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Caderno 1: 35 minutos. Tolerância: 10 minutos. É permitido o uso de calculadora.

Transcrição:

EXAME FINAL NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO Prova Escrita de Português 12.º Ano de Escolaridade Decreto-Lei n.º 139/2012, de 5 de julho Prova 639/Época Especial 8 Páginas Duração da Prova: 120 minutos. Tolerância: 30 minutos. 2016 Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta. Não é permitida a consulta de dicionário. Não é permitido o uso de corretor. Risque aquilo que pretende que não seja classificado. Para cada resposta, identifique o grupo e o item. Apresente as suas respostas de forma legível. Ao responder, diferencie corretamente as maiúsculas das minúsculas. Apresente apenas uma resposta para cada item. As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova. Nos termos da lei em vigor, as provas de avaliação externa são obras protegidas pelo Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos. A sua divulgação não suprime os direitos previstos na lei. Assim, é proibida a utilização destas provas, além do determinado na lei ou do permitido pelo IAVE, I.P., sendo expressamente vedada a sua exploração comercial. Prova 639.V1/E. Especial Página 1/ 8

GRUPO I Apresente as suas respostas de forma bem estruturada. A Leia o texto seguinte, constituído pelas estâncias 78 a 81 do Canto VII de Os Lusíadas. Se necessário, consulte as notas. 5 10 15 20 25 30 Um ramo na mão tinha... Mas, ó cego, Eu, que cometo, insano e temerário, Sem vós, Ninfas do Tejo e do Mondego, Por caminho tão árduo, longo e vário! Vosso favor invoco, que navego Por alto mar, com vento tão contrário Que, se não me ajudais, hei grande medo Que o meu fraco batel se alague cedo. Olhai que há tanto tempo que, cantando O vosso Tejo e os vossos Lusitanos, A Fortuna me traz peregrinando, Novos trabalhos vendo e novos danos: Agora o mar, agora experimentando Os perigos Mavórcios inumanos, Qual Cánace, que à morte se condena, Nũa mão sempre a espada e noutra a pena; Agora, com pobreza avorrecida, Por hospícios alheios degradado; Agora, da esperança já adquirida, De novo mais que nunca derribado; Agora às costas escapando a vida, Que dum fio pendia tão delgado Que não menos milagre foi salvar-se Que pera o Rei Judaico acrecentar-se. E ainda, Ninfas minhas, não bastava Que tamanhas misérias me cercassem, Senão que aqueles que eu cantando andava Tal prémio de meus versos me tornassem: A troco dos descansos que esperava, Das capelas de louro que me honrassem, Trabalhos nunca usados me inventaram, Com que em tão duro estado me deitaram. Luís de Camões, Os Lusíadas, edição de A. J. da Costa Pimpão, Lisboa, MNE/IC, 2003, pp. 194-195 Prova 639/E. Especial Página 2/ 8

NOTAS Agora agora (versos 13; 17,19 e 21) ora ora. Cánace (verso 15) filha de Éolo. Prestes a suicidar-se, Cánace escreveu uma carta com a mão direita, enquanto segurava uma espada com a mão esquerda. capelas de louro (verso 30) coroas de folhas de louro. hospícios (verso 18) abrigos; refúgios. Mavórcios (verso 14) de Marte; bélicos. Rei Judaico (verso 24) Ezequias, rei de Judá. Ao saber que ia morrer, rogou a Deus que lhe concedesse mais quinze anos de vida. 1. Justifique o pedido dirigido pelo Poeta às Ninfas do Tejo e do Mondego, baseando-se no conteúdo da primeira estância. 2. «Nũa mão sempre a espada e noutra a pena» (v. 16). Explique o sentido deste verso, tendo em conta os aspetos autobiográficos evocados pelo Poeta na segunda e na terceira estâncias. 3. Explicite a crítica presente na última estância do excerto. Prova 639/E. Especial Página 3/ 8

