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APLICAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS DE MEDIÇÃO NA MELHORIA DA GESTÃO DO CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA, EM UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO, COM FOCO NA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA. André Fernandes¹, Fernando Santana da Costa¹, Leandro Rocha¹, Osvaldo Batista de Medeiros¹, Cesar da Costa¹. cost036@attglobal.net Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo- IFSP¹ Abstract This paper presents a proposal for implementing a system of automatic management of electricity consumption in a sewage treatment plant, from monitoring the efficiency of their large customers, in real time, based on the application of new technologies instrumentation network data communication, depending on the volume of sewage treated. To validate the proposal presented in this paper, we implemented a prototype management system that uses Programmable Logic Controller - PLC, flow meters, level and pressure gauges electrical quantities (current, voltage, power factor) of networked Modbus communications, connected to a system of supervision and control, installed on a PC microcomputer. The satisfactory results obtained in field trials conducted with this system, associated with the methodologies employed in the development of communication network data, showed that this proposal is viable and consistent, especially regarding the implementation of a system designed to improve the management of electricity consumption in a sewage treatment station, with a focus on energy efficiency. Keywords: Energy efficiency; Programmable logic controller; System supervisory and control. Resumo Este trabalho apresenta uma proposta para a implementação de um sistema de gerenciamento automático do consumo de energia elétrica em uma Estação de Tratamento de Esgotos ETE, a partir da monitoração da eficiência dos seus grandes consumidores, em tempo real, baseado na aplicação de novas tecnologias de instrumentação em rede de comunicação de dados, em função do volume de esgoto tratado. Para validar a proposta apresentada neste trabalho, foi implementado um protótipo de sistema de gerenciamento, o qual utiliza um Controlador Lógico Programável CLP, medidores de vazão, nível e pressão, medidores de grandezas elétricas (corrente, tensão, fator de potencia) ligados em rede de comunicação Modbus, conectado a um sistema de supervisão e controle, instalado em um microcomputador PC. Os resultados satisfatórios obtidos nos ensaios práticos realizados com esse sistema, associados com as metodologias empregadas no desenvolvimento da rede de comunicação de dados, mostraram que essa proposta é viável e consistente, principalmente no que concerne a implementação de um sistema que visa melhorar a gestão do consumo de energia elétrica, em uma Estação de Tratamento de Esgotos - ETE, com foco na eficiência energética. Palavras Chaves: Eficiência energética; Controlador lógico programável; Sistema de supervisão e controle.. 1

1. INTRODUÇÃO No século XXI, com as novas tecnologias de TI (Tecnologia da Informação) disponíveis no mercado, as empresas de diversos setores, incluindo as de saneamento, como por exemplo, a SABESP em São Paulo e a SANEPAR no Paraná, entre outras, tornaram-se muito competitivas. A inovação de sistemas, tecnologias de medição e o aperfeiçoamento dos processos operacionais e internos das empresas estão criando uma cultura, que a Tecnologia da Informação é realmente importante para o negócio e finalmente começando a tratá-la como um centro de