UTILIZAÇÃO DE INDICADORES FÍSICOS ASSOCIADOS A SISTEMA DE MICRODRENAGEM. Eixo temático: Gerenciamento de Recursos Hídricos e Energéticos

Documentos relacionados
Sistema de Esgotamento Sanitário

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental PHA 3337 Água em Sistemas Urbanos I

MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS EM GUARULHOS 1. O Manejo de Águas Pluviais compreende: quantidade, qualidade e ecossistema aquático.

MICRODRENAGEM Aula 2

ESTUDO DE CASO DO SISTEMA DE DRENAGEM URBANA DE UMA PARCELA DO ARROIO DOS PEREIRAS (IRATI-PR)

MEMORIAL REFERENTE AO PROJETO AO SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO NA PROMOTORIA DO ESTADO - MT EM PRIMAVERA DO LESTE.

MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DA VAZÃO MÁXIMA COM BASE NA PRECIPITAÇÃO Material elaborado por Gracely, monitora da disciplina.

Aproveitamento de água de chuva Capitulo 21- Noções de hidrologia engenheiro Plínio Tomaz 20 de agosto de 2010

Microdrenagem urbana

SANEAMENTO BÁSICO DRENAGEM URBANA. Prof. Silvana Ferreira Bicalho

MICRODRENAGEM Aula 3

ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP DEPARTAMENTO DE

MICRODRENAGEM Parte 3

MICRODRENAGEM NAS GRANDES CIDADES: PROBLEMAS E SOLUÇÕES. Douglas Toshinobu Kamura Fabio Hideo Mori Renato Akyra Oshiro Rodrigo Nakazato

Introdução. Universidade Regional do Cariri URCA. Coordenação da Construção Civil. Prof. MSc. Renato de Oliveira Fernandes

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

MICRODRENAGEM DISCIPLINA: DRENAGEM URBANA

CAPÍTULO V BOCAS COLETORAS

CURVAS IDF VERSUS VAZÃO DE PROJETO DE UM SISTEMA DE DRENAGEM URBANA

Decreto que regulamenta o artigo 115 do Código de Obras de Guarulhos

MEMORIAL DE CÁLCULO DIMENSIONAMENTO DA TUBULAÇÃO DE ÁGUA PLUVIAL

TH 030- Sistemas Prediais Hidráulico Sanitários

Estimativa da Chuva e Vazão de Projeto Introdução

SISTEMA DE DRENAGEM URBANA E INTRODUÇÃO AO SISTEMA COMBINADO ALTERNATIVO. TAIANE REGINA HOEPERS Prof. Orientador: Daniel Costa dos Santos

COMUNICAÇÃO TÉCNICA Nº

DRENAGEM E ESTUDO HIDROLÓGICO

CAPÍTULO VI GALERIAS. TABELA VI.1. Período de Retorno em Função da Ocupação da Área

PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DE DIMENSIONAMENTO DA MICRODRENAGEM DO MUNICÍPIO DE SANTO ANDRÉ

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental PHA 2537 Água em Ambientes Urbanos

ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ ESALQ/USP LEB 1440 HIDROLOGIA E DRENAGEM Prof. Fernando Campos Mendonça 4 - ESCOAMENTO SUPERFICIAL

LSN 5855 Conservação do Solo Exercício prático N 3

Medidas de Controle na Drenagem Urbana

Prof. Me. Victor de Barros Deantoni

Contribuição para o dimensionamento de sistemas de microdrenagem urbana Contribution for scaling microdrainage urban systems

Departamento de Engenharia Civil Disciplina : Hidrologia (HIA0001) Prof. Dr. Doalcey Antunes Ramos

ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ ESALQ/USP LEB 1440 HIDROLOGIA E DRENAGEM Prof. Fernando Campos Mendonça 4 - ESCOAMENTO SUPERFICIAL

CAPÍTULO IV SARJETAS. FIG. IV.1 - Sarjeta triangular

Estimativa da Chuva e Vazão de Projeto Introdução

Unidade: Instalações prediais de coleta e condução de águas. Unidade I: pluviais

Hidráulica e Hidrologia

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental PHA 3337 Água em Sistemas Urbanos