B Leia o texto. 5 10 15 20 Nestas palavras, pelo que vos toca, importa, peixes, que advirtais muito outras tantas cousas, quantas são as mesmas palavras. Diz Deus que comem os homens não só o seu povo, senão declaradamente a sua plebe: Plebem meam, porque a plebe e os plebeus, que são os mais pequenos, os que menos podem e os que menos avultam na República, estes são os comidos. E não só diz que os comem de qualquer modo, senão que os engolem e os devoram: Qui devorant. Porque os grandes que têm o mando das Cidades e das Províncias, não se contenta a sua fome de comer os pequenos um por um, ou poucos a poucos, senão que devoram e engolem os povos inteiros: Qui devorant plebem meam. E de que modo os devoram e comem? Ut cibum panis: não como os outros comeres, senão como pão. A diferença que há entre o pão e os outros comeres, é que para a carne, há dias de carne, e para o peixe, dias de peixe, e para as frutas, diferentes meses no ano; porém o pão é comer de todos os dias, que sempre e continuadamente se come; e isto é o que padecem os pequenos. São o pão quotidiano dos grandes; e assim como o pão se come com tudo, assim com tudo e em tudo são comidos os miseráveis pequenos, não tendo, nem fazendo ofício em que os não carreguem, em que os não multem, em que os não defraudem, em que os não comam, traguem e devorem: Qui devorant plebem meam, ut cibum panis. Parece-vos bem isto, peixes? Representa-se-me que com o movimento das cabeças estais todos dizendo que não, e com olhardes uns para os outros, vos estais admirando e pasmando de que entre os homens haja tal injustiça e maldade! Pois isto mesmo é o que vós fazeis. Os maiores comeis os pequenos; e os muito grandes não só os comem um por um, senão os cardumes inteiros, e isto continuadamente sem diferença de tempos, não só de dia, senão também de noite, às claras e às escuras, como também fazem os homens. Padre António Vieira, Sermão de Santo António (aos Peixes) e Sermão da Sexagésima, edição de Margarida Vieira Mendes, Lisboa, Seara Nova, 1978, pp. 88-90 4. Explique o sentido da metáfora «São o pão quotidiano dos grandes» (linhas 12 e 13), tendo em conta o conteúdo do excerto. 5. Relacione o recurso à interrogação retórica presente na linha 16 com a intenção crítica do pregador presente nas linhas que se lhe seguem. Prova 639/E. Especial Página 4/ 8

GRUPO II Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida. Leia o texto. 5 10 15 20 25 30 Esta paixão pela língua portuguesa, que aqui confesso, cega não será, superlativa muito menos. Entendo-a rica, porque vem das boas famílias dos antigos e o que recebeu multiplicou. Mas nunca afirmarei que é a mais rica ou a mais bela do mundo. Cada povo verá no seu idioma mais virtudes que em idiomas alheios. Que a disputa, se a houver, seja festiva, pois que os idiomas não ocupam espaço e não geram rivais mas poliglotas. Anterior à festa, está, porém, aquilo que dizem História. E a História é bruta e territorial. Para abordar o assunto do domínio da língua portuguesa sobre os povos são necessários delicadeza e conhecimento, inteligência e desassombro em dose máxima. Dou-me por incapaz e renuncio a uma tentativa de discurso. Sei, sim, que houve opressão e apagamento. Mas talvez não nos caiba desculparmo-nos pelos conceitos e ações de antepassados, visto que não nos assumimos legatários e o continuum moral já foi cortado. [ ] As línguas são os únicos seres vivos que não têm origem natural. O erro humano pode prolongar-se, mesmo inocentemente, por descuido. O português carregará ainda alguma febre imperial no corpo e é natural que desconfiem dele. Mas acontece que a repressão é mecânica e a língua é biológica. Se chega às terras de outros povos na bagagem do colonizador, em breve sai e se desnuda e se alimenta, e adormece e procria. As armaduras ficam no chão, enferrujadas, podres. A formação orgânica progride. Que desígnio será o seu, agora, se não o de trocar e conviver, isto é, integrar a plenitude, reconhecendo e respeitando a alteridade? Com os nossos instrumentos humanistas, seremos nós os capazes de «medir», como escreve o Professor Eduardo Lourenço, «esse impalpável mas não menos denso sentimento de distância cultural que separa, no interior da mesma língua, esses novos imaginários»? [ ] O nosso mundo de sobreviventes está seguro por laços muitos finos. Eu vejo os fios que unem os textos nas diversas versões do português, leves fios resistentes e aplicados a construírem uma teia que não rasgue. Quando o angolano Ondjaki dedica um poema ao brasileiro Manoel de Barros, quando Mia Couto reconhece a influência que teve Guimarães Rosa na sua escrita transfiguradora e transfigurada pelas africanas narrativas do seu povo; quando a portuguesa Maria Gabriela Llansol considera Lispector «uma irmã inteiramente dispersa no nevoeiro», vemos a língua portuguesa a ocupar - não como o invasor ocupa a terra, mas como o sangue ocupa o coração - um espaço livre, um sítio para viver, uma comunidade de diferenças elástica, simbiótica e altiva. Esta é a ditosa língua, minha amada. Hélia Correia, «Ditosa língua», Público, 8 de julho 2015 Prova 639/E. Especial Página 5/ 8