lucros. Em outros países, empresas já consideram a Tecnologia da Informação como um centro de lucros para a empresa e acabam investindo para que o negócio da empresa seja mais lucrativo, disponível e seguro. As empresas utilizam a Tecnologia da Informação para capturar, armazenar e organizar a grande massa de dados que são resultados de suas operações diárias de todos os departamentos. Porém esta grande massa de dados ainda não está disponibilizando todas as informações necessárias para que a equipe estratégica da empresa possa gerenciar o consumo de energia elétrica, com foco na eficiência energética, ajustando os processos da empresa e planejando a estratégia, que será aplicada em determinado local, como uma estação de tratamento de esgotos ETE. Dentro das companhias de saneamento, o custo com energia elétrica é elevado, de tal modo que ocupa o patamar de segunda maior despesa. O consumo específico de energia elétrica em bombeamento, largamente utilizado no setor, é a relação entre o consumo de energia (kwh) de um determinado grupo e o volume bombeado (m³) pelo grupo na unidade de tempo. Desta forma, um volume maior de esgoto tratado, implica em maior consumo de energia [1]. Atualmente, a maioria das estações de tratamento de esgotos ETE encontram-se parcialmente automatizadas. Entretanto, algumas importantes etapas inerentes à gestão do consumo de energia são realizadas manualmente, tais como: obtenção do valor da vazão das bombas, valores de grandezas elétricas (tensão, corrente, potência, fator de potência, demanda, etc.). Estes dados são anotados manualmente em planilhas por um funcionário da empresa, que precisa locomover-se em períodos pré-determinados aos locais. Todos esses procedimentos são inseguros e imprecisos, pois estão sujeitos à falha humana, que pode ocasionar danos ao meio ambiente e prejuízos financeiros para a empresa. O objetivo deste trabalho foi desenvolver um sistema de gerenciamento automático do consumo de energia elétrica numa ETE, a partir da monitoração da eficiência dos seus grandes consumidores, em tempo real, baseado em Controlador Lógico Programável CLP, software de supervisão e controle, instrumentação microprocessada, conectada via rede de comunicação. 1.2. Estrutura do Trabalho A seção 1 é composta por considerações gerais e objetivos do desenvolvimento do trabalho. A seção 2 aborda um estudo sobre o funcionamento de uma estação de tratamento de esgotos ETE. A seção 3 apresenta a solução proposta de hardware e software, características do sistema proposto e as suas funcionalidades. A seção 4 apresenta os ensaios práticos do trabalho e as simulações realizadas na planta didática de eficiência energética. A seção 5 mostra os resultados obtidos nos ensaios e a seção 6 apresenta as conclusões do trabalho. 2. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS - ETE Segundo a empresa SANEPAR, companhia de saneamento do Paraná existe dois sistemas para o tratamento de esgoto coletado: o aeróbio e o anaeróbio. No processo aeróbio, utiliza-se uma aeração prolongada em fluxo orbital. O sistema aeróbio, desenvolvido na Holanda, permite a obtenção de um efluente com alta qualidade, garantindo uma eficiência acima de 95% no resultado do tratamento. O processo de tratamento anaeróbio se dá pela estabilização de resíduos feita pela ação de microorganismos, na ausência de ar ou de oxigênio elementar [2]. 2

