Protocolo para micropropagação de marmeleiro BA29 em meio semissólido

Documentos relacionados
EFEITO DA BENZILAMINOPURINA (BAP) NA MICROPROPAGAÇÃO DA VARIEDADE CURIMENZINHA (BGM 611) DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz)

INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE CULTURA NA TAXA DE MULTIPLICAÇÃO DE EXPLANTES DE Gypsophila cv. Golan

INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO DE ACESSOS E MEIOS DE CULTURA NA MICROPROPAGAÇÃO DA MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz)

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES EXPLANTES E COMBINAÇÕES DE REGULADORES VEGETAIS (BAP E ANA) NO CULTIVO IN VITRO DE Physalis pubences L.

Produção de Mudas de Abacaxizeiro Pérola Utilizando a Técnica do Estiolamento In Vitro

;Agutr) Energia e Sustentabilidade

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Estabelecimento in vitro da pitanga vermelha (Eugenia uniflora L.)

Enraizamento in vitro de Aechmea setigera, bromélia endêmica da Amazônia, Acre, Brasil

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Estiolamento e Regeneração in vitro de Abacaxizeiro Pérola

CULTIVO in vitro DE EMBRIÕES DE CAFEEIRO: concentrações de meio MS e polpa de banana RESUMO

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

GERMINAÇÃO IN VITRO DE Coffea arabica e Coffea canephora

SUBSTRATOS ALTERNATIVOS AO ÁGAR NO ENRAIZAMENTO IN VITRO DE FRAMBOESEIRA E AMOREIRA-PRETA

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

ENRAIZAMENTO DE ESTACAS SEMI-LENHOSAS DE CEREJEIRA-DO-RIO- GRANDE (EUGENIA INVOLUCRATA DC.) TRATADAS COM ANTIOXIDANTE, FLOROGLUCINOL E AIB

MULTIPLICAÇÃO IN VITRO DE ARAÇÁ-VERMELHO (PSIDIUM CATTLEIANUM SABINE VAR. HUMILE) MYRTACEAE 1

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

INFLUÊNCIA DO MEIO DE CULTURA E DE UM FERTILIZANTE SOLÚVEL NA MICROPROPAGAÇÃO DA MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz)

PROTOCOLO DE PRODUÇÃO DE MUDAS IN VITRO DE Tabernaemontana catharinensis DC.

Micropropagação de framboeseira em diferentes concentrações de ferro - NOTA -

ESTABELECIMENTO IN VITRO

Efeito do BAP na Indução de Brotações Adventícias em Catingueira

CONCENTRAÇÕES DOS SAIS DO MEIO MS E EXTRATO DE CHIA NO CULTIVO DE EMBRIÕES DE CAFEEIRO in vitro RESUMO

Franca, Mariana Almeida Micropropagação de cana-de-açúcar cultivar RB Mariana Almeida Franca. Curitiba: f. il.

Substratos e formas de imersão de auxina no cultivo in vitro de mirtileiros cv. Duke

MICROPROPAGAÇÃO IN VITRO DA MAMONA UTILIZANDO A CITOCININA 6- BENCILAMINOPURINA*

EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DO MEIO MS NA MICROPROPAGAÇÃO DA MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) Introdução

Indução e crescimento de calos em explantes foliares de hortelã-docampo

da Embrapa Agroindústria Tropical - Rua Dra. Sara Mesquita, Bairro Pici Fortaleza, CE -

Concentrações de BAP sobre a proliferação in vitro de brotos de Lippia alba

Efeito de Diferentes Concentrações de BAP e Zeatina na Multiplicação in vitro de Schinopsis brasiliensis Engl

ENRAIZAMENTO IN VITRO E ACLIMATIZAÇAO EM VERMICULITA DE PIMENTA- DO-REINO (Piper nigrum L.)

