RESPOSTA DA CULTURA DO FEIJOEIRO (Phaseolus vulgaris) SUBMETIDA A DOSES DE FERTILIZANTE FOSFATADO EM UM SOLO FRANCO-ARENOSO DA REGIÃO DA ZONA DA MATA DE RONDÔNIA Ederlon Flávio da Veiga Moline 1, Elaine Aparecida de Paula Farias 2, Eliza Barboza 3, Elaine Cosma Fiorelli-Pereira 4, Jairo André Schlindwein 5 1. Pós-Graduando em Agricultura no Trópico Úmido do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPA, Manaus AM, Brasil (ederlon_flavio@hotmail.com) 2. Pós-Graduanda em Produção Vegetal da Universidade Federal do Acre 3. Graduando em Agronomia da Universidade Federal de Rondônia 4. Professor Assistente II da Universidade Federal de Rondônia 5. Professor Adjunto da Universidade Federal de Rondônia Data de recebimento: 02/05/2011 - Data de aprovação: 31/05/2011 RESUMO A disponibilidade de fósforo no solo é influenciada por vários atributos que afetam o rendimento das culturas à aplicação desse nutriente. Este trabalho objetivou avaliar as respostas do feijoeiro à aplicação de P 2 O 5 e a máxima eficiência técnica e econômica das doses em um solo de textura franco-arenosa. A cultura foi cultivada em 20 vasos plásticos de 12 kg de solo submetido às doses crescentes de P na proporção de 0; 112,5; 225; 450 e 900 kg ha -1 de P 2 O 5, sendo o experimento organizado em delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. Finalizadas as avaliações, pôde-se concluir que o feijoeiro respondeu significativamente a aplicação de P até a dosagem de 858 kg ha -1 e o rendimento de máxima eficiência técnica e econômica foram de 215 e 194 g vaso -1 de P 2 O 5, respectivamente. PALAVRAS-CHAVE: Leguminosa, adubação com P 2 O 5, solo amazônico RESPONSE OF THE CULTURE OF BEAN (Phaseolus vulgaris) SUBJECTED TO DOSES OF PHOSPHATE FERTILIZER ON SANDY-LOAM SOIL REGION OF THE AREA OF FOREST RONDÔNIA ABSTRACT The availability phosphorus in soil is influenced by several attributes that affect yield of crops to this nutrient. This study aimed to evaluate the responses of the bean in the application of P 2 O 5 and maximum technical efficiency and economic of doses in a soil of sandy loam texture. The culture was led in 20 plastic pots of 12 kg of soil subject to increasing rates of P at a ratio of 0, 112.5, 225, 450 and 900 kg P 2 O 5 ha -1, and the experiment was organized in a randomized design with four repetitions. The evaluations concluded that bean responded significantly to P application to the doses of 858 kg ha -1 yield and maximum technical efficiency and economic of 215 and 194 kg P 2 O 5 ha -1, respectively. KEYWORDS: Leguminous, fertilization with P 2 O 5, Amazonian soil. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 1
INTRODUÇÃO O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é uma das fontes protéicas mais importantes da dieta brasileira, além de ser rico em carboidratos e ferro. O Brasil é o maior produtor mundial de feijão e também maior consumidor dessa leguminosa com um consumo per capita, em 2003 de cerca de 16 kg ano -1 (VIEIRA et al., 2006). Em Rondônia, a área plantada no ano de 2009 foi de 66.681 hectares com produção de 46.580 toneladas e uma produtividade de 698 kg ha -1, que é baixo comparando com a média nacional (709 kg ha -1 ) (IBGE, 2011). A produção no Estado é feita principalmente por pequenos agricultores que utilizam pouco ou nenhum recurso tecnológico. Os solos naturais da Amazônia apresentam baixo ph, baixa capacidade de troca de cátions, alta concentração de alumínio e manganês, baixa disponibilidade de macronutrientes, sendo fatores limitantes ao desenvolvimento e conseqüentemente a produtividade de determinadas culturas. O fósforo nestes solos apresenta baixos teores disponíveis na solução do solo, cerca de 0,1% do P total do solo (200 e 3000 mg kg -1 ). Quando em solos agrícolas, os valores freqüentes situamse entre 0,002 e 2 mg L -1 de P (FALCÃO & SILVA, 2004). Mas, a principal diferença entre os solos está na eficiência de utilização de fósforo pelas plantas relacionado com processos de adsorção (FARDEAU, 1996), pois, é estimado que apenas 5 a 25% do fósforo solúvel adicionado ao solo por meio de adubação são aproveitados pela cultura, ou seja, 95 a 75% do fósforo são fixados pelo solo. Diante do exposto, objetivou-se neste trabalho avaliar dosagens crescentes de P 2 O 5 na cultura do feijoeiro considerando o fator econômico e produtivo. METODOLOGIA O estudo foi realizado em casa de vegetação durante todo o ciclo da cultura do feijoeiro (60 dias) na área experimental do Departamento de Agronomia da Fundação Universidade Federal de Rondônia UNIR, localizado no município de Rolim de Moura RO, distante 15 km da cidade (latitude 11º 34 57 S e longitude 61º 46 21 W e altitude de 277 m). Para a coleta de solo a campo, foi priorizado o solo de textura francoarenosa sem histórico de calagem, retirando este na profundidade de 0-20 cm. Após a coleta, o solo foi peneirado e retirado amostra para análise química em laboratório, sendo que a partir desta foi feita a recomendação de calagem para saturação de bases a 60%. Durante o tempo de reatividade do calcário o solo foi revolvido periodicamente para melhor otimização das reações. Decorrido 30 dias, os vasos foram preenchidos com 12 kg de solo e distribuídos em delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos de doses crescentes de P 2 O 5 (0; 112,5; 225; 450 e 900 kg ha -1 ) e cinco repetições. Para as demais adubações foram consideradas para todos os tratamentos as doses de 100% de recomendação com base no Manual de Recomendação e Calagem do Rio Grande do Sul (2004). Concomitantemente à aplicação de fertilizantes, procedeu-se a implantação da cultura do feijoeiro utilizando a cultivar Carnaval, devido a sua precocidade. Foram semeadas 10 sementes por vaso, porém conduzidas somente três plantas ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 2
