EDIFÍCIO SOLAR XXI UM EDIFÍCIO ENERGETICAMENTE EFICIENTE EM PORTUGAL. Gonçalves H.P.*, Cabrito P.**



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7. Exemplos de Aplicação

Transcrição:

XII Congreso Ibérico y 67 VII Congreso Íbero Americano de Energía Solar Vigo, España, 14-18 Septiembre 2004 2004 M. Vázquez y J. F. Seara (Editores) EDIFÍCIO SOLAR XXI UM EDIFÍCIO ENERGETICAMENTE EFICIENTE EM PORTUGAL Gonçalves H.P.*, Cabrito P.** *Departamento de Energias Renováveis, Instituto Nacional de Engenharia Tecnologia e Inovação, Estrada do Paço do Lumiar, Lisboa, 1649-038, Portugal, + 351 217 124 759, + 351 217 127 195 helder.goncalves@ineti.pt **Pedro Cabrito Arquitectos, Rua Passos Manuel nº96 - CV Esqª., 1150-260 Lisboa, tel. 21 314 35 81, fax 21 330 46 57, e-mail: pc.ic@mail.telepac.pt RESUMO Nesta comunicação apresenta-se um edifício solar em construção em Lisboa, no Campus do INETI, que pretende ser um ex-libris na utilização de sistemas solares passivas e activos num edifício de serviços. Descreve-se o edifício em termos arquitectónicos e de estratégia conceptual, dando enfase à descrição dos sistemas passivos e activos, realçando a utilização de sistemas solares fotovoltaicos na fachada e o seu aproveitamento electrico e térmico. É descrita a utilização de um sistema de tubos enterrados, como principal sistema de arrefecimento passivo do edifício. PALAVRAS CHAVE: Eficiência Energética nos Edifícios, Sistemas Solares Passivos (Aquecimento e Arrefecimento), Sistemas Fotovoltaicos (electrico e térmico), Iluminação e Ventilação Natural. ABSTRACT A building service under construction in INETI Campus in Lisbon is presented. This building pretend to be a ex-libris on the integration and use of passive and active systems in a building service. In this paper, the description of the building is done in terms of architectural concept and strategy, a description of the passive and active systems is presented, emphasizing the use of PV systems for electricity production and thermal use for heating the building. Also a description of the in buried pipes is done, as the main cooling system in the building. KEYWORDS: Energy Efficiency in Buildings, Passive Systems for Heating and Cooling, PV systems (Electricity and thermal use) and Natural Lighting and Ventilation.

68 INTRODUÇÃO A construção de edifícios com características específicas de aproveitamento das condições climáticas (Arquitectura Bioclimática) ou edifícios que utilizem os denominados sistemas solares passivos (Edifícios Solares Passivos) é relativamente recente em Portugal. Os primeiros exemplos surgem durante a década de 80 por iniciativa de alguns arquitectos que assumidamente integraram essa perspectiva no projecto, vêr livro Edifícios Solares Passivos em Portugal (Gonçalves et alt., 1997). Recentemente esta temática ganhou algum enquadramento com o lançamento do Programa P3E (Programa para a Eficiência Energética em Edifícios) onde um dos objectivos específicos é o de promover este tipo de edifícios. No âmbito deste Programa foi mesmo lançado um Prémio Nacional para o denomidado Edifício Energeticamente Eficiente, quer para edifícios residenciais quer de serviços, tendo sido atribuidos em Maio de 2004 os primeiros prémios [1]. Os primeiros projectos, tiveram sobretudo uma preocupação de integrar a perspectiva do aquecimento solar, sendo que se verifica em alguns dos projectos mais recentes, a preocupação do arrefecimento passivo. No edifício que se apresenta nesta comunicação, estamos perante um edifício que integra a perspectiva passiva quer para aquecimento quer para arrefecimento, bem como a integração de sistemas fotovoltaicos e solar térmico activo. CONCEITO DO EDIFÍCIO O titulo EDIFÍCIO SOLAR XXI, pelo qual se identifica este projecto, corresponde a um conceito de integração de Sistemas Solares Passivos, determinante na concepção formal de todo o edifício. Procurou-se que o projecto cumprisse determinados requisitos que o identificam claramente com um filosofia solar passiva de desempenho térmico, procurando eliminar a necessidade de recorrer aos tradicionais sistemas mecânicos de aquecimento e arrefecimento para se atingirem niveis satisfatórios de conforto ambiental, tanto no Inverno, como no Verão. Por outro lado, tentou-se que os sistemas utilizados não se assumissem formalmente como elementos adicionados à arquitectura, mas que eles próprios fossem geradores do conceito formal do edifício, resultando numa lógica de conjunto e não como uma perturbação adicionada. Pensamos ser esta uma das dificuldades maiores da integração das Tecnologias Solares Passivas, na medida em que existe claramente o preconceito, entre a classe dos profissionais do projecto, de que o solar passivo interfere negativamente com a liberdade de criação formal da solução arquitectónica. Um dos objectivos principais do projecto é tentar atingir uma síntese final que evidencie que o aproveitamento consciente da energia solar é compatível com o rigor formal de um edifício de arquitectura contemporânea. ESTRATÉGIA DO EDIFÍCIO O edifício foi concebido de forma a potenciar o uso de energias renováveis e de acordo com uma lógica de aproveitamento passivo. Apresenta as seguintes estratégias; Optimização da envolvente, reduzindo as cargas térmicas do edifício, Fachada Solar a Sul, como um Sistema de Ganho Directo para aquecimento, Fachada Fotovoltaica, para aproveitamento electrico (100m 2 e 12 kwp)