ÁGUAS PLUVIAIS INSTALAÇÕES HIDROSANITARIAS

IPH GERENCIAMENTO DA DRENAGEM URBANA Apresentação

DRENAGEM EM OBRAS VIÁRIAS. Waldir Moura Ayres Maio/2009

VIII-Castro-Brasil-1 COMPARAÇÃO ENTRE O TEMPO DE RETORNO DA PRECIPITAÇÃO MÁXIMA E O TEMPO DE RETORNO DA VAZÃO GERADA PELO EVENTO

ÁGUAS PLUVIAIS. d) a estabilidade da vazão de esgotos, que é muito mais crítica, no sistema separador absoluto é maior.

CAPÍTULO VII PREVISÕES DE ENCHENTES 7.2. PREVISÃO DE ENCHENTES EXECUTADO POR MÉTODOS INDIRETOS.-

Iniciando pela chuva, temos basicamente 4 destinos para as águas pluviais:

-249- ARTIGO REF: 6667

PHD 0313 Instalações e Equipamentos Hidráulicos

ENGENHARIA AGRONÔMICA HIDROLOGIA. Bacias Hidrográficas. Prof. Miguel Toledo del Pino, Eng. Agrícola Dr. 2018

SISTEMAS PÚBLICOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

RECOMENDAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE DRENAGEM URBANA

HIDROLOGIA AULA semestre - Engenharia Civil. ESCOAMENTO SUPERFICIAL 2 Profª. Priscila Pini

ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ ESALQ/USP LEB 1440 HIDROLOGIA E DRENAGEM Prof. Fernando Campos Mendonça

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA HIDRÁULICA DE GALERIAS DE DRENAGEM PLUVIAIS COM SEÇÕES RETANGULARES E CIRCULARES

COMPILAÇÃO DE RECOMENDAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE DRENAGEM URBANA

IPH Hidrologia II. Controle de cheias e Drenagem Urbana. Walter Collischonn

DRENAGEM AULA 04 DRENAGEM SUPERFICIAL

INFRA ESTRUTURA URBANA

Instalações Hidráulicas/Sanitárias Água Pluvial

Sistemas Prediais de Águas Pluviais

Instalações Hidráulicas Prediais

Estruturas hidráulicas

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL AMANDA PAULA DA SILVA WEI

Módulo CAPACIDADE DE CONDUÇÃO HIDRÁULICA DE RUAS E SARJETAS

Capítulo 66 Método de I- PAI-WU

Exercícios de Estradas (parte 14)

Capítulo 31 Infiltração de água de chuva do telhado em trincheira

EQUAÇÃO DE CHUVAS INTENSAS PARA O MUNICÍPIO DE JAÚ-ESTADO DE SÃO PAULO - BRASIL: PROPOSTA DE UMA EQUAÇÃO GERAL E ANÁLISE DO SEU DESEMPENHO.

PHD 0313 Instalações e Equipamentos Hidráulicos

Drenagem de vias terrestre Notas de aulas

ÁGUAS PLUVIAIS E DRENAGEM URBANA INFLUÊNCIA DE RESERVATÓRIOS DE DETENÇÃO NO CONTROLE DE VAZÃO 1

AUT Infraestrutura Urbana e Meio Ambiente

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS SECRETARIA DE OBRAS

Capítulo 65 Método de Ven Te Chow

URBANIZAÇÃO E DRENAGEM URNANA EM PORTO ALEGRE. Joel Avruch Goldenfum - IPH/UFRGS

ARTHUR DE MATOS ROCHA BEZERRA & PEDRO AUGUSTO DOURADO

Saneamento Ambiental I

COMPARAÇÃO DE DUAS METODOLOGIAS PARA DETERMINAÇÃO DO VOLUME DE DETENÇÃO EM PEQUENAS BACIAS URBANAS O CASO DE PORTO ALEGRE/RS BRASIL.

PROJETO DE PAVIMENTAÇÃO COM PAVER DE CONCRETO INTERTRAVADO.

