Palavras chave: Propriedades físicas. Propriedades Mecânicas. Capabilidade.

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Transcrição:

49 AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE MDF - MEDIUM DENSITY FIBERBOAD E MDP - MEDIUM DENSITY PARTICLEBOARD, POR MEIO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE 1 Pós Graduando IESSA - carlinhoshp@gmail.com 2 Professor do IESSA ricardo@eqpconsultoria.com.br Carlos Henrique PINHEIRO 1 Ricardo BLAUTH 2, RESUMO: Os painéis reconstituídos de madeira surgem como alternativa ao uso de madeiras maciças, que entraram em regime de restrição na metade do século passado por esgotamento ou limitações ambientais. Devido à grande demanda por produtos com alta qualidade no mercado moveleiros e afins, além da grande concorrência existente nesse ramo, fazem-se necessário conhecer as propriedades físico-mecânicas dos painéis de madeira reconstituída para potencializaras suas qualidades no produto acabado. Este trabalho tem como objetivo avaliar as características físicas e mecânicas do MDF e MDP. Para avaliação destas propriedades foi selecionada uma espessura comum para o MDF e MDP de quinze mm. De acordo com esta característica foram segregados três lotes de produção dos painéis de MDF e MDP. De cada lote de produção foram realizadas cem repetições de tração perpendicular, flexão estática e módulo de elasticidade. Aplicou-se análise de variância ANOVA nos resultados obtidos, teste de Tukey para verificar a existência de diferença significativa, e também análise de capabilidade do processo através da ferramenta Minitab. Estatisticamente os resultados obtidos, demonstram uma diferença significativa entre os resultados de cada tipo de painel, sobre a capabilidade do processo, todos os ensaios estão próximo ao atingimento do CPK da unidade, ou seja, muito próximo a estabilidade do processo com 3 desvios padrão para cada lado da média em quase a totalidade dos dados apresentados considerando suas especificidades produtivas, sendo um a partir da fibra e outro de partícula. Sendo assim, o MDF possui características físicas e mecânicas superiores ao MDP, tornando-se um produto mais nobre em termos de trabalhabilidade e usinabilidade no produto acabado. Palavras chave: Propriedades físicas. Propriedades Mecânicas. Capabilidade. ABSTRACT: Reconstituted wood panels emerge as an alternative to the use of hardwoods that have been restricted in the last half century by depletion or environmental constraints. Due to the great demand for products with high quality in the furniture market and the like, besides the great competition in this field, it is necessary to know the physical and mechanical properties of reconstituted wood panels to enhance their qualities in the finished product. This work aims to evaluate

50 the physical and mechanical characteristics of mdf and mdp. To evaluate these properties, a common thickness was selected for the mdf and mdp of fifteen mm. According to this characteristic, three production batches of mdf and mdp panels were segregated. From each batch of production were performed one hundred repetitions of perpendicular traction, static flexion and modulus of elasticity. The analysis of variance - anova in the obtained results was applied, Tukey test to verify the existence of significant difference and also analysis of process ability through the tool Minitab. Statistically the results show a significant difference between the results of each type of panel, on the capability of the process, all the tests are close to the achievement of the CPK of the unit, that is, very close to the stability of the process with three standard deviations for Each side of the media in almost all of the data presented considering their production specificities, one being from the fiber and another from the particle. Thus, the mdf has physical and mechanical characteristics superior to the mdp, becoming a nobler product in terms of workability and machinability in the finished product. Keywords: Physical Properties. Mechanical properties. Capability. 1 INTRODUÇÃO Os painéis reconstituídos de madeira surgem como alternativa ao uso de madeiras maciças, que entraram em regime de restrição na metade do século passado por esgotamento ou limitações ambientais. Existem duas famílias de painéis de madeira, que são classificados segundo seu uso: os painéis destinados a funções estruturais para a construção (OSB); e a família de painéis de uso interno, para móveis e acabamentos em construções de todo o tipo. O MDF e MDP são painéis de uso interno, utilizados para móveis e decoração, oferecendo uma ampla gama de produtos básicos e com aplicações decorativas de melamina e lâminas, que permitem seu uso em todo tipo de móveis residenciais, para escritórios, lojas e acabamentos. Este artigo tem como objetivo constatar quais os principais fatores que determinam a baixa resistência física e mecânica de MDF e MDP a partir de testes laboratoriais baseados nas Normas Regulamentadoras Brasileiras NBR 15316:2009 e 14810:2006. 2 REVISÃO DE LITERATURA Os painéis de madeira podem ser destinados a uma ampla gama de aplicações, de acordo com a necessidade dos clientes, que são obtidas a partir de suas características físicas e mecânicas, o que garantirá um produto de qualidade, sem defeitos e principalmente resistente. Segundo ABNT NBR 15316-1:2009 e ABNT NBR 14810-1:2006, os painéis de MDF e MDP são definidos como:

