O NOVO SUSBTITUTIVO À LEI DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS (NOVA LEI DE FALÊNCIAS) * Luiz Fernando Valente de Paiva

Documentos relacionados
O Projeto de Lei de Recuperação de Empresas: uma visão geral

Sumário. Roteiro Simplificado da Falência Roteiro Simplificado da Recuperação Judicial... 15

CURSO ONLINE APERFEIÇOAMENTO EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE EMPRESAS

LEGALE PÓS GRADUAÇÃO DIREITO TRIBUTÁRIOS

COMISSÃO DE TRABALHO, DE ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇO PÚBLICO. PROJETO DE LEI N o 4.847, DE 2005

Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso do Sul

Sumário. Coleção Sinopses para Concursos Guia de leitura da Coleção... 15

Direito Empresarial. Aula 16. Os direitos desta obra foram cedidos à Universidade Nove de Julho

Seminário de Assuntos Contábeis de Novo Hamburgo O CONTADOR E O PROCESSO DE FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL

A CONSTRUÇAO JURISPRUDENCIAL

RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS E FALÊNCIA

SUMÁRIO I ASPECTOS GERAIS DA LEI DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS E A JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Sexta Parte. Capítulo 36 O COMÉRCIO ELETRÔNICO INTRODUÇÃO O ESTABELECIMENTO VIRTUAL Virtualidade do Acesso...

Sumário COLEÇÃO SINOPSES PARA CONCURSOS GUIA DE LEITURA DA COLEÇÃO... 15

Sumário. Coleção Sinopses para Concursos Guia de leitura da Coleção... 15

TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL

Capítulo 1 Teoria Geral do Direito de Empresa

Instituições de Direito Público e Privado. Parte XIV Falência

CIRCULAR N 14/2005 CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL ALTERÇÃO AJUSTE À LEI DE FALÊNCIA PENHORA ON-LINE

Direito Empresarial. Aula 18. Os direitos desta obra foram cedidos à Universidade Nove de Julho

DIREITO FALIMENTAR ARMINDO DE CASTRO JÚNIOR

TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL

Instituições de Direito

Sumário. Capítulo 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO EMPRESARIAL Capítulo 4 EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPON- SABILIDADE LIMITADA EIRELI...

SENTENÇA. Às fls. 1541/1543, consta ata da assembleia realizada, com declaração de voto de ITAÚ UNIBANCO (fls. 1558/1559).

MANUAL DE DIREITO EMPRESARIAL

Aula 14 RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS

FALÊNCIA 3ª PARTE. Profa. Mônica Gusmão

ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA

DIREITO FALIMENTAR E RECUPERACIONAL

ARMINDO DE CASTRO JÚNIOR

Aula nº. 72 Módulo IX: Verificação dos Créditos. - Deferimento do processamento da recuperação judicial (art. 52, 1º)

QUESTÕES PARA A PROVA DE DIREITO COMERCIAL IV

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO. Prof. Rogério Martir. AULA 56 09/10/2017 Direito EMPRESARIAL (04)

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

AÇÕES PROPOSTAS PELO BANDES

JORGE ADVOGADOS ASSOCIADOS

RECUPERAÇÃO JUDICIAL HERTER CEREAIS LTDA CNPJ /

CURSO ONLINE APERFEIÇOAMENTO EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE EMPRESAS

CAPÍTULO 1 O DIREITO DAS EMPRESAS EM CRISE

ANEXO I: LAUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA

ÍNDICE. Parte 1 Direito Material Empresarial, 19

REALIZAÇÃO DO ATIVO PAGAMENTO DO PASSIVO

1 INSOLVÊNCIA 1 O risco de empreender 2 Obrigação e solução 3 Princípio geral da solvabilidade jurídica 4 Execução coletiva 5 Histórico

Proposta de Reforma da Lei /2005

DIREITO EMPRESARIAL Falência e Recuperação de Empresas Falência Parte 10. Profª. Estefânia Rossignoli

DIREITO FALIMENTAR E RECUPERACIONAL

RECUPERAÇÃO JUDICIAL, EXTRAJUDICIAL E FALÊNCIA

Cândida Alves Reis Marques Ribeiro.

CONCEITO DE EMPRESÁRIO

PODER JUDICIÁRIO. COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA FORO REGIONAL DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 1ª Vara Cível

PARECER Nº DE RELATOR: Senador DOUGLAS CINTRA I RELATÓRIO

DISPOSIÇÕES COMUNS ÀS RECUPERAÇÕES E À FALÊNCIA

Processo nº DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. 1. Recebo a emenda à inicial de seq. 16.

