A atividade econômica para compreender o mercado de capitais

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Transcrição:

A atividade econômica para compreender o mercado de capitais Introdução Por meio do conhecimento da economia é que se forma uma visão mais ampla e crítica de todo o funcionamento do mercado de capitais, permitindo que se responda às diversas questões que envolvem poupança, investimento, desenvolvimento, avaliação e riscos. O objetivo deste capítulo é conhecermos um pouco da economia sob dois aspectos: o primeiro deles está relacionado aos problemas básicos da economia e à formação de preços no mercado tendo como base inicial a formação da demanda e a formação da oferta (individual e total); o segundo aspecto está relacionado à renda nacional e ao equilíbrio, tendo como foco central o consumo, a poupança e o governo. Os problemas econômicos básicos, a demanda e a oferta A essência dos problemas econômicos está em equacionar o binômio: necessidades ilimitadas versus recursos escassos. A partir dessa verdade, as sociedades enfrentam o problema de racionar os recursos, o que constitui na procura de melhor administrá-los. A melhor administração dos recursos implica na plena utilização e por suposto sua melhor combinação como, por exemplo, a questão do plástico como gerador de energia e não como material para reciclagem. Por outro lado, a utilização plena dos recursos quer dizer que não se pode justificar o desemprego ou subemprego de qualquer parcela da população mobilizável para fins produtivos ou ainda a existência de ociosidade na utilização dos equipamentos de produção e outros recursos patrimoniais. 13

A busca da melhor combinação quer dizer que as sociedades enfrentam o problema de melhor combinar os fatores humanos e patrimoniais, bem como canalizar os fatores disponíveis para os setores que possam produzir exatamente aqueles bens e serviços que melhor atendam aos desejos da coletividade. Dessa forma, é com a eliminação da ociosidade e a incorporação dos contingentes desempregados nos fluxos de produção e a promoção da ótima combinação dos recursos disponíveis que as economias se tornam capazes de atender com maior eficiência as necessidades e desejos da coletividade. O que significa, então, limite máximo da eficiência produtiva e as melhores alternativas para a canalização dos recursos limitados? Essa eficiência máxima implica a mobilização de todas as possibilidades de produção da economia enquanto as melhores alternativas dependem de opções sociais e políticas do governo. Sejam quais forem as opções, sempre haverá um limite máximo: o aumento da produção de uma dada classe de bens implica a redução da produção de uma outra classe, a não ser que tenha ocorrido um aumento nos recursos acumulados. Por exemplo: suponha uma economia que disponha de certo volume de capital, certa quantidade de terra, trabalho, capacidade tecnológica e empresarial. No entanto, mesmo com um volume de produção diversificado, jamais poderá alcançar quantidades infinitas. Aceitando que, mesmo com o melhor treinamento da mão-de-obra, com a melhor tecnologia, as melhores terras férteis e com a capacidade de produção máxima, seu resultado será sempre limitado em função da escassez desses recursos. Supondo que uma determinada economia produza no limite máximo de sua capacidade dois produtos. Diante da constatação anterior, o emprego máximo de sua capacidade em um dos produtos revela a redução do outro a possibilidade de produção. Mercado de Capitais Na realidade, as cidades enfrentam a escassez dos recursos produtivos quando devem optar pela pavimentação de ruas, construção de novos edifícios públicos, extensão das redes de água e iluminação, entre outros. O programa com certeza deve deixar de lado algum investimento importante devido à escassez de recursos, como vimos anteriormente. O caso notável da antiga URSS que optou pela tecnologia de ponta pelo custo do conforto das moradias, o pequeno desenvolvimento dos bens de consumo direto como os duráveis e não-duráveis. Vejamos mais claramente este exemplo com o gráfico a seguir: 14

