Tentativas de Solução da Questão Sinótica Brian Kibuuka Opção: a partir de resultados já garantidos, fazer 3 restrições: 1. a redação original dos evangelhos não foi preservada. Mudanças: - transformações expontâneas - ampliações - cortes - assimilação - retificações dogmáticas feitas já a partir do século II: Mt 1.16: E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo. Mt 11.27: Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. * Conseqüências: não dá para saber quando concordâncias ou variantes são originais ou frutos de uma revisão. 2. Papias não é uma fonte segura: - Papias é citado por Euséio de Cesaréia (HE 3,39,16) - não se sabe se ele tinha conhecimento do assunto - termos usados por Papias são controversos Informações de Papias: - introdução: investigou a tradição oral do Senhor e descobriu aquilo que os presbíteros e discípulos disseram - João, o presbítero é sua fonte - Marcos é hermenéutes de Pedro, e escreveu de memória os ensinamentos deste - sua redação não corresponde à tácsis dos ensinamentos e ações de Jesus. Questões abertas: - qual a relação entre Marcos e Pedro - porque o presbítero falou que Marcos não tem tácsis. - É improvável Pedro ter que se utilizar de um intérprete. Tese: - É provável que Marcos esteja sendo comparado a outro evangelho, provavelmente Mateus.
Críticas: - Defesa de Papias não ajuda a entender melhor as relações literárias entre os evangelhos - Papias deve estar falando de Q, ou dos acréscimos de Marcos a um relato escrito por Pedro - Mateus não é tradução do aramaico. - Se Papias está falando do Mateus canônico, ele está errado. - Uma interpretação adequada das informações de Papias é praticamente impossível. 3. Predecessores aramaicos dos escritos do evangelho grego - tradição oral das palavras e ditos de Jesus está em aramaico. - os evangelhos gregos deixam transparecer claramente que a tradição sobre Jesus é aramaica - devem ser investigadas as traduções e variantes destas traduções Eichhorn: lança a hipótese de que os sinóticos são traduções de escritos aramaicos primitivos. Torrey: evangelhos são traduções do aramaico. Objeções: 1) erros de tradução alegados não são convincentes 2) ninguém provou que os evangelhos foram traduzidos 3) relação literária entre os sinóticos é grega 4) Marcos não tem indício de ser uma tradução do aramaico 5) Papias não é uma fonte segura Conclusão: tradição oral era aramaica: esta é a única certeza. 4. Uma comparação dos três sinóticos demonstra a ampla semelhança em relação a material entre Marcos e Mateus e Marcos e Lucas. Exceções: Só não estão em Mateus ou em Lucas * três relatos de Marcos: A parábola da semente que germina por si só:
Marcos 4:26-29 26 Disse ainda: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra; 27 depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como. 28 A terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga. 29 E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa. A cura do surdo-mudo: Marcos 7:31-37 31 De novo, se retirou das terras de Tiro e foi por Sidom até ao mar da Galiléia, através do território de Decápolis. 32 Então, lhe trouxeram um surdo e gago e lhe suplicaram que impusesse as mãos sobre ele. 33 Jesus, tirando-o da multidão, à parte, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e lhe tocou a língua com saliva; 34 depois, erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse: Efatá!, que quer dizer: Abre-te! 35 Abriram-se-lhe os ouvidos, e logo se lhe soltou o empecilho da língua, e falava desembaraçadamente. 36 Mas lhes ordenou que a ninguém o dissessem; contudo, quanto mais recomendava, tanto mais eles o divulgavam. 37 Maravilhavam-se sobremaneira, dizendo: Tudo ele tem feito esplendidamente bem; não somente faz ouvir os surdos, como falar os mudos. O cego de Betsaida: 22 Marcos 8:22-26 Então, chegaram a Betsaida; e lhe trouxeram um cego, rogando-lhe que o tocasse. 23 Jesus, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia e, aplicando-lhe saliva aos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa? 24 Este, recobrando a vista, respondeu: Vejo os homens, porque como árvores os vejo, andando. 25 Então, novamente lhe pôs as mãos nos olhos, e ele, passando a ver claramente, ficou restabelecido; e tudo distinguia de modo perfeito. 26 E mandou-o Jesus embora para casa, recomendando-lhe: Não entres na aldeia. * três textos curtos Reação dos familiares de Jesus Marcos 3:20-21 20 Então, ele foi para casa. Não obstante, a multidão afluiu de novo, de tal modo que nem podiam comer. 21 E, quando os parentes de Jesus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si. O fogo que salga Marcos 9:49 49 Porque cada um será salgado com fogo. O homem fugitivo Marcos 14:51-52 51 Seguia-o um jovem, coberto unicamente com um lençol, e lançaram-lhe a mão. 52 Mas ele, largando o lençol, fugiu desnudo. Em Marcos: 571 versículos estão em Mateus e/ou Lucas Marcos tem 8.189 palavras, das 10.650, em Mateus ou em Lucas. Das 10.650 palavras de Marcos, 7.040 estão em Lucas e 7.760 estão em Mateus.
