Cobrança de Assinatura Mensal do STFC

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Transcrição:

Cobrança de Assinatura Mensal do STFC Este tutorial apresenta uma visão do ponto de vista regulatório e jurídico da Assinatura Mensal cobrada pela pelas operadoras do STFC. Guilherme Ieno Costa Formado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Faculdade Paulista de Direito (1997), Especialista em Direito das Relações de Consumo, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2000). Diretor da Associação Brasileira de Direito de Informática e Telecomunicações (ABDI) e membro do Comitê de Telecomunicações da AMCHAM. Palestrante em diversos Seminários e autor de diversos artigos publicados sobre o Direito das Telecomunicações. Professor do Curso de Pós-graduação em Direito das Telecomunicações do Instituto de Pesquisas Jurídicas - IPEJUR. Foi sócio da Vieira Ceneviva Advogados de 1999 a 2004. Categorias: Regulamentação, Telefonia Fixa Nível: Introdutório Enfoque: Regulatório Duração: 15 minutos Publicado em: 03/10/2005 1

Cobrança de Assinatura: Histórico Com o boom das ações judiciais propostas em todo o território nacional, a cobrança de assinatura mensal do Serviço Telefônico Fixo Comutado para uso do público em geral (STFC) tornou-se um dos temas mais debatidos em matéria de telecomunicações nos últimos tempos. As inúmeras ações propostas pelo Brasil, ordinárias ou cautelares, sempre acompanhadas com pedido de liminar, para pleitear o fim dessa cobrança, têm em seu pólo ativo o Procon, Institutos de Defesa dos Consumidores, Ministérios Públicos Federal e Estaduais, consumidores individuais ou em grupo, sendo, nesse último caso, constituído o litisconsórcio ativo. Em seu objeto, essas ações judiciais questionam a legalidade da cobrança da assinatura mensal pelas concessionárias do STFC, bem como por algumas autorizadas, as quais também figuraram como rés em algumas ações. Com relação aos pedidos, liminarmente, requerem o não pagamento da assinatura mensal à operadora, sendo que, no mérito, buscam o julgamento ilegal da cobrança e determinação da restituição em dobro dos valores pagos nos últimos cinco anos. Conforme informações obtidas na mídia, as operadoras de telefonia fixa arrecadam anualmente um montante de R$ 28 bilhões, sendo que, desse valor, R$ 11 bilhões são recolhidos aos cofres públicos na forma de impostos. No tocante às ações judiciais, apurou-se que, em média, 30 mil ações foram propostas contra a Telemar (Região I do PGO[1]); 15 mil ações, contra a Brasil Telecom (Região II do PGO [2]); e 76 mil ações contra a Telesp (Região III do PGO [3]). Em maio de 2000, foi proposta a primeira ação judicial, distribuída na 3ª Vara Federal de Caxias do Sul; as demais ações tomaram fôlego a partir de junho de 2004, momento em que inúmeras liminares começaram a ser concedidas. Logo mais, em outubro de 2004, teve início a cassação dessas liminares. [1] Segundo o Plano Geral de Outorgas PGO, aprovado pelo Decreto nº 2.534/98, a Região I corresponde aos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Pará, Amapá, Amazonas e Roraima. [2] Segundo o Plano Geral de Outorgas PGO, aprovado pelo Decreto nº 2.534/98, a Região II corresponde ao Distrito Federal e estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Rondônia e Acre. [3] Segundo o Plano Geral de Outorgas PGO, aprovado pelo Decreto nº 2.534/98, a Região III corresponde ao estado de São Paulo. 2

Cobrança de Assinatura: Argumentos dos Principais Autores e Rés Argumentos dos Principais Autores O principal argumento adotado pelos autores dessas ações judiciais baseia-se na afirmação de que a cobrança da assinatura infringe o sistema jurídico, pois não há lei que autorize a sua cobrança. Outros autores entendem que a cobrança da assinatura mensal configura prática e cláusula abusiva, proibida pelo CDC, fundamentando sua tese nos artigos 39 e 51 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), in verbis: Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços: I condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: (...) IV estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade; Desse modo, asseveram que a assinatura viola a lei do consumidor, segundo a qual ele só é obrigado a pagar por aquilo que efetivamente consumiu, sustentando também que não há previsão da cobrança de assinatura no contrato de concessão. Um último argumento usualmente abordado pelos autores das ações judiciais baseia-se no fato da tarifa ser sinônimo de preço público, cuja característica principal é a contraprestação por um serviço voluntariamente utilizado, que, em relação aos serviços telefônicos somente se dá em relação aos pulsos cobrados pelas ligações realizadas. Nesse sentido, para os autores das ações judiciais contrárias à cobrança da assinatura mensal na telefonia fixa, além da legislação vigente não autorizar sua cobrança pelas operadoras, ela também a coíbe, na medida em que o assinante, ao realizar ligações de um terminal fixo, paga o valor das chamadas acrescido de uma tarifa pela assinatura mensal. Argumento das Rés Em contraposição à tese defendida pelos autores das ações judiciais em questão, as rés (operadoras de STFC) asseguram que há previsão legal, nos contratos de concessão e na regulamentação, baseando-se nos artigos 19 e 103 da Lei Geral de Telecomunicações LGT, que determinam a competência da Agência Nacional de Telecomunicações Anatel para a definição da estrutura tarifária do STFC. Ademais, os Contratos de Concessão Local vigentes expressamente autorizam para as concessionárias do STFC efetuarem a cobrança da tarifa de assinatura mensal, de acordo com o disposto abaixo: ANEXO Nº 03 PLANO BÁSICO DO SERVIÇO LOCAL (...) 2.2 Para manutenção do direito de uso as Prestadoras estão autorizadas a cobrar tarifa de assinatura, segundo a tabela abaixo, conforme Portarias nºs 217 e 226, ambas de 03/04/1997, 3