Qualidade de luz e fitorreguladores na multiplicação e enraizamento in vitro da amoreira-preta Xavante

Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 5918

in vitro DE PORTA-ENXERTOS DE MARMELEIRO MC E ADAMS

Micropropagação de Aechmea tocantina Baker (Bromeliaceae) Fernanda de Paula Ribeiro Fernandes 1, Sérgio Tadeu Sibov 2

INFLUÊNCIA DA POSIÇÃO DE CULTIVO DA MICROESTACA NA MICROPROPAGAÇÃO DA MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) Introdução

Posição dos explantes na multiplicação in vitro de mirtileiro cultivar O neal

INDUÇÃO DE MÚLTIPLOS BROTOS DA CULTIVAR DE ALGODÃO BRS-VERDE. *

DESENVOLVIMENTO in vitro DE BROTAÇÕES DE CAFEEIRO EM DIFERENTES MEIOS DE CULTURA E REGULADORES DE CRESCIMENTO DE PLANTA

CRESCIMENTO in vitro DE PLÂNTULAS DE ORQUÍDEAS SUBMETIDAS A DIFERENTES PROFUNDIDADES DE INOCULAÇÃO E CONSISTÊNCIA DO MEIO DE CULTURA

Analista da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Caixa Postal 007, , Cruz das Almas, BA. 2

Eng. Agrôn., Dr., pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, 4

MULTIPLICAÇÃO IN VITRO EM CONDIÇÕES FOTOAUTOTRÓFICAS DO PORTA-ENXERTO DE PEREIRA SELEÇÃO 21714

Micropropagação de Amoreira-preta 'Cherokee I 111.Efeito de Cinetina e Meios de Cultura

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

UTILIZAÇÃO DO SISTEMA DE IMERSÃO TEMPORÁRIA (SIT) NA MICROPROPAGAÇÃO DA BATATA-DOCE

GERMINAÇÃO DE GRÃO DE PÓLEN DE TRÊS VARIEDADES DE CITROS EM DIFERENTES PERÍODOS DE TEMPO E EMISSÃO DO TUBO POLÍNICO RESUMO

CONSERVAÇÃO E ENRAIZAMENTO in vitro DE Bauhinia monandra Kurz(pata-devaca) PALAVRAS-CHAVE: conservação; enraizamento; pata -de- vaca

Multiplicação in vitro do hibrido de morangueiro CRxSC adaptado as condições do Norte de Minas

Rizogênese in vitro de dois híbridos de pimenteira-do-reino (Piper nigrum L.) (1)

Multiplicação in vitro de Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz sob Diferentes Concentrações de Isopenteniladenina

MICROPROPAGAÇÃO E ACLIMATAÇÃO DE PLÂNTULAS DE MORANGUEIRO. Palavras chaves: Micropropagação. Isolamento de meristema. Explante. Mudas sadias.

ENRAIZAMENTO in vitro DO PORTA-ENXERTO DE Prunus cv. Mr. S. 1/8: CONCENTRAÇÕES DE IBA EM MEIO DE CULTURA ACRESCIDO DE ÁGAR OU VERMICULITA

MULTIPLICAÇÃO DE EXPLANTES NO CULTIVO IN VITRO DE

Eficiência comparativa na multiplicação in vitro da batata em sistema estacionário e sob agitação do meio líquido.

Diferentes concentrações de sais do meio MS no estabelecimento in vitro de morangueiro

GERMINAÇÃO E DESENVOLVIMENTO IN VITRO DE ARAÇÁ (Psidium guineense Swart)

6-BENZILAMINOPURINA E ÁCIDO INDOLBUTÍRICO NA MULTIPLICAÇÃO IN VITRO DA AMOREIRA PRETA (Rubus idaeus L.), cv. TUPY

Título da Pesquisa: Palavras-chave: Campus: Tipo Bolsa Financiador Bolsista (as): Professor Orientador: Área de Conhecimento: Resumo

INFORMAÇÕES GERAIS DO TRABALHO

Micropropagação de Ananas bracteatus (Shultz) cv. striatus Hort.

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

MÉTODOS DE ASSEPSIA E CONTROLE OXIDAÇÃO EM GEMAS APICAIS DE AZALEIA RESUMO

PODA VERDE COMO ALTERNATIVA PARA AUMENTO DA FRUTIFICAÇÃO EM PEREIRA

PROPAGAÇÃO IN VITRO DE SETE CAPOTES (Campomanesia guazumifolia)

CRIOPRESERVAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MANDIOCA

MEIOS DE CULTURA E REGULADORES DE CRESCIMENTO NA MULTIPLICAÇÃO IN VITRO DE AMOREIRA-PRETA

EFEITO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE BAP E ANA NA PROPAGAÇÃO IN VITRO DA FIGUEIRA (Ficus carica L.) 1

