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1 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais 1. CONCEITOS DA DISCIPLINA 2. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS 3. LIGAÇÕES QUÍMICAS PMT 3100 - Fundamentos de Ciência e Engenharia dos Materiais 2º semestre de 2014

2 1. CONCEITOS DA DISCIPLINA OBJETIVOS Mostrar a relação entre Ciência e Engenharia dos Materiais. Explicar a relação entre estrutura, propriedade, processamento e desempenho de um material. Apresentar uma classificação dos diferentes tipos de materiais.

3 EVOLUÇÃO DOS MATERIAIS

4 MATERIAIS E ENGENHARIA Materiais Projeto Processo Interações que um engenheiro utiliza para fabricar produtos confiáveis. Estes três fatores devem se integrar simultaneamente da melhor forma possível.

5 Ciência dos Materiais Desempenho Estrutura Propriedade Engenharia dos Materiais Ciência básica e compreensão Conhecimento científico Processamento Necessidades e experiências sociais Conhecimento empírico

6 Estrutura Associada ao arranjo dos componentes internos do material. Ela se distingue quanto a escala de observação: Escala (m) Unidade Estrutura <10-9 Å Atômica 10-9 a 10-6 nm Nano 10-6 a 10-3 µm Micro 10-3 mm, m,... Macro Exemplos: Estrutura atômica: elétrons, prótons e nêutrons. Estrutura molecular: átomos iguais, ou distintos, ligados entre si.

Escalas de observação de um bloco de motor em liga de Al 7 Escala Macro até 1m Al 15 Fe 3 Si Escala Micro grãos 1 a 10 mm 1 mm poros Al Si Al 2 Cu Si Célula unitária 0,5 mm Escala Micro Fases e Dendritos 50 a 500 µm 0,25 µm Escala Nano Precipitados 3 a 100 nm 50 Å Escala Atômica 1 a 100 Å

8 Composição Corresponde aos tipos, às proporções, e à disposição dos átomos que estão em uma molécula; ou, A presença de vários componentes em um material. Exemplos: Latão: Liga metálica em cuja composição entram principalmente o cobre e o zinco. Caulinita: branco Al 2 Si 2 O 5 (OH) 4 Haloisita: branco, verde amarelo, azul, cinza

PROPRIEDADES DE UM MATERIAL 9 Sistemas Isotrópicos: a propriedade é a mesma em qualquer direção. Anisotrópicos: a propriedade varia conforme a direção. Principais propriedades do estado sólido Mecânicas; Elétricas; Térmicas; Magnéticas; Ópticas; Estabilidade (temporal, dimensional, ambiental).

10 Processamento: conjunto de técnicas para obtenção de materiais com formas e propriedades específicas. Desempenho: rendimento do material durante o seu uso. Exemplo: Amostras de óxido de alumínio (Al 2 O 3 ) processadas por diferentes rotas. Monocristal (transparente) Policristal poroso (opaco) Policristal denso (translúcido)

11 2. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS Metálicos Ligas Cerâmicos Compósitos Poliméricos Biomateriais Semicondutores

12 METAIS Materiais compostos a partir dos elementos metálicos (91 na tabela periódica). Possuem elétrons na camada externa do átomo que fluem livremente num arranjo sólido do(s) elemento(s) metálico(s). Importantes propriedades são devidas aos seus elétrons livres, tais como a condução de calor e de eletricidade.

13 METAIS Propriedades características: São sólidos à temperatura ambiente (exceto o mercúrio). Mecanicamente são geralmente fortes (alta resistência tênsil), rígidos (módulo elástico alto) e tenazes (resistentes a fratura). Podem ser algumas vezes dúcteis. Maleabilidade (capacidade de adelgaçar-se martelando-o). Densos (Mg=1,74 g/cm 3 ; U=18,95 g/cm 3 ). Têm brilho metálico principalmente quando cortados recentemente. Bons condutores elétricos e térmicos. De um modo geral, reagem facilmente com o oxigênio.

14 CERÂMICOS São materiais que podem conter na sua estrutura química elementos metálicos e não-metálicos, principalmente na forma de óxidos, carbetos e nitretos. As estruturas químicas envolvem ligações de caráter misto iônico-covalente.

15 CERÂMICOS Tipos: Cerâmicas tradicionais. Cerâmicas de alto desempenho. Vidros e vitro-cerâmicas. Cimentos Propriedades características: Isolantes térmicos e elétricos. Refratários. Inércia química. Duros e frágeis.

