CAPÍTULO VIII- CONCLUSÕES

Documentos relacionados
CAPÍTULO V-MINERAGRAFIA E QUÍMICA MINERAL DA UNIDADE SULFETADA

CAPÍTULO IV-GEOLOGIA DO OFIOLITO DE RIBEIRÃO DA FOLHA

CAPÍTULO III- SÍNTESE SOBRE OFIOLITOS E SEUS DEPÓSITOS MINERAIS

METAMORFISMO E QUÍMICA MINERAL DAS ROCHAS METASSEDIMENTARES

A UNIDADE METASSEDIMENTAR DO OFIOLITO DE RIBEIRÃO DA FOLHA, ORÓGENO ARAÇUAÍ, MINAS GERAIS: PETROGRAFIA, GEOTERMOBAROMETRIA E CALCOGRAFIA

Anexo III- Resultados de análise química mineral

CAPÍTULO VII-POTENCIAL METALOGENÉTICO VII.1- INTRODUÇÃO

Capítulo 6 CONCLUSÕES

Figura 1 Mapa de localização do Depósito Pilar (fonte: arquivos MSOL/2006)

Metamorfismo. Pressão e temperatura. Rocha original (protólito)

ROCHAS METAMÓRFICAS. EQUIPE 2 : Douglas Camargo Rodrigues Cardoso Gianluca Taques Juliane Cristine Santos dos Anjos Sergio Murilo dos Santos

GEOLOGIA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E METASSEDIMENTARES

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO UNIVASF CAMPUS SERRA DA CAPIVARA COLEGIADO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA CCINAT. Rochas Metamórficas

Rochas metamórficas 1

CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA E MINERALÓGICA DOS GRANULITOS DA ÁREA DE CRUZEIRO DO SUL, DOMÍNIO BACAJÁ, PROVÍNCIA TRANSAMAZONAS

Quais os principais agentes de metamorfismo? Qual a relação entre o metamorfismo e a tectónica de placas?

Metamorfismo. Roches metamórficas

GEOLOGIA. Professor: Adilson Soares Site:

quartzo ( 25%), biotita ( 18%), cordierita (18 %), K-feldspato ( 10%), granada (7 %), plagioclásio ( 3%) Minerais Acessórios: zircão, apatita, opacos

GEOLOGIA GERAL GEOGRAFIA

U3 PROCESSOS E MATERIAIS GEOLÓGICOS IMPORTANTES EM AMBIENTES TERRESTRES II MINERALOGIA E TEXTURAS DAS R. METAMÓRFICAS

Roberta Bomfim Boszczowski e Laryssa Petry Ligocki. Características Geotécnicas dos Solos Residuais de Curitiba e RMC

O metamorfismo é caracterizado por: mudanças mineralógicas crescimento de novos minerais sem adição de novo material (processo isoquímico);

Geologia, problemas e materiais do quotidiano

Metamorfismo I. Do grego meta - mudança e morfos -forma

Mas sem se dar alteração significativa da composição química global da rocha! 1)

Identificação macroscópica de Rochas Metamórficas. Portugal - Praia de Almograve

GEOLOGIA GERAL GEOGRAFIA

contendo sulfetos, óxidos e gases Constituíntes do MAGMA O TiO 2 O 3 O Na 2 SiO 2 Al 2 FeO MgO CaO K 2 HCl HF N 2 O CO 2 CO SO 2 SO 3 S 2 H 2

FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA CONTRATO CPRM/UFMG/059/2005

AGG00209 INTRODUÇÃO A PETROFÍSICA QUESTIONÁRIO 1 MINERAIS E ROCHAS

Rochas e Solos. Prof Karine P. Naidek Abril/2016

7 ALTERAÇÃO HIDROTERMAL

Investimentos minerais. Minas Gerais Bahia Tocantins

Metamorfismo e rochas metamórficas

4 GEOLOGIA DA REGIÃO DE SANTA BÁRBARA/BARÃO DE COCAIS

Identificação macroscópica de Rochas Metamórficas

RESSALVA. Alertamos para ausência dos Anexos, não incluídos pelo(a) autor(a) no arquivo original.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E ENGENHARIAS DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO VEGETAL. DPV 053 Geologia e Pedologia

Rochas Metamórficas. Rochas Metamórficas

Curso de Especialização em Beneficiamento Mineral

Apresentação de Dados Geoquímicos

Projeto Cobre. Bahia Brasil Agosto

Universidade Federal do Paraná Departamento de Construção Civil. Universidade Federal do Paraná Departamento de Construção Civil

Revisão sobre Rochas e Minerais

1 ROCHAS Assembléia de minerais Rocha = mineral essencial (principal) + minerais assessórios

INTRODUÇÃO À GEOTECNIA (TEC00249)

AULA 11b: MINERALIZAÇÃO BORDAS CONVERGENTES

Composição química: 74,2% de SiO 2 (rocha ácida) e mais de de Al 2 O 3, K 2 O e Na 2 O.

