CONSENTIMENTO INFORMADO EM TRANSFUSÃO

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Transcrição:

CONSENTIMENTO INFORMADO EM Comissão Transfusional HFF António Barra Auditório HFF Amadora Setembro 2012

Porquê o consentimento pós-informado em transfusão? Não há já demasiados consentimentos? Como vamos agilizar a utilização de novos documentos nos serviços? Como responder às perguntas que vão ser agora colocadas pelos doentes? O que fazer em caso de recusa da terapêutica com componentes ou derivados sanguíneos? Como actuar em casos particulares? E os menores e incapazes adultos? E em caso de urgência?

Porquê o consentimento pós-informado em transfusão? Porque a transfusão não é uma terapêutica isenta de riscos, inclusive de vida. Porque os doentes devem ser esclarecidos quanto à índole, alcance, envergadura e possíveis consequências do tratamento Porque os doentes têm o direito de receber ou recusar a prestação de cuidados que lhes é proposta. Porque existem, por vezes, outras opções terapêuticas. Porque um doente envolvido no processo transfusional é um doente mais desperto e colaborante.

Não há já demasiados consentimentos? A informação disponibilizada em outros consentimentos é relativamente à transfusão omissa ou inexistente. Não foi possível adaptar, para uma matéria tão sensível e importante, outros consentimentos já existentes. Era imprescindível disponibilizar informação adequada para assegurar uma decisão dos doentes em consciência.

Como vamos agilizar a utilização de novos documentos nos serviços? A introdução será a 15 de Outubro 2012. Os serviços devem ter disponíveis todos os documentos necessários, estes estarão disponíveis para todo o Hospital no Sorian. Serão feitas ações de formação nos serviços até à data da introdução do consentimento.

Como responder às perguntas que vão ser agora colocadas pelos doentes? Os médicos devem estar preparados para as perguntas e dúvidas que lhes sejam colocadas pelos doentes, relativamente à terapêutica transfusional e a sua real necessidade, alternativas à terapêutica, ato transfusional e possíveis reações adversas. Devem estar também preparados, médicos e enfermeiros, para envolver o doente no processo transfusional e póstransfusional. O Serviço de Sangue deverá estar disponível para responder a eventuais perguntas e dúvidas dos profissionais envolvidos.

O que fazer em caso de recusa da terapêutica com componentes ou derivados sanguíneos? Deverá ser explicado, ao doente, de forma clara e compreensível para ele as possíveis consequências da sua recusa e perceber se não existem pressões que possam estar a condicionar a sua decisão. Deverão ser apresentadas, ao doente, as alternativas existentes à terapêutica transfusional. O doente deverá assinar o documento de Isenção de responsabilidade/recusa à terapêutica transfusional. Ao doente devem ser disponibilizados os recursos para uma terapêutica alternativa.

E nos casos particulares? Testemunhas de Jeová É um direito de todos os doentes poderem recusar a administração de sangue ou derivados por razões de convicção religiosa. Quando se levantarem questões que em seu entender hajam conflitos éticos, deverá colocar as suas questões, aos seus superiores hierárquicos e/ou à Comissão de Ética do Hospital.

E os menores e incapazes adultos? Menores de 16 anos e ou pessoas que não tenham o discernimento necessário para avaliar o seu sentido e alcance no momento em que o prestam RL ou instância designada pela lei. Os menores com capacidade de entendimento devem ser ouvidos. Em caso de situação conflitual deve-se, dentro do razoável procurar o consenso. Quando se trate de menor com idade e discernimento, as intervenções efectivadas contra a vontade de menor obrigam a uma justificação fundamentada feita por escrito no processo clínico e de cujo teor deve ser dado conhecimento prévio ao Director Clínico ou equivalente.

E os menores e incapazes adultos? Quando exista perigo actual ou iminente para a vida ou integridade física da criança ou do jovem e haja oposição dos detentores do poder paternal ou de quem tenha a guarda de facto, pode-se realizar o tratamento medicamente indicado, após um expedito procedimento, junto do Ministério Público, de limitação do poder paternal. Quando o tratamento é necessário e urgente, e ninguém com autoridade parental está presente, os médicos devem realizar os tratamentos necessários para salvar a vida da criança ou evitar a deterioração grave da sua saúde.

E os menores e incapazes adultos?. No caso dos incapazes e a intervenção não é urgente, o Ministério Público nomeará um curador provisório, que dará o consentimento. O incapaz deve participar, na medida do possível, na autorização. Ter em consideração os testamentos de paciente e a opinião dos procuradores de cuidados de saúde.

E em caso de urgência? Numa situação de urgência, em que o consentimento não possa ser obtido, os médicos devem prestar os tratamentos médicos adequados e que sejam imediatamente necessários para salvar a vida ou evitar uma grave deterioração da saúde do doente. A não ser que o médico possa convencerse de que o doente não quer, de modo nenhum, ser tratado. Logo que possível, o doente deve ser informado acerca das intervenções levadas a cabo e deve ser pedido consentimento para ulteriores cuidados e tratamentos médicos.

Vários esclarecimentos: O consentimento deverá ser obtido de todas as vezes que o doente der entrada no Hospital e que necessite de tratamento com componentes ou derivados do sangue. Num tratamento crónico o doente deve dar o seu consentimento se houver uma mudança na terapêutica inicialmente consentida. O doente pode em qualquer altura modificar a sua decisão, tanto de revogar o consentimento quanto a recusa. O consentimento não reduz o nível de responsabilidade pela execução dos atos consentidos.