OUTRAS MEDIDAS DE IMPORTÂNCIA SANITÁRIA

Capítulo 99 SCS para várias bacias

Conceitos. Diretrizes de Projeto

Tecnologia de solos: dimensionamento e recomendação de terraceamento. gerd sparovek (lso/esalq) segundo semestre de 2017

AVALIAÇÃO UNIFICADA 2016/1 ENGENHARIA CIVIL/7º PERÍODO NÚCLEO II CADERNO DE QUESTÕES

Hidráulica de Canais. Universidade Regional do Cariri URCA

Dimensionamento Preliminar de Reservatório de Águas Pluviais para o Prédio do Instituto de Recursos Naturais (Irn- Unifei) 1

ESTUDO DA INFLUENCIA DA RUGOSIDADE NOS MODELOS DE ONDAS CINEMÁTICAS E DIFUSAS.

DIMENSIONAMENTO DE UMA REDE COLETORA DE ESGOTO PLUVIAL NA CIDADE SANTA MARIA - RS 1

AVALIAÇÃO DE CENÁRIOS DO CONTROLE DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL NA FONTE: ESTUDO DE CASO NA CIDADE BARREIRAS-BA

PHA Hidrologia Ambiental. Chuva-vazão e Hidrograma Unitário

Dimensionamento de Bueiros

BACIA HIDROGRÁFICA. Nomenclatura. Divisor de água da bacia. Talweg (talvegue) Lugar geométrico dos pontos de mínimas cotas das seções transversais

ELABORAÇÃO DE CONCRETO PERMEÁVEL PARA CONSTRUÇÃO CIVIL

Capítulo 66 Método de I- PAI-WU

PROJETO BÁSICO E MEMORIAL DESCRITIVO

Teste 1 de Vias de Comunicação II GUIA DE CORRECÇÃO

ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ ESALQ/USP LEB 1440 HIDROLOGIA E DRENAGEM Prof. Fernando Campos Mendonça PRECIPITAÇÕES

Transcrição:

UTILIZAÇÃO DE INDICADORES FÍSICOS ASSOCIADOS A SISTEMA DE MICRODRENAGEM Fernanda Kelley da Silva (1) ; Leopoldo Uberto Ribeiro Junior (2) (1) Estudante; FEPI (Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá); Itajubá Minas Gerais;fernandakelley678@yahoo.com.br; Tel: (35)9 9714-3232; Endereço: Rua Francisca Rocha Faria, 259, apto 102- Bairro Varginha; (2) Professor pesquisador; FEPI (Fundação de Ensino e Pesquisa de Itajubá); Itajubá Minas gerais; leopoldo_junior@yahoo.com.br; Tel: (35)3629-8400; Endereço: Rua Doutor Antônio Braga Filho, 687- Bairro Varginha. Eixo temático: Gerenciamento de Recursos Hídricos e Energéticos RESUMO O objetivo desse estudo foi analisar as estruturas hidráulicas de um sistema de micro drenagem, padronizar algumas estruturas e consequentemente verificar se os mesmos estavam tendo eficiência hidráulica adequada. Várias referências bibliográficas foram estudadas, onde escolheu-se as melhores práticas a respeito de micro drenagem. A opção escolhida para fazer esse estudo foi através de comparações das estruturas hidráulicas entre si, que apresentou os determinadas defeitos e características do sistema. A relação entre os itens detectou pontos de falhas de suporte de vazão o que foi reforçado no desenvolvimento dos indicadores físicos. Essa bibliografia documenta os pontos de erros e acertos do sistema e relaciona a opção da tentativa de padronização dos sistemas de micro drenagem, onde os mesmos não possuem normas que os rege. Palavras-chave: Itajubá. Drenagem urbana. Vazão. ABSTRACT Objective this study was to analyze the hydraulic structures of microdrainaging, standardize some structures and consequently verify if they were being efficient. Many bibliographic sources were studied from where it was chosen the best practices regarding the microdrainaging. The option to lead this study has been chosen through de comparisons among hydraulic structures, with the following failures and characteristics: the interrelation among the systems detected points of failure to bear the outflow, as testified by the development of the physical indicators. This bibliography documents the points of failure and positive points of the system and relates the attempt of standardizing the systems of microdrainaging, since there are no rules to establish them. Key words: Itajubá. Urban drainaging. Outflow. Introdução O sistema de micro drenagem é responsável pela captação e transporte das águas que caem e escoam pelas áreas públicas até o corpo da macrodrenagem. Sendo formado pelas: Galerias, poços de visita, bocas de lobo, sarjetas entre outros. (MOUTINHO, 2011) 1

