Síntese da zeólita A utilizando diatomita como fonte de sílicio e alumínio. (Synthesis of zeolite A using diatomite as silicon and aluminum source)

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Transcrição:

63 Cerâmica 6 (214) 63-68 Síntese da zeólita A utilizando diatomita como fonte de sílicio e alumínio (Synthesis of zeolite A using diatomite as silicon and aluminum source) C. R. Nascimento 1, E. M. O. Sobrinho 1, R. B. Assis 1, R. F. Fagundes 1, L. Bieseki 1, S. B. C. Pergher* 2 1 Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus Universitário Lagoa Nova, Natal, RN 5972-97 2 Instituto de Química, Laboratório de Peneiras Moleculares - LABPEMOL, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN 5978-97 Rennerquimico@live.com, oliveiramarinhoodonto@bol.com.br, raimisondeassis@hotmail.com, ramon2f@yahoo.com.br, lindiane.bieseki@gmail.com, sibelepergher@gmail.com Resumo A zeólita A é uma típica zeólita sintética muito utilizada nas indústrias como trocador de íons em formulação de detergentes. Por outro lado, a diatomita, material rico em sílica (cerca de 8%), é utilizada em diversos setores industriais como agente filtrante. Neste trabalho é apresentada a síntese da zeólita A utilizando a diatomita como fonte de SiO 2 e Al 2. As relações SiO 2 utilizadas foram 2 e 1,5. Todas as amostras obtidas foram caracterizadas por análise de difração de raios X, adsorção de N 2 e microscopia eletrônica de varredura. Foi possível sintetizar a zeólita A pura com 51% de cristalinidade com 2 h de cristalização. Maiores tempos de cristalização, independentemente da relação Si e Al levaram à formação da fase sodalita. Na síntese 2 com relação SiO 2 = 1,5, através do processo de separação observou-se que a formação da zeólita A ocorre a partir de aglomerados de partículas de diatomita, e tempos maiores, ao contrário de favorecer a dissolução da diatomita, favorecem a formação da fase sodalita a partir dos cristais de zeólita A. Palavras-chave: síntese, zeólita A, diatomita. Abstract The zeolite A is a typical synthetic zeolite widely used in industries such as ion exchanger in detergent formulation. The diatomite, silica rich material (about 8%), is used in several industrial sectors such as filtering agent. This work presents the synthesis of zeolite A using diatomite as a source of SiO 2 and Al 2. The employed SiO 2 ratios were 2 and 1.5. All samples were characterized by XRD, N 2 adsorption and SEM. It was possible to synthesize pure zeolite A with 51% crystallinity after 2 h of crystallization. Higher crystallization times, regardless of the Si and Al ratio led to formation of sodalite phase. In the second synthesis with SiO 2 ratio = 1.5, through the separation process, it was observed that the formation of zeolite A is from agglomerates of particles of diatomite, and conversely to longer times favor the dissolution of diatomite favoring forming the phase sodalite from the zeolite crystals A. Keywords: synthesis, zeolite A, diatomite. Introdução A diatomita é um material de origem sedimentar e biogênica, caracterizada pela presença de sílica amorfa, apresentando uma morfologia distinta, devido à deposição desta nas superfícies dos esqueletos de algas diatomáceas [1]. Sua composição química atrai a atenção para seu uso como matéria prima para síntese de zeólitas. Observase pelos diferentes trabalhos publicados, que materiais alternativos podem ser usados como substitutos de reagentes padrões para a síntese de zeólitas. Por exemplo temos a síntese de