ACÓRDÃO. São Paulo, 30 de novembro de Walter Fonseca Relator Assinatura Eletrônica

LEI Nº /04 - ALTERAÇÕES NA LEGISLAÇÃO SOBRE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA

LIBRA TERMINAL RIO S.A. CNPJ nº / NIRE nº

Primeiro Modificativo do Plano de. Recuperação Judicial ( L.E. ) GRUPO MCM

Motivos: má administração/má gestão ou crise econômica;

1. O que é o processo de recuperação judicial?

SENADO FEDERAL Gabinete do Senador PAULO PAIM PARECER Nº, DE RELATOR: Senador PAULO PAIM

Direito Empresarial. Aula 17. Os direitos desta obra foram cedidos à Universidade Nove de Julho

EXAME XXV - 1ª fase 08/04/2018 PROVA BRANCA Comentários às questões de Direito Empresarial. Questão 46

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO DESPACHO

XXII EXAME DE ORDEM DIREITO EMPRESARIAL PROF. MARCELO SACRAMONE

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO DESPACHO

DESTILARIA SANTA FANY LTDA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL MAIO /2009

4. COMPOSIÇÃO DA MESA: Presidente: Milton Scatolini Menten; Secretário: Claudia Orenga Frizatti.

PODER JUDICIÁRIO. COMARCA DE UMUARAMA 2ª VARA CÍVEL Estado do Paraná

ISEC SECURITIZADORA S.A. CNPJ/MF nº / Companhia Aberta

Direito Empresarial Promotor de Justiça - 4ª fase

DECISÃO CONCLUSÃO. Em 10 de junho de 2014, faço estes autos conclusos ao MM. Juiz de Direito. Eu, Márcio Antonio de Oliveira, mat. nº

Falência - aula 4 1. LEI DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS E FALÊNCIA Capítulo II Disposições comuns à recuperação judicial e à falência

Aula 51. Recuperação Judicial (parte I) Comparação entre recuperação judicial e falência. Na recuperação judicial: o devedor;

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CÍVEL DO FORO DA COMARCA DE MIRASSOL-SP

LEI DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS E FALÊNCIA Capítulo II Disposições comuns à recuperação judicial e à falência

art.º 78º do CIVA: 7 -

PLANO DE CURSO : FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS (COD. ENEX 60135) ETAPA: 7ª TOTAL DE ENCONTROS:

ESTADO DE SANTA CATARINA PODER JUDICIÁRIO Comarca de Içara 1ª Vara

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº

ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores ANA DE LOURDES COUTINHO SILVA DA FONSECA (Presidente) e NELSON JORGE JÚNIOR.

Curso/Disciplina: Direito Empresarial Objetivo Aula: Direito Empresarial - 52 Professor (a): Priscila Menezes Monitor (a): Caroline Gama.

Empresarial. Informativos STF e STJ (setembro/2017)

PROVA DAS DISCIPLINAS CORRELATAS DIREITO EMPRESARIAL

CURSO ONLINE APERFEIÇOAMENTO EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE EMPRESAS

xvi Direito Empresarial Brasileiro: Falência e Recuperação de Empresas Mamede

BANCOS E SERVIÇOS FINANCEIROS E CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO DE MERCADO

Direito Concursal. Pode se dar pela: Liquidação de Empresas. Recuperação de Empresas. Falência

Sumário. Capítulo 1 - Introdução ao Direito Falimentar 1

Financiamento DIP. no Brasil. Oportunidade de Novos Negócios para Investidores

Credores Não Sujeitos à Recuperação Judicial e a Reforma da Lei /2005

Tributário Março de 2018

SUMÁRIO 1 EMPRESA 2 EMPRESÁRIO 3 SOCIEDADE

Autos nº Recuperação Judicial de FMM ENGENHARIA LTDA.

Direito Empresarial Extensivo

Ordem de crédito trabalhista

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador EDUARDO MATARAZZO SUPLICY

CURSO ONLINE APERFEIÇOAMENTO EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE EMPRESAS

Transcrição:

