PRESERVAÇÃO DOCUMENTAL: Revelando a memória histórica de Jaguari/RS

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Transcrição:

PRESERVAÇÃO DOCUMENTAL: Revelando a memória histórica de Jaguari/RS Ricardo Antonio Rodrigues 1 Geza Carús Guedes 2 Thiago Santi Bressan 3 Resumo: O presente resumo visa relatar a experiência do projeto, Preservação Documental: revelando a memória histórica de Jaguari/RS, desenvolvido no Museu Municipal de Jaguari, RS, considerado um importante suporte de memória local. O projeto tem como objetivo digitalizar e publicizar através de uma web os documentos relacionados aos sujeitos históricos que participaram da formação do Município, com o intuito de preservar, divulgar e proteger a documentação que se encontra nesta instituição. A metodologia utilizada foi a de digitalização dos documentos, organização dos dados e a construção de um site para dar publicidade às informações e ampliar o conhecimento e o reconhecimento dos sujeitos que fizeram e que fazem a história de Jaguari. Palavras-chave: Museu; Memória local; Preservação. Introdução Os museus ganharam seu caráter de principal preservador de documentos históricos após a Revolução Francesa. A ruptura dos padrões medievais da sociedade e o estabelecimento de uma nova ordem social, fez com que os franceses atacassem tudo aquilo que tivesse ligação com a noção de propriedade privada. Surgiu assim, a ideia da existência de um patrimônio histórico. Este patrimônio tinha por objetivo a preservação da identidade nacional, ou melhor, formando-a a partir da preservação documental. Dessa forma, as instituições museológicas foram utilizadas como engrenagens de poder, as quais estiveram durante muito tempo à disposição dos Estados Nacionais, o conceito moderno de patrimônio tinha como objetivo gestar 1 Pós-Doutor e Doutor em Filosofia; Instituto Federal Farroupilha Câmpus Jaguari Coordenador do Projeto de Pesquisa; e-mail: ricardo.rodrigues@iffarroupilha.edu.br. 2 Mestre em História; Instituto Federal Farroupilha Câmpus Jaguari; e-mail: geza.guedes@iffarroupilha.edu.br 3 Mestre em Geomática; Instituto Federal Farroupilha Câmpus Jaguari; e-mail: thiago.bressan@iffarroupilha.edu.br 1

novos símbolos nacionais e novos hábitos que pudessem construir o próprio cidadão (FUNARI E PELLEGRINI 2006). De fato, o museu recebeu a incumbência de guarda dos documentos históricos, sendo assim, o principal formador da identidade nacional. Deve-se esclarecer que todo o patrimônio histórico é um verdadeiro formador de identidades e de nacionalismos, pois o que constitui uma nação é a transmissão de uma herança coletiva e inalienável. A criação das identidades nacionais consistirá em inventariar este patrimônio comum, inventá-lo. 4 No Brasil, este trabalho ficou a cargo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, criado em 1838, durante a regência de Araújo Lima. Seu objetivo era a coleta e publicação de documentos relevantes para a história do Brasil, tendo como foco a unidade territorial brasileira, criando assim a ideia de nação brasileira. Muitos museus foram criados com este propósito e algumas leis foram direcionadas para este sentido. No período varguista, na constituição de 1934, houve o impedimento de que obras de arte, produzidas no Brasil, fossem retiradas e enviadas para o exterior. Em 1937, período da Constituição polaca, foi criado o SPHAN (Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), viabilizando o tombamento de prédios ou patrimônios históricos. Todas estas instituições tiveram como principal objetivo, preservar uma identidade Nacional ou local, representante de um determinado discurso histórico. A experiência desta atividade no Museu de Jaguari pretende um triplo movimento: a) ao digitalizar os documentos com os cuidados devidos pretende-se a sua preservação. b) Ao publicizar tais dados busca-se melhorar o acesso dos habitantes de Jaguari, sobretudo às novas gerações aos fatos e sujeitos que constituíram a história do município. c) promover conhecimento e o reconhecimento dos cidadãos e cidadãs de Jaguari de seu passado, buscando compreender o presente e projetar o futuro através da valorização da memória histórica. Desenvolvimento O Museu no mundo contemporâneo, não é um simples espaço para lembrar e contar histórias, mas um espaço dinâmico em que se constroem as memórias e se 4 THIESSE, Anne-Marie. Ficções criadoras: as Identidades Nacionais. IN: Anos 90, Porto Alegre: UFRGS, n. 15, 2001/2002. p. 7-23. 2

