V Congresso Internacional de História Novas Epistemes e narrativas contemporâneas. UFG - Câmpus Cidade Universitária- Jataí GO.

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Transcrição:

V Congresso Internacional de História Novas Epistemes e narrativas contemporâneas. UFG - Câmpus Cidade Universitária- Jataí GO. Carolina Maria de Jesus, História e memória: A trajetória de uma catadora de sonhos. Leide Rozane Alves da Silva RESUMO: Carolina Maria de Jesus foi catadora de lixo e moradora da favela do Canindé, em São Paulo. Tornou-se autora famosa com o livro-diário, Quarto de despejo:diário de uma favelada. No qual é narrado sua rotina de pobreza e privações. O texto serviu de metáfora para a desigualdade social no país, os registros demonstram a brutalidade em se viver à margem da sociedade sendo negra, mulher, semianalfabeta e mãe solteira. Nos anos 50, a obra foi considerada um grande sucesso, sendo traduzido para mais de 13 línguas e vendido em mais de 40 países, porém, com o passar do tempo o livro se tornou de difícil acesso no Brasil. O trabalho da autora tornou-se subvalorizado e invisibilizado, o que pode ser fruto de racismo e preconceito de classe. Neste estudo, pretende-se discutir os registros da autora e como meio de representação do meio ao qual ela estava inserida e os processos de construção de memórias coletivas a partir do ponto de uma perspectiva feminina e periférica. PALAVRAS-CHAVE: Diário, memória, mulher-periférica, literatura marginal. Introdução Este trabalho tem como objetivo analisar os relatos do livro Quarto de despejo:diário de uma favelada de 1961 de Carolina Maria de Jesus. A obra conta com várias memórias da autora em relação à questões políticas, sociais e econômicas. Há também relatos pessoais sobre trabalho, família e fome.

Analisa-se a importância das memórias registradas e quão relevantes elas são para a construção de memórias coletivas e pessoais no Brasil. Também é citado o processo de esquecimento da autora e suas prováveis causas. Carolina Maria, de Minas Gerais para o mundo Carolina Maria de Jesus (1914-1977) nasceu em no interior de Minas Gerais, numa zona rural. Moradora da favela do Canindé, zona norte de São Paulo, ela era mãe solteira e semianalfabeta, trabalhava como catadora e registrava o cotidiano de sua vida e comunidade em cadernos que encontrava no lixo. No alto de seus 43 anos, ela foi descoberta pelo repórter Audálio Dantas, à época ele fazia uma reportagem a respeito da favela do Canindé que seria removida para dar lugar à Marginal do Tiête. Ele reuniu os textos e publicou o livro Quarto de despejo:diário de uma favelada em 1960. A obra foi sucesso de vendas no Brasil, foi traduzida para 13 idiomas e comercializado em mais de 40 países. O fascínio com o texto se deve ao fato de se tratar do olhar de uma mulher pobre, negra e favelada sobre sua rotina. Após o lançamento da obra, mudou-se para cidade e lançou Casa de alvenaria em 1961, onde é relatada uma nova realidade em um bairro de classe média em São Paulo. Morreu em 1977, pobre e esquecida. Carolina Maria é considerada uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil, apesar de ter caído no esquecimento e sua obra ter se tornado de difícil acesso no país. Memórias Na obra, Quarto de despejo: Diário de uma favelada existem relatos do dia a dia de Carolina Maria, dos quais relatos de sua convivência familiar, críticas políticas e esperanças para o futuro. Observando as pessoas ao se redor se entregar a vícios em jogos, álcool e drogas e se render a prostituição. A autora utilizou a escrita como forma de escapar do mesmo fim que seus vizinhos. No trecho abaixo, Carolina fala sobre o dia da abolição de escravatura:

13 de maio. Hoje amanheceu chovendo. É um dia simpatico para mim. É o dia da Abolição. Dia que comemoramos a libertação dos escravos....nas prisões os negros eram os bodes expiatorios. Mas os brancos agora são mais cultos. E não nos trata com desprezo. Que Deus ilumine os brancos para que os pretos sejam feliz. Continua chovendo. E eu tenho só feijão e sal. A chuva está forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo até passar a chuva, para eu ir lá no senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguiça. A chuva passou um pouco. Vou sair....eu tenho tanto dó dos meus filhos. Quando eles vê as coisas de comer eles brada: Viva a mamãe! A manifestação agradame. Mas eu já perdi o hábito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. (Quarto de Despejo: Diário de uma favelada-p.28) Neste relato, no dia que se comemora a abolição da escravatura, ela comemora a liberdade dos negros e a bondade dos brancos sua fala soa irônica. Ao mesmo tempo, relata sua situação de falta de dinheiro, de trabalho, comida e quão difícil é alimentar os filhos. A publicação de seu diário manteve, em vários momentos, a escrita humilde da autora, pontuação, acentuação e ortografia fora das normas gramaticais para explicitar sua condição de mulher semianalfabeta. Em outro trecho, Carolina trata de política: 15 de maio. Tem noite que eles improvisam uma batucada e não deixa ninguém dormir. Os visinhos de alvenaria já tentaram com abaixo assinado retirar os favelados. Mas não conseguiram. Os visinhos das casas de tijolos diz Os políticos protegem os favelados. Quem nos protege é o povo e os Vicentinos. Os políticos só aparecem aqui nas epocas eleitoraes. O senhor Cantidio Sampaio quando era vereador em 1953 passava os domingos aqui na favela. Ele era tão agradavel. Tomava nosso café, bebia nas nossas xicaras. Ele nos dirigia as suas frases de viludo. Brincava com nossas crianças. Deixou

