SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA MULTICRITÉRIOS GEOVITÍCOLA PARA O ESTADO DO PARA Á

Documentos relacionados
POTENCIAL CLIMÁTICO PARA PRODUÇÃO DE VINHOS DE QUALIDADE NO ESTADO DE SÃO PAULO

OS FATORES NATURAIS E A VITIVINICULTURA

Lançamento Oficial O Site Internacional Internet do Sistema CCM Geovitícola

ECOFISIOLOGIA DA VIDEIRA. Ecofisiologia x Videira (Índice CCM)

IRRIGAÇÃO EM VINHEDOS NO OESTE PAULISTA. Marco Antônio F. Conceição Embrapa Uva e Vinho Estação Experimental de Viticultura Tropical

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 41

Documentos ISSN Dezembro, Clima vitícola para a região de Jales (SP)

XII CONGRESSO BRASILEIRO DE VITICULTURA E ENOLOGIA ANAIS 22 A 24 DE SETEMBRO DE 2008 BENTO GONÇALVES, RS

Aptidão climática para o cultivo da videira em Boa Vista, Roraima

O CLIMA VITÍCOLA DO SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO E O ZONEAMENTO DOS PERÍODOS DE PRODUÇÃO DE UVAS PARA ELABORAÇÃO DE VINHOS

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 69

77 mil hectares hemisfério sul desde latitude 30 o até latitude 5 º Regiões Temperadas (repouso hibernal) Regiões Subtropicais (dois ciclos anuais)

Comunicado173 Técnico

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 39

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 46

Regiões Vitivinícolas Brasileiras e Alternativas de Produção

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 44

ESTIMATIVA DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL NO BRASIL

TENDÊNCIAS CLIMÁTICAS NA REGIÃO DA SERRA GAÚCHA

PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA DE GEADA NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DA BATATA (Solanum tuberosum, L.) CULTIVADA NA SAFRA DAS ÁGUAS NO PARANÁ 1 RESUMO

ANÁLISE DA TEMPERATURA DO AR EM AREIA - PB, EM ANOS DE OCORRÊNCIA DE EL NIÑO

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 42

BOLETIM AGROCLIMÁTICO DEZEMBRO/2017

Clima de Passo Fundo

Condições climáticas. Marco Antônio Fonseca Conceição Jorge Tonietto Francisco Mandelll João Oimas Garcia Maia

Comunicado 76 Técnico

Comunicado Nº51 Técnico

Comunicado201 Técnico

Comunicado141 Técnico

Escola Estadual Senador Filinto Müller. Tipos De Clima

Comunicado 67 Técnico

Comunicado187 Técnico

CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA E EXTRATO DO BALANÇO HÍDRICO PARA O DISTRITO DE SÃO JOÃO DE PETRÓPOLIS, SANTA TERESA ES

ESTUDO DO POTENCIAL CLIMÁTICO DA REGIÃO DO DISTRITO FEDERAL PARA A PRODUÇÃO DE UVAS DESTINADAS À ELABORAÇÃO DE VINHOS FINOS

Comunicado161 Técnico

Impactos da deficiência hídrica na produtividade de soja e milho no Estado do Paraná

CLASSIFICAÇÃO E INDÍCIO DE MUDANÇA CLIMÁTICA EM NOVA FRIBURGO - RJ

Comunicado191 Técnico

CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA COMO AUXÍLIO NO PLANEJAMENTO AGRÍCOLA PARA O MUNICÍPIO DE APUCARANA PR

POSSÍVEIS IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA DISTRIBUIÇÃO DE ÁREAS POTENCIAIS DE CULTIVO DA CULTURA DA BANANA E DA MAÇÃ NO ESTADO DE SANTA CATARINA.

POTENCIAL CLIMÁTICO PARA PRODUÇÃO DE VINHOS DE QUALIDADE NO ESTADO DE SÃO PAULO

PROFUNDIDADE, VISANDO ANTECIPAÇÃO DA SEMEADURA DE CULTURAS DE VERÃO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.