Trabalhar com micro drenagem ou até mesmo estudar a respeito exige um certo desafio, afinal sabe-se que o mesmo não possui normas que o rege, é o que (TOMAZ, 2010) diz Uma das grandes dificuldades de se escrever sobre micro drenagem no Brasil, é que até o momento não temos normas da ABNT. As cidades, Estados, órgãos públicos, empreendedores adotam critérios muito diferentes um dos outros, sendo difícil e até impossível de se fazer uma padronização. Assim o resultado da falta de padronização gera outros problemas, como são os casos das enchentes. A reportagem Globo (2014) mostra Em meio à crise de falta d agua, cidades da grande São Paulo tem enchentes após temporal. Esse problema de enchentes pode-se estar diretamente ligado com a falta de padronização, onde um problema vai encarretando a demais problemas. Com isso, padronizar o sistema de micro drenagem pode ser fator para amenizar os problemas, a serem abordados neste trabalho, padronizando algumas estruturas hidráulicas, verificando seus locais de falhas e identificando alternativas para solução do mesmo, sendo esse o objetivo principal. Assim é de mera importância dar-se início a padronização dos sistemas hidráulicos, pois sem regras e normas, fica difícil dizer ao certo e errado, e mais difícil ainda se ter uma homogeneização de micro drenagem, onde esse aspecto traz benéficos acontecimento: diminuição com gastos de impacto ambiental causados pelas enchentes, diminuição de doenças contraídas por águas contaminadas de doenças, avanço produtivo da população pelo fato da ausência de reconstrução causado pelas enchentes entre outros. Por fim esse trabalho através de pesquisas bibliográficas desenvolve alguns aspectos da micro drenagem como: desde a vazão de projeto até a vazão suporte de uma boca de lobo, fatores esses que serão destrinchados no decorrer do estudo. Material e Métodos Método Racional De acordo com Fernandes (2002) as obras de micro drenagem no Brasil e em toda parte ocidental é empregada pelo método racional, ele é muito útil por trazer resultados bastante aceitáveis para o estudo de pequenas bacias, como é o caso de uma determinada rua. O método racional relaciona as principais características de uma bacia, tais como área, permeabilidade, forma, etc, sendo a vazão de dimensionamento calculada pela formula: Onde: Q= vazão (m³/s) C=coeficiente de escoamento superficial I=intensidade de chuva (mm/h) A=área da bacia de contribuição (m²) encontrou-se a vazão de escoamento assemelhando a realidade presente em nossas pavimentações, onde essa vazão para o estudo de caso é resultante somente da área de influência da rua, onde engloba também suas respectivas 2