1. Segundo a autora, o amor à língua materna (A) justifica disputas históricas entre os povos. (B) condiciona o convívio com outras línguas. (C) anula a brutalidade dos factos históricos. (D) admite a valorização das outras línguas. 2. No terceiro parágrafo, a autora enfatiza o facto de a língua portuguesa (A) se impor a outros povos pelo recurso à força. (B) evoluir pelo contacto com outras culturas. (C) continuar a ser vista como a língua do colonizador. (D) ser incapaz de se desligar dos erros da História. 3. No último parágrafo, a ideia de união dos falantes de língua portuguesa é representada através da associação com (A) nevoeiro e teia. (B) teia e sangue. (C) sangue e terra. (D) terra e coração. 4. O adjetivo «altiva» (linha 31) remete para a ideia de (A) arrogância. (B) intolerância. (C) nobreza. (D) rigidez. 5. No contexto em que ocorre, a forma verbal «verá» (linha 3) exprime uma (A) suposição. (B) certeza. (C) ordem. (D) obrigação. Prova 639/E. Especial Página 6/ 8

6. Nas expressões «Se chega» (linha 15) e «se desnuda» (linha 16), as palavras sublinhadas são (A) conjunção e pronome, respetivamente. (B) pronome e conjunção, respetivamente. (C) conjunções, em ambos os casos. (D) pronomes, em ambos os casos. 7. Relativamente à expressão «a língua portuguesa» (linha 29), o recurso ao pronome demonstrativo presente na linha 31 constitui uma (A) substituição por hiperonímia. (B) substituição por sinonímia. (C) anáfora. (D) catáfora. 8. Indique o valor da oração relativa «que aqui confesso» (linha 1). 9. Indique a função sintática desempenhada pela oração «que houve opressão e apagamento» (linha 9). 10. Identifique o antecedente do possessivo «sua» (linha 27). Prova 639/E. Especial Página 7/ 8

GRUPO III A União Europeia preconiza a aprendizagem de, pelo menos, duas línguas estrangeiras, considerando-a crucial para a construção de pontes entre povos e culturas. Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a necessidade de aprender línguas estrangeiras, na atualidade. Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo. Observações: 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2016/). 2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados entre duzentas e trezentas palavras, há que atender ao seguinte: um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;; um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos. FIM COTAÇÕES Grupo I II Item Cotação (em pontos) 1. a 5. 5 20 pontos 100 1. a 10. 10 5 pontos 50 III Item único 50 TOTAL 200 Prova 639/E. Especial Página 8/ 8