Gráfico 1 O caso notável da URSS: alimento versus armamento Manteiga O autor. 80 A 70 60 50 B 40 30 C 20 10 0 10 20 30 40 50 60 D Canhões O gráfico acima mostra exatamente esse problema das opções. Ao decidir, por exemplo, produzir mais canhões (saindo do ponto B para o ponto C do gráfico), a economia de um país, neste caso a extinta URSS, diminui sua produção de manteiga (que representa os alimentos). A recíproca também é verdadeira. Ao aumentar a produção de manteiga (saindo do ponto C para o ponto B do gráfico), ela diminui a produção de canhões (armas), aumentando assim a produção de alimentos. Em função do binômio recursos escassos versus necessidades ilimitadas, chegamos a constatação do primeiro e fundamental problema que as ciências econômicas tem que enfrentar. Dessa forma, a partir da plena utilização dos recursos produtivos e das opções, podemos, com o auxílio de um gráfico, entender melhor essa problemática. Tal gráfico chama-se Curva de Possibilidades de Produção. Como seu nome já declara, esse gráfico nos revela as possibilidades máximas de produção de um país num determinado período de tempo funcionando, para simplificar, sempre com dois produtos. Aproveitando o mesmo gráfico anterior, mas agora pensando em dois produtos quaisquer (X e Y), vejamos os pontos notáveis deste gráfico denominado curva de possibilidade de produção. A atividade econômica para compreender o mercado de capitais 15

Gráfico 2 Curva de possibilidades de produção Produto Y o autor. R Q P o Produto X Os pontos notáveis da curva de possibilidades Ponto O: pleno desemprego no ponto O, a economia estaria operando em pleno desemprego, o que significa a não-utilização dos recursos disponíveis produção igual a zero. No entanto essa situação somente se apresenta ao nível teórico ou em casos extremos, como: guerras, grandes catástrofes etc. Ponto P: capacidade ociosa no ponto P, a economia estaria operando numa situação prática muito comum que é com certa capacidade ociosa. Nesse ponto estaria a economia com máquinas paradas, subutilização, parcela da população desempregada etc. Ponto Q: pleno emprego no ponto Q, a economia estaria numa situação ideal, mas dificilmente alcançável. Embora represente um dos objetivos da política econômica do governo, essa situação é mais teórica. Mercado de Capitais Ponto R: nível impossível de produção o ponto R evidencia um ponto fora da curva de possibilidade, dessa forma um ponto impossível de ser atingido. No entanto, esse ponto poderá ser alcançado em períodos futuros, desde que ocorram deslocamentos positivos da curva de possibilidades preestabelecida. 16

Deslocamentos das curvas de possibilidades de produção As curvas de possibilidade de produção movimentam-se ao longo do tempo, sobretudo em épocas em que surgem novas técnicas, novos recursos, novas possibilidades de produção que não se conhecia. Um exemplo clássico é a Revolução Industrial. É possível ocorrer dois tipos de deslocamento das curvas: os deslocamentos positivos e os negativos. Enquanto o deslocamento positivo ocorre em função da expansão ou melhoria dos recursos disponíveis (o que resulta de situações normais), o deslocamento negativo ocorre em função da diminuição ou desqualificação dos recursos disponíveis que resulta de situações anormais. Vejamos abaixo os dois tipos de deslocamentos: o positivo e o negativo Deslocamento positivo a revolução da microeletrônica na metade dos anos 1970 que possibilitou o aumento do emprego dos recursos e uma maior inserção da mão-de-obra técnica em todo o sistema produtivo. Gráfico 3 Deslocamento positivo da curva de possibilidades de produção Produto Y O autor. 0 Produto X Deslocamento negativo a guerra iniciada também nos anos 1970 em Moçambique (na África) onde a destruição foi quase que total, fazendo com que os recursos disponíveis chegassem quase a zero. A atividade econômica para compreender o mercado de capitais 17

Gráfico 4 Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção Produto Y O autor. 0 Produto X Teoria elementar de funcionamento do mercado Teoria elementar da demanda a demanda do indivíduo por uma mercadoria bem ou serviço A quantidade de uma mercadoria que um indivíduo pretende comprar durante um determinado período de tempo é função ou depende do preço da mercadoria em questão; da sua renda monetária; do preço das outras mercadorias e do gosto e preferência. Assim podemos escrever a demanda da seguinte forma: Qdx = f (Px; R; Py; G) Onde: Px = preço do bem em questão. Mercado de Capitais R = renda do consumidor (seu salário). Py = preço dos outros bens (substitutos ou complementares). G = gosto ou preferência do consumidor, assim como seus hábitos de consumo. 18

