PROJETO DE RELATÓRIO

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15926/14 jc/pbp/ms 1 DG C 2B

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Troca automática de informações obrigatória no domínio da fiscalidade *

PT Unida na diversidade PT A8-0392/1. Alteração. Harald Vilimsky, Mario Borghezio em nome do Grupo ENF

PT Unida na diversidade PT B8-0097/1. Alteração. Renate Sommer em nome do Grupo PPE

PT Unida na diversidade PT A8-0026/1. Alteração. Louis Aliot em nome do Grupo ENF

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Envia-se em anexo, à atenção das delegações, o documento COM(2017) 602 final.

Tendo em conta a Comunicação da Comissão (COM(2002) 431 C5-0573/2002),

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13023/1/15 REV 1 hs/ec/ml 1 DGG 2B

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11346/16 hrl/mjb 1 DG E 1A

Transcrição:

Parlamento Europeu 2014-2019 Comissão do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores 6.7.2015 2015/2065(INI) PROJETO DE RELATÓRIO sobre práticas comerciais desleais na cadeia de abastecimento alimentar (2015/2065(INI)) Comissão do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores Relator: Dawid Bohdan Jackiewicz PR\1068399.doc PE560.916v02-00 Unida na diversidade

PR_INI ÍNDICE Página PROPOSTA DE RESOLUÇÃO DO PARLAMENTO EUROPEU...3 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS...8 PE560.916v02-00 2/9 PR\1068399.doc

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO DO PARLAMENTO EUROPEU sobre práticas comerciais desleais na cadeia de abastecimento alimentar (2015/2065(INI)) O Parlamento Europeu, Tendo em conta a comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões, de 15 de julho de 2014, intitulada «Lutar contra as práticas comerciais desleais (PCD) nas relações entre empresas da cadeia de abastecimento alimentar» (COM(2014)0472), Tendo em conta a comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões, de 28 de Outubro de 2009, intitulada «Melhor funcionamento da cadeia de abastecimento alimentar na Europa» (COM(2009)0591), Tendo em conta o Livro Verde, de 31 de janeiro de 2013, sobre as «Práticas comerciais desleais na cadeia de abastecimento alimentar e não alimentar entre as empresas na europa» (COM(2013)0037), Tendo em conta a sua resolução, de 7 de setembro de 2010, sobre rendimentos justos para os agricultores: melhor funcionamento da cadeia de abastecimento alimentar na Europa (2009/2237(INI)), Tendo em conta a sua resolução, de 19 de janeiro de 2012, sobre desequilíbrios na cadeia de abastecimento alimentar, Tendo em conta o parecer do Comité Económico e Social Europeu, de 12 de novembro de 2013, relativo ao Livro Verde sobre as «Práticas comerciais desleais na cadeia de abastecimento alimentar e não alimentar entre as empresas na europa», Tendo em conta o parecer do Comité Económico e Social Europeu (JO C 255, 14.10.2005, p. 44), Tendo em conta a decisão da Comissão, de 30 de Julho de 2010, que institui o Fórum de Alto Nível sobre a Melhoria do Funcionamento da Cadeia de Abastecimento Alimentar (2010/C 210/03), Tendo em conta o relatório sobre um mercado de comércio retalhista mais eficiente e equitativo (2010/2109(INI)), Tendo em conta o relatório sobre o Plano de ação europeu para o setor retalhista em benefício de todos os operadores envolvidos (2013/2093(INI)), Tendo em conta a Diretiva 2006/114/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de dezembro de 2006, relativa à publicidade enganosa e comparativa 1, 1 JO L 376 de 27.12.2006, p. 21. PR\1068399.doc 3/9 PE560.916v02-00