O NOVO SUSBTITUTIVO À LEI DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS (NOVA LEI DE FALÊNCIAS) * Luiz Fernando Valente de Paiva Giuliano Colombo Em 13.4.2004, o Senador Ramez Tebet, Relator do PLC 71/2003, que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência da sociedade empresária e do empresário, submeteu à apreciação da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, o seu Parecer, acompanhado de Substitutivo ( Substitutivo ) que modifica de forma significativa os procedimentos previstos no referido PLC 71/2003. Basta dizer que na redação proposta pelo Substitutivo, apenas 8 dos 222 dispositivos originariamente aprovados pela Câmara dos Deputados em sessão realizada em 15.10.2003 não sofreram qualquer alteração. Embora a apresentação de um projeto inteiramente novo possa gerar algum desgaste político, a iniciativa é muito oportuna uma vez que foi possível ao Relator dar unidade ao novo texto, melhor sistematizando os diversos procedimentos previstos no PLC, com o que aumentarão as possibilidades de se atingir os fins econômicos e jurídicos - pretendidos com a novel legislação falimentar. A esse respeito, vale lembrar que o PLC tramitou cerca de dez anos no Congresso Nacional, ao longo dos quais sua linha de orientação sofreu diversas mudanças de rumo, as quais podem ser percebidas em uma atenta leitura do texto aprovado na Câmara dos Deputados. Em linhas gerais, e a par das alterações que envolvem política legislativa, pode-se afirmar que a maioria das modificações sugeridas pelo Substitutivo referem-se a ajustes de forma e estrutura dos dispositivos contemplados no PLC 71/2003, de modo a tornar a legislação mais concisa, organicamente sistematizada, a fim de se evitar certas contradições processuais e procedimentais, e futuras controvérsias interpretativas, que em nada contribuiriam para a segurança e transparência esperadas de qualquer legislação em geral, e notadamente da nova legislação falimentar, em particular. * sócio e associado da Área Contenciosa de Pinheiro Neto Advogados

- 2 - Nada obstante, e conquanto ainda possa ser objeto de emendas no âmbito da CAE, é certo que o Substitutivo propõe modificações mais sensíveis, seja do ponto de vista material, seja do ponto de vista procedimental, dentre as quais destacamos, para fins deste informativo, as abaixo sumarizadas: RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL - SIMPLIFICAÇÃO DO INSTITUTO O instituto que no PLC 71/2003 contemplava a possibilidade da recuperação extrajudicial ser formalizada em instrumento próprio, celebrado entre devedor e credor(es), ou resultante de deliberação de assembléia geral de credores, inclusive com a possibilidade de imposição da novação à minoria recalcitrante, nos termos do Substitutivo foi sensivelmente simplificado. Em síntese, o escopo da recuperação extrajudicial foi reduzido à possibilidade de homologação judicial de acordos celebrados entre devedor e a totalidade ou parcela de seus credores. O acordo somente produzirá efeitos sobre aqueles que expressamente o aderirem. A possibilidade de homologação judicial conferirá ao acordo a segurança jurídica necessária. Todavia, a supressão da possibilidade de impor esse acordo à minoria dos credores acabará por compelir o devedor a requerer recuperação judicial se uma minoria de credores dissidentes não aceitar receber o seu crédito em determinadas condições previamente aprovadas pela maioria de credores. RECUPERAÇÃO JUDICIAL - REDUÇÃO DA BUROCRACIA E CUSTOS DO PROCESSO Em linhas gerais, o Substitutivo mantém as linhas mestras da recuperação judicial que vem a substituir a atual concordata - aprovadas pela Câmara dos Deputados. Propõe, todavia, uma série de ajustes que visam, precipuamente, otimizar e reduzir os custos vislumbrados na implementação da recuperação judicial que, na prática, poderiam dificultar a efetiva utilização do moderno instituto, sobretudo por empresas de médio porte. Nesse sentido, o Substitutivo eliminou a fase judicial de elaboração de certos laudos, i.e. econômico-financeiro e de avaliação de bens do devedor, que seriam subscritos por peritos, cuja contratação seria aprovada pelo Juiz após publicação de

- 3 - edital para convocação de interessados na prestação dos respectivos serviços, os quais deverão ser apresentados pelo próprio devedor, como parte integrante do seu plano de recuperação. De outra parte, o devedor deverá instruir a petição inicial do pedido de recuperação judicial com relatório gerencial do seu fluxo de caixa, o que deverá contribuir para a avaliação dos credores acerca da viabilidade (ou não) do plano de recuperação. A esse respeito, o Substitutivo traz outro importante avanço de ordem prática: diferentemente do quanto verificado no PLC 71/2003, em que o plano de recuperação judicial deveria ser apresentado pelo devedor por ocasião do ajuizamento do pedido de recuperação judicial, o devedor terá 60 (sessenta) dias, contados do deferimento do processamento da recuperação, para que o devedor apresente aos credores o documento que deverá nortear as negociações com os credores. Na hipótese de impugnação do plano por qualquer credor, será convocada assembléia geral para que os credores aprovem ou rejeitem o plano apresentado, havendo a possibilidade das partes negociarem alterações ao plano originalmente apresentado. Foi eliminada a etapa processual na qual os credores poderiam apresentar formalmente um plano alternativo. Se não houver acordo, a falência deverá ser decretada. As regras de aprovação incluem votos com base no valor dos créditos, já apurados após o prazo para habilitações, e voto por cabeça, dependendo da natureza do crédito. RECUPERAÇÃO JUDICIAL - POSIÇÃO DOS CREDORES GARANTIDOS POR PENHOR DE CREDITÓRIOS A regra geral prevista no PLC 71/2003 era a de que todos os credores estariam sujeitos ao processo de recuperação judicial. Todavia, como regra de exceção, as ações ou execuções ajuizadas contra o devedor visando a cobrança de créditos garantidos por penhor de direitos creditórios (i.e. recebíveis) não seriam afetadas pela suspensão de 180 dias (stay period) operada em razão do deferimento do processamento da recuperação judicial. Ou seja, em princípio, credores garantidos por penhor de direitos creditórios não se sujeitariam, tampouco seriam afetados, pela recuperação judicial de seu devedor.