Pela variação do preço da mercadoria, sob a consideração de que mantemos constante a renda desse indivíduo, os seus hábitos e o preço de outras mercadorias (supondo a condição ceteris paribus) 1, chegamos à função de demanda do indivíduo pela mercadoria. Equação 2 : Qdx = a b Px Suponha que a função demanda para um indivíduo referente à mercadoria x é Qdx = 8 Px, ceteris paribus. Substituindo os vários preços da mercadoria x na função demanda, nós obtemos os valores da demanda individual mostrados na tabela abaixo. Tabela 1 Preço (Px) 8 7 6 5 4 3 2 1 0 Quantidade (Qdx) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 A função de demanda do indivíduo (dx) pela mercadoria x mostra as quantidades alternativas dessa mercadoria x que ele está propondo comprar para as várias alternativas de preço dessa mercadoria, quando se mantêm todos os demais fatores constantes. Vejamos graficamente como isso pode ficar: Gráfico 5 Demanda de um indivíduo para uma mercadoria Px 8 7 6 5 4 3 2 1 Dx 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Qdx 1 Ceteris Paribus: Trata-se de uma expressão que considera cada efeito, cada variável (PX, PY, Y e G/P), separadamente, fazendo a hipótese de que tudo o mais permaneça constante. Exemplo: se estamos variando o PX, então ceteris paribus para todas as demais, ou seja, PY, Y e G/P não variam, não alteram. 2 A equação da demanda possui o formato de uma reta, trata-se portanto da equação da reta. Nesse sentido temos : a representando o intercepto da equação e b representando o coeficiente angular ou a declividade da reta. Como se trata de demanda, este ( b) mostra sua declividade negativa. O autor. A atividade econômica para compreender o mercado de capitais 19

A curva de demanda nos mostra que, num determinado tempo, se o preço de x é $7, o indivíduo se propõe a comprar uma unidade de x num período especificado (esse período pode ser uma semana, um mês, um ano ou qualquer outro período de tempo relevante). Se o preço de x é de $6, o indivíduo se propõe à compra de 2 unidades de x no período de tempo especificado, e assim por diante. Desse modo, os pontos da curva da demanda representam alternativas que se apresentam ao indivíduo em determinados pontos do período de tempo que se considera. A lei da demanda decrescente No quadro e no gráfico anterior da demanda, observamos que quanto mais baixo o preço de x maior a quantidade de x procurada pelo indivíduo. Esse relacionamento inverso entre preço e quantidade procurada se reflete na inclinação negativa da curva de demanda, como verificamos no gráfico anterior a isso nos referimos usualmente como lei de demanda decrescente. A demanda do mercado por uma mercadoria A demanda do mercado ou a demanda agregada por uma mercadoria nos mostra as quantidades alternativas nas quais essa mercadoria é procurada num período de tempo, em vários preços alternativos, por todos os indivíduos que compõem o mercado. A demanda do mercado por uma mercadoria depende, assim, de todos os fatores que determinam a demanda individual e, ainda, do número de compradores dessa mercadoria existentes no mercado. Geometricamente, a curva da demanda do mercado por uma mercadoria é obtida pelo somatório horizontal de todas as curvas de demanda individuais por essa mercadoria. Ex: se existem dois indivíduos idênticos no mercado, um deles com a demanda pelo bem x dado por Qdx = 8 Px, a demanda do mercado Qdx é obtida como se segue: Mercado de Capitais Tabela 2 Px $ Qd1 Qd2 Qdx 8 0 0 0 4 4 4 8 0 8 8 16 20