Tendo em conta a Diretiva 2011/7/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de fevereiro de 2011, que estabelece medidas de luta contra os atrasos de pagamento nas transações comerciais 1, Tendo em conta a Diretiva 2005/29/CE relativa às práticas comerciais desleais das empresas face aos consumidores no mercado interno, Tendo em conta a Diretiva 93/13/CEE do Conselho, relativa às cláusulas abusivas nos contratos celebrados com os consumidores, Tendo em conta o Regulamento (UE) n.º 261/2012 relativo às relações contratuais no setor do leite e dos produtos lácteos, Tendo em conta o artigo 52.º do seu Regimento, Tendo em conta o relatório da Comissão do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores (A8-0000/2015), A. Considerando que as práticas comerciais desleais (PCD) são um problema comprovado por todas as entidades da cadeia de abastecimento alimentar e por diversas autoridades nacionais da concorrência; que a Comissão e o Parlamento têm chamado repetidamente a atenção para o problema das PCD; B. Considerando a dimensão e a importância estratégica da cadeia de abastecimento alimentar para a União Europeia; que o setor emprega mais de 47 milhões de pessoas na UE e que o valor total do mercado da UE de produtos relacionados com o comércio alimentar a retalho é estimado em 1,05 mil milhões de euros; C. Considerando que o comércio alimentar têm uma dimensão transfronteiriça cada vez mais significativa e é de especial importância para o funcionamento do mercado interno; D. Considerando que se registaram alterações estruturais significativas nas relações entre empresas da cadeia de abastecimento alimentar nos últimos anos, envolvendo a concentração e a integração vertical de entidades que operam nos setores da produção, da transformação e do comércio a retalho; E. Considerando que as PCD ocorrem quando existe uma falta de equilíbrio económico nas relações comerciais entre os parceiros na cadeia de abastecimento alimentar, resultante de disparidades no poder de negociação nas relações entre as empresas, e que representam uma perturbação grave do equilíbrio do mercado; F. Considerando que as práticas desleais podem ter consequências negativas para a cadeia de abastecimento alimentar, o que, por sua vez, pode ter um impacto negativo em toda a economia da UE; que as PCD podem desincentivar o comércio transfronteiriço na UE e prejudicar o bom funcionamento do mercado interno; que as práticas desleais podem resultar, em especial, numa menor aposta no investimento e na inovação por parte das empresas, como resultado da redução dos rendimentos e da falta de certeza, e pode 1 JO L 48 de 23.2.2011, p.1. PE560.916v02-00 4/9 PR\1068399.doc

levá-las a abandonar atividades de produção, de transformação ou comerciais; G. Considerando que as PCD são um obstáculo ao desenvolvimento e ao funcionamento do mercado interno e perturbam gravemente os mecanismos de mercado; H. Considerando que as PME e as microempresas são particularmente vulneráveis às PCD e são mais afetadas pelo impacto dessas práticas do que as grandes empresas; que essas práticas tornam mais difícil às PME sobreviverem no mercado, realizarem novos investimentos, inovarem e expandirem as suas atividades, incluindo a nível internacional no interior do mercado único; I. Considerando que muitos Estados-Membros introduziram diferentes formas de combater as PCD, em alguns casos através de regimes voluntários de autorregulação e noutros através de regulamentação nacional relevante; J. Considerando que as PCD só são parcialmente abrangidas pelo direito da concorrência, cujas disposições apenas se referem a algumas PCD nas relações entre empresas da cadeia de abastecimento alimentar; K. Considerando que o «fator medo» pode desempenhar um papel nas relações comerciais, com a parte mais fraca a recusar-se a apresentar queixa contra as PCD da parte mais forte, por receio de que tal possa resultar no fim da sua relação comercial; 1. Acolhe favoravelmente as medidas adotadas até à data pela Comissão para lutar contra as PCD, a fim de garantir um mercado mais equilibrado; 2. Congratula-se com a ação adotada pelo Fórum de Alto Nível sobre a Melhoria do Funcionamento da Cadeia de Abastecimento Alimentar e com a criação da plataforma de peritos sobre as relações entre empresas, que elaborou uma lista, uma descrição e uma avaliação das práticas comerciais que podem ser consideradas manifestamente desleais; 3. Congratula-se com a criação da Iniciativa Cadeia de Abastecimento, que resultou na adoção de um conjunto de princípios de boas práticas nas relações entre empresas da cadeia de abastecimento alimentar e num quadro voluntário para a aplicação desses princípios; considera que os esforços de promoção das práticas comerciais leais na cadeia de abastecimento alimentar podem ter um impacto significativo; 4. Acolhe com agrado os princípios de boas práticas e a lista de exemplos de práticas leais e desleais nas relações verticais na cadeia de abastecimento alimentar; concorda que agora essas normas devem ser aplicadas; 5. Acolhe favoravelmente a criação de plataformas nacionais de organizações e empresas da cadeia de abastecimento alimentar, a fim de promover práticas comerciais leais e procurar pôr termo às PCD; 6. Congratula-se com o desenvolvimento de mecanismos alternativos e informais de resolução de litígios e de recurso, em especial através da mediação e de soluções amigáveis; PR\1068399.doc 5/9 PE560.916v02-00

