contraria súmula do Superior Tribunal de Justiça. Observe-se:

Súmula 306, do STJ: Os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a legitimidade da própria parte. 18. Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança. Quando não são fixados honorários em sede de sentença, o advogado pode, por exemplo, interpor embargos de declaração ou apelação. Quando se trata de decisão transitada em julgado, contudo, conforme o dispositivo acima, será cabível ação autônoma para definição e cobrança do valor. Confira-se, em contrapartida, o conteúdo da Súmula 453, do STJ. Súmula 453, do STJ: Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado, não podem ser cobrados em execução ou em ação própria. Percebe-se, ao analisar o conteúdo da súmula em comparação ao do dispositivo, que, mais uma vez, o novo CPC confronta entendimento pacífico da jurisprudência. O professor salienta que não seria correto admitir que o juiz de primeiro grau fixe honorários (de certa forma, modificando a sentença exarada) em relação à ação decidida, em último grau, pelo STJ. 15. O advogado pode requerer que o pagamento dos honorários que lhe caibam seja efetuado em favor da sociedade de advogados que integra na qualidade de sócio, aplicando-se à hipótese o disposto no 14. O advogado pode requerer que os honorários sejam pagos em favor da sociedade de advogados que integra na qualidade de sócio. Pessoa jurídica também receberia verba de natureza alimentar? O professor sustenta que não, defendendo que quando o 15 faz referência ao 14 abarca apenas o aspecto da compensação, sem englobar a natureza alimentar da verba. 19. Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos termos da lei. Importante ressaltar que existem Municípios e Estados que já aplicavam a disposição desta norma antes mesmo da entrada em vigor do novo CPC. O professor defende que não há óbices quanto à hipótese a que se refere o dispositivo, contudo, devem ser levantados alguns pontos: a) É devido respeito ao teto salarial no âmbito do funcionalismo público; b) Por que somente as vitórias devem ser computadas em favor dos advogados públicos, não acarretando quaisquer efeitos as derrotas processuais que sofrem?

Gratuidade de justiça (art. 98 e ss., do CPC/15) O novo CPC manteve as disposições da Lei 1.060/50, precipuamente no que tange às normas sobre gratuidade de justiça; contudo, deve-se observar que o art. 1.072, do CPC/15, revoga, em parte, esta mesma lei. Art. 98, do CPC/15 Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. Tal dispositivo segue o entendimento jurisprudencial, no sentido de permitir a gratuidade de justiça em relação à pessoa jurídica. 3º Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. Esta já era uma prática adotada e que foi positivada pelo novo CPC. Vencido o beneficiário de gratuidade de justiça, a condenação em honorários advocatícios, por exemplo, ficará sob condição suspensa de exigibilidade durante o período de 5 (cinco) anos, somente podendo ser executada caso o credor demonstre que a situação de insuficiência de recursos deixou de existir. 5º A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os atos processuais, ou consistir na redução percentual de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento. A gratuidade pode ser dar em relação a alguns ou a todos os atos do processo. Art. 99, do CPC/15 Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.

1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso. 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos. O juiz poderá indeferir o pedido de gratuidade de justiça, contudo, deverá intimar a parte para que comprove a insuficiência alegada antes de fazê-lo. 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente pela pessoa física. O novo CPC, portanto, dita que ao se deparar com requerimento de gratuidade de justiça o juiz deve presumir a insuficiência econômica da parte. O professor salienta, contudo, que tal dispositivo conflita com a prática processual, visto que não são raras as vezes em que a parte requer gratuidade de justiça, mas possui plena capacidade financeira para arcar com o processo. Art. 101, do CPC/15 Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação. 1º O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do relator sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso. 2º Confirmada a denegação ou a revogação da gratuidade, o relator ou o órgão colegiado determinará ao recorrente o recolhimento das custas processuais, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de não conhecimento do recurso. Contra decisão que indefere a gratuidade de justiça cabe agravo de instrumento, conforme dispõe este artigo e, ainda, o art. 1.015, V, do CPC/15. Importante ressaltar: o novo CPC elenca, em seu art. 1.015, as situações nas quais pode ser interposto agravo de instrumento, trata-se de rol taxativo. Via de regra, as questões que não puderem ser impugnadas por meio de agravo de instrumento serão suscitadas como preliminares em sede de recurso de apelação.