calçadas. Analisou-se a realidade vivenciada nas pavimentações e observou-se que são inúmeros tipos de cobertura, o qual está diretamente ligado ao escoamento superficial, tendo assim uma grande variedade de coeficiente de escoamento superficial. Com isso foi nosso intuito não padronizar apenas um tipo de cobertura, e sim analisar as vazões provenientes de um intervalo de coeficiente de escoamento superficial, observando seus diferentes picos de vazões e englobando os melhores casos. Para isso encontramos vários coeficientes, partindo desde o paralelepípedo com maior taxa de infiltração e mais usado, até o concreto com uma taxa de infiltração muito pequena, como recomenda-se a Tabela 1(ARAÚJO; TUCCI; GOLDENFUM, 2000). Assim utilizou-se então o C variando entre 0,60 a 0,95. Tabela 1. Resultado das simulações de chuva nas superfícies simuladas. Solo compactado Concreto Bloco de Concreto Paralelepípedo Concreto poroso Blocos vazados Data 03/06/1998 28/10/1998 29/07/1998 13/10/1998 13/04/1999 27/01/1999 Hora inicio 14h06min 15h15min 15h20min 11h20min 14h55min 10h08min Intensidade simulada (mm/h) 112 110 116 110 120 110 Chuva total (mm) 18,66 18,33 19,33 18,33 20 18,33 Escoamento total (mm) 12,32 17,45 15 10,99 0,01 0,5 Coeficiente de escoamento 0,66 0,95 0,78 0,6 0,005 0,03 Umidade inicial do solo (cm³/cm³) 32,81 32,73 32,71 32,72 0,329 32,24 Fonte: ARAÚJO; TUCCI; GOLDENFUM, 2000. Já referente a intensidade de chuva a formula que caracteriza segundo Ramos e Azevedo (2010) é: i=intensidade de chuva (mm/h); T=período de retorno (Anos); t=duração da chuva (minutos); a,b,c,d; parâmetros relativos a localidade. 3

Para esse estudo referente a intensidade de chuva adotamos a cidade de Itajubá-MG. Assim através do PLUVIO conseguimos captar os seguintes valores: a=1192,985; c=11,302; b=0,171; d=0,85. Assim como a finalidade desse tópico é encontrar a vazão da rua, optou-se então por adotar uma rua padrão de 100m de comprimento, tendo uma declividade entre 0,5% à 10% é o que diz Paulo (2005). Nesse caso como o método racional necessita da área de drenagem, optou-se por escolher as dimensões de uma rua através do Plano urbanístico de Itajubá (ITAJUBÁ, 2015), onde a largura mínima de uma rua em uso predominante residencial é de 12 metros que gera uma área de drenagem de 0,0012km², porém como todas as ruas tem-se uma declividade transversal, nos cálculos considerados essa mesma área foi dívida por dois. Por fim através de levantamento dessas equações mostradas, consegue-se ter a vazão de uma rua através do método racional alternando sua declividade longitudinal e coeficiente de escoamento superficial, onde relacionam todas as vazões possíveis para o sistema escolhido. Elementos de micro drenagem O sistema de micro drenagem é formado por: Galerias, Poço de visita, Trechos, Bocas de lobo, tubos de ligação, meios fios, sarjetas, sarjetões, condutos forçados e estações de bombeamento (FERNANDES, 2007), porém nesse trabalho foi dimensionado somente sarjetas e bocas de lobo (Com grelha e simples). Critérios para dimensionamento Sarjeta A vazão direcionada para a sarjeta é tratada como escoamento livre. No Brasil o dimensionamento de conduto livre é caracterizado pela formula de Manning de 1891 (TOMAZ, 2010), dado pela seguinte equação: Q=vazão suporte da sarjeta (l/s); I=declividade longitudinal da rua (m/m); A=Área da sarjeta (m²); Rh= Raio hidráulico Área/ Perímetro molhado (m); N= coeficiente de rugosidade de manning. Em relação a declividade longitudinal da rua, como citado anteriormente escolheu-se 0,5% a 10%. Já em relação da área da sarjeta, Tomaz (2010) diz que No Brasil adotam-se a altura de 0,13m para sarjeta e a largura de 0,45 m. No que diz respeito a rugosidade do canal, no Brasil as sarjetas são geralmente feitas de concreto pelo fato de ter um escoamento superficial maior, onde o principal objetivo desse sistema é direcionar toda água pluvial para as bocas de lobo, assim coeficiente de rugosidade adotado foi n=0,016.assim após os cálculos acima serem realizados, encontrou-se a vazão suporte da sarjeta, porém sendo que a mesma será variável a medida que a declividade aumente. 4