Se Marcos é a fonte de Mateus e Lucas, é compreensível a omissão, em Mateus e Lucas, de fragmentos do material marciano: Explicações das omissões: * as duas curas (Marcos 7:31-37) são feitas com manipulações mágicas:... pôslhe os dedos nos ouvidos e lhe tocou a língua com saliva; depois, erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse: Efatá!, que quer dizer: Abre-te! * a atitude de parentes (Marcos 3:20-21) de Jesus é ofensiva:...os parentes de Jesus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si. * Mc 9.49 é imcompreensível: salgado com fogo.??? * A informação de Mc 14.51 é de pouca importância à história: Seguia-o um jovem, coberto unicamente com um lençol, e lançaram-lhe a mão. 52 Mas ele, largando o lençol, fugiu desnudo. * Apenas a omissão da parábola da semente é inexplicável, não obstante Mateus apresentar, em 13.24ss, a parábola do joio e do trigo: 24 Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo; 25 mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do trigo e retirou-se. 26 E, quando a erva cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio. 27 Então, vindo os servos do dono da casa, lhe disseram: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio? Razão da relação Mt-Mc e Lc-Mc: qualquer outro arranjo traz omissões inexplicáveis. 5. A comparação da seqüência das narrações nos evangelhos é decisiva. - Mt e Lc concordam na seqüência das narrações nos evangelhos 1) Mt e Lc concordam em seqüência quando concordam com Marcos. 2) Quando Mt e Lc divergem de Mc, cada um segue seu caminho Lachmann: primeiro a perceber que Marcos é base para Mateus e Lucas, e teorizou que haveria um evangelho primitivo melhor preservado por Marcos. A partir disto, foi afirmado que se deveria rejeitar de Lachmann a defesa de um evangelho primitivo e deveria ser adotada a concepção de que o próprio Marcos seria a fonte dos evangelhos. Isto só foi possível pela conversão da idéia de Lachmann de que Mt e Lc não dependem diretamente de Marcos, para a idéia de que dependem diretamente. A rejeição de Farmer de que a ordem de seqüência (argumento de Lachmann) é uma falácia sucumbe ao fato de que Mateus e Lucas, quando concordam com a ordem de Marcos, cncordam também com seu texto.
Demonstração da Relação entre Lucas e Mateus com Marcos Evangelho de Marcos Evangelho de Lucas Comentário 1.1-15 3.1-4.15 A rejeição de Jesus em ------------------------- 4.16-30 Nazareé (Mc 6.1-6) é colocada dentro de uma 1.16-20 ------------------------- cena programática no 1.21-39 4.31-44 começo da atividade de ------------------------- 5.1-11 Jesus (Lc 4.16-30). 1.40-3.6 5.12-6.11 3.7-12 6.12-16 3.13-19 6.17-19 3.31-35 ------------------------- 4.1-25 8.4-18 ------------------------- 8.19-21 4.35-5.43 8.22-56 6.1-6 ------------------------- Comparação seções em grego e na tradução em língua portuguesa Seção 1: Mc 1.15 x Lc 3.1-4.15