zeólitas a partir de cinzas do carvão mineral, realizadas a partir de metodologias que utilizam processos de fusão alcalina e após tratamento hidrotérmico [2, 3] ou apenas processos hidrotérmicos, que envolvem a extração do silício e alumínio presentes na matéria prima e seu posterior uso na síntese de materiais tais como zeólita A [4] e Na-X e Y utilizando o resíduo em sua totalidade em uma etapa apenas de síntese hidrotérmica [5]. Diferentes argilas naturais, em especial o caulim, já vêm sendo usados como fontes de Si e Al na síntese de diferentes zeólitas. Rigo et al. [6] propuseram o uso do caulim na forma de metacaulim a síntese da zeólita A empregando uma metodologia de síntese hidrotérmica de 4 h, obtendo materiais puros utilizando ou não agitação no processo de cristalização. A síntese de zeólitas a partir de fontes alternativas pode ser utilizada para agregar valor a materiais considerados resíduos, além das cinzas da queima do carvão, temos como exemplo a síntese de zeólita Na-A a partir da crisotila [7]. O trabalho de Mohamed et al. [8] mostra a possibilidade do uso das cinzas de casca de arroz para a síntese de zeólita ZSM-5, neste mesmo trabalho avalia a capacidade fotocalítica desta zeólitas impregnada com Co ou V. O uso da diatomita em síntese de materiais zeolíticos já foi relatado utilizando planejamento estatístico para otimização do processo [9]. Os autores indicam que é

C. R. Nascimento et al. / Cerâmica 6 (214) 63-68 64 possível sintetizar a zeólita A em uma faixa de tempo 8-52 h, sendo que o melhor resultado, em termos de cristalinidade, foi obtido em 24 h de cristalização. Foram obtidos como produtos de síntese a zeólitas Na-P1, analcima, cancrenita e hidroxisodalita a partir da variação de condições de síntese [1]. Os autores observaram o efeito da temperatura, da concentração da solução de NaOH e do tempo de síntese para relações sólido:liquido de 1:1 e 1:3. A zeólita Na- P1 altamente cristalina foi obtida a 1 o C com razão sólido:líquido 1:1 (1%w/v de NaOH) em 144 h. Diminuir o tempo de síntese para materiais obtidos por fontes alternativas se mostra necessário de forma a tornar o processo mais viável e atrativo. No presente estudo é relatada a síntese da zeólita A utilizando diatomita como fonte de SiO 2. O tempo de síntese foi avaliado com relação à presença da fase sodalita, considerada neste estudo como impureza. O procedimento de síntese padrão também foi adaptado para verificar a influência do uso de um maior tempo de reação no grau de pureza do material formado. Experimental Síntese padrão O procedimento de síntese foi o mesmo utilizado na Ref. [6]. A composição do gel de síntese foi definida como 2SiO 2 :1Al 2 :3,5 Na 2 O:122H 2 O. Para a síntese padrão prepara-se 4 ml de uma solução de NaOH (,22 mol/l); esta solução é dividida em duas, V1 e V2. Na solução V1 é adicionado 4,129 g aluminato de sódio (5-56% Al 2 4-45% Na 2 O). Essa solução fica sob agitação por 2 min. Na solução V2 são adicionados 2,235 g de SiO 2 (sílica aerosil Degussa) + 2,92 g de NaOH (97% Aldrich) e 3,29 g de H 2 O. Essa solução fica sob agitação por 1 min. Após, a solução V1 é vertida rapidamente na solução V2 e a mistura fica sob agitação mecânica durante 3 min. Posteriormente o gel é transferido para autoclaves de aço inox com fundas de Teflon e para estufa onde permanece a 1 o C por 4 h. O produto obtido é lavado com H 2 O destilada até ph 9 e seco em estufa a 9 o C por 16 h. Síntese utilizando diatomita As amostras foram nomeadas de acordo com