Circular. Técnica. Taxa de prenhez de vacas Nelore submetidas a protocolos de IATF no Pantanal de MS. Introdução. Autores. Corumbá, MS Maio, 2011

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97 Circular Técnica Corumbá, MS Maio, 2011 Autores Ériklis Nogueira Médico-veterinário, Dr., Embrapa Pantanal, CP 109, 79320-900 Corumbá, MS eriklis@cpap.embrapa.br Ailson S Silva Médico-veterinário, MSc, Genesis Reprodução Animal, Campo Grande, MS ailson@genesisvet.com.br Alexandre Menezes Dias Zootecnista, Dr., Prof., UCDB, Campo Grande, MS alezootec@hotmail.com Luis Carlos Vinhas Itavo Zootecnista, Dr., Prof., UCDB, Campo Grande, MS itavo@ucdb.br Eduardo Batistote Zootecnista, Fazenda Miranda Estância, Miranda, MS batistoti@estanciamiranda.com.br Foto: Urbano G.P. Abreu Taxa de prenhez de vacas Nelore submetidas a protocolos de IATF no Pantanal de MS Introdução Devido à baixa eficiência reprodutiva observada nos rebanhos brasileiros, é primordial desenvolver formas de conhecer, de controlar e de melhorar os principais índices reprodutivos (taxa de prenhez, índice de serviço, intervalo entre partos, taxa de natalidade). Essa evolução nos rebanhos de cria poderia ser incrementada através da inseminação artificial (IA), que traria benefícios indiretos e diretos, pois a absorção de tecnologias especialmente as que impactam positivamente os índices reprodutivos do rebanho de cria no Pantanal são essenciais para a manutenção do produtor na atividade em longo prazo (CARVALHO et al., 2009). Em todo o mundo, há relatos que indicam baixas taxas de serviço em bovinos inseminados artificialmente, principalmente em decorrência da dificuldade na detecção de cio. Fator que gera significativas perdas na eficiência reprodutiva do rebanho, e comprometimento do programa da Inseminação Artificial (IA). Como o Brasil possui cerca de 60 milhões de vacas em reprodução com prevalência de aproximadamente 80% de sangue zebu (Bos indicus) criadas, na sua grande maioria a pasto, ocorrem comprometimentos na taxa de detecção de cio e na eficiência dos programas de inseminação artificial, sobretudo em áreas extensivas com grandes invernadas, como ocorre no Pantanal Sul-Mato-Grossense. Os sistemas tradicionais de detecção (buçal marcador e observação visual) são eficazes em apenas 55% a 60% dos animais em cio, o que compromete significativamente a eficiência de um programa de inseminação artificial. As perdas de cios aumentam o número de dias improdutivos dos animais, o intervalo entre partos e diminuem o número de bezerros nascidos. Ao observarem esses efeitos, muitos fazendeiros interrompem seus programas de IA. Desta forma, programas de inseminação em tempo fixo (IATF), sem a necessidade de detecção de cio, colaboram para o aumento da eficiência e do emprego dessa técnica (BARUSELLI et al., 2003).