Mapa Lâminas Petrográficas

Apêndice I - DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA DOS BASALTOS

Identificação macroscópica de Rochas Metamórficas

Metamorfismo de Rochas Pelíticas

Palavras-chave: Anfibolitos; Sequência Rio das Mortes; geoquímica; química mineral; Cinturão Mineiro.

Rochas metamórficas. Zona de subducção

Palavras-chave: Cianita-cordierita-biotita xisto; Sillimanita-granada granulito; Geoqumica; Fusão parcial.

PETROGRAFIA DE INTRUSÕES BÁSICAS MESOZÓICAS E DE HORNFELS NAS FORMAÇÕES IRATI E PONTA GROSSA DA BACIA DO PARANÁ, PR

6 GEOLOGIA DA ÁREA DO DEPÓSITO PILAR

GEOLOGIA. Professor: Adilson Soares E- mail: Site:

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL MINAS GERAIS CAMPUS CONGONHAS CONCURSO PÚBLICO DE PROVAS E TÍTULOS EDITAL Nº 062/2014 MINERAÇÃO ÁREA 4

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS MAPEAMENTO GEOLÓGICO RELATÓRIO PARCIAL ÁREA 7 (MINAS GERAIS)

Mapeamento Geológico

A importância dos minerais de argila: Estrutura e Características. Luiz Paulo Eng. Agrônomo

CONCEITOS BÁSICOS DE GEOLOGIA ECONÔMICA

Relatório preliminar de petrografia e metamorfismo de Itutinga (MG): Grupo Área II de Minas Gerais

Adaptações metamórficas, ex.

ANÁLISE DE PROVENIÊNCIA DOS SEDIMENTOS DE FUNDO DO RIO ARAGUARI-AP COM BASE NAS ASSEMBLÉIAS MINERALÓGICAS

CAPÍTULO 3 GEOLOGIA. 3.1 Geologia Regional

Exemplos de relevo no Brasil Corcovado (RJ) Pico do Jaraguá (SP) Serra da Canastra (MG) Serra do Espinhaço (MG) Serra do Caraça (MG)

Foliações & Lineações

CONVERSÕES. Cálculo da Norma 15/10/2012. Geoquímica de Rochas NORMA CIPW Premissas de cálculo NORMA CIPW

GEOLOGIA DE SANTA TEREZINHA DE GOIÁS

GRAU METAMÓRFICO DAS FORMAÇÕES FERRÍFERAS DO GREENSTONE BELT MORRO DO FERRO: ABORDAGEM UTILIZANDO TEXTURAS DE EXSOLUÇÃO EM ANFIBÓLIOS

Introdução. Importância - 70 % das rochas da crosta terrestre são formadas a partir de magma

Fatores de Formação do Solo. Unidade III - Fatores de Formação do Solo

Agregados de minerais

Millook Haven - Cornwell - UK. Portas de Moura, Évora. Pt. Rochas Metamórficas. Prof: Marcel Sena Campos

Sulfureto (S2-) Catiões (alguns exemplos, raio dado em 10-8 cm) 1,81 1,84. 2) Semi-metais (Ar, arsénio, Bi, bismuto, Sb, antimónio) Grafite (C)

Geologia, problemas e materiais do quotidiano

ROCHAS ÍGNEAS ENG1202-LABORATÓRIO DE GEOLOGIA. Prof. Patrício Pires 20/03/2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DA NATUREZA

Evolução metamórfica e termobarometria das rochas metamáficas/ metabásicas da região de Pontalina - GO

ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE

CAPÍTULO 2 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS Clima Relevo Hidrografia Solos Vegetação... 13

Renata Ribas Zanella 1 e Leonardo Fadel Cury 2 1

ST 409 ELEMENTOS DE GEOLOGIA E MECÂNICA DOS SOLOS ROCHAS METAMÓRFICAS

MODIFICAÇÕES SEDIMENTARES NA

GEOLOGIA DE ISÓTOPOS RADIOGÊNICOS

CAPÍTULO 6 OCORRÊNCIAS DE FLUORITA, COMPOSIÇÃO DAS ROCHAS E TEORES DE FLÚOR

Deep Sea Drilling Vessel (D/V) CHIKYU is the first riser equipped scientific drilling vessel built for science at the planning stage.