NA MICROPROPAGAÇÃO DE Zantedeschia aethiopica

TÉCNICAS DE CULTURA DE TECIDOS DE PLANTAS

ESTABELECIMENTO in vitro DE ROSEIRA: EFEITO DO REGULADOR DE CRESCIMENTO BAP

Produção de mudas de hortelã (Mentha arvensis L.) em função de tipos e idade de estacas

INDUÇÃO IN VITRO DE RAÍZES ADVENTÍCIAS EM EXPLANTES DE SALIX (Salix humboldtiana Willdenow)

INDUÇÃO AO ESTIOLAMENTO IN VITRO DE BROTOS DE ABACAXI cv. PÉROLA RESUMO SUMMARY

Efeito do BAP (6-benzilaminopurina) na Multiplicação in vitro de Catingueira

MEIOS DE CULTURA PARA MICROPROPAGAÇÃO IN VITRO DE BATATA

MULTIPLICAÇÃO in vitro DE AMOREIRA-PRETA CULTIVAR BRAZOS

ADEQUAÇÃO DO PROTOCOLO DE PROPAGAÇÃO RÁPIDA PARA CULTIVARES TRADICIONAIS DE MANDIOCA DO ALTO JACUÍ: DADOS PRELIMINARES

Concentrações de citocinina e carvão ativado na micropropagação de pimenta-do-reino

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 289

MICROPROPAGAÇÃO DE UVAIEIRA (Eugenia pyriformis Cambess): EFEITOS DO BAP E AIB

MICROPROPAGAÇÃO DO PORTA-ENXERTO DE MACIEIRA Seleção 69 TOLERANTE À PODRIDÃO DO COLO (Phytophthora cactorum)

Cultivo in vitro de segmentos nodais de variedades silvestres de abacaxi.

Multiplicação in vitro de cultivares de batata em meios de cultura líquido.

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

MACROPROPAGAÇÃO DO MIRTILO SOB EFEITO DO ÁCIDO INDOLBUTÍRICO (AIB) EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES E TEMPOS DE IMERSÃO

PRODUÇÃO DE MUDAS DE MAMONEIRA

EFEITO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE NITROGÊNIO E DE SACAROSE SOBRE A PROPAGAÇÃO IN VITRO DA SAMAMBAIA-ESPADA [ Nephrolepis exaltata (L.

Multiplicação in vitro de Tamarillo In vitro multiplication of Tamarillo

Propagação in vitro de helicônia (Heliconia spp.) a partir de embriões zigóticos e embriogênese somática

Estabelecimento in vitro de aroeira da praia (Schinus terebinthifolius Raddi) em diferentes concentrações de 6-benzilaminopurina (BAP)

MICROPROPAGAÇÃO COMO SCHUCH, TÉCNICA M. W. et DE al. REJUVENESCIMENTO EM MIRTILO (Vaccinium ashei Reade) CULTIVAR CLIMAX

Desenvolvimento in vitro de Ocimum selloi

2 Eng. Agr.Dr.ª, INTEC/URCAMP, Bagé, RS; 3 Bióloga, Mestranda em Fruticultura de Clima Temperado, UFPEL.

Transcrição:

