Alternativas de Substratos Para Produção de Mudas de Piptadenia moniliformis Benth.

Alternativas de Substratos Para Produção de Mudas de Piptadenia moniliformis Benth. Welyton Martins de Freitas Souza ( ¹ ) ; Verônica Carvalho de Castro (2) ; Taíse Severo Aozani (3) ; Denilzia Marques Carvalho (4) ; Séfora Gil Gomes de Farias (5) 1 Estudante do Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Campus Profª Cinobelina Elvas (CPCE), 64.900-000, Bom Jesus-PI, Brasil; welytonjunior@hotmail.com; 2 Estudante do Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Campus Profª Cinobelina Elvas (CPCE), 64.900-000, Bom Jesus-PI, Brasil; veronicacarvalho89@yahoo.com; 3 Estudante do Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Campus Profª Cinobelina Elvas (CPCE), 64.900-000, Bom Jesus-PI, Brasil; taiseaozani@hotmail.com ; 4 Estudante do Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Campus Profª Cinobelina Elvas (CPCE), 64.900-000, Bom Jesus- PI, Brasil; deny.mc@hotmail.com; 5 Profª. Drª. Departamento de Engenharia Florestal da UFPI, CPCE, 64.900-000, Bom Jesus-PI, Brasil; seflora@gmail.com. RESUMO Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes proporções de paú de buriti na formulação do substrato para produção de mudas de Piptadenia moniliformis Benth.. O experimento foi conduzido no viveiro florestal da Universidade Federal do Piauí, Campus Profª. Cinobelina Elvas. As mudas permaneceram por 45 dias no viveiro, durante este período, avaliou-se os seguintes parâmetros: Comprimento da Parte Aérea (CPA), Comprimento do Sistema Radicular (CSR), Comprimento Total (CPT), Massa Seca da Parte Aérea (MSPA), Massa Seca do Sistema Radicular (MSSR) e Massa Total (MST). Os tratamentos utilizados foram: T1-100% Paú de buriti; T2-100% areia; T3-50% Paú de buriti e 50% areia; T4-75% Paú de buriti e 25% areia; T5-25% Paú de buriti e 75% areia. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco repetições de 4 plantas, perfazendo um total de 20 plantas por tratamento. Os dados foram analisados por meio da análise de variância e a médias comparadas pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade. O Paú de buriti tem potencial para ser utilizado como substrato alternativo para produção de mudas de Angico de bezerro (Piptadenia moniliformis Benth). Os resultados obtidos neste trabalho, ainda que sem muita representatividade, mostram que os tratamentos T3 e T4 são os mais adequados para a produção de mudas dessa espécie. Palavras-chave: Palmeira do buritizeiro, crescimento, emergência, angico de bezerro. INTRODUÇÃO O êxito dos projetos de reflorestamentos comerciais ou com fins conservacionistas depende, entre outros fatores, da correta escolha das espécies. Devido às múltiplas e complexas inter-relações - Resumo Expandido - [14] ISSN: 2318-6631