Capítulo 6 ROCHAS METAMÓRFICAS

Relatório parcial de Mapeamento Geológico de Carrancas - MG: Área IV

TIPOS DE ROCHAS. Magmáticas provenientes do arrefecimento e solidificação do magma.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS RELATÓRIO PRELIMINAR DA ÁREA 5 DA REGIÃO DE ITUMIRIM- ITUTINGA. Mapeamento Geológico

O método Rb-Sr. Os cuidados na coleta de amostras para a sistemática Rb-Sr, no geral são os mesmos dos para a coleta para Ar-Ar e Sm-Nd.

AVALIAÇÕES QUÍMICA, MINERALÓGICA E FÍSICA DE UM TIPO DE ROCHA DA EMPRESA SULCAMAR

INTRODUÇÃO À GEOTECNIA (TEC00249)

Tratamento de minérios. Introdução

Tratamento de minérios. Introdução

Transcrição:

CAPÍTULO VIII- CONCLUSÕES Com base nos dados e resultados obtidos no presente trabalho, as seguintes conclusões podem ser enumeradas: 1) A seção sedimentar do ofiolito de Ribeirão da Folha é composta, em ordem decrescente de abundância, pelos seguintes litotipos: - Quartzo-mica xisto de granulação variável entre fina e média, textura lepidoblástica, composto basicamente por quartzo e biotita, com muscovita, granada, estaurolita, cianita e minerais opacos (ilmenita ± sulfetos) subordinados; - Xisto peraluminoso de granulação variável entre média e grossa, textura lepidoblástica, constituído essencialmente por micas, quartzo, granada, cianita e estaurolita. Ilmenita, sulfetos, grafita, rutilo e zircão são acessórios comuns. Quimicamente, os porfiroblastos de granada, com composição dominada pela molécula da almandina, caracterizam-se por zonas centrais ricas em Ca e Mn e bordas enriquecidas em Mg e Fe. As palhetas de biotita são homogêneas e, em relação à composição, tendem ao membro final da série annita-flogopita; - Xisto grafitoso intercalado no quartzo-mica xisto e xisto peraluminoso, constituído por grafita, muscovita, quartzo, cianita e biotita. Sulfetos são os acessórios comuns; - Metacherts: são rochas compostas essencialmente por quartzo e minerais que evidenciam contribuição aluminosa (pelítica), cálcico-ferro-magnesiana e titanífera. Quatro variedades foram distinguidas, com base na composição mineralógica, coloração e presença de sulfetos: (i) Tipo 1- metachert de coloração branca a cinza-clara, puro, onde o quartzo é o mineral principal (> 80% do volume total da rocha); (ii) Tipo 2- metachert de coloração branca a cinza-clara, micáceo, composto basicamente por quartzo e muscovita; (iii) Tipo 3- metachert de coloração cinza-clara, impuro, formado por quartzo, anfibólio (solução sólida da série da tremolita), muscovita, plagioclásio cálcico (An 88-92,3; Ab 0,2-0,3; Or 7,6-11,7 ), granada e sulfetos e, (iv) Tipo 4- metachert de coloração cinzaescura, impuro, composto por quartzo, granada (rica nas moléculas de almandina e espessartita), anfibólio (membro intermediário da série das hornblendas), carbonato e sulfetos; - Formações ferríferas bandadas dos tipos silicato, óxido e sulfetos, associadas aos metacherts e diopsiditos no médio Ribeirão da Folha. A FFB do tipo silicato apresenta bandas ferruginosas compostas por granada (rica nos termos almandina e piropo), anfibólio (membro intermediário da série cummingtonita-grunerita), biotita e clorita. As bandas ferruginosas da FFB do tipo óxido são compostas, principalmente, por magnetita de granulação fina; 96