- 4 - A esse respeito, o Substitutivo propõe a eliminação da referida regra, de tal sorte que as ações judiciais promovidas pelos credores garantidos por penhor de direitos creditórios também sejam afetadas pelo stay period, ficando os respectivos credores sujeitos à recuperação judicial de seu devedor, notadamente às condições de pagamento de seus créditos que porventura venha a ser declinada em plano de recuperação judicial aprovado pelos credores. RECUPERAÇÃO JUDICIAL - POSIÇÃO DOS CREDORES DECORRENTES DE OPERAÇÕES DE LEASING OU GARANTIDOS POR ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA O PLC 71/2003 igualmente previa a prevalência das condições contratuais dos credores decorrentes de operação de leasing (arrendamento mercantil) ou garantidos por alienação fiduciária nos casos de recuperação judicial do devedor. Em outras palavras, tais credores poderiam lançar mão, a qualquer tempo, das medidas judiciais necessárias para reaver os bens alienados fiduciariamente ou arrendados, porquanto não seriam afetados pela ordem de suspensão das ações pelo prazo de 180 dias - decorrentes do deferimento do processamento da recuperação judicial. Embora mantenha a inaplicabilidade da ordem de suspensão às ações judiciais de proteção aos direitos de tais credores, o Substitutivo expressamente retira a possibilidade dos credores retirarem e/ou alienarem os bens arrendados ou alienados fiduciariamente, no curso do período de suspensão de 180 dias. Encerrado tal período, independentemente do desfecho do pedido de recuperação judicial, os respectivos credores terão o direito de proceder a retirada e alienação dos bens para a satisfação dos seus créditos. RECUPERAÇÃO JUDICIAL - ADIANTAMENTO DE CONTRATO DE CÂMBIO As negociações na Câmara dos Deputados na véspera da votação do PLC 71/2003 e a alteração pontual do texto aprovado geraram dúvidas quanto ao cabimento ou não do pedido de restituição das quantias adiantadas por conta de Contrato de Câmbio no âmbito de processos de recuperação judicial. A opção do Substitutivo foi eliminar essa possibilidade. Pedidos de restituição, em qualquer modalidade, somente serão cabíveis em processos de falência.

- 5 - RECUPERAÇÃO JUDICIAL CRÉDITOS EXTRACONCURSAIS O PLC 71/2003 previa que os atos de endividamento praticados pelo devedor no curso de sua recuperação judicial, bem como as despesas com fornecedores de bens ou serviços necessários à continuação de suas atividades em tal período, desde que contraídos mediante autorização judicial, seriam considerados extraconcursais em caso de convolação em falência. O Substitutivo, acertadamente, mantém a regra. Trata, contudo, de aperfeiçoá-la. Estabelece que os credores quirografários sujeitos à recuperação judicial que continuarem fornecendo seus bens ou serviços ao devedor após o pedido de recuperação, terão privilégio geral de recebimento do crédito antigo (sujeito à recuperação) no caso de convolação em falência, até o limite do valor dos bens ou serviços fornecidos no curso da recuperação. O Substitutivo ainda trata de deixar a regra mais clara, para tornar incontroverso que os contratos de mútuos também são abrangidos pelo dispositivo. FALÊNCIA - FIXAÇÃO DE LIMITE PARA O CRÉDITO TRABALHISTA Pelo Substitutivo o privilégio dos créditos trabalhistas será limitado a 150 salários mínimos. Em contrapartida, os credores trabalhistas deverão receber seus créditos de forma rápida nos processos de recuperação judicial e, respeitado certo limite, serão pagos antes de qualquer outro credor, inclusive extraconcursal, nos processos de falência. Este é o primeiro de uma série de artigos em que trataremos das principais alterações introduzidas no Projeto pelo Substitutivo. São Paulo, 16 de abril de 2004 PINHEIRO NETO ADVOGADOS