69 Aproveitamento Térmico da Fachada Fotovoltaica, por convecção natural Sistema de Arrefecimento Passivo por tubos enterrados Sistema de Ventilação Natural Sistema Solar Activo para aquecimento Sistema de Iluminação Natural PV Fig. 1. Fachada Sul do Edifício Solar com painéis Fotovoltaico Fig. 2. Fachada Nascente e Norte do Edifício Solar DESCRIÇÃO DO EDIFÍCIO Este edifício (ver figura 1 e 2), é um edifício com funções de serviços e laboratório com uma área total de 1500 m 2 dividida em 3 pisos, um dos quais enterrado na parte sul do edifício. Apresenta uma distribuição dos espaços interiores, nos quais as salas de ocupação permanente se colocaram na parte orientada a sul, de forma a tirar partido dos sistemas de aquecimento e arrefecimento directo, colocados nesses espaços. As zonas norte do edifício, são ocupadas por espaços laboratoriais e salas de reunião cuja ocupação é de caracter menos permanente. Na zona central do edifício encontra-se um corredor de separação, no qual se encontra uma claraboia de iluminação comum aos três pisos. Em termos construtivos é um edifício constituído por paredes simples de alvenaria de tijolo de 22 cm de espessura, isoladas pelo exterior com 6 cm de esferovite, correspondendo a um valor de U=0,5 W/m 2 K. A laje de cobertura é maciça isolada pelo exterior com 10 cm de esferovite U=0,3 W/m 2 K, a laje de pavimento em contacto com o solo é de betão, também

70 isolada com 10 cm de esferovite. Os vãos são constituídos por vidros duplos incolores, protegidos por estores exteriores de lâminas reguláveis que conduzem a factores solares de verão na ordem de Fs= 0,09. A solução do isolamento pelo exterior conduz naturalmente a uma situação sem qualquer ponte térmica. Do ponto de vista da Regulamentação Térmica de Edifícios em Portugal, e de acordo com a nova regulamentação que vai entrar em vigor, e muito mais exigente do que actual, o edifício deverá cumprir os seguintes requisitos; Necessidades de aquecimento (Nic)<Necessidades de aquecimento de referência (Ni) Necessidades de arrefecimento (Nvc)<Necessidades de arrefecimento de referência (Nv) O Edifício SOLAR XXI apresenta os seguintes valores; Fachada Fotovoltaica Na fachada sul do edifício serão instalados cerca de 100m 2 de paineis fotovoltaicos (vêr figura 1), totalizando cerca de 12 kwp para fornecimento directo de energia eléctrica ao edifício. A cada sala na zona sul do edifício, corresponderá um conjunto de 4 painéis, instalados de acordo com o esquema da figura 3, de forma a propiciar o aproveitamento térmico das celulas fotovoltaicas no periodo de inverno. Assim, cada sala comunica directamente com o espaço posterior das células, onde recupera o calor produzido pelas mesmas no inverno através de dois orifícios, um inferior e outro superior, controlados pelo utilizador da sala. Durante um dia de inverno o utilizador pode abrir os dois oricicios e permitir a circulação do ar entre a sala e o espaço contíguo á sala e desta forma aquecer a mesma. No periodo de verão, poderão ocorrer duas situações funcionais, o calor produzido nas células é evacuado para o exterior por dois orifícios que comunicam directamente entre os células fotovoltaicas e o exterior. A outra situção corresponde ao aproveitamento do efeito de chaminé, e consequente evacuação do calor interno da sala para o exterior. Finalmente o sistema poderá funcionar na meia estação como um sistema de préaquecimento do ar novo, no qual se admite o ar do exterior por intermédio do orifício de comunicação entre as células e o exterior e esse ar é injectado directamente no interior da sala por convecção natural através do orifício superior de comunicação entre as células e a sala. Sistema de Arrefecimento Passivo Nic =7,1 < Ni=51,5 kwh/m 2 ano Nic =25,0 < Ni=32,0 kwh/m 2 ano No período de Verão, o edifício vai utilizar fundamentalmente um conjunto de estratégias que permitirão o arrefecimento natural do edifício. Estas estratégias conjugam o efeito da obstrução aos ganhos solares quer na envolvente opaca quer nos vãos envidraçados, a ventilação natural no edifício e o arrefecimento do ar através de tubos enterrados que permitirão a entrada de ar arrefecido no interior.