16 POLÍMEROS São principalmente compostos orgânicos com estruturas químicas com massas moleculares médias que variam de 10 3 a 10 7 g/mol. Os elementos principais são o C e H, e em proporções menores tem-se o O, Cl, F, N, Si, S, entre outros.

17 POLÍMEROS Principais categorias: Termoplásticos. Termorrígidos. Elastômeros. Propriedades características: Geralmente, apresentam uma distribuição na massa molecular. Densidade baixa. Flexíveis e fáceis de conformar. Tenazes. Geralmente, pouco resistentes a altas temperaturas.

18 Compósitos São formados pela combinação de materiais distintos para formar um novo material com características superiores daquelas dos componentes individuais. Em alguns casos, o componente em maior proporção é chamado de matriz (ou fase contínua) e o(s) outro(s) é(são) a(s) fase(s) dispersa(s). Podem ser isotrópicos e anisotrópicos. Exemplos Laminados a base de resinas termorrígidas (por ex. epoxi) reforçadas com fibras de vidro usadas como camadas isolantes em circuitos impressos.

19 Semicondutores Possuem condutividade elétrica intermediária entre aquela apresentada pelos condutores elétricos e pelos isolantes. III A IV A V A VI A B C N II B Al Si P S Zn Ga Ge As Se Cd In Sn Sb Te Hg Pb Bi A adição de pequenas quantidades de certos elementos, ou dopantes, podem causar aumentos significativos na condutividade elétrica. Desencadearam uma revolução tecnológica, possibilitando o processamento e a transmissão de enorme quantidade de informações nos sistemas de computadores e da telecomunicação.

20 Biomateriais Existem várias definições conforme as suas aplicações. A maior área de aplicação está relacionada com os materiais que entram em contato com um sistema vivo. É qualquer matéria, superfície, ou montagem que interage com sistemas biológicos. Biomédica: São materiais de origem sintética, ou natural, em contato com tecidos, sangue, e fluidos biológicos, destinados a serem utilizados em próteses, diagnóstico, e terapias, sem afetar negativamente o organismo vivo e seus componentes. Materiais sustentáveis: Geralmente, são biopolímeros usados em setores como o de embalagem visando a sua biodegradabilidade quando disperso no ambiente.

21 3. LIGAÇÕES QUÍMICAS Objetivo Relacionar o tipo de ligação química com as principais propriedades dos materiais. Tópicos Revisão dos tipos de ligações químicas. Energia de ligação.

22 TIPOS DE LIGAÇÕES E TENDÊNCIAS DAS PROPRIEDADES Propriedade Tipo de Ligação Metálica Iônica Covalente Secundária Ponto de fusão Alto (3) a) Alto (1, 2) Alto (1, 2) Baixa (4) Dureza Alto (3) Alto (2) Alto (1) Baixa (4) Tenacidade Alta (1) Baixa (4) Baixa (2) Baixa (3) Densidade Alta (1) Média (3) Média (2) Baixa (4) Condutividade térmica Alta (1) Baixa (4) Média (2) Baixa (3) Condutividade elétrica Alta (1) Baixa (3, 4) Média (2) Baixa (3, 4) Refletividade ótica Alta (1) Baixa (3, 4) Média (2) Baixa (3, 4) a) 1 = mais alto e 4 = mais baixo

23 LIGAÇÕES QUÍMICAS Ela ocorre entre as átomos apenas se o arranjo final de seus núcleos e elétrons conferir ao par uma energia potencial menor que a soma das energias dos átomos ou íons isolados. Podem ser classificadas quanto as suas energias, em: Ligações primárias, ou fortes: dependem da diferença do caráter eletronegativo (A ), ou eletropositivo (C ), dos elementos envolvidos e são: Ligação iônica (C + A C A ); Ligação covalente (A + A A A ); Ligação metálica (C + C ).

24 LIGAÇÕES QUÍMICAS Ligações secundárias, ou fracas: dão origem a atrações entre uma molécula qualquer e suas vizinhas e as principais são: Pontes de hidrogênio; Interações dipolo-dipolo; Forças de dispersão de London; Forças de van der Waals. Algumas propriedades, como o ponto de fusão e a solubilidade, são influenciadas pelos tipos de forças eletrostáticas secundárias que atuam entre as moléculas.