perpetuam discursos. O museu pode ser a lembrança deixada através do objeto, ou memória que quando incitada, busca de outras histórias. Desta forma, percebe-se a importância que o museu e, por sua vez, o patrimônio histórico possuem para uma sociedade. Sem eles, não se poderia manter, contar e preservar a história de um país ou região. Os museus, como grandes centros de guarda de documentação histórica, são imprescindíveis para a manutenção da memória coletiva. Contudo, cada vez mais se assiste à diminuição de recursos para a preservação destes espaços e, por consequência, dos documentos por eles armazenados. Isso tem como resultado a deterioração dos documentos, fazendo com que muito do que poderia ser pesquisado, seja perdido pela ação do tempo o papel perde a sua coloração original e os registros escritos antigos se apagam com a ação da temperatura e umidade. Sendo assim, uma forma que vem sendo muito utilizada é a digitalização do documento, esta metodologia de reprodução permite a manutenção dos traços originais como: textura, cor e tamanho do suporte de papel. Além disso, representa uma forma com baixo custo para as instituições que não possuem recursos e desejam preservar seu acervo documental. Logo, o objetivo da pesquisa foi realizar um levantamento documental no Arquivo Histórico Municipal de Jaguari, realizando a catalogação dos documentos ali presentes, organização nos respectivos fundos e posteriormente a digitalização destes para disponibilizar em um sítio eletrônico, possibilitando assim, a consulta da comunidade em geral e aos pesquisadores. Todo o processo de pesquisa documental levou em consideração a relevância histórica do documento, agregando documentos escritos, imagens, áudios e demais mídias que sejam avaliadas como de relativa importância para preservação da memória histórica do município de Jaguari. Essa demanda de preservação dos documentos contidos no museu foi estabelecida, a partir de prévia pesquisa, a qual constatou que não existiam políticas de conservação destinadas ao acervo da instituição. O que trouxe à tona um risco eminente, uma preocupação com a conservação desses suportes fragilizados pela ação do tempo. As etapas do projeto têm como objetivo garantir o máximo de fidelidade entre o representante digital gerado e o documento original, levando em consideração 3

suas características físicas, estado de conservação e finalidade de uso do representante digital. Já a disponibilização em sítio eletrônico conterá uma interface de busca por palavras que direcionará o buscador diretamente para as ementas de cada documento, fazendo com que ele primeiramente leia a ementa e, caso seja o documento que tenha buscado, proceda à abertura do documento em formato digital. Para tanto o projeto foi dividido em três momentos de trabalho: instrumentalização dos envolvidos por meio de leituras teóricas a respeito da importância do documento como documento histórico, o levantamento da documentação do Arquivo Histórico Municipal de Jaguari e, por fim, o processo de digitalização e publicação no sítio eletrônico. O primeiro momento foi marcado pela reunião dos professores colaboradores e dos estudantes que se inserirem no projeto. Nesta etapa foram realizadas leituras de textos teóricos, como Apologia da História de Marc Bloch, que auxiliaram na compreensão do que é fonte histórica, quais os tipos de documentos que podem contar a história de uma civilização. Outras leituras ainda serão incorporadas acerca desta temática, como Domínios da História, organizado por Ronaldo Vainfas. As leituras teóricas também incluirão artigos e teses sobre patrimônio histórico, identidades, nações e nacionalismos para que os participantes possam ter o conhecimento da importância que os arquivos, museus e bibliotecas possuem no processo de formação de identidades nacionais, já que são os preservadores da memória coletiva. Por fim, esta parte teórica contemplou a discussão de artigos que tratam das técnicas de digitalização, tratamento das imagens, organização dos ementários e catalogação das fontes para posterior elaboração do sítio eletrônico. O segundo e o terceiro momentos se referem ao levantamento dos documentos e a criação do site na web 2.0, como estratégia de facilitar o acesso de munícipes e pesquisadores aos dados históricos de Jaguari. O levantamento dos documentos será realizado no Arquivo Histórico Municipal de Jaguari fazendo a abertura das caixas onde os arquivos estão armazenados e/ou classificando os documentos por sua relação com determinados personagens da História de Jaguari. Será feita a quantificação da documentação, identificando as temáticas abordadas, ao que se referem para que se possa 4