2 Taxa de prenhez de vacas Nelore submetidas a protocolos do IATF no Pantanal de MS Programas de IATF servem para concentrar as inseminações e as parições em épocas desejáveis, apresentando inúmeras vantagens como a eliminação da observação de cio, evitando a inseminação de vacas no momento incorreto, impedindo desperdício de sêmen e mão-de-obra, induzindo a ciclicidade de vacas em anestro, diminuindo o intervalo entre partos, programando as inseminações em um curto período de tempo, controlando a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, diminuindo os investimentos com touros, padronizando os lotes, diminuindo o descarte e o custo de reposição de matrizes, entre outros. Entretanto, para muitos produtores, o desafio não é se o sistema de sincronização funcionará ou não, mas sim equilibrar os recursos de tempo e materiais disponíveis no mercado para obter todas as vantagens da sincronização. Fatores como sêmen e suas características, reutilização de implantes, mão de obra, além de outros fatores podem, quando mal definidos e manejados, limitar as taxas de prenhez dentro de programas de IATF. Porém, a reutilização de implantes é uma prática amplamente utilizada, pois pode levar a diminuição dos custos dos protocolos. Outro fator que está diretamente relacionado ao sucesso na hora da inseminação é o inseminador, podendo mostrar grandes diferenças nos resultados, dependendo de sua prática. Este precisa ter uma boa resistência física, higiene, paciência de realizar a tarefa corretamente, principalmente os que têm pouca prática e saber o local correto de depositar o sêmen. Estes são aspectos que sem dúvida apresentam grande influência nos resultados. O objetivo deste trabalho foi descrever os efeitos de algumas variáveis que interferem nas taxas de prenhez de vacas de corte submetidas a protocolos de IATF no Pantanal do MS. Material e métodos Foram utilizadas 553 vacas da raça Nelore multíparas em uma fazenda no Pantanal de MS na sub-região da Nhecolândia, em protocolo de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) após seleção através do exame ginecológico e avaliação do escore corporal. Os animais permaneceram em pastagem de Brachiaria humidicula e pastagem nativa, com carga animal adequada e suplementação mineral ad libitum para obtenção de desempenho satisfatório. O experimento foi realizado durante a estação de monta nos meses de novembro de 2006 a março de 2007. O protocolo utilizado foi: D0= Implante auricular P4 (Crestar ) + 2ml de valerato de estradiol (VE) D9= retirada do implante P4 + 400 ui ECG (Novormon ). D11= IATF 54 horas após a retirada do implante. A inseminação artificial foi realizada por dois inseminadores, com objetivo de avaliar a influência do inseminador nas taxas de prenhez. Dois dias após a IATF, as vacas foram colocadas com touros em uma estação de monta de 120 dias. O diagnóstico de gestação foi realizado através da ultrassonografia transretal 30 dias após a retirada dos touros. As variáveis estudadas foram: doses de sêmen congeladas de diferentes touros, sêmen sexado ou convencional, inseminador e reutilização de implante auricular. A análise estatística foi realizada por comparação de frequências de gestação entre as variáveis através do método não paramétrico Quiquadrado (SAS, 1993) Resultados e discussão As variáveis touro e tipo do sêmen (sexado ou convencional) apresentaram diferenças (P<0,05) nas taxas de prenhez. Porém, a comparação do número de utilização do implante auricular não apresentou diferença (P>0,05). Em relação ao sêmen utilizado, apenas as vacas inseminadas com o sêmen do touro 6 apresentaram menor taxa de prenhez (P<0,05) quando comparadas às demais (Tabela 1). Uma das explicações pode estar na viabilidade do sêmen, ou em outros fatores extrínsecos como a manipulação excessiva que pode ter ocorrido com este sêmen. Na Tabela 2 é possível identificar que não houve diferença na taxa de prenhez entre a quantidade de uso dos implantes auriculares quando utilizados no protocolo de IATF com sêmen convencional. Este resultado condiz com os encontrados por Almeida et al. (2006) que utilizando implantes auriculares, de primeiro uso e reutilizados, em vacas Nelore, não encontraram interação em relação às características do implante. Gimenes et al. (2007) relataram diferenças no tempo de ovulação quando compararam implantes auriculares reutilizados e de primeiro uso. Esses autores verificaram que a ovulação ocorreu mais tardiamente nas vacas que utilizaram os implantes reutilizados. Este fato deve ser levado em consideração, já que o momento da ovulação influencia no resultado da IATF. No entanto, quando a inseminação em tempo fixo foi realizada 54 horas após a retirada dos implantes, este efeito não foi observado, assim como no presente estudo.