51 - MDF (Medium Density Fiberboad ou Painel de Fibras de Média Densidade) são: painéis de média densidade produzidos a partir de fibras de madeira com a adição de adesivo sintético, submetidos à ação do calor e pressão. - MDP (Medium Density Particleboard ou Painel de Partículas de Média Densidade) são: painéis de média densidade produzidos a partir de partículas de madeira com a adição de adesivo sintético, submetidos à ação do calor e pressão. Os painéis de madeira surgiram da necessidade de amenizar a anisotropia e a instabilidade dimensional da madeira maciça, diminuir seu custo e melhorar as propriedades isolantes, térmicas e acústicas. Adicionalmente, suprem uma necessidade reconhecida no uso da madeira serrada e ampliam a sua superfície útil, através da expansão de uma de suas dimensões (a largura), para, assim, otimizar a sua aplicação (REMADE, 2004a). Segundo Iwakiri (2005), a partir dos diversos elementos de madeira, com formas e dimensões variadas, podem-se gerar novos produtos de madeira através da sua reconstituição, utilizando métodos e processos adequados para cada tipo de produto e finalidade de uso. As utilizações dos painéis de madeira estão diretamente associadas às propriedades físicas e mecânicas dos mesmos. As restrições técnicas para o uso e a aplicação de diferentes tipos de painéis de madeira envolvem características como resistência, uso interior ou exterior, uniformidade da superfície, tolerância à usinagem, resistência à fixação de parafusos, entre outros. Diferentes tipos de painéis de madeira podem sobrepor tais restrições técnicas (ABIMCI, 2009). Segundo Moreschi (2010) temos: [...] a propriedade mecânica de flexão estática refere-se ao comportamento que a madeira possui ao ser submetida a uma carga aplicada em sua face tangencial, com o objetivo de provocar seu flexionamento. Para fins práticos, a madeira, até determinado ponto, apresenta uma característica elástica, onde se cessarmos a força que a deforma, ela ainda apresenta capacidade de voltar ao seu estado original. A partir do ponto em que a madeira deixa de ser elástica, ela passa a ser plástica. Ou seja, ela não apresenta mais a capacidade em retornar ao seu estado original, mesmo quando a força que a deforma é cessada [...]. Dentre propriedades físico-mecânicas pode-se destacar o MOE (Módulo Elástico) e o MOR (Módulo de Ruptura) como essenciais para determinação da qualidade da madeira, sendo que, em consideração ao ponto de vista tecnológico o conhecimento do MOE é a de maior importância (SCANAVACA JÚNIOR e GARCIA, 2004), Para Iwakiri (2005), os painéis de madeira reconstituída, seja ele produzido a partir de fibras ou partículas, possuem suas características físicas mecânicas individuais, conforme sua utilização seja ela cru ou acabado. Segundo DALMASSO (2010), o painel MDF possui consistência e algumas características mecânicas que o aproximam da madeira maciça e difere do painel de

52 madeira aglomerada basicamente por apresentar parâmetros físicos de resistência superiores, boa estabilidade dimensional e excelente capacidade de usinagem. Os testes laboratoriais que garantem aprovação do produto de MDF e MDP são Tração Perpendicular (TP), Módulo de Elasticidade (MOE e MOR) e Flexão estática (FE). Estes asseguram que o produto obteve resultado mínimo exigido pela NBR e é considerado produto de primeira qualidade. Estando um processo sob controle estatístico, pode-se dar significado quanto à sua capacidade em relação ao processo em obedecer às especificações, estabelecendo que na sua ausência não se faz alguma previsão (DEMING, 1997). O processo de melhoria pode ser descrito como a implantação de uma metodologia de trabalho, capaz de gerar dados confiáveis para que sejam tomadas decisões com o objetivo de aumento de lucro para uma empresa através de procedimentos. (BRAGA, 2009) De acordo com Rotondaro (2002), para estudar capacidade do processo é preciso conhecer as especificações. Especificações são parâmetros técnicos definidos pela Engenharia de processos ou de produto. Montgomery (2004) define três técnicas fundamentais são utilizadas na análise da capacidade do processo: histogramas ou gráficos de probabilidade, gráficos de controle e experimentos planejados. A análise da capabilidade (capacidade) do processo produtivo é um procedimento para avaliar a condição de um processo em atender as especificações de determinada característica da qualidade do produto (SPIRING,1997). Os índices de capacidade fazem a junção de todos os dados de maneira que permita avaliar se um processo é capaz de gerar produtos possam atender as especificações provenientes de seus clientes. Conforme Montgomery (1997) e Deleryd (1999), quatro são os índices de capacidade para dados normalmente distribuídos. Estes índices são números adimensionais que permitem uma quantificação do desempenho de processos, sendo eles: Cp, Cpk, Cpm e Cpmk. O índice Cp, chamado de índice de capacidade potencial do processo, considera que o processo está centrado no valor nominal da especificação. Kane (1986) propôs o índice de desempenho Cpk, que leva em consideração a distância da média do processo em relação aos limites de especificação. 3 MATERIAIS E MÉTODOS Para este estudo, foi escolhida uma espessura padrão de quinze milímetros dos dois painéis avaliados, selecionado três lotes de produção cada lote possui em média vinte metros cúbicos de chapa, e de cada lote realizado cem repetições dos testes de MOE / MOR, TP e FE. O módulo da resistência à flexão e o módulo de elasticidade à flexão são obtidos simultaneamente do ensaio de um mesmo corpo-de-prova cujas dimensões