Demandas individuais Demanda do mercado O autor. Px Px 8 4 d1 + 8 4 d2 = 8 4 Dx=d1+d2 0 4 8 Qd1 0 4 8 Qd2 Px 0 4 8 12 16 Qdx Figura 1 Soma das demandas. Podemos observar que a demanda do mercado é a soma das demandas individuais. Teoria elementar da oferta A oferta de uma mercadoria por produtor individual A quantidade de uma mercadoria que um único produtor se propõe a vender num determinado período de tempo é função ou depende do preço da mercadoria e do custo de produção dos produtores em geral. Para se obter a função de oferta de um produtor e a curva de oferta de uma mercadoria, alguns fatores que influenciam o custo de produção devem ser mantidos constantes (a condição ceteris paribus). Essas condições são as seguintes: a tecnologia, o suprimento dos insumos necessários para a produção da mercadoria e, para mercadorias agrícolas, as condições climáticas. Qsx = f (Px; custo de produção; tecnologia; condições climáticas). Obs.: O custo de produção é dado por mão-de-obra, matéria-prima, materiais secundários, energia elétrica consumida na produção. Mantendo-se assim, todos esses fatores e variando apenas o preço da mercadoria, chegaremos à função oferta e à curva de oferta de um produtor individual para a mercadoria. Supondo que um produtor individual tenha como função de oferta para a mercadoria x: Qsx = 40 + 20 Px, ceteris paribus. A atividade econômica para compreender o mercado de capitais 21

Onde : Qsx = Quantidade de oferta do produto x Px = Preço do produto x Pela substituição dos preços correntes de x na função de oferta, chegamos ao quadro de oferta do produtor mostrado na tabela a seguir: Tabela 3 Px Qsx 6 80 5 60 4 40 3 20 2 0 Transpondo para o gráfico cada par ordenado de valores, chegamos à curva de oferta do produtor. Como no caso da demanda, os pontos da curva de oferta representam alternativas que se apresentam para o produtor em um determinado período de tempo. Gráfico 6 Curva de oferta do produtor 6 Px Sx O autor. 5 4 3 2 1 0 20 40 60 80 Qsx Mercado de Capitais A forma da curva de oferta Na tabela e no gráfico da oferta, vemos que quanto mais baixo o preço de x, menos a quantidade de x será ofertada pelo produtor. O inverso, naturalmente, também é verdadeiro. Essa relação direta entre preço e quantidade ofertada reflete uma curva 22

de oferta crescente. No entanto, embora a curva de oferta seja geralmente crescente, a sua inclinação poderá ser muitas vezes zero, infinita ou mesmo negativa, não sendo prudente fazermos uma generalização. A oferta de mercado para uma mercadoria A oferta de mercado ou oferta agregada de uma mercadoria nos dá as quantidades alternativas da mercadoria ofertada num período de tempo, aos vários preços alternativos, por todos os produtores dessa mercadoria que operam no mercado. A oferta de mercado da mercadoria depende de todos os fatores que determinam a oferta dos produtores individuais e do número de produtores dessa mercadoria que operam no mercado. Vejamos um exemplo: Se existem 100 produtores idênticos no mercado, cada um dos quais com uma função de oferta da mercadoria x dada por Qsx = 40 + 20Px ceteris paribus, a oferta de mercado Qsx é obtida da seguinte forma: Qsx = 40 + 20Px cet. par. sx = do produtor individual Qsx = 100 (Qsx) cet. par. sx = de mercado Qsx = ( 40. 100) + (20Px. 100) ou Qsx = ( 40 + 20Px). 100 Qsx = 4 000 + 2 000Px Construindo a tabela: Para Px = 6 Qsx = 4 000 + 2 000. 6 Qsx = 8 000 Para Px = 5 Qsx = 4 000 + 2 000. 5 Qsx = 6 000 Para Px = 4 Qsx = 4 000 + 2 000. 4 Qsx = 4 000 Para Px = 3 Qsx = 4 000 + 2 000. 3 Qsx = 2 000 Para Px = 2 Qsx = 4 000 + 2 000. 2 Qsx = 0 Tabela Px Qsx 6 8 000 5 6 000 4 4 000 3 2 000 2 0 A atividade econômica para compreender o mercado de capitais 23