e interações com o meio, a escolha de espécies será tanto mais correta quanto maior for o conhecimento que se tenha destas, principalmente no que se refere à ecologia e ao seu comportamento silvicultural. Os estudos sobre as espécies florestais nativas, de maneira geral, são incipientes e se relacionam, sobretudo, com as suas características botânicas e dendrológicas (MESQUITA et. al., 2011). Dentre as espécies nativas de elevado potencial, destaca-se o angico de bezerro (Piptadenia moniliformis Benth.), uma leguminosa arbórea, melífera, pioneira, rústica e de rápido crescimento. Seus ramos finos, junto com as folhas, servem como alimento para animais, sendo adaptada a terrenos secos constituindo importante suporte forrageiro, permanecendo verde durante a época de seca. (LORENZI, 2002). A espécie é de ampla ocorrência em áreas de Caatinga, podendo ser encontrada nos Estados do Maranhão, Piauí, Ceará e Bahia. Além disso, Azerêdo (2009) ressalta que ela é empregada em obras de construção civil, marcenaria leve e na fabricação de carvão, sendo também indicada para a composição de reflorestamento com fins preservacionistas, além de ser utilizada de forma medicinal. Na produção de mudas em viveiros a sua qualidade é mais importante que a quantidade e esta dependem de dois aspectos importantes. O primeiro é de ordem genética, daí a importância da origem e qualidade da semente, e a segunda é a sua condição física e morfológica (SARDINHA, 2008). Dentre os diversos componentes que afetam a produção de mudas, o substrato desempenha importante papel na obtenção de mudas de boa qualidade. O substrato tem fatores como aeração, estrutura, capacidade de retenção de água, grau de infestação de patógenos que podem variar de um substrato para o outro, favorecendo ou prejudicando a germinação de sementes (MESQUITA et al., 2011). A escolha de um substrato, além de envolver sua disponibilidade regional, a garantia de sua aquisição permanente e seu custo, deve principalmente ser eficiente quanto a aeração, drenagem, retenção de água e a disponibilidade de nutrientes (ALVES et al., 2012). Apesar de nos dias atuais existirem várias formulações de adubação já conhecidas e utilizadas em viveiros florestais, não há conhecimento das exigências nutricionais da maioria das espécies nativas, além de o emprego dessas formulações comerciais estarem acessível a poucos silvicultores e, a determinadas regiões do país. Por essas razões, substratos alternativos, devem ser estudados, visando baixar os custos de produção de mudas e tornar essa atividade acessível a todos os produtores rurais, interessados em recompor suas áreas ou explorar alguma atividade silvicultural (SARDINHA, 2008). Entre os diferentes materiais utilizados como substrato alternativo, o paú de buriti surge como um deles, pois é bem distribuído na região sul do Piauí, porém, pouco estudado. É um produto originado do caule decomposto do buriti (Mauritia flexuosa) e apresenta potencial para compor substrato de cultivo de espécies arbóreas (SOUSA et al., 2010). Amaral et al., (2010) caracterizaram o pau de buriti com ph 6,8; condutibilidade elétrica (CE) 0,31mS/cm; Nitrogênio (N) 1,98 mg/l; Potássio (K) 22,77 mg/l; Cálcio (Ca) 2,13 mg/l; e Magnésio (Mg) 0,93 mg/l. E Avelino et al.(2010) ainda caracterizaram fisicamente o Paú de buriti, contendo densidade úmida (DU) 625 Kg/m³, densidade seca (DS) 124 Kg/m³, capacidade de retenção de água (CRA) 57%, espaço de aeração (EA) 35% e porosidade total (PT) 93%. Com base no contexto acima, este trabalho teve como objetivo testar diferentes proporções de pau de buriti na formulação de substrato para a produção de mudas de angico de bezerra (Piptadenia moniliformis Benth). MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi desenvolvido no Viveiro da Universidade Federal do Piauí/Campus Professora Cinobelina Elvas, na cidade de Bom Jesus-Piauí. Foram utilizadas sementes de Angico de bezerro (Piptadenia moniliformis Benth), coletadas em uma área de vegetação nativa no município - Resumo Expandido - [15] ISSN: 2318-6631

de Bom Jesus-PI, os frutos foram coletados com auxílio de um podão e posteriormente, procedeu-se o beneficiamento dos mesmos. As sementes selecionadas foram submetidas ao método de superação de dormência por imersão em água a 80ºC até o resfriamento. Após submeter às sementes ao tratamento de quebra de dormência as mesmas foram semeadas diretamente nos tubetes que foram preenchidos com substrato a base de paú de buriti, originado da decomposição do caule da palmeira do buritizeiro (Mauritia flexuosa). Os tratamentos adotados na produção das mudas de angico de bezerro foram: T1-100% Paú de buriti; T2-100% areia; T3-50% Paú de buriti e 50% areia; T4-75% Paú de buriti e 25% areia; e T5-25% Paú de buriti e 75% areia. O experimento foi coberto com sombrite de 50%, sendo irrigado diariamente duas vezes ao dia. Após 45 dias procedeu-se a avaliação dos seguintes parâmetros: comprimento da parte aérea (CPA), comprimento do sistema radicular (CSR), comprimento total (CPT), massa seca da parte aérea (MSPA) massa seca do sistema radicular (MSSR) e massa seca total (MST). Os parâmetros de (CPA) e (CPR) foram avaliados com as plântulas normais de cada repetição, onde foram medidas as raízes e a parte aérea com o auxílio de uma régua graduada, sendo os resultados expressos em cm.plântula -1. O comprimento total (CPT) foi a soma do CPA+CSR. Para a determinação da (MSPA) e (MSSR), foi utilizado o método da pesagem em balança de precisão, após secagem do material em estufa a 80 C por 24 horas. A matéria seca total (MST) foi a soma dos pesos citados. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com cinco repetições constituídas de 4 mudas, perfazendo um total de 20 por tratamento. Os dados foram analisados por meio de análise de variância e Teste Duncan ao nível de 5% de probabilidade, usando o programa ASSISTAT. RESULTADOS E DISCUSSÃO Quanto ao comprimento da parte aérea (CPA), conforme a Tabela 2, não houve diferença entre os tratamentos testados. Já para o comprimento do sistema radicular (CSR), constatou-se diferença significativa entre os tratamentos, sendo observados os maiores valores no tratamento T1-100% Paú de buriti e os menores valores nos tratamentos T5-25% de Paú de buriti. Esta eficiência no crescimento das raízes confirma os dados obtidos por Avelino et al., (2010) que apontaram o Paú de buriti como importante componente para a produção de mudas por apresentar características físicas adequadas para favorecer o desenvolvimento das mudas. Sousa et al., (2010) mencionaram que a adição de Paú de buriti aos substratos de cultivo, proporcionou melhores resultados de altura, diâmetro e na relação entre altura sobre diâmetro das mudas de tamboril (Enterolobium contortisiliquum) mostrando assim, que Paú de buriti pode ser utilizado como alternativa viável para a redução dos custos dos substratos de cultivo de espécies arbóreas. Com relação a (MSPA) o tratamento T3-50% Paú de buriti e 50% areia, foi o que mais se destacou, isso pode ser explicado pelo bom desenvolvimento alcançado por esse tratamento no parâmetro comprimento da parte aérea (CPA). Os tratamentos T1-100% Paú de buriti e T2-100% obtiveram resultados inferiores aos demais. Quanto a (MSR), os tratamentos não diferiram entre si. Já na (MST), houve diferença significativa, onde o T3-50% Paú de buriti e 50% areia, se diferenciou estatisticamente em consequência do bom desempenho desse tratamento no parâmetro (MSPA). Tabela 2 Valores de Comprimento da parte aérea (CPA) comprimento do sistema radicular (CSR), comprimento total (CPT), matéria seca da parte aérea (MSPA), matéria seca das raízes (MSR e matéria seca total (MST) de mudas de Piptadenia moniliformis Benth produzidas em diferentes substratos a base de Paú de buriti. - Resumo Expandido - [16] ISSN: 2318-6631