2.1 Estações de Tratamento Aeróbio Para a instalação de estações de tratamento de esgoto aeróbio, são necessários grandes espaços físicos. Este tipo de estação não permite o aproveitamento dos gases gerados e apresenta maior consumo de energia elétrica [2]. A Figura 1 ilustra uma estação de tratamento aeróbio. Figura 1- Ilustração de uma estação de tratamento de esgotos aeróbio (Fonte: SANEPAR, 2013). 2.2. Estações de Tratamento Anaeróbio Este tipo de processo é realizado no Reator Anaeróbio de Manto de Lodo e Fluxo Ascendente (Ralf), com tecnologia desenvolvida pela SANEPAR. Apresenta uma série de vantagens em relação ao sistema aeróbio. Entre elas, não precisa de outros tipos de energia suplementar, e produz biogás, que pode ser utilizado como combustível, além de não requerer amplo espaço físico. A Figura 2 ilustra uma estação de tratamento de esgoto anaeróbio, tipo Reator Anaeróbio de Manto de Lodo e Fluxo Ascendente. Figura 2 - Reator Anaeróbio de Manto de Lodo e Fluxo Ascendente (Fonte: SANEPAR, 2013). 3

2.3. Estação de Tratamento de Efluentes ETE Barueri A ETE Barueri (Figura 3) é uma estação de tratamento por lodo ativado aeróbio da SABESP. É a maior estação de tratamento de esgotos da Região Metropolitana de São Paulo e situa-se no município de Barueri. Os esgotos são conduzidos à estação através do interceptor ITi6, que são tratados a nível secundário com eficiência de 90% em termos de DBO e SS [3]. Os efluentes são despejados no Rio Tietê que nesta região é classificado como de Classe 4. O efluente entra na ETE e passa por um sistema de grades grosseiras, que retiram os materiais maiores. A seguir o esgoto bruto é bombeado até um sistema de grades médias e segue para as caixas de areia, para que sejam removidos os sólidos suspensos. Depois o esgoto segue para os decantadores primários e para os tanques de aeração, após isso o efluente segue para os decantadores secundários, sendo lançado no rio Tietê, finalizando assim a fase líquida do tratamento. O lodo excedente nos decantadores secundários é bombeado para os adensadores de lodo por flotação, onde o mesmo é adensado e bombeado para os digestores. Após passar pelos digestores o lodo é bombeado para os filtros prensa, onde é feita a desidratação mecânica do lodo. Sendo assim o lodo é encaminhado para disposição em aterro sanitário, finalizando assim a fase sólida do tratamento [4]. A ETE Barueri foi escolhida como referência para este trabalho. Figura 3 ETE Barueri da SABESP (Fonte: site Geocites, 2004). 3. PLANTA DIDÁTICA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Desenvolvido por profissionais da área de controle e instrumentação das principais instituições de ensino do Brasil, a planta didática de eficiência energética, instalada no Laboratório de Eficiência Energética do IFSP, Campus São Paulo, permite o estudo e simulação de sistemas de controle de processo contínuo. A planta didática forma um sistema de acionamento completo, composto por proteção e medição; sistemas de automação e medição integrados, capazes de controlar automaticamente a execução, a coleta de dados e emissão de relatórios. O acionamento é composto por dois motores (convencional e alto rendimento) e três modos de partida distintos (contator, inversor de frequência e partida suave), permitindo a visualização de diversas formas de controle e operação de equipamentos industriais similares e de maior porte, com uma variação controlada entre 0 a 120% da carga nominal do motor elétrico. A planta didática de eficiência energética é composta por duas bancadas: (i) bancada de bombas centrífugas; (ii) bancada de compressor de ar [5, 6]. 4