71 Fig. 3. Esquema funcional do aproveitamento térmico do Fotovoltaico A ventilação natural e sobretudo a ventilação nocturna, permitirá uma gestão da cargas internas do edifício, fundamental para a boa prestação térmica do mesmo. Foram desenhados sistemas que permitirão ao utilizador a gestão individual da sua sala em termos de ventilação transversal. Foram colocados 32 tubos de manilhas de cimento (com um diâmetro de 30 cm) enterradas a 4,6 m, a partir de um poço de alimentação colocado a cerca de 15 metros do edifício (vêr figura 4). Estes tubos vão entrar no edifício pela cave, subindo pelas coretes centrais do edifício, efectuando-se a distribuição do ar direcatmente nas salas no R/C e no 1º piso, (vêr Figura 5) sendo que cada sala recebe dois tubos, que o utilizador, individualmente poderá controlar. Pretende-se fundamentalmente que este tipo de sistema funcione na situação de verão, aproveitando o diferencial de temperatura entre a temperatura do ar exterior (diurna, que pode chegar aos 30-35ºC) e a temperatura da terra (14-18ºC). Desta forma pretende-se utilizar esta fonte fria para arrefecer o ar a injectar nas salas. A gestão funcional do sistema dependerá muito do comportamento global do edifício em termos térmicos, prevendo-se que o sistema possa funcionar com maior eficiência, se se promover a entrada de ar dos tubos a partir do meio da tarde, altura em que se requer ar frio para compensar o aumento de temperatura interior. De referir um aspecto muito cuidado neste edifício que corresponde á iluminação natural do mesmo. No centro do edifício verifica-se a existência de uma claraboia central aberta nos três niveis que alimenta não só os corredores mas também as salas a norte e a sul. O edifício iniciou a sua construção em Fevereiro de 2004 e será finalizado durante o presente ano, constituindo-se como edifício de estudo e de demonstração dos sistemas solares activos e passivos nos edifícios.

i=2,5% i=2,5% 72 Condutas tipo "Spiro ø 300 mm no interior da courete Condutas em PVC ø 300 mm Manilhas de cimento ø 300mm FOSSO DE ADMISSÃO DE AR Fig. 4. Esquema dos tubos enterrados para arrefecimento do edifício. AGRADECIMENTOS Fig. 5. Localização dos tubos enterrados. Os autores desta comunicação, agradecem, a todos os colaboradores deste projecto, que possibilitaram a realização do mesmo; Luís Alves Pereira, Ana Paula Coelho, Antonio Joyce, Inês Diniz, Manuel Nogueira, Susana Camelo, Cristina Horta, Antonio Rocha e Silva, Carlos Rodrigues, João Mariz Graça e Alvaro Ramalho. Agradece-se o apoio financeiro do Programa PRIME e do INETI. Uma palavra de grande apreço para os Construtores (OBRECOL) e seus funcionários pelo cuidado e compreensão deste projecto e os responsáveis pela fiscalização (Sousa Medeiros e Martel Lima). REFERÊNCIAS Gonçalves H., Cabrito P. et al. (1997) Edifícios Solares Passivos em Portugal. INETI, Lisboa. [1] Prémios DGE 2003 Eficiência Energética em Edifícios, Iniciativa Pública P3E, DGGE 2002 (www.p3e-portugal.com)