Gráfico 7 Curva de oferta de mercado para uma mercadoria Px$ 6 5 Sx O autor. 4 3 2 1 0 2 000 4 000 6 000 8 000 Qsx O equilíbrio do mercado O equilíbrio se refere às condições do mercado, as quais, uma vez atingidas, tendem a persistir. Em economia isso ocorre quando a quantidade demandada de um bem no mercado, na unidade de tempo, iguala a quantidade ofertada do bem ao mercado nessa mesma unidade de tempo. Geometricamente, o equilíbrio ocorre na intercessão das curvas de demanda e oferta do mercado. O preço e a quantidade para os quais existe esse equilíbrio são conhecidos, respectivamente como preço e quantidade de equilíbrio. Se utilizarmos os exemplos anteriores, ou seja, da demanda do mercado e da oferta do mercado, podemos determinar o preço de equilíbrio e a quantidade de equilíbrio para a mercadoria x como se segue: Mercado de Capitais Px Demanda (Qdx) Oferta (Qsx) 6 2 000 8 000 5 3 000 6 000 4 4 000 4 000 Equilíbrio 3 5 000 2 000 2 6 000 0 24

Gráfico 8 Equilíbrio do mercado oferta X demanda Px 6 Sx O autor. 5 4 e 3 2 1 Dx 0 2 000 4 000 6 000 8 000 Qx No ponto e, de equilíbrio, não existe nem excesso nem escassez da mercadoria e o mercado é normal. Ceteris paribus, o preço e a quantidade de equilíbrio tendem a persistir ao longo do tempo. Acima desse ponto temos excesso de oferta. Por outro lado, abaixo desse ponto temos excesso de demanda. A outra forma de conhecermos o equilíbrio é a forma matemática Qdx = Qsx. Renda nacional e equilíbrio Em função das necessidades ilimitadas e dos recursos serem escassos, a economia dos países registram, em determinados momentos, elevados níveis de produção, investimento e consumo. Por outro lado, em alguns momentos, observa-se um baixo volume de produção, desemprego elevado, baixo consumo e desestímulo ao investimento: é a situação de crise econômica. Esse hiato que se estabelece entre a produção obtida com o uso de fatores em desemprego, e aquela que potencialmente se poderia obter com o pleno emprego dos fatores de produção disponíveis, representa um custo social que deveria ser evitado. Dessa forma, o objeto da macroeconomia é estudar os elementos que determinam o nível de produção, de emprego e o de preços, numa situação de curto prazo. A atividade econômica para compreender o mercado de capitais 25

Renda e dispêndio Para compreendermos o conceito de renda nacional de equilíbrio, é preciso saber a distinção entre renda e dispêndio. Enquanto a renda mede o fluxo de pagamentos dos fatores de produção, o dispêndio mede o fluxo dos gastos em bens e serviços de consumo e investimentos da economia. No entanto, os dispêndios tornam-se pagamentos que remuneram os fatores que produzem os bens e serviços, demonstrando dessa forma que renda e dispêndio representam medidas diferentes, mas de um mesmo fluxo. Com isso a renda nacional de equilíbrio é aquela em que a remuneração dos fatores de produção coincide com os gastos em bens e serviços de consumo e investimentos. É possível ampliar um pouco mais os conceitos acima, esclarecendo, ainda, que o dispêndio corresponde à demanda agregada, ao passo que a produção corresponde à oferta agregada. A oferta agregada e demanda agregada Através do aumento da produção física, aumento dos preços, ou a combinação de ambos, as empresas respondem aos acréscimos de demanda do sistema econômico. Assim, enquanto a oferta agregada representa a oferta total de bens e serviços, a demanda agregada representa a procura total por tais bens e serviços. Passaremos ao estudo do equilíbrio do fluxo econômico, partindo-se inicialmente sem governo e sem a comunicação com o resto do mundo para, num momento seguinte, incluirmos o governo e as relações externas. O equilíbrio sem o governo e sem relações externas Mercado de Capitais A oferta total baseia-se na expectativa dos empresários quanto às possibilidades de vendas. As firmas responderão a qualquer estímulo da procura e, quando a oferta se igualar à procura, o ponto de equilíbrio terá sido determinado. Isso pode ser expresso da seguinte forma: 26