3.1. Bancada da Bomba Centrífuga Simulação da Elevatória Final da ETE O objetivo da utilização da bancada da bomba centrífuga nesse trabalho foi possibilitar de forma didática a medição de grandezas elétricas, com aplicação de motores de indução convencionais e de alto rendimento, acionados com partida suave, partida direta e inversor de frequência, dessa forma simulou o funcionamento de uma estação de tratamento de esgoto convencional (setor da elevatória final) e permitiu o mapeamento do consumo de energia, em função do esgoto tratado (vazão). Para atender os objetivos propostos nesse trabalho, para simulação de um grande consumidor de energia em uma estação de tratamento, utilizaram-se dois modelos de acionamento e dois modelos de controle de vazão: (i) acionamento por partida direta, com vazão controlada por uma válvula de estrangulamento, modelo atualmente utilizado pelas companhias de saneamento; (ii) acionamento com a aplicação de inversor de frequência, controlando a vazão de esgoto, uma das propostas desse trabalho, para melhoria da gestão do consumo de energia [7]. A figura 4 apresenta o fluxograma da bancada da bomba centrífuga. Figura 4 Fluxograma da bancada da bomba centrífuga (Fonte: De Lorenzo, 2010). 3.2. Bancada do Compressor de Ar Simulação dos Sopradores da ETE O objetivo da utilização da bancada do compressor de ar foi simular didaticamente a medição de grandezas elétricas, com aplicação de motores de indução convencionais e de alto rendimento, com acionamento por partida direta, dessa forma possibilitou a simulação do funcionamento de uma estação de tratamento de esgoto convencional (setor dos sopradores) e, permitiu o mapeamento do consumo de energia, em função do esgoto tratado (vazão). Para atender ao objetivo proposto, para simulação de um grande consumidor de energia em uma estação de tratamento (soprador), utilizaram-se dois modelos de acionamento: (i) acionamento por partida direta, com vazão controlada por uma válvula de controle de fluxo de ar (válvula de estrangulamento), modelo atualmente utilizado pelas companhias de saneamento; (ii) acionamento por partida suave via soft-start, sendo que o controle do fluxo de ar também foi realizado por meio de uma válvula de estrangulamento. No caso da simulação (para os dois tipos de acionamentos), a proposta foi realizar um controle automatizado da vazão, dentro de parâmetros pré-estabelecidos, sendo simulados vazamentos controlados por válvulas solenoides. Tal procedimento permitiu fazer comparações de consumos com diferentes níveis de vazamentos no sistema de aeração, que atualmente são um grande problema 5

para o gerenciamento de energia das ETEs. A Figura 5 apresenta o fluxograma da bancada do compressor de ar [6,8]. Figura 5 Fluxograma simplificado da bancada do Compressor (Fonte: De Lorenzo, 2010). 3.3. Sistema de Automação e Comunicação em Rede das Bancadas Na arquitetura do sistema de automação das bancadas o Controlador Lógico Programável - CLP é o responsável por: (i) comando da partida da bomba, opcionalmente por inversor de frequência, partida direta ou soft-start; (ii) leitura das grandezas elétricas provenientes do medidor de energia trifásico multifunção microprocessado, por meio da porta de comunicação de dados Modbus; (iii) leitura dos parâmetros da instrumentação (sensores, transmissores e dispositivos de aquisição de dados), por meio de suas entradas analógicas [9, 10]. A fixação dos motores na bancada permite que eles sejam permutados de posição, de tal modo que o operador possa optar pela utilização de um motor convencional ou um motor de alto rendimento [11]. Os motores são acoplados diretamente á bomba centrífuga, por meio de acoplamentos elásticos. A rede de comunicação de dados entre o CLP e o microcomputador PC, onde o software supervisório