25 LIGAÇÃO PRIMÁRIA IÔNICA Envolve a transferência de elétrons de um átomo para outro. Ou seja, envolve uma atração eletrostática entre dois íons de cargas opostas. A ligação é não-direcional (atração eletrostática estende-se igualmente em todas direções). Grande diferença de eletronegatividade ( r ) entre os elementos. Exemplo: cloreto de sódio (NaCl): r Na = 0,9 ; r Cl = 3,0. Na Cl Na Cl

26 Formam materiais muito duros com altos pontos de fusão e ebulição (requer energia considerável para romper o retículo). Compostos iônicos conduzem corrente quando a substancia se encontra fundida ou dissolvida. No estado sólido conduzem somente quando apresentam defeitos. Os grupo IA, IIA, VIA e VIIA são fortemente iônicos; outros compostos inorgânicos são parcialmente iônico e parcialmente covalente (ex. SiO 2 ).

27 LIGAÇÃO PRIMÁRIA COVALENTE Envolve o compartilhamento de um par de elétrons entre dois átomo e a força de ligação depende da sobreposição entre eles. A ligação resultante é altamente direcional. Menor diferença de eletronegatividade entre os elementos do que aquela observada em ligações iônicas. A densidade eletrônica dentro de uma ligação não é atribuída aos átomos individuais, mas em vez é distribuida entre os átomos.

28 LIGAÇÃO PRIMÁRIA COVALENTE O número de ligações covalentes (N lc ) que é possível para um determinado átomo é determinado pelo seu número de elétrons de valência (N ) que será subtraído do número de elétrons que completa a camada eletrônica. Ex.: Hidrogênio (H): N = 1, 1s 1 e na camada K são 2 elétrons N lc = 2-1 = 1 Carbono (C): N =4, 1s 2 2s 2 2p 2 e a camada L são 8 elétrons N lc = 8-4 = 4

29 LIGAÇÃO PRIMÁRIA METÁLICA Os metais possuem de 1 a 3 três elétrons de valência. Resulta do compartilhamento de um número variável de elétrons com um número variável de átomos. Os elétrons de valência passam a se comportar como elétrons livres. A ligação resultante é não-direcional. Apresentam a mesma probabilidade de se associar a um grande número de átomos vizinhos, formando uma nuvem eletrônica de baixa densidade.

30 LIGAÇÃO PRIMÁRIA METÁLICA Ilustração esquemática da ligação metálica

31 LIGAÇÃO SECUNDÁRIA DE VAN DER WAALS Uma força de atração fraca entre átomos, ou moléculas não polares, causada por mudanças temporárias no momento de dipolo (µ); esta atração vista como dipolos elétricos. A mudança de µ tem origem no breve deslocamento dos elétrons para um lado do átomo, ou molécula, criando um deslocamento similar nos átomos, ou moléculas adjacentes A atração é muito mais fraca que uma ligação primária. As forças de van der Waals são forças intermoleculares que promove a coesão nos estados líquido e sólido da matéria. É importante em propriedades tais como tensão superficial, ponto de ebulição e efeito capilar.

32 DIPOLOS ELÉTRICOS Interações dipolares: 1. Dipolo induzido Dipolo induzido Núcleo Átomo eletricamente simétrico + - Dipolo atômico Nuvem eletrônica 2. Dipolo induzido Molécula polar (com dipolo permanente) 3. Molécula polar Molécula polar - + PVC + H Cl - + H Cl - - +

33 PONTE DE HIDROGÊNIO É um caso especial de ligação entre moléculas polares. É o tipo de ligação secundária mais forte. Ocorre entre moléculas em que o H está ligado covalentemente ao flúor ( r F = 4) (como no HF), ao oxigênio ( r O = 3,5) (como na H 2 O) ou ao nitrogênio ( r N = 3) (por exemplo, NH 3 ). Ela é responsável pelas propriedades particulares da água. - - + + - - + + -

E b /ºC PONTE DE HIDROGÊNIO 34 Pontos de Ebulição (E b ) de compostos de hidrogênio e elementos do grupo IV da Tabela Periódica. 0-50 -100-150 -200 CH 4 SiH 4 GeH 4 SnH 4 PbH 4 O aumento nos E b é porque as moléculas se tornam maiores e com mais elétrons e as forças de van der Waals tornam-se maiores.