Y = C + I Onde: Y = produção ou oferta C = consumo I = investimento Y é a produção dos empresários ou a oferta. C + I é o total da procura (lembrando da hipótese inicial onde não há governo, nem comércio internacional), visto que os bens e serviços são procurados ou para serem consumidos pelos indivíduos ou procurados pelas próprias firmas para serem investidos. A quantia a ser investida ou a procura de investimentos também é uma decisão feita pelos empresários autonomamente. A decisão de consumir ou poupar, no entanto, será feita pelos consumidores individuais. Quanto ao consumo, este é determinado pela renda do indivíduo, que quanto maior, maior será seu gasto. No entanto, qual parcela será gasta em consumo e qual parcela será poupada? Embora dependa exclusivamente da vontade do indivíduo, essa parcela destinada ao consumo chamamos de propensão marginal a consumir, ao passo que a parcela destinada à poupança chamamos de propensão marginal a poupar. Tanto a parcela destinada ao consumo como a parcela destinada à poupança podem ser expressas, numa única função, denominada função consumo. A função consumo representa a soma do consumo dos indivíduos de uma comunidade, dado certos níveis de renda possíveis. Gráfico 9 A função consumo C 600 500 400 300 200 100 C=CO+b(Y) 100 200 300 400 500 600 (Y) O autor. A atividade econômica para compreender o mercado de capitais 27

C = nível de consumo Y = nível de renda C0 = consumo mínimo de coletividade b = propensão marginal a consumir Representando na abscissa (Y) os níveis de renda, e na ordenada (C) os níveis de consumo é possível determinar a função consumo. A função consumo é uma função linear que demonstra que mesmo para uma renda igual a zero, haverá um consumo mínimo da coletividade (C0) para a sua sobrevivência. Outra maneira de verificar esse consumo mínimo é conceber a hipótese de que este se origina de poupanças anteriores ou seja, sempre haverá esse mínimo de consumo que representa uma constante na função consumo. Ainda há a propensão marginal a consumir (b), que demonstra a relação entre um acréscimo no consumo desejado em decorrência de um acréscimo na renda da coletividade: representando o coeficiente angular da reta (função consumo): b = C Y Assim, a função consumo será a soma daquela constante com a propensão marginal a consumir da renda: Análise do exemplo: C = C0 + b(y) A constante C para o caso acima apresentado pode ser verificada diretamente no gráfico onde para um nível de renda igual a zero C será igual a 100 unidades monetárias. Vejamos: Mercado de Capitais Y Nível de renda C 0 100 100 150 Consumo 200 200 a partir desse ponto, sempre haverá uma poupança positiva 300 250 400 300 28

Nível de renda 500 350 600 400 Consumo Quanto à propensão marginal a consumir, expressa por b, esta pode ser definida a partir dos diversos níveis de renda e consumo diante dos seus respectivos acréscimos, se não vejamos: b = C Y logo temos que b = C2 C1 Y2 Y1 b = 150 100 100 0 b = 50 100 = 0,5 Disso podemos expressar nossa função consumo para o exemplo apresentado: C = 100 + 0,5 (Y) Observemos com atenção o ponto onde o consumo se iguala à renda. Este denota que toda a renda, para esse nível, será despendida em consumo. No entanto, a partir daí, haverá uma poupança, que pode ser demonstrada no gráfico a seguir. Através de uma reta de inclinação de 45º diante da origem, que transforma distâncias horizontais (renda) iguais a distâncias verticais (consumo e poupança), podemos vislumbrar a parte que cabe à poupança. Vejamos: Gráfico 10 Poupança C 600 500 400 300 200 100 0 poupança=150 consumo=350 100 200 300 400 500 600 Y=C C=CO+b(Y) (Y) O autor. A atividade econômica para compreender o mercado de capitais 29