está instalado é baseada no protocolo Ethernet TCP/ IP. A rede de comunicação entre o CLP, acionamentos (partida direta, soft-start, inversor de frequência) e o medidor de energia é baseada no protocolo Modbus RTU [12, 13, 14]. A instrumentação (transmissor indicador de pressão, transmissor indicador de vazão, transdutor de torque, transdutor de rotação, sensor de temperatura) é interligada ao CLP, através de suas entradas analógicas, transmissão de corrente de 4 a 20 ma. A Figura 6 ilustra a arquitetura do sistema e a rede de comunicação de dados, utilizada nas bancadas de bomba centrífuga e do compressor. 6

Figura 6 - Arquitetura do sistema de automação e da rede de comunicação de dados da bancada da bomba centrífuga e compressor (Fonte: De Lorenzo, 2010). 3.4. Sistema Supervisório Todas as duas bancadas são supervisionadas e controladas por dois microcomputadores PCs, onde estão instalados os sistemas supervisórios [15]. A Figura 7 apresenta a tela principal do sistema supervisório da bancada de bomba centrífuga. Esta tela também é o menu principal do sistema de bombeamento. Por meio dela pode-se realizar os comandos de acionamento da bomba, medições de energia, temperatura, torque e velocidade do motor, valores de pressão e vazão da bancada, bem como o estado das válvulas e dos reservatórios. Figura 7 Tela principal do sistema supervisório da bancada de bomba centrífuga (Fonte: De Lorenzo, 2010). 7

A Figura 8 apresenta a tela principal do sistema supervisório da bancada do compressor. Esta tela também é o menu principal do sistema de aeração. Por meio dela pode-se ter acesso aos comandos de acionamento do compressor, medições de energia, temperatura, torque e velocidade do motor, valores de pressão e vazão da bancada, bem como o estado das válvulas solenoides (XV-1, XV-2, XV-3, XV-4, XV-5 e XV-6). Figura 8 Tela principal do sistema supervisório (Fonte: De Lorenzo,2010). 4. ENSAIOS PRÁTICOS Os ensaios práticos basearam-se em pesquisas qualitativas com estudos do perfil de uma estação de tratamento de esgotos (ETE Barueri - SABESP), por meio da análise de uma base de dados contendo as informações históricas de tratamento de esgotos. Pretendeu-se estabelecer as principais tecnologias de medição de variáveis de processo no tratamento de esgotos, em tempo real, especificando a instrumentação microprocessada adequada, que permitiu monitorar grandezas elétricas para utilização na gestão do consumo de energia. Por meio dos dados coletados buscou-se elencar estratégias mais adequadas para melhorar a gestão do consumo de energia elétrica, e consequentemente estruturar os objetivos e planejar as ações para a implantação do sistema. Foram realizados seis ensaios, conforme descritos a seguir. Ensaio 1 Bomba centrífuga com motor acionado por partida direta, com controle de vazão por válvula de estrangulamento. Ensaio 2 Bomba centrífuga com motor acionado por inversor de frequência com controle de vazão por variação da rotação Ensaio 3 Compressor em condições normais de operação, com motor convencional acionado por partida direta. Ensaio 4 Compressor em condições normais de operação, com motor de alto rendimento acionado por partida direta. Ensaio 5 Compressor com simulação de vazamento, com motor convencional acionado por partida direta. Ensaio 6 Compressor com simulação de vazamento, com motor de alto rendimento acionado por partida direta. 8