do Ministro de Estado das Comunicações. Residencial 10,00 (dez reais) Não residencial 15,00 (quinze reais) Tronco de CPCT 20,00 (vinte reais) 2.2.1 A assinatura do STFC Local inclui uma franquia de 90 pulsos. Ainda, o Regulamento do STFC, aprovado pela Resolução nº 85/98, define o preço de assinatura como sendo o valor de trato sucessivo pago pelo Assinante à Prestadora, durante toda a prestação do serviço, nos termos do contrato de prestação de serviço, dando-lhe direito à fruição contínua do serviço. Assim, de acordo com as concessionárias de STFC, a tarifa a ser paga pelo serviço é composta de duas parcelas, uma referente à circunstância do serviço estar à disposição do usuário (assinatura) e outra à utilização do serviço (pulsos), de forma que o serviço não é prestado somente quando são gerados os pulsos telefônicos, mas quando o mesmo é posto e mantido permanentemente à disposição. Desse modo, a tarifa paga pelos assinantes não é constituída somente pelos pulsos telefônicos gerados, mas também pela disponibilidade da linha telefônica, que gera um custo às operadoras, devendo, portanto, ser onerada. Afirmam também as concessionárias de STFC que o assinante paga determinada tarifa para ter acesso ao serviço por meio do seu código. De acordo com esse raciocínio, a cobrança destina-se à manutenção do sistema com vistas à universalização dos serviços, de forma que a inexigibilidade da tarifa de assinatura afetaria o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos. Desta feita, as rés comprovam a existência de legislação autorizando a cobrança da assinatura mensal, assim como demonstram a dupla função da tarifa, quais sejam remunerar a utilização do serviço pelo assinante e a disposição da linha telefônica. Além disso, evidenciam que a ausência desta cobrança implicaria no desequilíbrio econômico-financeiro dos contratos, visto que há um custo para as Operadoras em colocar o serviço à disposição do usuário, o qual seria imputado, injustamente, a elas. 4

Cobrança de Assinatura: Posição da Anatel, Tribunais e Legislativo Posição da Anatel A Anatel tem se pronunciado de acordo com o posicionamento adotado pelas concessionárias do STFC. Em notícia veiculada no Telecom Online, em 22/09/2004, o Conselheiro da Anatel, José Pereira Leite, sustentou que a assinatura é necessária vez que o usuário, de posse do serviço de telefonia, está habilitado a receber chamadas de qualquer lugar do mundo, mesmo que não faça ligações, e para completar essas chamadas a operadora tem um custo que precisa ser coberto por alguma fonte de receita. No tocante às inúmeras ações judiciais propostas, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), em 15/03/2005, suscitou conflito de competência, reunindo todas as ações na 2ª Vara Federal de Brasília, a fim de se evitar a existência de decisões contraditórias. Contudo, em 14/09/2005, os ministros da Primeira Seção do STJ avaliaram que a simples possibilidade de haver sentenças divergentes não configura, por si só, conflito de competência, decidindo que, nas ações em que a Anatel figura como parte, a competência continua sendo da Justiça Federal, vez que a Anatel é uma autarquia federal. Assim, de acordo com a decisão do STJ, as ações coletivas ajuizadas pela Associação Nacional de Defesa da Cidadania e do Consumidor e pelo Ministério Público do Estado de São Paulo na Justiça Estadual (respectivamente, 32ª e 5ª Varas Cíveis) e pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor na Justiça Federal (9ª Vara Federal da Capital) devem ser julgadas pela Justiça Federal. Ainda, a Primeira Seção do STJ resolveu que não é preciso suspender as ações individuais até o julgamento das coletivas. Tribunais O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo TJSP, até o início de março deste ano, negou provimento a inúmeros agravos apresentados por consumidores e associações contra liminares indeferidas em primeira instância. Em contrapartida, o Tribunal Regional Federal TRF da 1ª Região deu provimento ao agravo de instrumento da OAB-MT contra a Brasil Telecom e a Global Village Telecom GVT, em junho de 2005, em face do pedido que havia sido rejeitado pela 2ª Vara Federal de Brasília. Seguindo a linha do TRF da 1ª Região, de acordo com publicação do Jornal Telecom Online, de 08/03/2005, a Telefônica afirma já ter obtido 11 mil sentenças judiciais favoráveis à cobrança da tarifa de assinatura básica. Ainda nesta notícia, acentuou-se o posicionamento de ilustres juristas brasileiros, como Carlos Ari Sundfeld e Kazuo Watanabe, da OAB-SP e de economistas, como Luciano Coutinho, os quais são favoráveis à cobrança da assinatura. Legislativo No âmbito do Poder Legislativo, em 08/11/2004, o Governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, ajuizou a Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei Distrital (ADI 3343), por violação do inciso IV do artigo 22 da Constituição Federal brasileira, o qual determina que é competência privativa da União legislar sobre telecomunicações. Tal ação foi distribuída ao Ministro Carlos Ayres Britto e aguarda julgamento. O Deputado Marcelo Teixeira do PMDB-CE, através do Projeto de Lei 5476/2001 propôs a extinção da assinatura básica nos contratos de telefonia. Ressalta-se que, em 2004, o serviço do Disque-Câmara 5