Boca de lobo simples e com grelha De acordo com Lima (2007) as bocas de lobo são responsáveis por captar as águas derivadas das sarjetas, onde são as únicas responsáveis pela conexão desses dispositivos de drenagem a rede de galerias pluviais subterrâneas, com isso ainda de acordo com Lima (2007) a boca de lobo simples funciona como vertedouro e sua capacidade de captação é definida: Q= Vazão Máxima captada pela boca de lobo (l/s); L= comprimento da altura na guia (m); Y= altura da lamina d água (m). Hiroshi (2003) diz referente a boca de lobo simples onde o L=1,00 metro, porém também diz que a capacidade de captação da mesma equivale a 50l/s. Já a lamina de água adotou-se 0,10m pois essa altura deve ser inferior a altura do meiofio que vem a ser de 0,15m. Mas decorrente ao resultado da expressão, verificou-se que a vazão ultrapassa de 50l/s, com isso reduziu-se o comprimento da boca de lobo para 0,80m, onde assim satisfaz a capacidade de vazão. Lima (2007) nos diz mais ainda a boca de lobo com grelha possuindo lamina d água de até 12 cm (que é o caso), funciona também como vertedouro e sua capacidade de captação é dado pela expressão: Onde: Q= vazão máxima a ser captada pela boca de lobo com grelha (l/s); P= perímetro da abertura da grelha, desconsiderando as barras internas e os lados que a água não entra (metros); Y= a altura da lamina d água (metros). Para identificar o perímetro da boca de lobo com grelha, segundo Urbana (2011), o perímetro útil da boca de lobo com grelha vem a ser o somatório de todo vão livre da grelha. Assim o perímetro total da grelha é 2,02 metros e a altura de lamina d água continua a mesma da boca de lobo simples de 0,10m. Resultados e Discussão Mediante a ocorrência de uma precipitação, a água pluvial entra primeiramente em contato com as ruas e tem seu direcionamento em função da topografia do terreno, ocasionando vazões de projeto, que estão associados a diferentes declividades, coeficiente de escoamento superficial, tempo de concentração e tempo de retorno. A vazão de projeto deve ser direcionada para as sarjetas, onde a capacidade suporte da sarjeta, definida pela formula de Manning, deve então conduzir o fluxo para as bocas de lobo. Contudo, a capacidade suporte da sarjeta necessita obrigatoriamente, suportar toda vazão proveniente das ruas para não ter a presença de alagamentos, conforme Gráfico 1. 5

Gráfico 1 - Comparativo entre vazão da rua, sarjeta e boca de lobo. Fonte: Próprio autor. Nesse estudo de vazão usou-se o tempo de retorno de 10 anos. As vazões calculadas mostram que a sarjeta é capaz de suportar a vazão proveniente da rua mesmo com os diversos coeficientes de escoamento superficial e as diversas declividades, exceto no coeficiente de 0,95 com declividade inicial. Nesse ponto a sarjeta não foi capaz de suportar essa vazão. Então para o tipo de sarjeta padronizada o correto seria usar coeficiente de escoamento superficial inferior a 0,95 ou eliminar o tipo de pavimentação de concreto. Assim ao usar-se o concreto como cobertura de pavimentação e tendo uma declividade de 0,005m/m a sarjeta irá passar por pontos de alagamentos. Analisando o gráfico, observa que a boca de lobo com grelha é a única que consegue suportar a vazão totalmente da sarjeta. Já a boca de lobo simples consegue suportar a vazão das sarjetas até 3% de declividade. Vale lembrar que essas vazões são referentes a apenas uma boca de lobo, o que justifica o problema da boca de lobo simples, que talvez usando mais de uma boca de lobo a vazão da sarjeta seja suportada pelas bocas de lobo. Conclusões A falta de padronização das estruturas de micro drenagem causa uma grande lacuna no dimensionamento correto dos mesmos, pois fica a critério do projetista atender as especificidades. Deste modo, a adoção de indicadores físicos, pode ser uma ferramenta de auxílio a tomada de decisão para estudos de pré- 6