a seguinte nomenclatura: xzady, onde x é o procedimento de síntese realizado e y o tempo de cristalização. Foram realizados 3 procedimentos de síntese substituindo a fonte de sílica por diatomita já beneficiada por método de calcinação. No primeiro procedimento a SiO 2 foi substituída pela diatomita mantendo-se o procedimento padrão e a relação SiO 2 /Al 2 = 2. Neste procedimento também foi realizado um estudo de tempo de cristalização variando de 1 a 4 h. Nos procedimentos 2 e 3 a relação SiO 2 /Al 2 foi ajustada para = 1,5. A síntese 2 foi realizada conforme procedimento padrão de síntese. Ao final, na lavagem, a amostra obtida foi separada em duas frações uma leve e outra mais pesada por decantação. Para estudar o efeito do tempo de síntese, no procedimento 3 a solução V2 foi deixada em agitação por 2 h à temperatura ambiente antes de ser misturada à solução V1. Para ambos os procedimentos de síntese 1, 2 e 3 a temperatura de cristalização foi mantida em 1 o C e foram obtidas amostras durante 4 h para comparação. Caracterização Para a caracterização por difração de raios X foi utilizado um aparelho Rigaku Miniflex II com filtro de Ni e radiação Cu-ka (λ = 1,54 Å) com intervalo de varredura 2q = 2-7º, com passo de varredura,2º. As medidas de adsorção de nitrogênio foram feitas em aparelho QuantaChrome NovaWin 2, no qual 1 mg de amostras são pré-tratadas a 3 ºC por 3 h sob vácuo. Micrografias das amostras sintetizadas foram obtidas em microscópio eletrônico de varredura Philips XL-3-ESEM com voltagem de aceleração 2 kv. Para a análise química o material foi desaglomerado, quarteado, moído até granulometria inferior a 2 mesh, e por fim prensado em prensa manual em forma de pastilha, com diâmetro 15 mm. A análise foi em um equipamento de fluorescência de raios X EDX-72 Shimadzu. ResultadoS e discussão A diatomita utilizada neste estudo, de acordo com a análise química realizada por FRX (Tabela I), tem um percentual de 8% de SiO 2. O SiO 2 presente se encontra na forma amorfa e nas fases cristalinas quartzo e cristobalita, difratograma de raios X da Fig. 1. A amostra apresenta uma relação SiO 2 alta, o que faz com que seja necessário acrescentar uma fonte de alumínio externa na aplicação deste material para síntese de zeólitas com relação Si/Al mais baixa. A partir do difratograma observa-se que a presença de quartzo é relativamente pequena Tabela I - Composição percentual de uma amostra de diatomita. [Table I - Percent composition of a sample of diatomite.] Compostos Percentual SiO 2 8, Al 2 8,3 Fe 2,36 TiO 2,34 S,18 CaO,17 MgO,12 K 2 O,1 ZrO 2,2 Cr 2,1 V 2,1 MnO,1 CuO,1

65 C. R. Nascimento et al. / Cerâmica 6 (214) 63-68 3 2 1 1 2 3 4 5 6 Figura 1: Difratograma de raios X e micrografia obtida em microscópio eletrônico de varredura da amostra de diatomita. As fases identificada são C - cristobalita e Q - quartzo. [Figure 1: X-ray diffraction pattern and SEM micrograph of the diatomite sample. The identified phases are C - cristobalite and Q - quartz.] o que torna mais fácil a dissolução do material. A presença de elevado teor deste composto faz como seja necessário etapas de pré-tratamento por fusão alcalina para que se possa obter um bom rendimento de síntese. Isto é uma vantagem em relação a materiais como argilas e cinzas do carvão mineral. Para efeito de comparação uma amostra sintetiza nas condições padrão foi analisada por DRX, na Fig. 2 é apresentado o difratograma de uma zeólita A padrão com as principais reflexões identificadas. 