5. RESULTADOS OBTIDOS Os resultados dos ensaios 1 e 2 foram importantes para comparar os dados adquiridos nas duas situações propostas, primeiro com a bomba funcionando com sistema de partida direta e controle da vazão de água pela válvula proporcional eletropneumática e depois da bomba funcionando com inversor de frequência e o controle da vazão de água pela variação da velocidade do motor. As Tabela 1 e 2 apresentam os resultados obtidos na bancada de simulação de bombeamento. Tabela 1 Resultados do ensaio 1. Ensaio 1 - Bomba Centrífuga Motor: Alto Rendimento Set Point da Vazão: 2 m 3 /h Tempo Teste: 20 minutos Acionamento do Motor: Partida Direta Controle da Vazão: Válvula Proporcional Eletropneumática Consumo de Energia: 332 Wh Momento Analisado Tensão Corrente FP Fase Ativa Reativa Vazão - (V) (I) - (W) (VAr) (m 3 /h) Partida 213,17 5,00 0,32 576,00 1736,00 0,00 Após 5 min 212,57 3,10 0,85 973,00 592,00 2,00 Após 10 min Após 15 min 213,43 3,10 0,85 963,00 594,00 2,00 212,33 3,10 0,86 965,00 586,00 2,00 Parada 212,00 3,10 0,85 957,00 583,00 1,90 Tabela 2 Resultados do ensaio 2. Motor: Alto Rendimento Set Point da Vazão: 2 m 3 /h Tempo Teste: 20 minutos Ensaio 2 - Bomba Centrífuga Acionamento do Motor: Inversor de Frequência Controle da Vazão: Velocidade do motor Consumo de Energia: 100 Wh Momento Analisado Tensão Corrente FP Fase Ativa Reativa Vazão - (V) (I) - (W) (VAr) (m 3 /h) Partida 212,60 0,10 0,04 2,00-48,00 0,00 Após 5 min 212,03 1,50 0,79 269,00-210,00 2,00 Após 10 min 211,97 1,50 0,82 269,00-191,00 2,00 Após 15 min 211,87 1,50 0,81 269,00-195,00 2,00 Parada 212,30 0,40 0,90 66,00 32,00 1,10 Os resultados dos ensaios 3, 4, 5 e 6 serviram para comparar os dados adquiridos nas quatro situações propostas, primeiro do compressor funcionando com motor convencional sem simulação de vazamentos na tubulação, segunda do compressor funcionando com motor de alto rendimento sem simulação de vazamentos na tubulação, terceira do compressor funcionando com motor convencional com simulação de vazamentos na tubulação e finalmente a quarta do compressor funcionando com 9

motor de alto rendimento com simulação de vazamentos na tubulação. As Tabelas 3, 4, 5 e 6 apresentam os resultados obtidos na bancada de simulação do sistema de sopradores. Tabela 3 Resultados do ensaio 3. Ensaio 3 - Compressor Acionamento do Motor: Partida Direta Motor: Convencional Tempo Teste: 20 minutos Vazão: 8 a 10 m 3 /h Pressão Mín: 3bar Pressão Máx: 5bar Simulação: Sem Vazamento Consumo de Energia: 151 Wh Momento Analisado Tempo Tensão Corrente FP Fase Ativa Reativa Pressão Vazão - (mm:ss) (V) (I) - (W) (VAr) (bar) (m 3 /h) 00:01 212,20 3,00 0,26 474,00-1744,00 0,00 0,90 1º Ciclo 01:34 210,20 3,30 0,96 1154,00-324,00 3,00 8,30 03:07 212,30 3,60 0,95 1239,00-417,00 5,10 9,80 06:21 212,76 5,20 0,95 919,00-1699,00 2,90 8,20 2º Ciclo 07:05 212,13 3,40 0,96 1210,00-374,00 4,20 9,40 07:50 211,80 3,50 0,95 1233,00-402,00 5,00 10,10 11:03 210,40 5,00 0,00 795,00-1647,00 2,90 8,20 3º Ciclo 11:48 210,77 3,50 0,95 1184,00 386,00 4,20 9,40 12:32 211,04 3,50 0,95 1207,00-406,00 5,10 10,00 15:44 212,77 4,80 0,28 496,00-1711,00 2,90 8,10 4º Ciclo 16:28 212,60 3,40 0,95 1203,00-403,00 4,10 9,40 17:15 212,47 3,50 0,95 1227,00 418,00 5,10 10,00 Término 20:00 Stand by Stand by Stand by Stand by Stand by Tabela 4 Resultados do ensaio 4. Teste 4 - Compressor Acionamento do Motor: Partida Direta Motor: Alto Rendimento Tempo Teste: 20 minutos Vazão : 8 a 10 m 3 /h Pressão Mín: 3bar Simulação: Sem Vazamento Pressão Máx: 5bar Consumo de Energia: 143 Wh Momento Analisado Tempo Tensão Corrente FP Fase Ativa Reativa Pressão Vazão - (h) (V) (I) - (W) (VAr) (bar) (m 3 /h) 00:01 213,26 5,20 0,42 796,00 581,00 0,00 0,90 1º ciclo 01:28 213,70 3,10 0,96 1114,00 335,00 2,80 8,10 10

