ESCOLA RURAL MIXTA BARCA PÊNDULA DO PORTO (1949-1952) Janaina da Costa Albuquerque (UFMT) janainajca1@gmail.com Kleberson Rodrigo Vasconcelos de Oliveira (UFMT) klebersonrvo@gmail.com Resumo O estudo da Escola Rural Mixta Barca Pêndula do Porto se inscreve no contexto da década de 1940. Tem como objetivo analisar as características de ensino, dos alunos, professores e responsáveis no período de 1949 a 1952, baseado em documentos, tais como o registro escolar, livro de matrícula, e frequência diária, além das referências bibliográficas que falam sobre a História de MT. A escola foi criada no governo republicano no dia 16 de outubro de 1908, na gestão do então vice-presidente do Estado Cel. Pedro Celestino Corrêa da Costa, através da Resolução n.º 508/1908, sendo uma escola isolada do 3º Distrito da capital de Cuiabá. O nome da escola foi escolhido pois um dos meios de se chegar ao município de Várzea Grande era de barco, meio de transporte que facilitava o transporte de mercadorias e de pessoas até o município de Cuiabá iniciado no dia 04 de julho de 1874. Inicialmente a escola possuía uma sala multiseriada e um banheiro. A faixa etária atendida pela escola era de 6 a 14 anos, onde os alunos poderiam cursar mais de uma vez o 1º ano, 2º ano e 3º ano do ensino fundamental. Os alunos passavam por um analise curricular e familiar antes de ingressar na escola. Também se faziam separação por gênero, colocando no registro escolar o nome dos meninos e depois das meninas. A população mato-grossense vivia no regime da Primeira Republica que tinha por objetivo formar cidadãos civilizados para servir a pátria, sendo assim, acreditavam que só seria possível através da educação, pois essa seria a única forma de moldar o cidadão, principalmente no ensino fundamental, por esse ser responsável pelo ensino básico. A escola era muito importante para o município várzea-grandense oferecendo o ensino básico e cursos para a comunidade, ajudando no desenvolvimento educacional da cidade. Palavras Chave: Barca Pêndula. Escola Isolada. Educação Primária. INTRODUÇÃO A Escola Mixta Barca Pêndula do Porto. Devido às agitações políticas que ocasionaram reformas no ensino o então vice-presidente, Cel. Pedro Celestino Corrêa da Costa, investiu na criação de varias escolas primarias. Segundo ele [...]
nenhuma reforma eficaz é possível na instrução primaria sem conveniente habilitação de pessoal para a regência das escolas dessa categoria, e sem o mais que se requer para a profundidade delas (Correa da Costa, 1910) Sendo assim, a escola isolada foi fundada na data de 16 de outubro de 1908, com a denominação Escola Rural Mixta Barca Pêndula do Porto, através da Resolução nº. 508, assinado pelo então primeiro vice-presidente do Estado de Mato, Cel. Pedro Celestino Corrêa da Costa. Art. 1º - Ficam criadas as seguintes escolas: a) Sete no município da capital, sendo duas elementares, uma para cada sexo, no Primeiro Distrito; uma do curso complementar, do sexo masculino e uma do curso elementar, do sexo feminino, no Segundo Distrito; uma mista, do curso elementar, no Porto da Passagem da Barca Pêndulo, à margem direita do rio Cuiabá; 6 uma elementar, mista, na povoação de Morrinhos, e outra na Cacheirinha, distrito de Brotas (apud MARCÍLIO, 1963, p. 129). A origem da denominação Barca Pêndulo do Porto se deu por ser a barca uma das formas de se chegar a Várzea Grande, terceiro distrito de Cuiabá. A travessia através da balsa se iniciou em 04 de julho de 1874, o que facilitou o transporte de pessoas e mercadorias ligando e aproximando o distrito ao centro da capital. Fonte: (www. historiografiamatogrossense.blogspot.com) A embarcação, conforme visto na foto acima, tinha a seguinte forma: em sua parte externa existia um pilar fixado, responsável pela sustentação do barco, era construída de ferro. Seu primeiro dono foi o comerciante lusitano Luiz Monteiro de Aguiar, entrando em desuso em 1942, com a construção da ponte Júlio Muller.
Fonte: Arquivo da Escola Manoel Corrêa de Almeida O mastro representando a sustentação da barca, fixado em frente a escola, também era utilizado para hasteamento da bandeira nacional em atividades cívicas. Localizada na Rua Maria Metello, a escola, no período pesquisado, inicialmente compunha-se de uma sala de aula multiseriada e um banheiro, e aos fundos morava Dona Joana Matos Ehrt, funcionária exercendo a função de contina. Fonte: Arquivo da Escola Manoel Corrêa de Almeida. Os alunos: Características Sociais e Familiares Iniciado os registros no dia 2 de março de 1949, pela professora regente Antonia Tita Maciel de Campos, o caderno de Registro Escolar se compunha de registro de matrículas do ano de 1949 a 1952, contendo também as descrições dos responsáveis, e a freqüência diária dos alunos de 1949 a setembro de 1951.