55 45 35 25 15 5 1 2 3 4 5 6 7 Figura 2: Difratograma de raios X da zeólita A sintetizada nas condições padrão. [Figure 2: X-ray diffraction pattern of synthesized zeolite A in standard conditions.] Esta amostra padrão foi utilizada como referencia para o cálculo da cristalinidade relativa a partir da equação A. S Intensidade dos picos da amostra sinterizada % cristalinidade = x 1 S Intensidade dos picos da amostra padráo (A) Na Fig. 3 são apresentados os resultados das análises de DRX para as amostras sintetizadas de acordo com a síntese padrão, utilizando diatomita como fonte de silício com razão SiO 2 / Al 2 = 2. A partir do difratograma de raios X observa-se que é possível obter a zeólita A pura a partir de 2 h de cristalização. Com o passar do tempo a cristalinidade não muda significativamente, ficando em 51, 59 e 57% para as amostras 1ZAD2, 1ZAD3 e 1ZAD4, respectivamente; o que ocorre é a formação de outra fase cristalina sodalita (s) em 2q = 14,16. Altas concentrações de NaOH podem levar à formação de sodalita [11] na síntese utilizando caulim. Em nosso estudo estamos trabalhando com concentração de NaOH de 2 mol.l -1, ainda menores do que as concentrações utilizadas [11] e uma relação sólido:líquido de 1,6g:25mL. O aumento da concentração de NaOH promove um aumento na velocidade de formação da zeólita A e proporciona uma distribuição de tamanho de partícula mais estreita e com partículas de tamanho menor [4]. Neste caso observamos que ocorre um aumento da cristalinidade da zeólita A, mas em contrapartida vemos a formação da fase sodalita. Os valores de área de superfície específica obtidos pelo método BET para as amostras 1ZAD1, 1ZAD2, 1ZAD3 e 1ZAD4 foram 6, 1, 1, e 8 m 2 /g, respectivamente. Estes valores são relativamente baixos devido ao fato da amostra ser microporosa e estar na forma sódica. A maior área obtida para a amostra com tempo de cristalização de 4 h pode ser devido à presença de uma maior quantidade de sodalita. Na Fig. 4 são apresentados os difratogramas de raios X e micrografias da zeólita A sintetizada com diatomita, utilizando a metodologia padrão, mas com uma relação SiO 2 / Al 2 = 1,5. A amostra 2ZADL foi a fração mais leve recolhida no momento da lavagem e a amostra 2ZAD4P aquela que decantou rapidamente. Comparando-se as amostras obtidas utilizando diatomita como fonte de SiO 2 com a amostra padrão (Fig. 2) verifica-se que as amostras 2ZAD4L e 2ZAD4P possuem reflexões em 2q característica da zeólita A. Em comparação à amostra padrão verifica-se uma menor cristalinidade do material sintetizado a partir da diatomita. Os valores de cristalinidade calculados para as duas amostras ficou em ~ 74 e 55% para as amostras 2ZAD4L e 2ZAD4P, respectivamente. Isto já era esperado devido ao fato de que para a obtenção da zeólita esperada existe a necessidade da presença no meio reacional de uma certa concentração das espécies silicato e aluminato. Por isso deve existir um equilíbrio entre a velocidade de dissolução da fase sólida e a velocidade de reação [12]. Observando as micrografias apresentadas na Fig. 4 b para a amostra 2ZAD4P, pode-se