- Diopsidito de granulação predominantemente grossa, com foliação inexistente ou incipiente, composto por bandas ricas em quartzo ± anfibólio (tremolita) e bandas ricas em diopsídio + tremolita + sulfetos ± titanita ± carbonato. 2) As formações ferríferas bandadas do tipo óxido da Formação Capelinha apresentam bandas ferruginosas compostas predominantemente por hematita (produto da martitização da magnetita), com magnetita e ilmenita subordinados. Ilmenita é comum em grande parte dos ortoanfibolitos e xistos pelíticos da Formação Ribeirão da Folha. Este fato, juntamente com a associação com quartzitos e metapelitos, sugere que a FFB da Formação Capelinha seja produto da erosão da pilha ofiolítica antes do metamorfismo regional, mas ainda durante a fase de transporte tectônico pré- a sincolisional. 3) Dois acervos de estruturas principais são caracterizados para a área em estudo: (i) acervo dúctil, evidenciado por uma xistosidade principal (Sn), que localmente se caracteriza como uma clivagem de crenulação que transpõe uma foliação anterior (Sn-1) e, (ii) acervo rúptil, marcado por dois sistemas de fraturas preferenciais, com direções NE e NW, e por um sistema de clivagem espaçada rúptil ou de fratura. 4) A caracterização do metamorfismo regional foi estabelecida a partir da análise qualitativa e quantitativa de associações mineralógicas presentes nos xistos pelíticos. A análise qualitativa baseou-se na individualização das seguintes paragêneses minerais: (i) quartzo + muscovita de granulação fina (variedade sericita) ± biotita, relacionada à foliação (Sn-1) e que indica fácies xisto verde baixo e, (ii) quartzo + biotita + granada ± estaurolita ± cianita ± muscovita ± plagioclásio ± minerais opacos, associada à xistosidade principal (Sn) e indicadora de fácies anfibolito, zona da cianita. 5) A análise quantitativa foi realizada com base em cálculos de pressão e temperatura da xistosidade principal (Sn), através do par granada-biotita (6 calibrações) e do banco de dados termodinâmicos Thermocalc V 3.1. Os intervalos de temperatura (530-600 C) e pressão (4,9-5,3 kbar) obtidos indicam que a seção sedimentar do ofiolito sofreu metamorfismo sob condições de fácies anfibolito intermediário, de média pressão e temperatura antes da 1ª isógrada da anatexia. Estes dados estão coerentes com as paragêneses obtidas na análise qualitativa do metamorfismo. 97

6) A caracterização mineragráfica das diversas fases sulfetadas, baseada principalmente em relações texturais, de inclusão e de intercrescimento, permite a identificação de pelo menos três estágios de sulfetação nas rochas da unidade sulfetada (metacherts dos tipos 2 a 4 e diopsiditos), relacionados à recristalização mineral durante o metamorfismo regional e à circulação de fluidos hidrotermais. A análise das características citadas acima permite o reconhecimento da seqüência de formação das fases sulfetadas, numa ordem que pode ser exemplificada da seguinte maneira: Precipitação de sulfetos a partir de um fluido hidrotermal submarino (estágio 1) metamorfismo regional com recristalização mineral (estágio 2) alteração hidrotermal (estágio 3) O estágio 1 caracteriza-se pela precipitação de pirita + calcopirita (mais algum outro sulfeto?) a partir de um fluido hidrotermal sobre/ou próximo ao assoalho oceânico. A percolação deste fluido é condicionada pelo processo de convecção alimentado pelo calor dos corpos máfico-ultramáficos subvulcânicos. O estágio 2 está relacionado ao metamorfismo regional de fácies anfibolito médio (temperatura entre 530 e 600 C e pressão entre 4,9 e 5,3 kbar) e caracteriza-se pela recristalização de pirita + calcopirita sob a forma de pirrotita, um sulfeto de mais alta temperatura. Esta é a principal fase de geração de sulfetos e, de maneira geral, pode ser evidenciada por: (i) recristalização dos sulfetos ao longo da xistosidade principal (Sn), principalmente nas variedades de metachert. Nas amostras de diopsidito, os sulfetos estão associados, preferencialmente, às bandas ricas em diopsídio e tremolita, preenchendo espaços intergranulares ou como inclusões no diopsídio. A diferença de reologia entre os dois litotipos condiciona esta diferença de comportamento. Os diopsiditos apresentam bandamento (metamórfico?) bem desenvolvido, sendo gerados no domínio dúctil-rúptil. Neste contexto, os sulfetos se concentram nos contatos entre os grãos, preenchendo os espaços vazios; (ii) inclusões de pirita e/ou calcopirita nos cristais de pirrotita, mostrando a nítida relação entre os dois primeiros sulfetos e a geração de pirrotita. Entretanto, a presença de certa quantidade de pirrotita isenta de inclusões sugere o consumo total de pirita + calcopirita ou a formação a partir de outros fluidos hidrotermais. O terceiro estágio é caracterizado pela alteração de minerais previamente formados por circulação de fluidos hidrotermais superficiais. Duas etapas podem ser distinguidas: (i) alteração de pirrotita, com substituição por microcristais de pirita e marcassita, gerando a pirrotita olho-de-pássaro. Esta feição ocorre generalizadamente neste sulfeto; 98