DOI: 10.5965/223811711532016266 Protocolo para micropropagação de marmeleiro BA29 em meio semissólido Protocol for micropropagation of quince BA29 in semisolid media Fernanda Grimaldi *, Aline Meneguzzi, Gabriela Candido Weber, Daiane Correa, Mayra Juline Gonçalves, Leo Rufato e Aike Anneliese Kretzschmar Recebido em 02/02/2015 / Aceito em 20/07/2016 RESUMO A micropropagação é uma técnica amplamente conhecida pela sua capacidade de produzir um grande número de plantas em um espaço curto de tempo. É essencial para programas de melhoramento, sendo fundamental o estabelecimento de protocolos de micropropagação para espécies economicamente importantes. O objetivo do presente estudo foi estabelecer um protocolo de micropropagação para o marmeleiro BA29, visando à produção massal de mudas. Explantes de marmeleiro BA29 foram cultivados nos meios de cultura MS e WPM (original e 1/2) combinados com BAP (0; 0,5; 1; 2 e 4 mg L -1 ) para a multiplicação in vitro, e cultivados em meio MS com sacarose (15 e 30 mg L -1 ) combinados com AIB (0; 0,12; 0,25; 0,50; 1,0 e 2,0 mg L -1 ) para o enraizamento in vitro. Após 45 dias, o meio de cultura que proporcionou os melhores resultados para crescimento e multiplicação de explantes de BA29 foi o MS original com 2,68 mg L -1 de BAP e o meio de cultura que proporcionou os melhores resultados para o enraizamento de explantes de BA29 foi MS com 15 g L -1 de sacarose e 1,25 mg L -1 de AIB. PALAVRAS-CHAVE: propagação in vitro, Cydonia oblonga, reguladores de crescimento. ABSTRACT Micropropagation is a technique widely known for its ability to produce large numbers of plants in a short period of time. It is essential for breeding programs and to establish micropropagation protocols for economically important species. The aim of this study was to establish a micropropagation protocol for quince BA29, aiming at mass production of plantlets. The explants of quince BA29 were cultured on MS and WPM media (original and 1/2) in combination with BAP (0, 0.5, 1, 2 and 4 mg L -1 ) for the in vitro multiplication and cultured in MS medium with sucrose (15 and 30 mg.l -1 ) combined with IBA (0, 0.12, 0.25, 0.50, 1.0 and 2.0 mg L -1 ) for in vitro rooting. After 45 days, the culture media which provided the best results for growth and multiplication of BA29 explants was the MS original with 2.68 mg L -1 of BAP and the culture media which provided the best results for rooting of BA29 explants was MS with 15 g L -1 of sucrose and 1.25 mg L -1 of IBA. KEYWORDS: in vitro propagation, Cydonia oblonga, growth regulators. A técnica da micropropagação vem sendo empregada à diversas espécies vegetais, pois possibilita a produção de um grande número de plantas com alta qualidade, homogeneidade e em um curto espaço de tempo. Os principais fatores que influenciam o sucesso da micropropagação são origem do explante, meio nutritivo, luz e temperatura. Existem diversas formulações de meios nutritivos, sua escolha é em geral de acordo com a literatura, onde os compostos orgânicos e os reguladores de crescimento são dependentes da espécie ou explante utilizados (CID & TEIXEIRA 2010). Apesar das vantagens que a técnica proporciona, seu uso comercial no setor de produção de mudas frutíferas ainda é limitado devido ao alto custo e baixa eficiência que algumas espécies podem apresentar. Considerando que a tendência da fruticultura moderna está voltada aos plantios adensados e ao uso de mudas certificadas se faz necessário o estudo de protocolos de micropropagação para espécies de importância econômica, como o marmeleiro. Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC, Brasil. * Autor para correspondência <fernandagrimaldi@outlook.com> 266 Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.15, n.3, p.266-270, 2016 ISSN 2238-1171