ZONEAMENTO DE RISCOS CLIMÁTICOS PARA A DENDEICULTURA NO BRASIL

Balanço Hídrico Climatológico e Classificação Climática da Região de Sinop, Mato Grosso

Comunicado 97 Técnico

Comunicado 95 Técnico

CLASSIFICAÇÃO E INDÍCIO DE MUDANÇA CLIMÁTICA EM ANGRA DOS REIS - RJ

IN THE FRUIT CIRCUIT REGION, STATE OF SÃO PAULO, BRAZIL

DADOS AGROMETEOROLÓGICOS 2015 PRESIDENTE PRUDENTE - SÃO PAULO

Condições meteorológicas e sua influência na safra vitícola de 2018 em regiões produtoras de vinhos finos do Sul do Brasil COMUNICADO TÉCNICO

Comunicado137. Técnico. Vitivinicultura Brasileira: Panorama Loiva Maria Ribeiro de Mello 1. Introdução. Produção de uvas

Simulação dos Impactos das Mudanças Climáticas globais sobre os setores de Agropecuária, Floresta e Energia

APLICAÇÃO DO MODELO THORNTHWAITE-CAMARGO PARA EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL EM QUATRO CIDADES PARAIBANAS

Caracterização Fenológica de Cinco Variedades de Uvas Sem. Sementes no Vale do São Francisco [1] Introdução

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO MÍLDIO DA VIDEIRA (Plaplasmopara viticola) NAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS ATUAIS E ESTIMATIVAS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS

Coordenadores deste número especial do Brasil - Ivanira Falcade UCS - Rosa Maria Vieira Medeiros UFRGS - Jorge Tonietto Embrapa Uva e Vinho

RELAÇÃO DA VARIABILIDADE TÉRMICIA E PLUVIOMÉTRICA NA PRODUTIVIDADE DA CULTURA DO CAFÉ (COFFEA ARABICA), NO MUNICÍPIO DE CORUMBATAÍ DO SUL, PR

BALANÇO HÍDRICO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA COMO SUBSÍDIO AO PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES AGRÍCOLAS PARA O MUNICÍPIO DE ASSAÍ-PR


IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO TOTAL ANUAL DE HORAS DE FRIO 7,2ºC NO ESTADO DE SANTA CATARINA.

BOLETIM AGROCLIMÁTICO FEVEREIRO/2018

Evapotranspiração - o ciclo hidrológico

Semina: Ciências Agrárias ISSN: X Universidade Estadual de Londrina Brasil

Manejo e eficiência de uso da água de irrigação da cultura do abacateiro no Submédio São Francisco

ZONEAMENTO AGROCLIMÁTICO DE Jatropha curcas L. PARA O NORDESTE DO BRASIL COMO SUBSÍDIO À PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEL

CAPÍTULO IV PAISAGENS DAS REGIÕES VITÍCOLAS DO RIO GRANDE DO SUL

ZONEAMENTO DA MAMONA (Ricinus communis L.) NO ESTADO DO PARANÁ

Comunicado Nº 58 Técnico

FRANCISCA SONALLY DE OLIVEIRA POTENCIAL CLIMÁTICO DA VITICULTURA NA MICRORREGIÃO DE MOSSORÓ/RN.

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE DOIS MÉTODOS DE EVAPOTRANSPIRAÇAO PARA QUATRO CIDADES PARAIBANAS

INFLUÊNCIA DO EL NIÑO OSCILAÇÃO SUL (ENOS) SOBRE AS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS, NO PERÍODO DE OUTUBRO A MARÇO, NA REGIÃO DE PELOTAS-RS.

Evapotranspiração - Definições

ANÁLISE DAS TEMPERATURAS MÁXIMAS NOS MESES FRIOS NO ESTADO DO PARANÁ

Comunicado199 Técnico

Fatores climáticos altitude. Inversão de proporcionalidade em relação à temperatura

Com base nos pontos foram determinadas direções intermediárias, conhecidas como. pontos : nordeste (NE), (NO), sudeste (SE) e (SO).