(ii) alteração da pirrotita olho-de-pássaro e calcopirita, gerando pirita botrioidal (concêntrica) e covelita, respectivamente. 7) A caracterização química dos minerais opacos englobou os principais sulfetos e inclusões. De uma maneira geral, a distribuição dos elementos maiores em todos os sulfetos é homogênea, não apresentando diferenças significativas entre borda e núcleo dos cristais. Dentre os elementos menores, os que mais se destacam são os siderófilos Ni e Co, especialmente nas amostras de diopsidito sulfetado com inclusões de pentlandita cobaltífera (26,6-29,6% Ni e 10,5-10,9% Co). Raros cristais cromíferos (alumínio cromita?), associados à pirrotita, estão presentes nos diopsiditos e podem ser herança química de fluidos extraídos de rochas máfico-ultramáficas. 8) O tratamento e interpretações dos dados litoquímicos buscou a avaliação da importância relativa entre as contribuições pelítica, da água do mar e das rochas ígneas. As variedades de metachert (tipos 1 a 4) apresentam contribuição pelítica crescente, com aumento no conteúdo de aluminosilicatos e micas, e dos teores de Al 2 O 3 e K 2 O. O padrão de distribuição dos elementos terras raras, especialmente do tipo 4, é próxima dos xistos pelíticos. A forte anomalia negativa de Eu é outro fator importante e ratifica a contaminação pelítica do precipitado hidrotermal. O diopsidito é uma rocha híbrida, com porções exalativas (evidenciada por quartzo + sulfetos) e marcante contribuição química de assinatura máfico-ultramáfica. Trata-se de uma rocha rica em cálcio e magnésio que provavelmente foram lixiviados da pilha máfica e/ou seção ultramáfica. O enriquecimento em Cr, Ni e Co é marcante na amostra do alto Ribeirão da Folha, que se associa aos corpos de ortoanfibolitos. 9) A FFB do tipo silicato está intimamente associada aos xistos pelíticos em todos os diagramas apresentados, sugerindo que houve adição de material argiloso ao fluido ferro-silicoso exalativo. 10) A partir da caracterização petrográfica e geoquímica e das relações de campo, o ambiente de deposição dos litotipos da seção sedimentar são interpretados da seguinte maneira: (i) as variedades de metachert e as formações ferríferas bandadas se depositaram longe da fonte hidrotermal; as principais evidências são a grande contribuição pelítica sobre estas rochas e a nítida diferença do padrão de distribuição dos ETR destas litologias e daquelas depositadas próximo à fonte hidrotermal em zonas ativas nos dias atuais e, (ii) os diopsiditos sulfetados provavelmente são representantes do condutos exalativos, deformados e desmembrados tectonicamente. 99

11) As principais ocorrências auríferas estão associadas às zonas de cisalhamento sulfetadas e veios de quartzo, sem registro significativo deste metal. Os fluidos mineralizantes, produtos da desvolatização das rochas metassedimentares durante o metamorfismo regional de fácies anfibolito médio, não encontraram condições propícias para deposição de ouro nas zonas de cisalhamento, mais provavelmente em função das condições de PT do metamorfismo (530-600 C; 4,9-5,3 kbar) do que da ausência de rochas geoquimicamente capazes de provocar a cristalização dos compostos portadores de Au. Assim, a área de Ribeirão da Folha-Baixa Quente representaria uma zona profunda de produção de fluidos, com pequena capacidade de retenção de mineralização aurífera em suas rochas. Os xistos hospedeiros dos veios auríferos da região de Minas Novas, que apresentam metamorfismo de fácies xisto verde e/ou transição xisto verde/anfibolito (zona da granada; ca. 450 C; Pedrosa-Soares, 1995), seriam os receptores dos fluidos metamórficohidrotermais, produzidos e liberados por seção mais profunda da Formação Ribeirão da Folha, localizada na área estudada nesta dissertação, a temperaturas entre 530 e 600 C. 12) Os elementos do grupo da platina (EGP) também não apresentam ocorrência e/ou anomalias significativas nas amostras metassedimentares. 13) No estágio atual dos estudos, considerados também os dados disponíveis além desta dissertação, o ofiolito de Ribeirão da Folha se apresenta como alvo de pouco interesse prospectivo, embora os trabalhos realizados tenham sido, até o momento, somente de cunho científico, à exceção das campanhas regionais de prospecção que muito pouco detalharam este terreno. 100