E b /ºC PONTE DE HIDROGÊNIO 35 Pontos de Ebulição (E b ) de compostos de hidrogênio e elementos dos grupos de V a VII da Tabela Periódica. Embora a maioria das tendências são como aquelas apresentadas pelos compostos contendo elementos do grupo IV, os valores de E b para os compostos hidrogenados com os primeiros elementos de cada grupo são significativamente mais altos. Isto se deve as pontes de hidrogênio.

Força Atrativa Repulsiva 36 FORÇAS E ENERGIAS DE LIGAÇÃO Conhecer as forças interatômicas que ligam os átomos em uma molécula, ajudam o entendimento de muitas das propriedades físicas dos materiais. As forças são de dois tipo e suas grandezas dependem da separação ou distância interatômica (r). Muito próximo cada átomo exerce força no outro + Muito longe interação desprezível + Distância interatômica

37 O espaço entre átomos é causado pelas forças repulsivas interatômicas, as quais existem juntamente com as forças atrativas interatômicas. A repulsão mútua é resultado do fato de que a grande proximidade de dois átomos torna muitos elétrons muito próximos. A distância de equilíbrio entre os centros de dois átomos vizinhos é aquela na qual são iguais as forças atrativas e repulsivas e pode ser considerada como a soma de seus raios. Muitos fatores podem alterar a distância entre os centros de átomos. Por exemplo: temperatura; número de átomos adjacentes.

38 Forças interatômicas Atrativa (F A ): depende do tipo de ligação que existe entre os dois átomos. Repulsiva (F R ): tem a sua origem na interação entre as nuvens eletrônicas carregadas negativamente dos dois átomos. A forca líquida (F L ) entre dois átomos é: F L = F R + F A A energia (E) também é função da separação interatômica. E e F estão relacionadas matematicamente: r r r E L = F L dr = F A dr + F B dr = E A + E R

Força F Repulsão Atração 39 Força atrativa F A Força repulsiva F R Separação interatômica r Força líquida F L Forças de atração e de repulsão em função da distância interatômica (r) para dois átomos isolados.

Atração Energia Potencial E Repulsão 40 Energia repulsiva E R Separação interatômica r Energia líquida E L Energia atrativa E A Energia Potencial em função da distância interatômica (r) para dois átomos isolados; onde, E 0 é a energia de ligação no equilíbrio.

Energia Energia 41 2R (a) r+r (b) A distância de ligação entre dois átomos é a distância correspondente ao ponto de mínima energia (soma dos dois raios atômicos). (a) Metais puros: todos os átomos têm o mesmo raio atômico. (b) Sólidos iônicos: os raios atômicos são diferentes, uma vez que íons adjacentes nunca são idênticos.

42 RESUMO As propriedades dos materiais dependem da sua composição e estrutura. Os elementos químicos combinam-se formando sólidos cuja coesão depende dos diferentes tipos de ligações que podem ser primárias ou secundárias. As ligações primárias são fortes e, dependendo do tipo de compartilhamento eletrônico, dividem-se em três tipos principais: iônica, metálica e covalente.

43 As ligações secundárias referem-se a ligações intermoleculares e são classificadas em: forças de van de Waals, interações dipolares (induzidos e permanentes) e pontes de hidrogênio. Nos metais as curvas de força e energia interatômica refletem a sua rigidez mecânica e expansão térmica. Nas cerâmicas estão presentes as ligações iônicas com característica covalente direcional. Nos polímeros, as ligações covalentes direcionais predominam na cadeia e as ligações secundárias intermoleculares e as cadeias longas embaralhadas dão coesão ao sólido.

44 BIBLIOGRAFIA William D. Callister, Jr., Materials Science and Engineering An Introduction, John Wiley, N.Y.. Capítulo 1: Introdução Capítulo 2: Estrutura atômica e ligações químicas Outras referências Shackelford, J. F. Ciência dos Materiais, 6ª ed., 2008. Cap. 1 a 2. Apostilas sobre ligações químicas do curso de PQI-2110 Van Vlack, L. - Princípios de Ciência dos Materiais, 3ª ed., Cap. 2. Padilha, A.F. Materiais de Engenharia. Hemus. São Paulo. 1997. Caps.1 a 3. Askeland, D.R. e Phulé, P.P. - The Science and Engineering of Materials. Thomson Brooks/Cole. 4ª ed. 2003. Caps. 1 e 2.