Análise Agrometeorológica Safra de Soja 2007/2008, Passo Fundo, RS

Variação vertical da temperatura do ar na Floresta Nacional de Caxiuanã em dois períodos distintos (chuvoso e seco).

Balanço Hídrico Seriado de Petrolina, Pernambuco

POTENCIAL CLIMÁTICO PARA A PRODUÇÃO DE UVAS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES, REGIÃO NORTE FLUMINENSE 1

DESENVOLVIMENTO E EXIGÊNCIA TÉRMICA DA VIDEIRA NIÁGARA ROSADA, CULTIVADA NO NOROESTE DO ESPÍRITO SANTO

AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE DOENÇAS E VARIAÇÃO DA TEMPERATURA NA VIDEIRA CULTIVAR NIÁGARA ROSADA NO SISTEMA LATADA COM E SEM COBERTURA PLÁSTICA RESUMO

Áreas de Concentração da Produção Nacional de Milho no Brasil

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA, PR: APORTES PARA O PLANEJAMENTO AGRÍCOLA E HIDROLÓGICO

ESTIMATIVA DA QUEBRA DE PRODUTIVIDADE NA CULTURA DA SOJA NA REGIÃO DE PASSO FUNDO, RS

Prognóstico Climático

PROGNÓSTICO TRIMESTRAL (Setembro Outubro e Novembro de- 2002).

ESPACIALIZAÇÃO DO ÍNDICE DE ARIDEZ MENSAL PARA O ESTADO DO PIAUÍ

BOLETIM DE INFORMAÇÕES CLIMÁTICAS

FORUM PERMANENTE DE MONITORAMENTO DE TEMPO E CLIMA PARA A AGRICULTURA DO RS. Reunião de 10 de janeiro de 2000

CLASSIFICAÇÕES CLIMÁTICAS DE LYSIA BERNARDES E

Geografia. Climas Do Brasil. Professor Luciano Teixeira.

DISPONIBILIDADE HÍDRICA E PRODUTIVIDADE DE SOJA NO OESTE DO PARANÁ

EVENTOS EXTREMOS DE CONDIÇÕES DE UMIDADE E SUAS INFLUENCIAS NA PRODUTIVIDADE DO ARROZ DE TERRAS ALTAS NO SUDOESTE GOIANO

PRODUTIVIDADE ATINGÍVEL EM FUNÇÃO DAS ÉPOCAS DE SEMEADURA PARA SOJA NA REGIÃO SUL DO BRASIL

ISSN Julho, Boletim Agrometeorológico 2013: Estação Agroclimatológica da Embrapa Amazônia Ocidental, no Km 29 da Rodovia AM-010

EFEITOS DE FRENTES FRIAS NO COMPORTAMENTO CLIMÁTICO DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA (ES)

BALANÇO HÍDRICO CLIMÁTICO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA PARA A CIDADE DE SÃO PAULO DO POTENGI - RN.

Docente: Profa. Dra. Angela Laufer Rech Turma: 4 período 2 Semestre 2017

Variabilidade interanual das áreas com potencial de risco de desertificação da Bahia

Transcrição:

SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA MULTICRITÉRIOS GEOVITÍCOLA PARA O ESTADO DO PARA Á WILIAN DA S. RICCE 1, SÉRGIO R. ROBERTO 2, JORGE TONIETTO 3, PAULO H. CARAMORI 4 1 Eng. Agrônomo, Doutorando, Pesquisador, Agroconsult Ltda., Londrina, PR, Fone: (0XX43) 3376-2267, wilianricce@gmail.com. 2 Eng. Agrônomo, Doutor, Professor Associado, Departamento de Agronomia, UEL, Londrina, PR. 3 Eng. Agrônomo, Doutor, Pesquisador, EMBRAPA Uva e Vinho, Bento Gonçalves, RS. 4 Eng. Agrônomo, PhD., Pesquisador, Agrometeorologia, IAPAR, Londrina, PR. Apresentado no XVII Congresso Brasileiro de Agrometeorologia 18 a 21 de julho de 2011 SESC, Cento de Turismo de Guarapari, Guarapari ES RESUMO: O objetivo deste trabalho foi caracterizar o potencial climático do estado do Paraná para a vitivinicultura. A partir de séries de dados históricos foram gerados os índices climáticos vitícolas do Sistema CCM Geovitícola: Índice Heliotérmico (IH), Índice de Frio Noturno (IF) e Índice de Seca (IS) para os períodos de outubro a março e abril a setembro. As análises mostraram que os diferentes ambientes climáticos no estado do Paraná apresentam classes geovitícolas com potencial de produção de vinhos finos. PALAVRAS-CHAVE: Zoneamento climático, Vitis vinifera, vinhos finos. GEOVITICULTURE MULTICRITERIA CLIMATIC CLASSIFICATIO SYSTEM FOR PARA Á STATE, SOUTHER BRAZIL ABSTRACT: The purpose of this study was to characterize the climatic potential of the state of Paraná (Southern Brazil) for viticulture. From historical data series were generated Geoviticulture MCC System climate indices: Heliothermal Index (HI), Cool Night Index (PI), and Dryness Index (SI) for the periods from October to March and April to September. The analyses showed that the different climatic environments in the state of Paraná have Geoviticulture classes with potential for producing fine wines. KEYWORDS: climatic zoning, Vitis vinifera, fine wines. I TRODUÇÃO: A viticultura brasileira se concentra nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, sendo o Rio Grande do Sul, São Paulo, Pernambuco, Paraná, Bahia, Santa Catarina e Minas Gerais, em ordem decrescente, os principais estados produtores. No Paraná, a área total de uva na safra 2008/2009 ocupou 5.800 hectares, com uma produção de 101.500 t, observandose um considerável aumento na produtividade dos parreirais paranaenses, de 13,1 para 17,5 t.ha -1 em 20 anos (IBGE, 2011). O tempo e o clima exercem grande influência na cultura da videira, delimitando sua adaptabilidade em diferentes regiões. A videira é cultivada entre as latitudes 34º S e 49º N. A espécie Vitis vinifera adapta-se melhor em áreas de verão longo e

seco e de invernos brandos. Verifica-se, contudo, que ela é cultivada em inúmeros tipos climáticos do mundo, o que comporva sua adaptação a diferentes condições. Porém, cada local tem sua peculiaridade em termos de solo, clima e tecnologia de produção que leva a produtos específicos que dificilmente terão os mesmos resultados em outras regiões. Tendo em mente a especificidade da produção vitivinícola, a geoviticultura aplicada ao clima permite identificar e comparar o clima vitícola das regiões, caracterizar sua variabilidade mundial e estabelecer grupos climáticos de regiões produtoras, apresentando certa similaridade de potencial climático (Marin et al., 2008). Diante do exposto, o objetivo desse trabalho é caracterizar o potencial de produção de V. vinifera com base no Sistema de Classificação Climática Multicritérios Geovitícola para o estado do Paraná. MATERIAL E MÉTODOS: Para o zoneamento de áreas para produção de vinho no Paraná, foi utilizado o sistema de Classificação Climática Multicritério Geovitícola - Sistema CCM Geovitícola (Tonietto e Carbonneau, 2004), que apresenta diversas ferramentas capazes de classificar o clima vitícola das regiões e contribuir para sua caracterização, inclusive de forma comparativa com outras regiões vitícolas de outras partes do mundo. A partir de uma base de dados do estado do Paraná, contando com 32 estações climatológicas e 434 estações pluviométricas com 30 anos de dados, foram gerados os índices climáticos vitícolas do Sistema CCM Geovitícola para os períodos de produção outubromarço e abril-setembro: - Índice Heliotérmico (IH): em que T é a temperatura média do ar (ºC), Tx é a temperatura máxima do ar (ºC), d é um coeficiente relacionado ao fotoperíodo, de valor igual a 1,0 para latitudes inferiores a 40º, IC e FC respectivamente, as datas de início e fim do ciclo produtivo; - Índice de Frio Noturno (IF): em que Tn mf é a temperatura mínima do ar (média das mínimas) (ºC) do último mês do ciclo de produção; - Índice de Seca (IS): IS = Wo + P - Tv - Es em que Wo é a reserva hídrica inicial útil do solo (mm), P é a precipitação pluviométrica (mm), Tv é a transpiração potencial do vinhedo (mm) e Es é a evaporação direta a partir do solo (mm). A transpiração potencial do vinhedo (Tv) é dada por: Tv = ETP*k em que ETP é a evapotranspiração de referência estimada conforme PENMAN (1948), sendo que neste trabalho utilizou-se a ETP estimada por Camargo et al., (1999). A evaporação direta do solo (Es) foi calculada usando a equação: em que N é o número de dias do mês e JPm o número de dias do mês de evaporação efetiva do solo, estimado dividindo-se o valor Precipitação mensal por 5, que deve ser inferior ou igual a N. Cada índice foi enquadrado em classes conforme o Quadro 1 e comparado com outras regiões produtoras, utilizando a base da dados da Embrapa Uva e Vinho (2011).