C. R. Nascimento et al. / Cerâmica 6 (214) 63-68 66 (a) 3 2 1 1 2 3 4 5 6 (b) 3 2 1 1 2 3 4 5 6 (c) 3 2 1 1 2 3 4 5 6 (d) 3 2 1 1 2 3 4 5 6 Figura 3: Difratogramas de raios X e micrografias obtidas em microscópio eletrônico de varredura das amostras sintetizadas de acordo com a síntese padrão, variando o tempo de cristalização a) 1, b) 2, c) 3 e d) 4 h. [Figure 3: X-ray diffraction patterns and SEM micrographs of synthesized samples according to standard synthesis by varying the crystallization time a) 1 b) 2, c) 3 and d) 4 h.] observar claramente o crescimento dos cristais de zeólita a partir de partículas maiores de diatomita. Desta forma pode-se inferir que não é mantido um equilíbrio entre a velocidade de dissolução e a de cristalização do material. Na Fig. 5 é apresentado o difratograma de raios X e micrografias do produto obtido aumentando-se o tempo de

67 C. R. Nascimento et al. / Cerâmica 6 (214) 63-68 (a) 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6 (b) 3 2 1 1 2 3 4 5 6 Figura 4: Difratogramas de raios X e micrografias obtidas em microscópio eletrônico de varredura de zeólitas A sintetizadas utilizando metodologia padrão com relação SiO 2 = 1,5, a) 2ZAD4L e b) 2ZAD4P. [Figure 4: X-ray diffraction patterns and SEM micrographs of synthesized samples using standard methodology with ratio SiO 2 = 1.5, a) 2ZAD4L and b) 2ZAD4P.] 3 2 1 1 2 3 4 5 6 Figura 5: Difratograma de raios X e micrografia obtidas em microscópio eletrônico de varredura da amostra 3ZAD4. [Figure 5: X-ray diffraction pattern and SEM micrograph of sample 3ZAD4.] reação para 2 h na mistura V2 + NaOH + H 2 O e diatomita, com uma relação SiO 2 = 1,5. O tempo de cristalização para a amostra 3ZAD4 foi mantido em 4 h. Pela presença de reflexões em 2θ = 13,97 e 24,37 características da zeólita sodalita, verifica-se que o produto formado não é puro. A cristalinidade ficou em torno de 56%, mais um indicativo de que esta amostra pode ser sintetizada em tempos de cristalização mais baixos.

C. R. Nascimento et al. / Cerâmica 6 (214) 63-68 68 CONCLUSÕES Verificou-se que é possível sintetizar a zeólita A pura a partir da diatomita em tempos de cristalização de 2 h. Por se tratar de um produto natural, a formação dos cristais de zeólita A ocorre na superfície das partículas, produzindo aglomerados nos quais tanto estão presentes a fase zeolítica desejada, como o material de partida. O aumento da fase sodalita, neste caso considerada indesejável, pode ser relacionado ao fato de que o ataque a estes aglomerados de particulas de diatomita fica comprometido pela presença da zeólita A na sua superfície, que acabam se redissolvendo e dando lugar à formação da sodalita. AGRADECIMENTOS Ao Laboratório de Microscopia Eletrônica de Varredura (projetos CTPETRO-INFRA I e FINEP/LIEM) pelas análises. RERERÊNCIAS [1] A. B. da Luz, F. A. F. Lins, (Eds.), Rochas e Minerais Industriais - Usos e especificações, CETEM/MTC, Rio de Janeiro, RJ (25). [2] A. Molina, C. Poole, Minerals Eng. 17 (24) 167. [3] S. Rayalu, S. U. Meshram, M. Z. Hasan, J. Hazard. Mater. 77 (2) 123. [4] C-F. Wang, J-S. Li, L-J Wang, X-Y Sun, J. Hazard. Mater. 155 (28) 58. [5] H. Tanaka, S. Furusawa, R. Hino, J. Mater. Synth. Proc. 1 (22) 143. [6] R. T. Rigo, S. B. C. Pergher, D. I. Petkowicz, J. H. Z. dos Santos, Química Nova 32 (29) 21. [7] D. Petkowicz, R. T. Rigo, C. Radtke, S Pergher, J. dos Santos, Microporous Mesoporous Mater. 116 (28) 548. [8] M. M. Mohamed, I. F. Zidan, M. Thabet. Microporous Mesoporous Mater. 18 (28) 193. [9] B. Ghosh, D. C. Agrawal, S. Bhatia, Ind. & Eng. Chem. Res. 33 (1994) 217. [1] A. Chaisena, K. Rangsriwatanonon, Mater. Lett. 59 (25) 1474. [11] M. Alkan, Ç. Hopa, Z. Yilmaz, H. Güler, Microporous Mesoporous Mater. 86 (25) 176. [12] P. G. Giannetto, A. M. Rendón, G. R. Fuentes, Zeólitas: Características, propiedades y aplicaciones industriales, EdIT, Caracas, Venezuela (2). (Rec.13/7/213, Rev. 27/7/213, Ac. 29/7/213)