7. Congratula-se com as medidas regulamentares adotadas por alguns Estados-Membros, que introduziram disposições que complementam o direito nacional da concorrência, que ampliaram o âmbito de aplicação das diretivas sobre PCD, alargando o âmbito das suas disposições para abranger as relações entre empresas, e que criaram serviços independentes responsáveis pela aplicação da legislação; 8. Confirma a existência de PCD na cadeia de abastecimento alimentar e reconhece que são contrárias aos princípios básicos do direito; 9. Partilha da opinião da Comissão de que as PCD resultam de uma falta de equilíbrio nas relações comerciais e do aumento preocupante do poder de negociação das entidades de maior dimensão, o que lhes confere uma posição dominante no mercado, lhes permite impor condições contratuais desfavoráveis aos parceiros comerciais mais fracos e recorrer a práticas desleais, que se desviam manifestamente da boa conduta comercial e são contrárias aos princípios de boa-fé e de práticas comerciais leais; condena as práticas que exploram os desequilíbrios em matéria de poder negocial entre os operadores económicos e que têm um efeito adverso sobre a liberdade contratual; 10. Refere que as PCD das partes com uma posição negocial mais forte têm claramente um impacto negativo; sublinha que as PCD podem prejudicar o investimento e a inovação de produtos; 11. Considera que a Iniciativa Cadeia de Abastecimento e outros regimes voluntários nacionais e da UE (códigos de boas práticas, mecanismos voluntários de resolução de litígios) devem continuar a ser desenvolvidos e promovidos; incentiva os produtores e os comerciantes a participarem neste tipo de iniciativas; defende que devem desempenhar um papel importante na luta contra as PCD; 12. Reconhece, contudo, que os regimes voluntários e de autorregulação não são suficientes para pôr termo às PCD de uma vez por todas, devido à falta de mecanismos eficazes de aplicação das regras; 13. Sublinha que as medidas destinadas a lutar contra as PCD irão contribuir para assegurar o bom funcionamento do mercado interno e para desenvolver o comércio transfronteiriço na UE; 14. Insta a Comissão e os Estados-Membros a aplicarem, de forma plena e coerente, o direito da concorrência, as normas em matéria de concorrência desleal e as regras no domínio antitrust; salienta, no entanto, que o direito da concorrência apenas pode resolver o problema das práticas desleais até certo ponto; 15. Reitera que a concorrência livre e leal, a liberdade contratual e a aplicação adequada da legislação pertinente são elementos essenciais para garantir o bom funcionamento da cadeia de abastecimento alimentar; 16. Salienta que tirar partido de uma posição de negociação mais forte para impor PCD é uma violação do princípio da liberdade contratual, uma vez que a parte mais forte tem uma maior influência sobre os contornos da relação comercial e pode, unilateralmente, impor condições que servem desproporcionadamente os seus próprios interesses financeiros, sendo que a parte mais fraca não tem outra alternativa senão aceitar essas PE560.916v02-00 6/9 PR\1068399.doc

condições; considera que devem ser tomadas medidas para reforçar a confiança mútua entre os parceiros da cadeia de abastecimento, com base nos princípios da liberdade contratual, da equivalência dos benefícios e da liberdade de tirar partido desses benefícios; 17. Insta a Comissão a apresentar propostas específicas de legislação da UE que proíbam as PCD na cadeia de abastecimento alimentar, a fim de permitir o correto funcionamento dos mercados e a manutenção de relações transparentes entre produtores, fornecedores e distribuidores de alimentos; 18. Sugere que se deve começar por regras da UE relativas à criação ou ao reconhecimento de serviços públicos nacionais responsáveis pela aplicação das leis, com o objetivo de lutar contra as práticas desleais na cadeia de abastecimento alimentar; considera que os serviços públicos dessa natureza devem estar habilitados a realizar inquéritos por sua própria iniciativa ou com base em informações de índole informal e em queixas tratadas de forma confidencial (ultrapassando assim o «fator medo»), bem como a aplicar sanções; 19. Está convicto de que deve ser elaborada uma única definição clara, precisa e vinculativa de PCD, a fim de permitir a criação de regras eficazes para combater essas práticas; 20. Solicita que se tenha em devida conta, no momento da elaboração de regras neste domínio, as características específicas de cada mercado e os respetivos requisitos legais, as diferentes situações e abordagens em cada Estado-Membro, o grau de consolidação ou fragmentação dos mercados individuais e outros fatores significativos; considera que esses esforços regulamentares devem assegurar a existência de uma margem relativamente ampla para adaptar as medidas a adotar às características específicas de cada mercado e devem basear-se no princípio geral de melhoria da aplicação através da participação dos serviços públicos relevantes; 21. Insta a Comissão a avaliar os regimes voluntários e de autorregulação adotados até à data e a eficácia das ações regulamentares adotadas a nível nacional e da UE; solicita que seja realizada uma avaliação do impacto provável dos diferentes tipos de medidas regulamentares da UE propostos, tendo em devida consideração todas as possíveis implicações para as várias partes interessadas e para o bem-estar dos consumidores; 22. Encarrega o seu Presidente de transmitir a presente resolução ao Conselho, à Comissão e aos governos e parlamentos dos Estados-Membros. PR\1068399.doc 7/9 PE560.916v02-00