53 nominais foram de vinte vezes a espessura do material mais cinqüenta milímetros usando a máquina universal de ensaios. O ensaio consistiu em aplicar uma força no meio do comprimento do corpo-deprova, que esta apoiado nas duas extremidades da máquina universal e que apresenta 0,50 m de vão livre, portanto sujeito à flexão. A força aumenta de maneira gradativa e constante, permitindo a medição da flecha a cada aumento de 0,5 N de força até o rompimento do mesmo. Fornece o módulo de ruptura (MOR), através da seguinte fórmula: MOR = 1,5 x (P x D). B x E 2 MOR = é o módulo de ruptura, expresso em N/mm²; P = carga de ruptura lida no indicador de cargas, em Newtons; D = distância entre os apoios, em milímetros; B = largura do corpo de prova, em milímetros; Fornece o módulo de elasticidade (MOE), através da seguinte fórmula: MOE = P1 xd³. d x 4 x B x E³ MOE = é o módulo de elasticidade, expresso em N/mm² P1 = carga no limite proporcional lida no indicador de cargas, em Newtons; D = distância entre os apoios, em milímetros; d = é a deflexão, expressa em milímetros, correspondente à carga P1; B = largura do corpo de prova, em milímetros; E = espessura média tomada em três pontos do corpo de prova, em milímetro. A tração perpendicular é obtida através de uma força exercida de maneira oposta da face superior e inferior do corpo de prova cujas dimensões são de 50 x 50 mm. Esse corpo de prova é colado em uma placa de metal dimensões de 55 x 55 mm, as quais são encaixadas na máquina universal de testes para inicio do teste. Fornece a Tração perpendicular a seguinte fórmula: TP = P, S TP = resistência à tração perpendicular de ruptura, em N/mm²; P = carga na ruptura, em Newtons; S = área da superfície do corpo de prova, em milímetros quadrados. Os resultados foram submetidos à análise de Variância (ANOVA) para verificar se houve diferença significativa entre os testes realizados comparando os dois painéis, também foram submetidos à análise de diferença mínima significativa a partir do

54 teste de Tukey ao nível de 1% de probabilidade, realizados com os programas Microsoft Excel XP, Assistat 7.7 Beta, bem como aos índices de capabildiade do processo através do software Minitab 17. 4 RESULTADOS Com base nas análises das propriedades físicas e mecânicas levantadas neste trabalho, todos os resultados obtidos foram expressos graficamente. Os testes de TP do MDF o mínimo estabelecido pela norma ABNT 15316-3 (2009) é de 0,55 N/mm2, foram de caráter satisfatório, salvo alguns pontos fora do especificado (gráfico 01); para o MDP a norma ABNT 14810-3 (2006) o mínimo é de 0,42 N/mm 2 (gráfico 02), que também possui alguns valores que não atendem a norma.

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57 As análises de flexão estática do MDF requerem um resultado mínimo de 20 N/mm 2, conforme norma ABNT 15316-3 (2009), na qual exige uma tendência dos resultados nas análises (gráfico 03). Do MDP mínimo exigido pela norma ABNT 14810-3 (2006) é de 12 N/mm 2, e em alguns pontos os resultados são menores que a metade dos valores obtidos nos testes com MDF (gráfico 04). Todos os valores obtidos no teste de módulo de elasticidade do MDF encontram-se iguais ou superiores aos determinados pela norma onde o mínimo exigido é de 2200 N/mm 2 (gráfico 05). Para o MDP a exigência mínima é de 1500 N/mm 2 norma ABNT 14810-3 (2006), e todos os resultados atendem a especificação (gráfico 06). As análises estatísticas de variância ANOVA, comprovaram que há 99% de probabilidade de diferença significativa entre os resultados de cada propriedade fisíco mecânica, a partir do teste F, demostrado abaixo: Flexão FV GL SQ QM F Tratamentos 1 3622.17854 262217584 2709.2900 ** Resíduo 178 237.97648 1.33695