Quadro 1. Intervalo de classes dos índices climáticos vitícolas do Sistema de Classificação Climática Multicritério Geovitícola. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O ciclo de produção vitícola nas regiões no Paraná, assim como nas áreas de produção tradicional do Rio Grande do Sul e São Paulo, é iniciado no fim do inverno, com efetivação da poda de produção, e encerra-se com a colheita a partir do mês de dezembro, estendendo-se até fevereiro/março nas regiões onde o inverno é mais rigoroso, caracterizando o período de produção de primavera-verão. A viticultura norte-parananese diferencia-se das demais regiões produtoras do país, pois se aplica, devido às tecnologias de cultivo desenvolvidas, a dupla poda anual, obtendo-se duas safras em um ano (Kishino et. al, 2007). A primeira é realizada no fim do repouso hibernal, nos meses de julho e início de agosto, com a colheita da uva de dezembro a janeiro. A segunda safra é realizada logo após a colheita proveniente da poda de inverno, obtendo-se uma segunda produção que é colhida de maio a junho (Roberto, 2000). Porém, com o objetivo de comparar as regiões vitícolas, os índices climáticos vitícolas do Sistema CCM Geovitícola foram gerados para os períodos de produção outubro-março e abril-setembro. Para o período de outubro-março (Figura 1), considerado período da safra principal, não se observou deficiência hídrica no Paraná, sendo todo o estado caracterizado como úmido (IS 2). Para o IH, a classificação foi de Frio (IH 2) para as regiões mais altas ao Sul do estado até Muito Quente (IH + 3) nas regiões mais baixas no Norte, Noroeste, Oeste e Litoral do estado. Para o IF, a classificação foi de Noites Frias (IF + 1) para as regiões mais altas ao Sul do estado até Noites Quentes (IF 2) na maior parte do estado. IS - 2 IH + 1 IF - 1: Serra do Sudeste / Encruzilhada do Sul e Serra Gaúcha / Vale dos Vinhedos; IS - 2 IH + 2 IF - 1: não identificada região vitivinícola deste grupo climático na base IS - 2 IH + 2 IF - 2: não identificada região vitivinícola deste grupo climático na base IS - 2 IH + 3 IF - 2: não identificada região vitivinícola deste grupo climático na base IS - 2 IH - 1 IF + 1: Campos de Cima da Serra / Vacaria e Pau / França;