proceder à catalogação. A catalogação será feita conforme as normas técnicas da arquivologia que prevê os seguintes itens na catalogação: 1) tipo de documento; 2) idioma; 3) localização original; 4) autor; 5) título; 6) Coleção; 7) Fundo. Além destes itens, também será feita uma ementa de cada documento, servindo de base de consulta para os pesquisadores. Até o presente momento foram digitalizados os documentos referentes a Severiano de Souza e Almeida, indivíduo que integrou a primeira Comissão de lotes, foi importante para a demarcação das terras de Jaguari e região, e referência política para o município, além de ter dado início a cidade de Jaguari, como a conhecemos hoje. Além de Severiano de Souza e Almeida, serão digitalizados documentos relacionados a Siqueira Couto e outros personagens que foram precursores na História deste município. Além disso, pretende-se analisar comparativamente os dados históricos, documentos e confrontar essas informações com a percepção das pessoas da época em relação a esses personagens. Considerações finais Até o momento temos o levantamento de alguns dados sobre o personagem Severiano de Souza e Almeida, que pelo seu ofício público de agrimensor possibilitou a demarcação das terras e a organização das propriedades e da geografia do município e da região. Ele também foi de suma importância para a organização política do município de Jaguari, embora com algumas informações controversas sobre o seu temperamento e caráter, quando comparamos as percepções de diferentes narradores e historiadores com a visão das pessoas da época, através de recortes de jornais e revistas, e também com as narrativas dos habitantes mais antigos deste município. Os próximos passos serão o recolhimento de mais algumas informações sobre personagens como Siqueira Couto, a comparação entre as diferentes narrativas a respeito destes personagens, a digitalização dos documentos e a construção do espaço virtual para dar visibilidade aos resultados desta pesquisa, permitir, melhorar e ampliar o acesso dos moradores de Jaguari e dos pesquisadores ao patrimônio cultural e a memória histórica deste município.. 5

Referências FUNARI, P. P e Pelegrini, S. Patrimônio Histórico e Cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006. ALBURQUERQUE, Ana Cristina de. Catalogação e descrição de Documentos Fotográficos em Bibliotecas e Arquivos: uma aproximação comparativa de códigos AACR2 e ISAD (G). UNESP: Dissertação de Mestrado, Marília, 2006. BLOCH, Marc. Apologia da História ou o Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, p. 73. MARTINS, Neire de Rossio. Noções Básicas para organização de Arquivos Ativos e Semi-ativos. Campinas: Arquivo Central do Sistema de Arquivos/Unicamp, 1998. CONARQ: Norma Brasileira de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro, 2005.. Recomendações para Digitalização de Documentos Arquivísticos Permanentes. Disponível em http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/media/publicacoes/recomenda/recomenda es_para_digitalizao.pdf. Acesso em 15/04/2014. THIESSE, Anne-Marie. Ficções criadoras: as Identidades Nacionais. IN: Anos 90, Porto Alegre: UFRGS, n. 15, 2001/2002. p. 7-23.15, 2001/2002. p. 7-23. 6