dimensionamento. Neste estudo, puderam ser identificados pontos onde ocorreram a não eficiência hidráulica. Deste modo, ao padronizar algumas estruturas hidráulicas, observa-se que o tipo de sarjeta associadas a certas declividades não podem receber o escoamento de todos os tipos de pavimentos, pelo fato de produzirem altas vazões. Em relação a boca de lobos pode-se concluir que as que possuem com grelha são mais eficientes quando associados a declividade longitudinal maiores. Agradecimentos Em especial ao professor Leopoldo Junior, pela orientação, pelo aprendizado e apoio, FAPEMIG pela bolsa de Iniciação Cientifica concedida ao primeiro autor e também a instituição FEPI pelo incentivo. Referências ARAÚJO, P. R de; TUCCI, C.E. M.; GOLDENFUM, Joel A. Avaliação da Eficiência dos pavimentos permeáveis na redução de escoamento superficial. 2000. Disponível em: <http://rhama.net/download/artigos/artigo10.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2016. FERNANDES, C. 2002. Micro drenagem- Um estudo Inicial. Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/dren03.html>. Acesso em: 20 abr. 2016. FERNANDES, R. de O. Introdução a drenagem urbana MICRODRENAGEM. Crato - Ce: Slide, 2007. 32 slides, color. Disponível em: <http://wiki.urca.br/dcc/lib/exe/fetch.php?media=drenagem-urbana-microdrenagem.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2016. GLOBO Tv. Em meio a crise de falta d'água, cidades da grande São Paulo tem enchentes após temporal. O Globo. São Paulo, p. 1-1. 03 nov. 2014. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/em-meio-crise-de-falta-dagua-cidades-da-grande-sao-paulotem-enchentes-apos-temporal-14451392>. Acesso em: 21 abr. 2016. HIROSHI. Hidrologia e drenagem. 2003. Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/979203/1-apostila-hidrologiae-drenagem>. Acesso em: 21 abr. 2016. ITAJUBÁ, Prefeitura Municipal de. Revisão da Legislação Urbanistica: Itajubá, 2015. Color. Disponível em: <http://diariooficial.itajuba.mg.gov.br/upload/apresentacao AUDIENCIA PD MAR 2015.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2016. LIMA, J. G. de A. Investigações Experimentais da eficiência hidráulica em bocas-de-lobo em greide continuo. 2007. 107 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hidricos, Recursos Hidricos, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007. Cap. 7. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/repa- 7BSFMS/jos geraldo_de_ara_jo_lima.pdf?sequence=1>. Acesso em: 22 abr. 2016. 7

MOUTINHO, V. de M. Avaliação e Reabilitação de rede de microdrenagem. 2011. 157 f. Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia Civil, Recursos Hídricos e Meio Ambiente, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10003658.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2016. PAULO,. Secretaria de Habitação da Cidade de São. Diretrizes para aceitação de projetos para a "agência". São Paulo: S/n, 2005. 21 p. Disponível em: <http://www.habitacao.sp.gov.br/casapaulista/downloads/dados_tecnicos/modulo_2/anexo_p 1_diretrizes_aceitacao_projetos_cp.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2016. PLUVIO - Chuvas intensas para o Brasil Versão 2.1, 2006. Disponível em: <http://www.gprh.ufv.br/?area=softwares>. Acesso em: 06 fev. 2016. RAMOS, A. M.; AZEVEDO, J. R. G. de. Equação de chuvas intensas para a cidade de Recife- Pernambuco. Recife, 2010 28 slides, color. Disponível em: <http://www.acquacon.com.br/xsrhn/palestras/14.15hrs_pap004458-(joseroberto).pdf>. Acesso em: 22 abr. 2016. TOMAZ, P. Microdrenagem. In: TOMAZ, P. Curso Manejo das águas pluviais. Guarulhos: S/n, 2010. Cap. 5, p. 100. Disponível em: <http://www.pliniotomaz.com.br/downloads/livro_calculos/capitulo05.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2016. URBANA, Infraestrutura. Como planejar o posicionamento das bocas de lobo em vias públicas. 2011. Disponível em: <http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoestecnicas/8/2-bocas-de-lobo-como-planejar-o-posicionamento-das-239376-1.aspx>. Acesso em: 20 abr. 2016. 8