O uso do marmeleiro como porta-enxerto vem sendo estudado em diversas culturas, principalmente na cultura da pereira. Os marmeleiros vêm sendo utilizados de forma crescente por sua versatilidade em desenvolver plantas de pereira anãs e com desenvolvimento precoce (SANSAVINI et al. 2008). Atualmente os marmeleiros estudados como portaenxertos para a pereira são as cultivares EMA, EMC, Adams, BA29, Portugal, Inta 269 e D Vranja (PASA et al. 2011, PASA et al. 2012, MACHADO et al. 2013). O BA29 se destaca em relação aos demais porta-enxertos de marmeleiro por apresentar compatibilidade com as principais variedades de pereira, alta produtividade e grande calibre de frutos, com controle de vigor da planta (ALONSO et al. 2011). O marmeleiro BA29, por não ter um protocolo de micropropagação definido, é uma cultivar lenhosa que tem apresentado baixa eficiência durante a multiplicação e enraizamento in vitro, comprometendo a propagação e posterior formação da muda. A formação de brotações e de raízes adventícias em plantas lenhosas é dificultada pelo fato destas plantas possuírem mais camadas de floema e xilema secundários (HARTMANN et al. 2011). Desta maneira o presente estudo teve como objetivo estabelecer um protocolo de micropropagação para o marmeleiro BA29, avaliando a melhor concentração de sais dos meios de culturas MS e WPM combinada com diferentes concentrações de BAP (6-benzilaminopurina) durante a multiplicação in vitro, bem como, avaliando a melhor concentração de sacarose combinada com diferentes concentrações de AIB (ácido indol butírico) durante o enraizamento in vitro de explantes de marmeleiro BA29. O estudo foi conduzido no Laboratório de Micropropagação Vegetal do Centro de Ciências Agroveterinárias CAV/UDESC, em Lages, SC. O estabelecimento in vitro do marmeleiro BA29 foi realizado a partir de segmentos nodais provenientes de planta matriz acomodada em casa de vegetação, que recebeu regularmente tratamentos fitossanitários. O estabelecimento foi feito em tubos de ensaio contendo meio de cultura MS (MURASHIGE & SKOOG 1962) com 100 mg L -1 de inositol; 30 g L -1 de sacarose; 6 g L -1 de ágar; ph 5,8±0,1 antes da adição do ágar e autoclavagem, sem adição de reguladores de crescimento. Os explantes foram mantidos sob temperatura de 25±2 ºC, primeiramente no escuro por sete dias e após, transferidos para fotoperíodo de 16 horas. Para a multiplicação in vitro foram utilizados como explantes segmentos caulinares de marmeleiro BA29, de plantas previamente estabelecidas in vitro. Os meios de culturas MS e WPM (LLOYD & McCOWN 1980) foram testados na concentração original de sais e na concentração de sais reduzidos a metade (MS original, MS½, WPM original, WPM½). Foram testadas também as seguintes concentrações de BAP: 0; 0,5; 1; 2 e 4 mg L -1. Todos os meios continham 100 mg L -1 de inositol; 30 g L -1 de sacarose; 6 g L -1 de ágar e ph 5,8±0,1 antes da adição do ágar e autoclavagem. Utilizaram-se quatro explantes por frasco, mantidos sob temperatura de 25±2 ºC e fotoperíodo de 16 horas. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado arranjado em fatorial 4 x 5 (meio x BAP), com cinco repetições por tratamento. Após 45 dias as variáveis analisadas foram: número e comprimento de brotos, número de gemas e número de folhas. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, empregando o programa SAS 9.1.3. O fator qualitativo (meio de cultura) teve suas médias comparadas através do teste de Duncan, com 5% de probabilidade de erro, e para o fator quantitativo (concentração de BAP) foi ajustada uma equação de regressão. Para o enraizamento in vitro foram utilizadas como explantes partes aéreas de marmeleiro BA29 previamente multiplicadas in vitro. Utilizou-se o meio de cultura MS com duas concentrações de sacarose: 15 e 30 g L -1. Foram testadas também as seguintes concentrações de AIB: 0; 0,12; 0,25; 0,50; 1,0 e 2,0 mg L -1. Todos os meios continham 100 mg L -1 de inositol; 6 g L -1 de ágar e ph 5,8±0,1 antes da adição do ágar e autoclavagem. Utilizaram-se cinco explantes por frasco, mantidos sob temperatura de 25±2 ºC e fotoperíodo de 16 horas. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado arranjado em fatorial 2 x 6 (sacarose x AIB), com sete repetições por tratamento. Após 45 dias as variáveis analisadas foram: comprimento e número de raiz, comprimento da parte aérea, número de folhas, número de gemas e calo. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, empregando o programa SAS 9.1.3. O fator qualitativo (sacarose) teve suas médias comparadas através do teste de Duncan, com 5% de probabilidade de erro, e para o fator quantitativo (concentração de AIB) foi ajustada uma equação de regressão. No estádio de multiplicação in vitro a análise de variância para as variáveis número e comprimento de brotos foi significativa para ambos os fatores, Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.15, n.3, 2016 267