1º Ciclo 03:05 213,47 3,30 0,95 1158,00 397,00 5,00 9,80 06:21 213,67 5,40 0,94 1389,00 487,00 3,00 8,30 2º Ciclo 07:03 213,93 3,20 0,95 1145,00-350,00 4,20 9,50 07:48 214,06 3,40 0,95 1169,00-406,00 5,10 10,10 11:04 213,80 5,50 0,44 894,00 1820,00 3,00 8,30 3º Ciclo 11:47 213,47 3,30 0,95 1152,00-380,00 4,20 9,40 12:32 213,33 3,30 0,95 1170,00-391,00 5,10 10,10 15:47 213,37 4,80 0,20 362,00-1739,00 2,90 8,20 4º Ciclo 16:31 213,46 3,30 0,95 1143,00 376,00 4,20 9,40 17:17 212,90 3,30 0,95 1150,00-380,00 5,10 10,10 Término 20:00 Stand by Stand by Stand by Stand by Stand by Tabela 5 Resultados do ensaio 5. Teste 5 - Compressor Acionamento do Motor: Partida Direta Motor: Convencional Tempo Teste: 20 minutos Vazão: 12 a 15 m 3 /h Pressão Mín: 3bar Pressão Máx: 5bar Momento Analisado Tempo Tensão Corrente FP Fase Simulação: Com Vazamento Consumo de Energia: 225 Wh Ativa Reativa Pressão Vazão - (h) (V) (I) - (W) (VAr) (bar) (m 3 /h) 00:01 212,87 5,40 0,48 957,00 1.743,00 0,00 12,00 1º Ciclo 01:58 212,70 3,30 0,97 1.186,00-300,00 3,20 12,40 03:55 212,70 3,50 0,96 1.224,00-378,00 5,10 14,70 06:07 212,67 5,30 0,89 1.147,00-585,00 2,90 12,10 2º Ciclo 07:09 212,03 3,40 0,96 1.202,00-352,00 4,20 13,80 08:12 211,76 3,50 0,95 1.220,00 392,00 5,00 14,70 10:24 212,17 5,50 0,47 967,00-1.796,00 2,90 12,10 3º Ciclo 11:28 212,47 3,50 0,96 1.220,00-380,00 4,20 13,80 12:33 212,70 3,50 0,96 1.224,00-369,00 5,20 14,70 14:46 213,36 5,50 0,66 1.339,00 1.511,00 3,00 12,20 4º Ciclo 15:52 213,13 3,40 0,95 1.219,00-378,00 4,30 13,80 16:57 212,83 3,40 0,95 1.235,00-404,00 5,10 14,70 11

19:09 212,50 5,70 0,68 1.410,00 1.542,00 2,90 12,00 5º Ciclo 19:34 211,96 3,30 0,96 1.179,00-340,00 3,60 12,90 20:00 212,56 3,40 0,96 1.194,00-328,00 4,00 13,50 Tabela 6 Resultado do ensaio 6. Acionamento do Motor: Partida Direta Teste 6 - Compressor Motor: Alto Rendimento Tempo Teste: 20 minutos Vazão : 12 a 15 m 3 /h Pressão Mín: 3 bar Pressão Máx: 5 bar Momento Analisado Tempo Tensão Corrente FP Fase Simulação: Com Vazamento Consumo de Energia: 212 Wh Ativa Reativa Pressão Vazão - (h) (V) (I) - (W) (VAr) (bar) (m 3 /h) 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 4º Ciclo 5º Ciclo 00:01 212,97 5,70 0,60 1254,00 1678,00 0,00 1,30 02:00 213,00 3,10 0,97 1111,00-321,00 3,20 12,20 04:01 213,03 3,40 0,95 1152,00-392,00 5,10 14,50 06:13 213,30 4,60 0,17 1106,00-1667,00 2,90 12,00 07:18 213,80 3,30 0,99 1135,00 1180,00 4,20 13,70 08:23 213,80 3,30 0,95 1160,00-397,00 5,10 14,70 10:35 213,60 5,60 0,51 1055,00 1766,00 2,90 12,10 11:41 213,67 3,30 0,95 1150,00-368,00 4,30 13,80 12:47 213,30 3,30 0,95 1164,00-400,00 5,10 14,70 14:59 213,87 5,30 0,48 941,00-1740,00 2,90 12,00 16:06 213,60 3,30 0,95 1135,00-378,00 4,30 13,80 17:14 213,70 3,30 0,95 1155,00-388,00 5,10 14,70 19:25 213,13 5,20 0,50 947,00-1684,00 2,90 12,10 19:43 213,67 3,10 0,96 1106,00-348,00 3,40 12,90 20:00 213,40 3,20 0,95 1126,00 364,00 3,80 13,20 6. CONCLUSÕES Nos ensaios 1 e 2, o monitoramento do consumo de energia em cada um deles, é sem dúvida a grandeza que indica a maior e mais importante diferença entre eles. O consumo de energia na bancada de simulação de bombeamento é mostrado, remotamente em tempo real, na tela do supervisório de um microcomputador e os dados são fornecidos pelo medidor de energia microprocessado, ligado em rede de comunicação com o controlador lógico (CLP) da bancada. No ensaio 1, com o bombeamento feito com o motor acionado por partida direta e controle da vazão de água com a válvula proporcional, o consumo de energia foi de 332Wh e no ensaio 2 o mesmo trabalho de bombeamento, realizado com o motor acionado com inversor de frequência e o controle 12