IS - 2 IH - 1 IF - 1: Beli Kriz / Eslovênia; IS - 2 IH - 2 IF + 1: Planalto Catarinense / São Joaquim. Figura 1. Classes Geovitícolas no período de outubro a março no estado do Paraná. Para o período de abril-setembro (Figura 2), mesmo sendo uma época com menor volume de precipitação, não se observou deficiência hídrica no Paraná, sendo todo o estado caracterizado como úmido (IS 2). Para o IH, a classificação foi de Muito Frio (IH 3) para as regiões mais altas ao Sul do estado até Quente (IH + 2) nas regiões mais baixas no Norte e Noroeste do estado. Para o IF, a classificação foi de Noites Muito Frias (IF + 2) para as regiões mais altas ao Sul do estado até Noites Temperadas (IF 1) na maior parte do estado. Para recomendação de cultivo nessa época, faz-se necessária a análise de riscos de geada, pois na região sul a incidência desse evento pode inviabilizar a cultura. IS - 2 IH + 1 IF - 1: Serra do Sudeste / Encruzilhada do Sul e Serra Gaúcha / Vale dos Vinhedos; IS - 2 IH + 2 IF - 1: não identificada região vitivinícola deste grupo climático na base IS - 2 IH - 1 IF + 1: Campos de Cima da Serra / Vacaria e Pau / França; IS - 2 IH - 1 IF - 1: Beli Kriz Eslovênia; IS - 2 IH - 2 IF + 1: Planalto Catarinense / São Joaquim; IS - 2 IH - 2 IF + 2: Freiburg, Geiseinheim e Neustadt / Alemanha; Bizeljsko, Murska Sobota e Novo Mesto / Eslovênia; Besançon / França; Genève / Suíça; IS - 2 IH - 3 IF + 2: Stuttgart, Trier e Würzburg / Alemanha; Quebec / Canadá; Maidstone / Reino Unido.

Figura 2. Classes Geovitícolas no período de abril a setembro no estado do Paraná. CO CLUSÕES: o Paraná, com sua diversidade climática, apresenta regiões que se enquadram em grupos climáticos de diversas regiões tradicionais na produção de vinhos finos no mundo, indicando potencial para expansão da vitivinicultura no Estado. Contudo, os tipos climáticos, associados à latitude desta região, geram a possibilidade de cultivo em dois períodos do ano, conforme observado em certas regiões do estado, o que origina uma diversidade climática vitícola potencial maior, que pode ser utilizada na estratégia de produção de uvas para vinhos de qualidade. REFERÊ CIAS CAMARGO, A.P.; MARIN, F.R.; SENTELHAS, P.C.; PICINI, A.G. Ajuste da equação de Thornthwaite para estimar a evapotranspiração potencial em climas áridos e superúmidos, com base na amplitude térmica. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria, v. 7, n. 2, p. 251-257, 1999. EMBRAPA UVA E VINHO. Sistema CCM Geovitícola - Consulta online na base de dados mundial. Disponível em: http://www.cnpuv.embrapa.br/tecnologias/ccm/consulta.php. Acesso em fevereiro de 2011. IBGE. Quantidade produzida, Valor da produção, Área plantada e Área colhida da lavoura permanente: Uva; ano: 2009. SIDRA Sistema IBGE de Recuperação Automática. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso em fevereiro de 2011. KISHINO, A.Y.; CARVALHO, S.L.C. de; ROBERTO, S.R. Viticultura tropical: o sistema de produção do Paraná. Londrina: IAPAR, 2007. p. 366. MARIN, F. R.; ASSAD, M. L. L.; PACHECO, L. R. F.; PILAU, F. G.; PINTO, H. S.; CONCEIÇÃO, M. A. F.; TONIETTO, J.; MANDELLI, F. Potencial de clima e solo para a viticultura, no estado de São Paulo. Revista Brasileira de Agrometeorologia, v.16, n. 2, p.163-174, agosto/2008. TONIETTO, J.; CARBONNEAU, A. A multicriteria climatic classification system for grapegrowing regions worldwide. Agricultural and Forest Meteorology, 124, p 81-97, 2004.