boas impressões por aqui e quando candidatou-se a deputado venceu. Mas na Câmara dos Deputados não criou um progeto para beneficiar o favelado. Não nos visitou mais.(quarto de despejo: Diário de uma favelada-p.30) As questões políticas abordadas tratam de como candidatos a cargos públicos entram na favela, socializam com os moradores, conseguem seus votos e depois somem. Quando se elegem, não trabalham em prol das comunidades carentes. Outro ponto discursado é o que tange aos aspectos sociais, Carolina diz que as pessoas que moram em casas de alvenaria, entende-se aqui pessoas com mais dinheiro, fazem abaixo assinados para que a favela seja desocupada. Ela cita os Vicentinos, que são um grupo de caridade da igreja católica que os acolhem e protegem da violência de serem expulsos de suas casas. Todos esses pontos demonstram que mesmo sendo pouco letrada, a autora compreende bem as interações sociais e políticas que a cercam. Nesta outra passagem ela continua a pensar questões políticas: 16 de maio. Eu amanheci nervosa. Porque eu queria ficar em casa, mas eu não tinha nada para comer....eu não ia comer porque o pão era pouco. Será que é só eu que levo esta vida? O que posso esperar do futuro? Um leito em Campos do Jordão. Eu quando estou com fome quero matar o Janio, quero enforcar o Adhemar e queimar o Juscelino. As dificuldades corta o afeto do povo pelos políticos.(quarto de Despejo: Diário de uma favelada-p.30) Neste momento, há o relato da fome e o questionamento em relação a sua vida. Ao citar alguns políticos, ela demonstra sua raiva e descrença em relação aos políticos. Apesar de ser uma pessoa otimista, quando as dificuldades se acirram, não há fé que se mantenha. Sendo mulher, negra, periférica, mãe solteira passava por muitas dificuldades e preconceitos dos quais era consciente. A obra foi considerada revolucionária por mostrar a pobreza e racismo a partir do ponto de vista de uma moradora de favela. Na primeira semana de lançamento do

livro foram vendidas 10 mil cópias no Brasil, ela se tornou popular e famosa. Após menos de uma década, o fascínio pela autora negra cessou e ela caiu no esquecimento. Houve também ostensivo trabalho midiático á época para desqualifica-la como autora, sua obra era memorável, mas sua figura era incômoda. Quando começou a ganhar dinheiro com sua obra e se negar a dividir com seus vizinhos da favela, ela e seus filhos foram agredidos e maltratados e em seguida mudou-se para uma casa de alvenaria tornando-a persona non grata em sua comunidade. Ela foi renegada pelos seus e nunca foi aceita em no meio dos brancos e ricos, relatos feitos e publicados em outra obra Casa de alvenaria-1961. Ao tornar-se best-seller mundial, Quarto de Despejo: Diário de uma favelada, contribuiu para a formação do imaginário nacional e mundial sobre como é a condição de uma moradora de favela. É objeto de estudos em muitas universidades nos EUA e em países europeu. No Brasil, não há preservação da memória e dos escritos da autora, este ano se comemorou o centenário de seu nascimento trazendo sua história e obras à tona, nesse contexto espera-se que haja mais atenção a sua obra e memória. Considerações Finais O livro Quarto de Despejo: Diário de uma favelada,é um best-seller mundial utilizado como objeto de estudo em várias partes do mundo para analisar a visão de uma mulher negra e periférica sobre sua realidade. Porém, por questões que envolvem preconceito de classe e racial a autora se tornou invisível no Brasil. Ao se tornar famosa foi preterida pela favela e pelas pessoas brancas o que acarretou em seu abandono em vida e em morte. Sua obra, como um todo, é atual e importante para compreender a realidade periférica no Brasil.

Referências Mulher, raça e classe. Angela Davis. 1982. (Versão PDF) Quarto de despejo: Diário de uma favelada. 1960. (Versão PDF) http://sociedadedospoetasamigos.blogspot.com.br/2013/12/carolina-maria-de- jesusescritora.html Acesso em: 16 de junho de 2016. http://www.thewomensportal.com/frame.asp?url=http%3a%2f%2fwww.pbs.org%2fwgbh%2fpages%2ffrontline% 2Fshows%2Frace%2Finterviews%2Fdavis.html&rl=subpage.asp%3Fnode%3D1083154%26CTitle%3DDavis%252C %2BAngela%2BY.%26Loc%3D%255CNotable%2BWomen%257C464594%255CFeminists%257C1144858%255C Davis%252C%2BAngela%2BY.%257C1083154&s=Womens Acesso em: 17 de junho de 2016.