de vazão de água feito com a variação da velocidade do motor, o consumo foi muito menor, de apenas 100Wh. Uma redução de praticamente 70% do consumo de energia. Com a mudança de tecnologia de acionamento do motor da bomba centrífuga simulada na bancada de bombeamento da Planta de Eficiência Energética do IFSP-SP, pode-se notar uma economia de 70% no consumo de energia. Se comparado com o sistema de bombeamento utilizado na ETE Barueri da SABESP, percebe-se uma economia de grandeza muito superior, já que o motor da bomba elevatória final utilizada na empresa é de rotor bobinado com uma potência de 3.100CV e trabalha 24 horas por dia. Existe uma variação de velocidade numa faixa muito pequena, por meio de variação da corrente rotórica. Dessa forma, foi realizada uma comparação de economia estimada do consumo de energia, onde o rotor do motor foi curto-circuitado, eliminando-se a variação da corrente rotórica e aplicou-se o controle da velocidade por inversor de frequência. Para isso foi levantado o consumo médio mensal da bomba da ETE Barueri no ano de 2012. Na planta de ensaios do IFSP-SP a economia foi de 70%, porque o motor originalmente não possuía variação de velocidade e funcionava com rotor gaiola de esquilo. Porém, na ETE Barueri - SABESP o motor tem uma pequena faixa de variação. Sendo assim, reduziu-se a taxa de economia no cálculo estimado de 70% para 50%. Na Figura 9, pode-se verificar a economia do consumo de energia elétrica esperado, com a aplicação de novas tecnologias sugeridas nesse trabalho, que pode chegar em torno de R$ 250.000,00 mensais. Figura 9 Gráfico de comparação estimada de consumo/economia de energia elétrica- bomba centrífuga ETE Barueri SABESP. Nos quatro ensaios com o compressor de ar, simulando os sopradores da ETE, o monitoramento do consumo de energia, também indicou a maior e mais importante diferença entre eles. O consumo de energia na estação de simulação de sopradores pode ser mostrado, remotamente em tempo real, na tela do supervisório e os dados também foram fornecidos pelo medidor de energia microprocessado, conectado em rede com o controlador lógico CLP, instalado na bancada. Pode-se notar uma economia de energia em cada teste, comparado à situação inicial. Se substituirse o motor convencional por um motor de alto rendimento e sanarem-se os vazamentos de ar no sistema, pode-se conseguir uma economia de energia de até 36% na planta simulada. Se a simulação for comparada com o sistema de ar comprimido da ETE Barueri - SABESP, podese ter uma economia de grandeza muito superior, já que o motor do compressor utilizado na empresa tem uma potência de 3.500CV e trabalha 24 horas por dia. O sistema de ar da ETE Barueri é dividido em seis áreas, tanques de aeração, onde é utilizada a maior parte do ar, caixas de areia, tanques de pré-aeração, canal de alimentação dos tanques de aeração, canal de alimentação dos decantadores secundários e canal de alimentação dos decantadores primários. Todas essas áreas possuem vazamentos, porém ainda não foram dimensionados. Para efeitos da estimativa de cálculos, aplicou-se a mesma porcentagem de vazamento utilizado na planta de simulação. Assim, foi possível calcular-se a economia estimada para a empresa, com a substituição do motor e a eliminação dos vazamentos de ar. Para isso, também foi levantado o consumo médio mensal dos compressores da SABESP no ano de 2012. Verificou-se um cálculo estimado de economia do consumo de energia, que pode chegar a R$ 150.000,00 mensais, conforme mostrado no gráfico da Figura 10. 13

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