Ao longo da reta Y = C, sempre teremos um consumo igual à renda. Comparando-se essa reta com a função consumo, podemos determinar a poupança e o consumo. Por exemplo, com uma renda de 500, o consumo será de 350 ( C = 100 + 0,5 (500) = 350). A poupança é dada pela diferença entre a função consumo e a reta de 45º ( nesse caso a poupança será igual à renda menos o consumo, isto é, 500 350 = 150). A hipótese é de que a propensão marginal a consumir (b) sempre será menor que 1 (um), de modo que haverá sempre uma propensão marginal a poupar maior que zero. O equilíbrio Voltando ao equilíbrio, este será determinado quando a oferta for igual à procura ou quando a poupança for igual aos investimentos: Y = C + I (1) C = C0 +b(y) (2) Substituindo 2 em 1 temos: Y = C0 +b(y) + I Y - b(y) = C0 + I Y (1 b) = C0 + I (C0 + I) Y= (1 b) logo (C0 + I) Y= (1 b) Onde: C0 = consumo mínimo de coletividade b = propensão marginal a consumir Mercado de Capitais 30 I = investimento Exemplo: digamos que o nível de investimento planejado é igual a 30 (determinado exogenamente, ou seja, determinado autonomamente pelos empresários) e a função consumo é a mesma do exemplo anterior [C = 100 + 0,5 (Y)]), a renda de equilíbrio será:

(C0 + I) Y= (1 b) Onde: C0 = 100 I = 30 b = 0,5 Substituindo: (100 + 30) Y= (1 0,5) Y = 260 Graficamente podemos obter o nível de renda de equilíbrio quando a oferta total for igual à procura total. Para obtermos a procura total, somamos os investimentos à função consumo. Gráfico 11 Nível de renda de equilíbrio C, I, P C+I 600 500 400 300 260 200 130 100 Y=C+1 0 100 130 200 260 300 400 500 600 C + I C=100+0,5(Y) Assim, teremos a reta C + I, que representa a procura total, onde no ponto em que ela corta a reta de 45º, teremos o ponto de equilíbrio, onde Y, na abscissa, é igual a C + I na ordenada e, consequentemente, a oferta total será igual à procura total. Com uma renda de 260, o consumo será de: C = 100 + 0,5 (260) = 230 e a poupança será de 260 230 = 30. O investimento planejado também é de 30; então P = I e a economia está em equilíbrio. (Y) O autor. A atividade econômica para compreender o mercado de capitais 31

Voltando à renda nacional de equilíbrio, estamos prontos para definir a função poupança. Pudemos vislumbrar anteriormente que a poupança é na verdade a parcela da renda nacional não gasta em bens e serviços de consumo. Dessa forma a função poupança pode ser obtida da seguinte forma: Y = C + S; mas C = C0 + by, então Y = C0 + by + S ; fazendo a poupança igual à renda menos o consumo: S = (C0 + by) + Y S = C0 by + Y logo: S = C0 + Y(1 b) Onde : S = poupança C0 = consumo mínimo de coletividade Y = nível de renda b 1 = Propensão marginal a poupar É importante notar, antes de mais nada, que a diferença (1 b) é a propensão marginal a poupar, onde a poupança é uma função crescente do nível de renda, porque a propensão marginal a poupar é positiva. Notemos, ainda, que a função poupança é a imagem espelhada da função consumo, ou seja: a baixos níveis de renda, a poupança é negativa, refletindo assim o fato de que o consumo excede a renda; inversamente, a níveis suficientemente altos de renda, a poupança torna-se positiva e assim reflete o fato de que nem toda a renda é gasta em consumo. Vimos anteriormente que, na função consumo, a propensão a consumir era representada pelo próprio coeficiente b e este sempre será menor que 1 (um). Mercado de Capitais A PMS (propensão marginal a poupar), corresponde ao coeficiente da variação absoluta na poupança pela variação absoluta na renda da coletividade. Dessa forma, considerando a PMC (propensão marginal a consumir) e a PMS, sua soma sempre será igual a 1 (PMC + PMS = 1). Vejamos graficamente essa nova função em nosso exemplo: 32