45 APÊNDICES

46 Apêndice A Átomo de oxigênio Conceitos Fundamentais A Z + N 16 = 8 + 8 Próton Nêutron Elétron Onde, A = massa atômica Z = número atômico nº de prótons N = nº de nêutrons 16 16 A ZX N = 8O 8 O

Cada átomo é composto por: Núcleo prótons (Z) e nêutrons (N). Elétrons, que circundam o núcleo. Elétrons e prótons são carregados eletricamente. Elétrons tem carga negativa; prótons tem carga positiva; nêutrons não tem carga. A magnitude da carga do próton e do elétron é 1,602 10-19 C. As massas são muito pequenas: Prótons e nêutrons possuem massas quase iguais e que valem respectivamente 1,673 x 10-27 kg e 1,675 10-27 kg. Elétrons tem massa igual a 9,1095 10-31 kg. Cada elemento é caracterizado: Pelo seu número atômico (Z) número de prótons dentro do núcleo. Pela sua massa atômica (A) soma do número de prótons e do número de nêutrons dentro do núcleo. 47

48 MODELO ATÔMICO DE BOHR A posição de cada elétron em particular é mais ou menos bem definida em termos do seu orbital. As energias dos elétrons são quantizadas; a mudança de orbital é possível, com absorção (salto quântico para maior energia) ou emissão (para menor energia) de energia. Estados (ou níveis) de energia adjacentes são separados por energias finitas. O modelo de Bohr é um misto de conceitos clássicos e quânticos que se revelaram inadequados para explicar a estrutura completa da matéria, isto é: a tabela periódica e as propriedades dos átomos.

49 MODELO MECÂNICO-ONDULATÓRIO Nesse modelo, o elétron apresenta características tanto de onda quanto de partícula. O elétron não é mais tratado como uma partícula que se movimenta num orbital discreto. A posição do elétron passa a ser considerada como a probabilidade deste ser encontrado em uma região próxima do núcleo.

Probabilidade 50 COMPARAÇÃO ENTRE OS MODELOS ATÔMICOS EM TERMOS DA DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA Modelo de Bohr Modelo Mecânico- Ondulatório Distância do núcleo Elétron em órbita Núcleo

51 ESTRUTURA DE CAMADAS ATÔMICAS As modificações abruptas para valores de Z = 2, 10, 18, 36, 54 e 86, os quais são denominados números mágicos, coincidem com os valores dos gases nobres.

52 As mudanças bruscas quando Z se iguala a um número mágico levaram à organização dos elementos químicos em tabelas periódicas, ou seja, tabelas constituídas por linhas horizontais no sentido de Z crescente encerradas sempre por um gás nobre.

Tabela Periódica Os elementos químicos são classificados de acordo com a sua configuração eletrônica 53 Série das terras raras Série dos actínios...para saber mais : http://www.webelements.com/

54 A explicação das propriedades periódicas atômicas reside na existência de níveis de energia discretos e bem definidos para os elétrons dentro do átomo, cada nível possuindo um valor máximo de ocupação. Os níveis com energias próximas formam agrupamentos conhecidos como camadas eletrônicas. O elétron possui uma energia quantizada, sendo cada estado quântico especificado por quatro números quânticos.

55 NÚMEROS QUÂNTICOS São quatro parâmetros que caracterizam cada elétron em um átomo. Eles permitem que não haja dois elétrons com os mesmos números quânticos. Eles são: Número quântico principal (n) especifica o nível de energia. n = 1, 2, 3, 4, 5, (ou K, L, M, N, O,. ); Número quântico orbital (ou secundário) (l) especifica o módulo do momento angular orbital do elétron. l = 0, 1, 2, 3, 4,, (n -1) (subcamadas s, p, d, f, )

56 NÚMEROS QUÂNTICOS Número quântico orbital magnético (ou terceiro) (m l ) especifica a orientação do momento angular orbital do elétron com respeito a um dado eixo z. m l = - l, (- l +1),, (l - 1), l Número quântico de spin (ou quarto) (m s ), um para cada orientação do spin. m s = -1/2, +1/2.