Taxa de prenhez de vacas Nelore submetidas a protocolos do IATF no Pantanal de MS 3 Tabela 1. Comparação de diferentes touros utilizados em um protocolo de IATF com sêmen congelado convencional em fazenda da sub-região da Nhecolândia, MS. Touro Doses usadas Vacas prenhes Prenhez (%) 1 172 78 45,3 a 2 55 25 45,4 a 3 176 75 42,6 a 4 16 7 43,7 a 5 17 7 41,2 a 6 14 4 28,6 b Total 450 196 43,5 Letras iguais na coluna não diferem pelo teste de χ 2 (P>0,05). Tabela 2. Comparação do número de uso de implantes auriculares de P4 em protocolo de IATF, com sêmen convencional em fazenda da sub-região da Nhecolândia, MS. Uso Implantes usados Vacas prenhes Prenhez (%) 1º uso 377 168 44,6 a 2º uso 78 31 39,7 a Total 176 75 43,7 Letras iguais na coluna não diferem pelo teste de χ 2 (P>0,05). A utilização de sêmen convencional é ainda a forma mais viável para protocolos de IATF (Tabela 3). Segundo Hossepian de Lima (2007) é necessário avaliar a qualidade não somente em relação à acuidade de sexagem, mas também no que diz respeito à viabilidade dos espermatozóides após o descongelamento das doses de sêmen enriquecidas com espermatozóides portadores do cromossomo X ou Y. Bastos et al. (2007) relataram que o sêmen sexado foi menos eficiente quando comparado ao convencional. De acordo com esses autores, este resultado pode estar associado à fertilidade dos touros utilizados e as diferentes concentrações do sêmen, ao custo mais elevado e as menores taxas de prenhez, sendo que para a utilização de sêmen sexado, é preconizada a inseminação convencional, com observação de cios. Tabela 3. Comparação entre sêmen convencional e sexado em protocolo de IATF no Pantanal, MS. Sêmen Doses usadas Vacas prenhes Prenhez (%) Convencional 455 199 43,7 a Sexado 98 15 15,3 b Total 553 214 38,7 Letras iguais na coluna, não diferem pelo teste de χ 2 (P>0,05). Alguns autores, como Baruselli et al. (2007), têm demonstrado resultados semelhantes na utilização de sêmen sexado comparado ao sêmen convencional, quando a inseminação é realizada 60 horas após a retirada dos implantes de P4, porém poucos são os dados referentes à utilização de sêmen sexado no Pantanal em vacas de corte com resultados satisfatórios Em relação aos inseminadores, observou-se diferença na taxa de prenhez (P<0,05) quando comparamos os dois técnicos, tendo o primeiro obtido o índice de 49%, e o segundo o índice de 38,4%. Ressalta-se a importância de utilizar uma mão-de-obra especializada para efetuar este serviço, buscando-se assim obter maiores índices de prenhez com a técnica de IATF.

4 Taxa de prenhez de vacas Nelore submetidas a protocolos do IATF no Pantanal de MS O desempenho dos inseminadores também pode ser afetado pelo sugestionamento. Em estudo realizado por Uwland (1983), os inseminadores foram sugestionados quanto à baixa fertilidade de uma partida de sêmen, e isto acarretou na diminuição do desempenho, principalmente nos inseminadores de baixo aproveitamento, o que sugere que para alguns deles, a confiança na partida de sêmen utilizado é muito importante. Fernandes Júnior (2002) correlacionou a influência dos inseminadores sobre os resultados de prenhez à primeira inseminação. Esse autor observou que as variáveis: habilidade (P<0,01), curso de I.A. (P<0,05) e reciclagem geraram diferenças (P<0,01) entre os resultados dos inseminadores, medida pela taxa de prenhez na primeira inseminação. Por outro lado, a remuneração variável não ocasionou diferenças (P>0,05) pelo mesmo teste. Além disso, a variável habilidade mostrou-se altamente relevante. Observouse ainda uma tendência a melhores resultados dos indivíduos que apresentavam maior comprometimento afetivo com a empresa, e piores resultados, daqueles que apresentavam maior comprometimento de continuidade. Costa e Silva et al. (2005) observaram ainda que a taxa de prenhez obtida