Documentos que vão ser disponibilizados para o consentimento pós-informado: Informação a ser fornecida ao doente antes da assinatura do Consentimento pós-informado. Consentimento pós-informado para a transfusão de componentes sanguíneos e derivados do sangue. Declaração em caso de emergência ou impossibilidade de preenchimento pelo doente ou responsável legal. Isenção de Responsabilidade/Recusa à Permissão para a transfusão de componentes sanguíneos ou derivados do sangue humanos. Alerta para eventuais Reações Adversas após tratamento com componentes/derivados do sangue humanos.

Informação a ser fornecida ao doente antes da assinatura do Consentimento pós-informado. O que é a terapêutica com componentes sanguíneos? Qual a origem dos componentes sanguíneos? Quais os riscos? Há alternativas? Posso utilizar o meu próprio sangue? Consentimento pós-informado Lista de perguntas em transfusão Data e assinatura O original deste documento deverá ficar no processo do doente e uma 2ª via deverá ser entregue ao doente

Consentimento pós-informado para a transfusão de componentes sanguíneos e derivados do sangue. Declaração do doente em como entendeu o alcance da terapêutica transfusional, e que concorda com a mesma. Que foi informado sobre eventuais reações adversas. Que lhe foi dada a oportunidade de colocar questões e que as mesmas foram satisfatóriamente respondidas. Que sabe que o tratamento não implica uma cura e que pode ser alterada a terapêutica inicialmente proposta. Que não omite factos relativos a anteriores gravidezes ou transfusões.. Autoriza o acesso ao processo clínico noutras instituições.

Consentimento pós-informado para a transfusão de componentes sanguíneos e derivados do sangue. Autorização opcional da utilização dos seus dados laboratoriais e da história clínica/transfusional para fins científicos. Assinatura com elementos identificativos, data e hora. Identificação, datada e assinada, de quem prestou esclarecimentos. Em caso de doente que tenha dificuldades de compreensão em língua portuguesa requerida assinatura do intérprete ou outro meio utilizado.

Declaração em caso de emergência ou impossibilidade de preenchimento pelo doente ou responsável legal. Declaração do médico, prescritor da terapêutica com componentes ou/e derivados do sangue humano, em como não foi possível em tempo útil colectar o Termo de Responsabilidade pós-informado. Motivo da impossibilidade. Declaração que o doente ou RL será informado logo que houver oportunidade. Data, hora, nº da cédula profissional e assinatura do médico prescritor e de um médico especialista ou superior hierárquico que confirma essa impossibilidade.

Isenção de Responsabilidade/Recusa à Permissão para a transfusão de componentes sanguíneos ou derivados do sangue humanos. Declaração de proibição do doente em ser tratado com componentes [específica qual(ais)] e/ou derivados de sangue humano. Declaração de compreensão das eventuais consequências da recusa (que incluem eventuais sequelas permanentes ou/e morte). Declaração de Isenção de Responsabilidade do Hospital e profissionais de saúde.

Isenção de Responsabilidade/Recusa à Permissão para a transfusão de componentes sanguíneos ou derivados do sangue humanos. Identificação do doente, data e assinatura. Testemunha. Declaração do médico, identificada e assinada, em como foram explicados ao doente, e por este compreendidas, as eventuais consequências da sua recusa. Eventual identificação de intérprete e assinatura.

Alerta para eventuais Reações Adversas após tratamento com componentes/derivados do sangue humanos. Documento que especifica que podem haver reações adversas à administração de componentes/derivados do sangue humano. Deve-se explicar, ao doente, que podem ocorrer antes da transfusão/administração dos mesmos. Descrição de alguns dos sinais/síntomas e a colaboração que o doente pode prestar. Números de contacto do Serviço onde foi feita a prescrição, médico prescritor e S.Sangue. Assinatura do doente/rl e data.

Alerta para eventuais Reações Adversas após tratamento com componentes/derivados do sangue humanos. Este documento não invalida a responsabilidade, dos profissionais de saúde, de vigiar o doente durante e após o tratamento com componentes/derivados do sangue humano. Em caso de o doente ter dificuldade ou estar impossibilitado de se exprimir oralmente estes cuidados devem ser redobrados.

Faz tudo ocultando ao doente a maioria das coisas ( ) distrai a sua atenção. Anima-o sem lhe mostrar nada do que se vai passar nem do seu estado actual Hipócrates Sobre a decência. Imagem extraída da página da internet do serviço de gastrenterologia CHLC, disponível em: http://www.gastrochlc.com/publico/exames/

COMISSÃO TRANSFUSIONAL HFF Manuela Ferreira Anestesiologia - Presidente Teresa Maia Direcção Clínica Alfredo Leite UCIP António Barra Imuno-hemoterapia Fernanda Pereira Imuno-hemoterapia Gonçalo Dias Ginecologia/Obstetricia José Calado Cirurgia Mendes da Silva Medicina Teresa Ferreira - Pediatria

LITERATURA COMPLEMENTAR Blood Who needs it? (2001- reprinted 2005), Consumer brochure, National Health and Medical Research Council, Australian Government Documento-Guia sobre Consentimento Informado (2009), ARS Norte, Ministério da Saúde Consentimento Informado (2006), Centro de Direito Biomédico, Coimbra Decreto Lei n.º 267/2007, in Diário da República, 1.ª série N.º 141 24 de Julho de 2007 Consentimento informado, Unimed, Centro Hospitalar Joinville Termo de Consentimento Informado para Transfusão de Sangue e Hemoderivados, Hospital Copad or Anexo Informativo: Imuno-Hemoterapia/Transfusão de Sangue (2008), IPO Porto