57 NÚMERO DE ESTADOS ELETRÔNICOS DISPONÍVEIS NAS CAMADAS E SUBCAMADAS ELETRÔNICAS. Nº quântico principal (n) Nome da camada Subcamada Nº de estados p/subcamada Nº de elétrons p/ camada 1 K s 1 2 2 2 L 3 M 4 N s 1 2 p 3 6 s 1 2 p 3 6 d 5 10 s 1 2 p 3 6 d 5 10 f 7 14 8 18 32

58 CONFRONTO ENTRE OS NÍVEIS DE ENERGIA SEGUNDO OS MODELOS DE BOHR E O MECÂNICO-ONDULATÓRIO. Modelo de Bohr Modelo Mecânico- Ondulatório

Energia crescente EXEMPLO Representação dos estados de energia ocupados e não ocupados para um átomo de sódio ( 23 11Na 12 ). K (n=1) 59 L (n=2) M (n=3) elétron n l m m s 3s 1 11 3 0 0 +1/2 ou -1/2 10 2 1 +1-1/2 2p 6 9 2 1 +1 +1/2 8 2 1 0-1/2 7 2 1 0 +1/2 6 2 1-1 -1/2 5 2 1-1 +1/2 2s 2 4 2 0 0-1/2 3 2 0 0 +1/2 1s 2 2 1 0 0-1/2 1 1 0 0 +1/2

60 ELÉTRONS DE VALÊNCIA - CONFIGURAÇÕES ESTÁVEIS K (n=1) Elétrons de Valência São aqueles que ocupam a camada eletrônica mais externa. L (n=2) M (n=3) Configurações Eletrônicas Estáveis Elétron de valência do Na As camadas eletrônicas mais externas estão completamente preenchidas. Os átomos podem adquirir uma configuração eletrônica estável por três maneiras: Perdendo, recebendo ou compartilhando elétrons.

61 ELETRONEGATIVIDADE Conforme L. Pauling, é o poder que um átomo tem de atrair elétrons para si (IUPAC)*. Conforme Mulliken, é a média da energia de ionização e afinidade eletrônica de um átomo. Escala relativa de Pauling: diferenças de eletronegatividade relativas ( r ), adimensionais, são definidas com base nas energias de dissociação da ligação (E d : expressa em ev). χ r A χ r B = ev 1/2 E d AB 1 2 E d AA + E d (BB) * IUPAC. Compendium of Chemical Terminology, 2nd ed. (the "Gold Book").

Eletronegatividade ( ) 62 O flúor (F) (o elemento mais eletronegativo) foi atribuído o valor 4,0 por L. Pauling. Assim, o menos eletronegativo (ou mais eletropositivo) é o frâncio (Fr) com o valor de 0,7. 4 Principal bloco 1-2 (bloco s) Principal bloco 13-18 (bloco p) Metais de transição (bloco d) Metais de transição (bloco f) 3 2 1 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Número atômico

63 ESCALA DE ELETRONEGATIVIDADE CONFORME L. PAULING Maior facilidade em ganhar elétrons. ÂNIONS Maior facilidade em ceder elétrons. CÁTIONS Inertes Gases Nobres

r F = 4 ; r Br = 2,8; r H = 2,1 ; r Na = 0,9 64 = 0 = 0,7 = 1,9 = 3,1 F 2 HBr HF Na F Aumento do caráter iônico Aumento do caráter covalente Ligações covalentes não iônicas Ligações covalentes polares Ligações iônicas 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 Diferença em eletronegatividade

65 Apêndice B Imagem de MEV de Caulinita Imagem de MEV de Haloisita

66 Apêndice C Carbetos: são compostos inorgânicos binários que contêm carbono (C) de fórmula geral E x C y, onde E é o elemento mais eletropositivo. Ex.: SiC - carbeto de silício, ou carborundum é um carbeto covalente; CaC 2 carbeto de cálcio é um carbeto iônico. Nitretos: são compostos inorgânicos que apresentam como anion o elemento nitrogênio com estado de oxidação -3 (N -3 ) geralmente ligado a metais. Ex.: TiN nitreto de titânio. Óxidos: são compostos binários formados por átomos de oxigênio com outro elemento em que o oxigênio (O) é o mais eletronegativo. Ex.: Al 2 O 3 óxido de alumínio ou alumina

Fração em massa Existem diferentes modos de nominar a massa molecular (MM) de um polímero. Os 3 mais comuns são: M n MM numérica média; M p MM ponderal médio; M z MM z-médio. M p Apêndice D Onde, N i é o número de moléculas com MM = M i M n = N im i N i 67 M n M z M p = N im i 2 N i M i 3 4 5 6 7 Log M p M z = N im i 3 N i M i 2