pela IATF variou significativamente entre inseminadores (P = 0,002), sendo que o inseminador que obteve piores taxas também era o mais rápido e utilizava o aplicador de forma incorreta em 48,5% das práticas que realizou. Sugerindo que as características pessoais no uso da técnica de IA pelo inseminador são parâmetros importantes no resultado final de programas de IATF e devem ser objetos de verificação constante durante os procedimentos de IA, podendo determinar a escolha do inseminador mais adequado para a IATF. A taxa de prenhez ao final da estação de monta, após o repasse dos touros foi de 79,8%, índice considerado satisfatório, para a pecuária pantaneira. Vale ressaltar que devido à utilização da IATF, quase metade das vacas ficaram prenhes através da Inseminação artificial no início da estação de monta. Conclusões e recomendações A utilização do sêmen sexado mostrou-se inviável em relação ao convencional, quando usado em IATF nas propriedades comerciais do Pantanal, existindo necessidade de maiores estudos em relação a esta técnica. A reutilização do implante auricular apresentou taxa de prenhez semelhante à primeira utilização, podendo ser utilizada, visando diminuir os custos da técnica. O sêmen utilizado apresenta grande impacto nas taxas de prenhez de vacas submetidas à IATF, devendo ser avaliado antes do início da inseminação artificial. O inseminador influencia nos resultados de prenhez de IATF, devendo sua prática e processo de treinamento ou reciclagem serem avaliados antes de se iniciar programas de inseminação artificial. Referências ALMEIDA, A. B.; BERTAN, C. M.; ROSSA, L. A. F.; GASPAR, P. S.; BINELLI, M.; MADUREIRA, E. H. 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Dissertação. (Mestrado em Medicina Veterinária) Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal.

Taxa de prenhez de vacas Nelore submetidas a protocolos do IATF no Pantanal de MS 5 GIMENES, L. U.; SOUZA A. H.; ADAM, C. L. BARUSELLI, P. S. Efeito do benzoato ou do valerato de estradiol associados a implantes de norgestomet novos ou previamente utilizados em protocolos de IATF para vacas holandesas alta produção, 2007. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL, 17., 2007, Curitiba. Anais... Belo Horizonte, MG: CBRA, 2007 p.123. HOSSEPIAN DE LIMA, V. F. M. Avanços metodológicos na seleção do sexo de espermatozóides bovinos para utilização no melhoramento genético e na produção animal. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, p.219-228, 2007. Suplemento especial. SAS Institute Inc. Statistical analyses system user's guide. Version 8.0. Ed. Cary: SAS Institute, 1996. 192p. UWLAND, J. Influence of technicians on conception rates in artificial insemination. Theriogenology, v.20, p.693-697, 1983. I COMO CITAR ESTE DOCUMENTO NOGUEIRA, E; SILVA, A. S; DIAS, A. M.; ITAVO, L. C. V.; BATISTOTE, E. Taxa de prenhez de vacas Nelore submetidas a protocolos de IATF no Pantanal de MS. Corumbá: Embrapa Pantanal, 2011. 6 p. (Embrapa Pantanal. Circular Técnica, 97). Disponível em: <http://www.cpap.embrapa.br/publicacoes/online/ct97.pdf>.acesso em: 10 maio 2011. Circular Técnica, 97 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Embrapa Pantanal Endereço: Rua 21 de Setembro, 1880 Caixa Postal 109 CEP 79320-900 Corumbá, MS Fone: 67-3234-5800 Fax: 67-3234-5815 E-mail: sac@cpap.embrapa.br 1ª edição 1ª impressão (2011): formato digital Comitê de Publicações Presidente: Aiesca Oliveira Pellegrin Secretária-Executiva: Suzana Maria Salis Membros:Debora Fernandes Calheiros Marcal Henrique Amici Jorge José Aníbal Comastri Filho Secretária: Eliane Mary Pinto de Arruda Expediente Supervisor editorial: Suzana Maria Salis Normalização bibliográfica: Viviane de Oiveira Solano Editoração eletrônica: Eliane Mary Pinto de Arruda Disponibilização na home page: Luiz E. Macena de Britto