FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA HERMENÊUTICA Hermenêutica faz parte das teorias do conhecimento humano. Interpretar é uma das funções produtoras do conhecimento: pensar é interpretar. O conceito da hermenêutica jurídica se vincula à noção filosófica vigente, evoluindo em conjunto com esta. Toda a hermenêutica antiga segue o padrão tecnicista da interpretação literal, com recursos da lógica aristotélica (>normativismo). Desde a época dos romanos, já eram conhecidos os modelos interpretativos voltados para a intenção do legislador, porém predominava o formalismo. Na época contemporânea, predominam os modelos culturais (>egologismo), contudo o padrão formalista continua tendo ilustres defensores. Não há um modelo interpretativo indicado como padrão.
HERMENÊUTICA JURÍDICA CLÁSSICA Os padrões tradicionais da hermenêutica jurídica podem ser sintetizados sob a forma da concepção silogística da interpretação. Características: literalidade - interpretação gramatical, lógica rigorosa intérprete vinculado aos limites do texto - interpretação autêntica, juiz boca da lei tecnicismo - privilégio da forma sobre o conteúdo raciocínio fechado - não aceita analogias nem interpretações extensivas Esses padrões clássicos continuam válidos, contudo a tendência atual é de romper a sua excessiva rigidez, privilegiando o conteúdo sobre a forma. A hermenêutica jurídica atual tem como princípio regulador a plenitude do ordenamento jurídico, que impõe ao intérprete o dever de buscar a solução do problema de acordo com a melhor justiça.
CONTEXTUALIZAÇÃO DA HERMENÊUTICA JURÍDICA CONTEMPORÂNEA A hermenêutica jurídica contemporânea teve início com o Código Civil Francês (1804), na sequência da Revolução Francesa. A Revolução Francesa provocou importantes alterações nas ordens social, política, econômica e jurídica, influenciando todas as nações do mundo. Esta Revolução foi comandada pela burguesia francesa, que era constituída por comerciantes, banqueiros e empresários, com a ajuda do povo. A R. F. provocou a queda do Antigo Regime, que vigorava desde a Idade Média e se caracterizava pelo absolutismo e pelos privilégios do clero (1º estado) e da nobreza (2º estado), sobrecarregando o povo (3º estado).
CONTEXTO SOCIAL DA FRANÇA NO SÉC XVIII
BREVE RESUMO HISTÓRICO DA REVOLUÇÃO Para melhor compreensão do contexto revolucionário, destaca-se que: a formação dos países europeus teve como base o feudalismo (propriedade das terras) o poder social e religioso se associaram para compor o poder político teoria do direito divino dos reis: autoridade real foi recebida de Deus o povo devia obediência total ao rei, que era considerado um representante de Deus Esta situação passou por sucessivas tensões, que a enfraqueceram: grandes navegações impulsionaram o comércio e geraram novas profissões trabalhadores do campo migraram para as cidades, formando os burgos os nobres tiveram prejuízos nas terras, enquanto os burgueses enriqueceram com negócios a burguesia se tornou uma classe poderosa pela riqueza e pelo grande número o clero e os nobres não pagavam impostos, só a burguesia e o povo com a grave crise econômica, o rei pretendia cobrar impostos também do clero/nobreza
BREVE HISTÓRICO DA REVOLUÇÃO FRANCESA A situação francesa se tornou insistentável, porque: clero/nobreza se recusaram a pagar os impostos, o rei não tinha força para obrigar o rei convocou a Assembléia dos três estados (fazia mais de 200 anos que não se reuniam) clero e nobreza convenceram o rei do perigo que representava a burguesia, então o rei cancelou a convocação a burguesia não aceitou o cancelamento e, no dia previsto, reuniu-se e tomou decisões por conta própria, desconhecendo os outros estados. Gerou-se um grande conflito interno e instaurou-se a revolução, então: os ânimos se exaltaram e houve luta interna, quando os revolucionários invadiram a prisão da Bastilha (1789) o rei tentou fugir disfarçado, mas foi reconhecido e levado a julgamento pelo tribunal e depois foi guilhotinado, junto com toda a família real os países europeus tentaram intervir, mas foram derrotados.
PRINCÍPIOS TEÓRICOS TRAZIDOS PELA REVOLUÇÃO Novos princípios da ordem política e social: rejeição da teoria do direito divino dos reis abolição da monarquia e instalação da república formação da assembléia para elaborar a Constituição Francesa eliminação dos inimigos do regime e dos defensores do rei Novos princípios da ordem jurídica: aprovação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão a lei é igual para todos (liberdade, igualdade, fraternidade) adoção do princípio da soberania popular (o poder emana do povo) adoção da regra da separação dos poderes início das teorias constitucionalistas contemporâneas
RESTAURAÇÃO DA MONARQUIA FRANCESA O partido dos jacobinos assumiu o poder e instituiu o regime do terror, eliminando todos os adversários - Robespierre Após dois anos de terror, os seus líderes foram derrotados pelo partido dos girondinos, que tentou restabelecer a ordem social Diante da situação interna totalmente adversa, o parlamento decidiu confiar o poder político a uma autoridade de prestígio popular Foi escolhido o general Napoleão Bonaparte, que havia conquistado grandes vitórias com o exército francês Napoleão foi recepcionado festivamente na França e aclamado pelo povo como o seu novo imperador (natal de 1800) Convocou comissão de juristas para elaboração no Código Civil Francês.