porém sem interação. A variável número de gemas foi significativa apenas para o fator meio de cultura e para a variável número de folhas a análise não foi significativa. O meio MS em sua concentração original de sais obteve as melhores médias para números de brotos e comprimento de brotos, porém, para número de gemas o MS original não diferiu estatisticamente dos meios MS½ e WPM original (Tabela 1). THAKUR & KANWAR (2008) na multiplicação in vitro de Pyrus pyrifolia não observaram diferença estatística para a comprimento da parte área em relação aos meios de cultura MS e WPM. Porém é importante testar formas reduzidas do meio de cultura, pois a redução de macronutrientes pode ser utilizada como medida para evitar a vitrificação dos explantes. O maior número de brotos por explante (7,56 brotos) foi alcançado com a concentração de 2,68 mg L -1 de BAP (Figura 1). Na multiplicação in vitro de marmeleiro cultivar EMC as concentrações 0; 0,7; 1,4 e 2,1 mg L -1 de BAP não influenciaram no número e na altura de brotos, corroborando a necessidade de utilizar maiores concentrações de BAP (SILVA et al. 2009). O BAP é comumente utilizado na faixa de 0,5 a 5,0 mg L -1, sendo o fator genético importante na determinação da concentração necessária da citocinina, portanto a concentração de BAP varia de acordo com a espécie e cultivar estudada (CID & TEIXEIRA 2010). Para comprimento de brotos se observou que este diminuiu conforme o aumento da concentração de BAP (Figura 2). Resultados similares foram observados na multiplicação in vitro de porta-enxerto Tsukuba 1 (Prunus persica L.) demonstrando que altas concentrações de BAP podem levar à formação de desordens fisiológicas como a redução no crescimento das brotações (RADMANN et al. 2009). Tabela 1 - Valores médios para números de brotos, comprimento de brotos e números de gemas por explante em meios de cultura com diferentes concentrações de sais para marmeleiro BA29. Table 1 - Average values for shoot number, shoot length and bud number per explant of quince BA29 in culture media with different salts concentration. Tratamento (Meio) N Brotos Comp. de Brotos N Gemas MS original 6,48 a 19,19 a 5,13 a MS½ 4,81 b 16,28 b 4,45 ab WPM original 4,25 b 15,63 b 4,39 ab WPM½ 3,30 b 12,73 c 4,16 b CV (%) 23,05 18,07 28,27 Dados seguidos de mesma letra na coluna não diferem entre si estatisticamente ao nível de 5% de significância pelo teste Duncan. Figura 1 - Número de brotos (a) e comprimento de brotos (b) de explantes de marmeleiro BA29 em função da concentração de BAP. Figure 1 - Shoot number (a) and shoot length (b) for quince BA29 explants, considering BAP concentration. 268 Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.15, n.3, 2016

No enraizamento in vitro a análise de variância para as variáveis comprimento de raiz e número de gemas não se mostrou significativa para nenhum dos fatores. Para a variável número de folhas apenas o fator concentração de sacarose foi significativo, onde o maior número médio de folhas foi obtido com 15 g L -1 de sacarose (Tabela 2). Este resultado poderia ser explicado como um mecanismo de compensação da planta, onde a redução do carboidrato induziu a formação de mais folhas para aumentar a realização da fotossíntese. Porém, de acordo com DEBERGH (1991) nas condições de cultivo in vitro plantas micropropagadas não são fotoautotróficas e sim mixotróficas ou heterotróficas. Para explantes de marmeleiro Adams e EMC o enraizamento in vitro obteve melhores resultados com 15 g L -1 de sacarose, e concentrações acima de 30 g L -1 apresentaram efeito negativo sobre o enraizamento (ERIG et al. 2004). Para a variável número de raiz apenas o fator concentração de AIB foi significativo, apresentando um comportamento quadrático ao ajustar uma equação de regressão. O maior número médio de raiz (5,42 raízes) foi obtido com 1,25 mg L -1 de AIB (Figura 2). Concentrações acima deste valor proporcionaram uma diminuição no número de raízes. FISICHELLA & CINELLI (2000) obtiveram para marmeleiro o maior número médio de raiz com 1 mg L -1 de ANA e ERIG et al. (2004) obtiveram maior enraizamento com 2 mg L -1 de AIB, ANA e AIA. Estes resultados mostram que para cultivares de marmeleiro quantidades de auxina entre 1 e 2 mg L -1 são favoráveis ao enraizamento in vitro. A variável comprimento de parte aérea também se mostrou significativa apenas para o fator concentração de AIB, apresentando um comportamento linear ao ajustar uma equação de regressão (Figura 2). Foi observado que quanto maior a concentração de AIB adicionada ao meio de cultura, maior foi o comprimento da parte aérea, indicando que o AIB contribui para o crescimento da plântula, principalmente porque a auxina está envolvida em diversos processos fisiológicos, sendo responsável não só pela formação de raízes adventícias, mas também pelo alongamento celular (TAIZ & ZEIGER 2013). Tabela 2 - Número médio de folhas formadas em explantes de marmeleiro BA29 em função da quantidade de sacarose adicionada ao meio de cultura. Table 2 - Average number of leaves developed in quince BA29 explants, considering amount of sucrose added to culture media. Sacarose Número médio de Folhas (g L -1 ) 15 6,39 a 30 4,65 b CV (%) 35,68 Dados seguidos de mesma letra na coluna não diferem entre si estatisticamente ao nível de 5% de significância pelo teste Duncan. Figura 2 - Número médio de raiz (a) e comprimento de parte aérea (b) de explantes de marmeleiro BA29 em função da concentração de AIB. Figure 2 - Average root number (a) and shoot length (b) of quince BA29 explants, considering IBA concentration. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.15, n.3, 2016 269