(0800619619) recebeu 327 mil ligações de apoio ao projeto deste deputado, sendo que até junho de 2005, foram recebidas mais de 100 mil ligações de apoio ao projeto. É importante salientar que há mais oito outros Projetos de Lei que tramitam em conjunto com o projeto original do Deputado Marcelo Teixeira. 6

Cobrança de Assinatura: Considerações Finais Dos diferentes pontos de vista em relação à legalidade da cobrança de assinatura mensal da telefonia fixa, algumas lições importantes podem ser extraídas, especialmente quando da definição de estratégias de preços e tarifas pelas operadoras. Primeiramente, deve-se atentar ao fato de que há legitimidade na cobrança da assinatura mensal por parte das operadoras, pelo simples fato de que o serviço é posto à disposição para acesso, a qualquer momento, pelo usuário. Referida disponibilidade retrata uma operação que demanda custos para as operadoras, as quais seriam prejudicadas caso não fossem remuneradas. Vale ressaltar, entretanto, que a cobrança da assinatura, a princípio, não se revela marketologicamente simpática ao usuário e, além disso, está sujeita a inúmeras propostas legislativas contrárias. Outro ponto seria a importância de observar que o preço de serviço não se atém apenas aos custos gerados exclusivamente dos pulsos realizados, mas também da disponibilidade da linha telefônica, a qual permite que o assinante acesse a qualquer momento sua linha. Por fim, cabe ressaltar a relevância de dispensar tratamento isonômico aos concorrentes e consumidores e, para tanto, de estabelecer discrimines objetivos para justificar legalmente eventuais tratamentos diferenciados. Em suma, nota-se que, apesar de ser legítima a cobrança da assinatura mensal na telefonia fixa, a luta para mantê-la não é fácil, em razão da nítida antipatia que se criou na população, bem como os crescentes movimentos políticos e do Poder Legislativo contra sua manutenção. 7

Cobrança de Assinatura: Teste seu Entendimento 1. Os autores das ações contra a assinatura mensal cobrada pelas Concessionárias de STFC argumentam que: A cobrança da assinatura infringe o sistema jurídico, pois não há lei que autorize a sua cobrança; Não pode haver cobrança uma vez que não existe uma prestação de serviços que a justifique, segundo o Código do Consumidor; A cobrança configura prática e cláusula abusiva, proibida pelo Código de Defesa do Consumidor; Todas as respostas estão certas. 2. Nas ações, as Concessionárias argumentam em sua defesa que: Há previsão legal, nos contratos de concessão e na regulamentação; A tarifa paga pelos assinantes não é constituída somente pelos pulsos telefônicos gerados, mas também pela disponibilidade da linha telefônica; Outros fornecimentos de serviços, tais como energia elétrica e gás, também cobram uma tarifa mínima mensal; Todas as respostas estão certas; Só as respostas (a) e (b) estão certas. 3. Marque a resposta errada: Um dos aspectos da discussão da cobrança da assinatura mensal é a questão do marketing: a cobrança não é simpática ao usuário; A posição das concessionárias é legítima pois o serviço está disponível mesmo quando não está sendo usado; As concessionárias não têm razões para cobrar a assinatura mensal. 8