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS Em julho de 2014, a Comissão publicou uma comunicação em que solicitava aos Estados-Membros que procurassem formas de oferecer aos pequenos produtores e retalhistas do setor alimentar mais proteção contra as práticas comerciais desleais (PCD), que muitas vezes ocorrem nas relações comerciais em que uma das partes está numa posição mais forte do que a outra. De um modo geral, as PCD podem ser definidas como práticas que se desviam significativamente da boa conduta comercial, são contrárias à boa-fé e às práticas comerciais leais e são impostas unilateralmente por um parceiro comercial ao outro. No presente relatório, o relator dá exemplos de práticas desleais que os participantes da cadeia de abastecimento alimentar declararam serem comuns no setor. As PCD surgem quando existem desequilíbrios de recursos financeiros, e, por conseguinte, de poder de negociação, entre os parceiros comerciais nas relações comerciais, tanto na cadeia de abastecimento alimentar como não alimentar, e podem ter efeitos prejudiciais para a economia da UE em geral, pois podem resultar na perda da capacidade de investimento e inovação das empresas, nomeadamente das PME, levando-as a não tentar alargar as suas atividades no mercado único. Também se deve prestar atenção ao «fator medo», que pode fazer com que os parceiros comerciais mais fracos não intentem uma ação judicial quando o podem fazer e simplesmente aceitem as PCD, independentemente de serem prejudiciais, porque têm receio que o parceiro comercial mais forte ponha termo à relação comercial. Embora esses desequilíbrios em termos de poder de negociação sejam parte integrante da forma como o mercado funciona e sejam inteiramente legítimos, qualquer abuso de uma posição mais forte pode distorcer as relações entre as empresas e, muitas vezes, resultam em PCD. A questão das PCD nas relações entre empresas tem ganho proeminência nos últimos anos e, embora seja difícil avaliar a extensão total do problema, existem dados estatísticos e de mercado consideráveis que sugerem que as PCD são relativamente comuns, em especial em determinadas partes da cadeia de abastecimento. Num inquérito realizado em março de 2011, 96 % dos inquiridos da cadeia de abastecimento alimentar afirmaram que já estiveram expostos a pelo menos uma forma de PCD 1. Um grande número de Estados-Membros reconheceu os danos que as PCD podem causar e adotaram medidas regulamentares para as combater; outros estão a planear fazê-lo. No entanto, as regras neste domínio diferem consideravelmente de Estado-Membro para Estado-Membro, bem como a dimensão do problema. Paralelamente, os operadores de mercado tentaram igualmente resolver o problema através da elaboração de princípios de boas práticas nas relações verticais e de quadros de autorregulação para a sua aplicação, sendo disso exemplo a Iniciativa Cadeia de Abastecimento. Contudo, o facto de as PCD serem um problema generalizado e crescente coloca em questão a eficácia dos regimes de autorregulação no restabelecimento do equilíbrio do mercado. Os 1 Inquérito encomendado pela CIAA (Confederação das Indústrias Agroalimentares da UE) e pela AIM (Associação Europeia das Indústrias de Produtos de Marca). PE560.916v02-00 8/9 PR\1068399.doc

regimes voluntários que incentivam as empresas a não recorrer a PCD têm como objetivo aliviar o problema mas nunca serão suficientes para o resolver. O relator considera, portanto, que são necessárias medidas firmes e coerentes para eliminar as PCD na cadeia de abastecimento alimentar da UE de uma vez por todas. A dimensão do problema exige a adoção de regras a nível da UE, de modo a garantir que os mercados funcionem corretamente e que existem relações leais e transparentes entre todas as partes envolvidas na cadeia de abastecimento alimentar. As PCD devem estar perfeitamente definidas e devem ser estabelecidas sanções claras para quem recorrer a essas práticas. Além disso, os serviços nacionais devem ser responsáveis pela aplicação das normas e devem estar habilitados a iniciar inquéritos e a tratar as queixas em regime de anonimato. O objetivo do presente relatório é chamar a atenção para o problema das PCD e, ao mesmo tempo que reconhece as medidas já tomadas a nível nacional e da UE sob a forma de legislação nacional e regimes de autorregulação, analisar a possibilidade de ir mais além e pôr termo ao problema das práticas comerciais desleais no mercado interno. PR\1068399.doc 9/9 PE560.916v02-00