58 Total 179 3860.15232 Módulo de Elasticidade FV GL SQ QM F Tratamentos 1 71899694.9196 71899694.9196 1425.7629 ** Resíduo 178 8976349.00017 50428.92697 Total 179 80876043.91977 Tração Perpendicular FV GL SQ QM F Tratamentos 1 0.79069 0.79069 568.2852 ** Resíduo 178 0.24767 0.00139 Total 179 1.03837 Fonte: Os autores ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p<0,01) Apesar do resultado de 99% de probabilidade de diferença entre os resultados das análises físicas e mecânicas avaliadas dos painéis de MDF e MDP, os resultados foram submetidos ao do teste de Tukey, para comprovar essa diferença, Flexão MOE TP FV MT FV MT FV MT 1 21.49656 a 1 2809.05100 a 1 0.56800 a 2 12.52478 b 2 1545.02100 b 2 0.43544 b Legenda: Fontes de Variação (1) MDF e (2) MDP; Fonte: Os autores

59 5 CONCLUSÃO Estatisticamente os resultados obtidos, demonstram uma diferença significativa entre os resultados de cada tipo de painel, entretanto os dois produtos apresentaram em sua maioria valores considerados conformes pela norma devido suas especificidades produtivas, sendo um a partir da fibra e outro de partícula. De acordo com os gráficos gerados pelo Minitab sobre a capabilidade do processo, todos os ensaios estão próximo ao atingimento do CPK da unidade, ou seja, muito próximo a estabilidade do processo com 3 desvios padrão para cada lado da média em quase a totalidade dos dados apresentados. Apesar de possuírem especificações físicas e mecânicas diferentes, a resistência física do painel é um fator de grande relevância para o uso no seu produto acabado, fator que determina sua qualidade em termos de empregabilidade e durabilidade, além da flexibilidade. Assim, o MDF apresenta características físicas e mecânicas superiores quando comparado ao MDP, pois apresenta maior estabilidade dimensional, o que torna seu produto mais nobre no mercado em termos de trabalhabilidade e usinabilidade no produto acabado. REFERÊNCIAS ABIMCI - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE MADEIRA PROCESSADA MECANICAMENTE ABIMCI. Estudo setorial 2009, ano base 2008. Curitiba - PR, 2009. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILERIA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14810-1: Chapas de madeira aglomerada. Parte 1: Terminologia. 2006. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILERIA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15316-1: Chapas de fibras de média densidade. Parte 1: Terminologia. 2009. BRAGA, L. P. Tecnologia em Metalurgia e Materiais. São Paulo, v.5, n.1, p. 60-64. 2008 DALMASSO, L. M. Perspectiva da Indústria de Painéis de Madeira. 2010. 20f. Monografia (Graduacao em Engenharia Florestal)- Instituto de Florestas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropedica, Rio de Janeiro. DURATEX. Disponivel em: <www.duratex.com.br/port/institucional/quem_somos/historico.asp?sessao=1990>. Acesso em: 13 ago. 2016. DELERYD, M. The effect of Skewness on estimates of some process capability indices. International Journal of Applied Quality Management, v. 2, n. 2, p. 153-186, 1999

60 DEMING, W. E. A Nova Economia para a Indústria, o Governo e a Educação. Qualitymark, RJ 1997. IWAKIRI, S. Painéis de madeira reconstituída. FUPEF. Curitiba, 2005 KANE, V. E. Process capability indices. Journal of Quality Technology, 1986. MONTGOMERY, Douglas C. Introdução ao Controle Estatístico da Qualidade. São Paulo: 4. ed. Editora LTC, 2004 MONTGOMERY, D. C. Introduction to statistical quality control. 3 ed. New York: John Wiley & Sons, 1997. MORESCHI, J.C. Propriedades tecnológicas da madeira. Curitiba: Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal, Setor de Ciências Agrárias/UFPR, 2010. P.176. REMADE. Mercado estimula produtos de madeira com valor agregado. Revista da Madeira, Curitiba PR, ano 14, n. 84, out. 2004a. Disponível em: <http://www.remade.com.br/pt'/revista_materia.php?edicao=84&id=630>acesso em: 06 ago. 2016. ROTONDARO, R. G. (Org.). Seis Sigma: estratégia gerencial para a melhoria de processos, produtos e serviços. São Paulo: Atlas, 2002 SCANAVACA JÚNIOR, L.; GARCIA, J. N. Determinação das propriedades físicas e mecânicas da madeira de Eucalyptus urophylla. ScientiaForestalis, 2004. SPIRING, F.A. A Unifing Approach to Process Capability Indices, Journal of Quality Technology, 1997.