Pois bem. O dispositivo exterminou a insegurança jurídica que permeava a questão, no que tange ao pagamento de custas no caso de interposição de agravo de instrumento. Conforme o 1º, não serão devidas custas até decisão do relator do agravo sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso. À luz do 2º, ainda, confirmada a denegação ou revogação da gratuidade, o recorrente deverá recolher as custas no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de não conhecimento do recurso. Litisconsórcio (art. 113 a 118, do CPC/15) O novo CPC define, de maneira correta, o litisconsórcio. Neste ponto, o professor ressalta que o CPC/15 possui mais propriedade técnica que o CPC/73, definindo de maneira mais clara e concisa os conceitos relativos a esta matéria. Art. 114, do CPC/15: definição de litisconsórcio necessário Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes. Quando se fala em litisconsórcio necessário, há duas hipóteses a se considerar: (i) quando a relação jurídica é incindível; (ii) quando a lei assim exige. O exemplo mais comum, sob a égide do CPC/73, de litisconsórcio necessário por exigência legal era o da ação de usucapião, no âmbito da qual deveriam constar no polo passivo o proprietário do RGI e os vizinhos confinantes (art. 942, do CPC/73). Com o novo CPC, não há mais ação de usucapião, não havendo litígio, é possível ir direto ao tabelião (art. 1.071, do CPC/15); de outra monta, havendo litígio, deve-se buscar o Poder Judiciário, contudo, não haverá mais procedimento especial, mas procedimento comum (que substitui o ordinário). Haverá ainda o litisconsórcio necessário nesta hipótese? Sim, conforme art. 246, 3º. O professor cita tal exemplo para tecer crítica no que tange à localização deste artigo que, segundo ele, deveria estar localizado no art. 114. Importante dizer que, para os processos antigos, que estavam em trâmite e pendentes de sentença quando o novo CPC entrou em vigor, aplica-se o procedimento antigo (conforme visto em aula anterior), ex vi do art. 1.046, 1º, do CPC/15. Se for requisitada a usucapião sob a égide do novo CPC, esta seguirá o procedimento comum, contudo, deverão ser observados os requisitos de cada espécie de usucapião existente.

Art. 116, do CPC/15: definição de litisconsórcio unitário Art. 116. O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes. Importante relembrar que nestas hipóteses há interdependência de atuação dos litisconsortes, visto que a decisão deve ser única. Art. 117, do CPC/15 Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar. Contagem de prazo quando há formação de litisconsórcio Art. 229, do CPC/15 Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. Será concedido prazo em dobro para os litisconsortes com diferentes procuradores e que integrem escritórios de advocacia distintos 3. Tal norma de justifica devido ao fato de que, sendo o processo físico, não é possível que os dois procurados realizem carga simultânea dos autos, portanto, a concessão de prazo em dobro objetiva possibilitar que ambos tenham acesso às informações pertinentes. 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles. 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos. 3 O professor defende que tal norma traduz o caráter moralista do novo CPC, ou seja, ao estabelecer que o prazo somente será contado em dobro na hipótese de advogados que atuam em escritórios de advocacia distintos, o código buscou impedir que o benefício seja utilizado de forma torpe.

Não se aplica a disposição do caput aos processos eletrônicos, visto que todos os advogados têm acesso simultâneo aos autos. Litisconsórcio multitudinário (ou recusável) Hipótese na qual há uma quantidade excessiva de litisconsortes facultativos, dificultando a defesa do réu ou provocando tumulto do processo, por exemplo; nestas hipóteses, o juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo. À luz do CPC/73, tal limitação apenas era permitida na fase de conhecimento, com fulcro em seu art. 46, parágrafo único 4. O novo CPC (art. 113, 1º), acompanhando a prática processual, possibilitou a limitação de tal modalidade de litisconsórcio também na fase de liquidação e execução da sentença. Observe-se: Art. 113. 1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença. 4 Art. 46. Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)