A propagação in vitro do marmeleiro BA29 é bem sucedida quando realizada em meio MS com a concentração de sais originais, alcançando ótimo desenvolvimento de brotos com 2,68 mg L -1 de BAP durante o estádio de multiplicação e desenvolvimento radicular com 15 g L -1 de sacarose e 1,25 mg L -1 de AIB durante o estádio de enraizamento. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem os órgãos CAPES, CNPq e FAPESC pela concessão de bolsas e pelo aporte de recursos financeiros ao Laboratório de Micropropagação Vegetal do CAV/UDESC. REFERÊNCIAS alongamento das brotações micropropagadas do portaenxerto Tsukuba 1 (Prunus persica L.). Revista Brasileira de Fruticultura 31:656-663. SANSAVINI S et al. 2008. Overview of intensive pear culture: planting density, rootstocks, orchard management, soil-water relations and fruit quality. Acta Horticulturae 800:35-50. SILVA IMC et al. 2009. Interação BAP x GA3 na multiplicação in vitro do marmeleiro cultivar MC. XII Congresso Brasileiro de Fisiologia Vegetal. Fortaleza CE. TAIZ L & ZEIGER E. 2013. Fisiologia vegetal. 5.ed. Porto Alegre: Artmed. 918p. THAKUR A & KANWAR JS. 2008. Micropropagation of Wild Pear Pyrus pyrifolia (Burm F.) Nakai. I. Explant Establishment and Shoot Multiplication. Notulae Botanicae Horti Agrobotanici Cluj-Napoca 36:103-108. ALONSO JM et al. 2011. Evaluation of the OH x F selections as an alternative to quince rootstocks for pear: agronomical performance of 'Conference' and 'Doyenné du Comice'. Acta Horticulturae 903:451-455. CID LPB & TEIXEIRA JB. 2010. Explante, meio nutritivo, luz e temperatura. In: CID LPB. Cultivo in vitro de plantas. Brasília, DF. 303p. DEBERGH PC. 1991. Aclimatization techniques of plants from in vitro. Acta Horticulturae 289:291-300. ERIG AC et al. 2004. Enraizamento in vitro e aclimatização de mudas de marmeleiro cvs. Mc e Adams, utilizadas como porta-enxerto para a pereira. Scientia Agraria 5:61-68. FISICHELLA M & CINELLI F. 2000. Effetto del rapporto auxine-citochinine e di inibitori delle auxine e delle gibberelline sulla radicazione e sullo sviluppo in vitro di germogli di cotogno BA29 [Cydonia oblonga Mill.]. Atti V Giornate Scientifiche S.O.I. 2:593-594. HARTMANN HT et al. 2011. Plant propagation: principles and practices. 8.ed. New Jersey, Prentice Hall. 915p. LLOYD G & McCOWN B. 1980. Commercially feasible micropropagation of mountain laurel, Kalmia latifolia, by use of shoot-tip culture. International Plant Propagators' Society 30:420-427. MACHADO BD et al. 2013. Cultivares e portaenxertos sobre o vigor de plantas de pereira europeias. Ciência Rural 43:1542-1545. MURASHIGE T & SKOOG F. 1962. A revised medium for rapid growth and bioassay with tobacco tissue cultures. Physiology Plant 15:473-497. PASA MS et al. 2011. Hábito de frutificação e produção de pereiras sobre diferentes porta enxertos. Pesquisa Agropecuária Brasileira 46:998-1005. PASA MS et al. 2012. Desenvolvimento, produtividade e qualidade de peras sobre porta-enxertos de marmeleiro e Pyrus calleryana. Revista Brasileira de Fruticultura 34:873-880. RADMANN B et al. 2009. Multiplicação in vitro e 270 Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.15, n.3, 2016