No ano de 1949 a escola possuía 47 alunos matriculados, em 1950 a escola contava com 74 alunos, em 1951; 68 alunos, em 1952 o número chegava a 36 alunos e em 1953 com 35 alunos. Observe o gráfico abaixo: Fonte: Dados retirados do Registro Escolar Conforme é possível observar o gráfico acima, havia um equilíbrio entre o número de meninas e de meninos; o que não era comum na época, e que compreendia as idades entre 6 e 14 anos. O ensino era composto pelo 1º, 2º e 3º ano, podendo, o aluno, ainda cursar o mesmo ano diversas vezes. Para efetuar o registro de matrícula, era realizada uma pesquisa com a distância que o aluno residia da escola, o tempo escolar do aluno (nesta ou em outra escola), a sua procedência e sua alfabetização. Eram analisadas ainda, as características dos responsáveis, sendo este pai, mãe ou tutor. Nestas características se constatava as profissões, instrução escolar, religião e residência. Com relação ás profissões, elas são distribuídas em: Fonte: Dados retirados do Registro Escolar
4% Lides Doméstica 96% Professoras Normalistas Fonte: Dados retirados do Registro Escolar Como mostra o gráfico abaixo, as mães eram predominantemente do lar.visando as profissões marcantes da época, nota-se que os alunos freqüentadores do colégio pertenciam a uma classe social menos abastada. As mães, quando trabalhavam, em sua maioria eram Lides Domestica. No campo da Instrução Escolar, analisava-se se o pai do aluno era analfabeto ou se tem instrução primaria, secundaria ou superior. Conforme Registro Escolar de 1949, possuidores do curso primário as pessoas que concluíram os três anos referidos a esse curso ou conhecimentos gerais equivalentes a esse grau de instrução. O ensino secundário, destinados as pessoas que tiverem curso ginasial, normal. Considera-se ainda, pautados nas informações descritas no registro escolar, os possuidores de instrução superior eram apenas as pessoas que possuam diploma de curso superior, tais como direito, medicina, engenharia, filosofia, etc. As matriculas realizadas, podia ser excluída ou cancelada, podendo ser ocasionadas por vários motivos, sendo os principais: transferência para outra escola, doença, falecimento, medida disciplinar ou expulsão, abandono, etc. Assim, observamos que em 1950 houve nove transferências de alunos, registrados ao lado dos responsáveis na folha de matricula e em 1951, houve quatro transferências e quatro exclusões de aluno por má disciplina. No entanto, não sabemos quais os comportamentos não era aceitáveis na escola. O registro de frequências era separado por sexo, vindo primeiro os meninos e depois as meninas.
No registro de freqüência diária, observa-se que, segundo normas, em primeiro lugar devem ser registrados todos os alunos do sexo masculino do 1º ano. A seguir, os do sexo feminino, procedendo igualmente nos demais anos. Tendo o seu primeiro mês iniciado em Março de 1949, compareceram ao colégio 18 alunos, tendo estes 26 dias letivos. De abril de 1949 a Desembro (conforme se escrevia na época) do mesmo ano, os alunos passaram a ter um número de matricula. Nota-se que alem das presenças e faltas, a professora regente anotava detalhadamente caso algum dia seja ponto facultativo ou domingo, observando ainda, que as aulas eram ministradas inclusive aos sábados. Os registros de freqüência diária foram finalizados em Setembro de 1951, deixando-o incompleto. Assim como, o registro de Aparelhamento Escolar, que se destinava ao arrolamento do mobiliário, utensílios e material didático de uso permanente na Escola Com análise ao registro de freqüência, verificamos que três professoras fizeram as anotações, sendo elas: Antonia Tita Maciel de Campos, Maria Conceição F. Fontoura e Trizidia Clodoalda de Cerqueira. A escola Municipal de Ensino Básico, localizada no Bairro Jardim Florianopolis, na cidade de Cuiabá, recebeu o nome de Escola Antônia Tita Maciel de Campos, em homenagem aos feitos educacionais dessa professora em Mato Grosso. Contudo, não foi achado nenhum registro das outras duas professoras citadas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pelo exposto, pode-se dizer que a Escola Rural Mixta Barca Pêndula do Porto foi uma instituição de grande importância para a população várzea-grandense. De uma escola rural na sua gênese tornou-se um espaço que oferece da educação básica ao ensino médio, além disso, oferece cursos a comunidade contribuindo assim para o desenvolvimento educacional de sua cidade. BIBLIOGRAFIA DE SÁ, Elizabeth Figueiredo e SÁ, Nicanor Palhares - O grupo Escolar em Mato Grosso na Primeira Republica. Cuiabá, 2011. Revisitando a História da Escola Primária. MARCILIO, Humberto. História do Ensino em Mato Grosso. Cuiabá: Secretaria de Educação, Cultura e Saúde, 1963. MATO-GROSSO. Regulamento da Instrução Pública Primaria do Estado de
Mato-Grosso. Livro 265. Arquivo Público de Mato Grosso, 1910. Mato Grosso. Registro Escolar da Escola Rural Mixta Barca Pendula do Porto, 1949 1953 arquivo da Escola Manoel Corrêa de Almeida. MORAIS,Edenilson. A evolução histórica da Ponte Júlio Müller. Historiografia matogrossense, Cuiabá, 2009. Disponível em: < http://historiografiamatogrossense.blogspot.com.br/2009/03/principalvia-de-comunicacao-entre-as.html.>. Acesso em: 24/03/2016. Registro de Aparelhamento escolar da Escola Rural mixta Barca Pendula do Porto, 1049 1953. A.E.M.C.A