por vaso. Durante o período de condução foram aplicados todos os tratos fitossanitários necessários para o desenvolvimento da cultura. Finalizado o experimento, como meio de avaliações de dados, as plantas de feijão foram cortadas rente ao solo e levadas a estufa a 65º durante 72 horas para posteriormente obter-se a produção de matéria seca. Da mesma forma, as raízes foram separadas do solo, lavadas e levadas à estufa para peso de raiz. O rendimento da cultura foi medido através da massa de 100 grãos e pelo número de grãos. Amostras de solo dos vasos foram retiradas e em laboratório determinados os teores de cada tratamento, utilizando a metodologia de TEDESCO et al. (1995). Os dados foram submetidos à análise de variância, com o auxílio do programa Sisvar. As médias obtidas foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO A adubação utilizada nos tratamentos promoveu alterações significativas na fertilidade do solo do experimento (Figura 1). No tratamento testemunha, com zero de adubação fosfatada o valor estimado foi próximo de zero, portanto menor do que o teor de fósforo antes da instalação do experimento. Essa redução na fertilidade do solo pode ser devida a absorção pela cultura do feijão. Os teores de P aumentaram linearmente em torno de 0,4 mg para cada kg de P 2 O 5 aplicado no solo. FIGURA 1. Teor de P disponivel no solo (Mehlich - ¹) em função de doses de P 2 O 5. (** altamente significativo p<0,001). ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 3
A matéria seca da parte aérea (MSPA) do feijão aumentou significativamente com o aumento das doses de fósforo (Tabela 1). O tratamento zero de P 2 O 5 apresentou a menor produção de matéria seca com 16,75 g, ao passo que a dose de 900 kg ha -1 de P 2 O 5 apresentou a maior produção correspondente a 48,75g, confirmando a teoria de LOPES (2006) em que o primeiro sinal de fome de fósforo é o desenvolvimento subnormal de toda a planta. Os resultados de matéria seca de raízes (MSR) e peso de 100 sementes de feijoeiro apresentaram menores valores no tratamento testemunha com zero de P e para as demais doses de P não se verificou diferenças estatísticas. TABELA 1. Matéria seca da parte aérea (MSPA), matéria seca de raízes (MSR) e peso de 100 grãos em função de doses de P 2 O 5. O rendimento de grãos de feijão respondeu significativamente à aplicação de P 2 O 5 (Figura 2). Na dose zero de P o rendimento estimado de grãos foi de 18,39 g vaso -1 e o aumento no rendimento foi da ordem de 0,40 g vaso -1 para cada kg de P 2 O 5 adicionado ao solo. O rendimento de grãos para máxima eficiência técnica (MET) foi de 219 g vaso -1, estimado a partir da derivação da função de produção. Para o rendimento de máxima eficiência técnica, a dose estimada de P 2 O 5 foi de 858 kg ha -1. O rendimento de máxima eficiência econômica estimada para rendimento de 90% do rendimento de máxima eficiência técnica foi de 197 g vaso -1 obtido com a dose de 850 kg ha -1 de P 2 O 5. Ao estudarem a resposta do feijoeiro a doses de fósforo e lâminas de água, sob condições de campo, SILVEIRA E MOREIRA (1990) constataram aumentos no rendimento de sementes do feijoeiro com a aplicação de doses crescentes de fósforo, de acordo com a lâmina de água aplicada; contudo, melhores resultados foram obtidos na doses de 400 kg ha -1 de P 2 O 5. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 4
FIGURA 2. Rendimento de grãos de feijão em função de doses P 2 O 5 em Latossolo franco-arenoso. (** altamente significativo p<0,001). CONCLUSÕES O feijão respondeu significativamente a aplicação de P até a dosagem de 858 kg ha -1. O rendimento de máxima eficiência técnica foi de 215 g vaso -1 e o rendimento de máxima eficiência econômica foi de 194 g vaso -1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO - RS/SC. Manual de adubação e de calagem para os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 10. ed. Porto Alegre: SBCS - Núcleo Regional Sul: UFRGS, 2004. 400p. FALCÃO, N.P.S. & SILVA, J.R.A. Características de adsorção de fósforo em alguns solos da Amazônia Central. Acta Amazônica, Manaus, v.34, 2004. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 5
FARDEAU, J.C. Dynamics of phosphates in soils. An isotopic outlook. Fert. Res., 1996. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. Banco de dados: Feijão. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php? sigla=ro&tema=lavouratemporaria2009>. Acesso em: 12 de janeiro 2011 às 22:15hs. LOPES, A.S Guia de fertilidade do solo. UFLA/ANDA/POTAFOS. 2006. 504P. CD ROM. SILVEIRA, P.M.; MOREIRA, J.A.A. Resposta do feijoeiro a doses de fósforo e lâminas de água de irrigação. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Brasília, v.14, p.63-67, 1990. TEDESCO, M.J.; GIANELLO, C.; BISSANI, C.A. et al. Análise de solo, plantas e outros materiais. 2. ed. Porto Alegre: Departamento de Solos da UFRGS, 1995. 147p. (Boletim Técnico, 5). VIEIRA, C.; PAULA JÚNIOR, T.J.; BORÉM, A. Feijão. 2 ed. Atual. Viçosa, UFV, 2006. 600p. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; 2011 Pág. 6