Tratamento** CPA CSR CPT MSPA MSR MST T1 5,53 a 13,97 a 19,50 a 0,057 b 0,022 a 0,078 b T2 4,18 a 10,10 ab 14,28a 0,055 b 0,021 a 0,077 b T3 6,60 a 13,15 ab 19,75 a 0,115 a 0,151 a 0,267 a T4 5,99 a 12,25 ab 18,24a 0,090 ab 0,034 a 0,125 ab T5 3,80 a 7,65 b 11,45 a 0,061 ab 0,028 a 0,089 b * Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si, pelo teste Duncan, ao nível de 5% de probabilidade. CONCLUSÃO Nas condições avaliadas neste trabalho conclui-se que o Paú de buriti apresenta potencial para ser utilizado como substrato alternativo na produção de mudas de angico de bezerro. Os resultados obtidos neste trabalho, ainda que sem muita representatividade, mostram que os tratamentos T3 e T4 são os mais adequados para a produção de mudas dessa espécie. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, A. S.; OLIVEIRA, L. S.; ANDRADE, L. A.; GONÇALVES, G. S.; SILVA, J. M. Produção De Mudas De Angico Em Diferentes Tamanhos De Recipientes E Composições De Substratos. Revista Verde. Mossoró RN, v. 7, n. 2, p. 39-44, abr-jun, 2012. ISSN 1981-8203. AMARAL, G. C. BRITO, L. P. S. B. AVELINO, R. C. JÚNIOR, V. S. CAVALCANTE, I. H. L. CAVALCANTE. M. Z. B. Caracterização Química De Potenciais Substratos Formulados A Partir De Materiais Regionais No Piauí. In: VII ENSub, p.15-18 de setembro de 2010, Goiânia, Goiás. AVELINO, R. C. BRITO, L. P. S. B. JÚNIOR, V. S. AMARAL, G. C. CAVALCANTE, I. H. L. CAVALCANTE. M. Z. B. Caracterização Física De Materiais Regionais Como Substratos Para A Produção De Mudas. In: VII ENSub, p.15-18 de setembro de 2010, Goiânia, Goiás. AZERÊDO, G. A. Qualidade Fisiológica De Sementes De Piptadenia moniliformis Benth. 2009. 121f.Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2009. LORENZI, H. Árvores Brasileiras: Manual De Identificação E Cultivo De Plantas Arbóreas Do Brasil. São Paulo: Nova Odessa, p. 197, 2002. MESQUITA, J.B.; SANTOS, M. J. C.; RIBEIRO, G. T.; MOURA, A. O. Avaliação Da Composição De Substratos E Recipientes Na Produção De Mudas De Jenipapo (Genipa americana L.). Natural Resources, Aquidabã, v.1, n.1, p.37 45, 2011. ISSN 2237 9290. SARDINHA, M. R. A.; MANUAL DO VIVEIRO FLORESTAL. Peru, Europam, Lda, p.70, 2008. SOUSA, W. C. BRITO, D. R. S. AMARAL, F. H. C. NÓBREGA, R. S. A. NÓBREGA, J. C. A. Caracterização Química De Substratos Compostos De Pau De Buriti Para Cultivo De Mudas De Espécies Arbóreas. In: VII ENSub, p.14-18 de setembro de 2010, Goiânia, Goiás. SOUZA, V. C.; ANDRADE, L. A.; BRUNO, R. L.; CUNHA, A. O.; SOUZA, A. P. Produção De Mudas De Ipê-Amarelo (Tabebuia serratifolia (Vahl.) Nich.) Em Diferentes Substratos E Tamanhos - Resumo Expandido - [17] ISSN: 2318-6631

De Recipientes. Revista Agropecuária Técnica. Areia, PB, CCA/UFPB, v.26, n.2, 2005. ISSN 0100-7467 - Resumo Expandido - [18] ISSN: 2318-6631