Gráfico 12 A renda nacional com a função poupança C O autor. 600 500 400 300 200 100 poupança=150 consumo=350 Y=C C=CO+b(Y) S= CO+(1 b)y 0-100 100 200 300 400 500 600 (Y) A renda nacional com o governo Estudamos até o presente momento as variáveis fundamentais para a renda de equilíbrio, mas não incluímos participação do governo nesse processo. Dessa forma, o objetivo agora é introduzirmos a variável governo para a determinação da renda de equilíbrio. O governo pode afetar a renda de equilíbrio de duas formas: em primeiro lugar, pode ocorrer através das compras governamentais de bens e serviços, que representam um componente da demanda agregada; em segundo lugar, os impostos e transferências que afetam a relação entre produto e renda. Vejamos então como ficam as equações apresentadas com a entrada do governo: Considerando o lado esquerdo da identidade contábil abaixo como sendo a despesa da relação e o lado direito a alocação da renda: A atividade econômica para compreender o mercado de capitais 33

C + I Y C + S C + I + G Y C + S + (IR T) Onde: O sinal significa identidade e não simplesmente igualdade 3 C = consumo I = investimento Y= equilíbrio S = poupança IR = impostos T = transferências Para que não haja confusão com o I de investimentos, vamos fazer com que os impostos sejam representados por IR e as transferências por T. Note que as compras do governo G representam as despesas, enquanto os impostos IR, menos as transferências T, representam a alocação da renda. Daqui para frente o consumo não mais depende da renda simplesmente, mas sim da renda disponível Yd, que é a renda líquida disponível para a despesa das famílias depois de pago os impostos e recebidos os pagamentos de transferências do governo. Dessa forma, a função consumo do indivíduo será a renda recebida (por exemplo seu salário) mais as transferências que o governo faz menos os impostos pagos (nesse caso o imposto de renda). Consiste pois na renda menos os impostos, mais transferências, Y + T IR. A função consumo fica: C = C0 + by logo C = C0 + byd. Como a renda disponível é Y + T IR temos: Mercado de Capitais C = C0 + b(y + T IR) Onde: C = consumo C0 = consumo mínimo de coletividade b = propensão marginal a consumir Y = nível de renda T = transferências IR = impostos 3 Em matemática o sinal igual significa que um valor é o mesmo que o outro. Por outro lado o sinal identidade significa que um termo da equação é a imagem idêntica a outros dois termos. Diferente da igualdade. Nas equações que exprimem a demanda agregada, a renda nacional e o produto nacional normalmente nos referimos a identidade ou seja, pode-se dizer que, ao mesmo tempo, Y é idêntico a C+I+G e a C+S + (IR T). 34

No entanto, como os impostos representam uma parcela da renda, podemos dizer que os impostos IR são na verdade (iy), com isso podemos substituir na equação anterior. Vejamos: C = C0 + b(y + T IR) logo C = C0 + b(y + T iy) Simplificando a expressão temos: C = C0 + bt + by biy C = (C0 + bt) + b(1 i)y Podemos observar, a partir dessa equação, que a presença do governo sob a forma de transferências T eleva a despesa de consumo autônoma pela propensão marginal a consumir, da renda disponível b, vezes o montante das transferências. A presença do imposto de renda, ao contrário, reduz a despesa de consumo a cada nível de renda. A redução surge porque o consumo de uma família está mais relacionado à renda disponível do que à renda propriamente dita e o imposto de renda reduz a renda disponível relativa àquele nível de renda. Enquanto a propensão marginal a consumir da renda disponível permanece sendo b, a propensão a consumir da renda agora é b(1 i) Onde: 1 i = parcela da renda que resta depois de pagos os impostos Renda de equilíbrio Após todas essas considerações estamos prontos para determinar o equilíbrio: sendo a Y = C + I + G temos: Y = (C0 + bt) + b(1 i)y + I + G A atividade econômica para compreender o mercado de capitais 35

logo Y = (C0 + bt + I + G) + b(1 i)y Onde: Y = nível de renda C0 = consumo mínimo de coletividade bt = gastos induzidos pelas transferências líquidas I = investimentos G = compras do governo b (1 i)= propensão a consumir da renda disponível Y = nível de renda Ao observarmos a equação acima, percebemos que o governo faz muita diferença. Eleva os gastos autônomos do montante das compras do governo, G, e dos gastos induzidos pelas transferências líquidas, bt. Ao mesmo tempo, o imposto de renda diminui o multiplicador. Podemos substituir o primeiro termo da equação por A, que representa os gastos autônomos, então teremos: A = C + I + G + bt Y = A + b(1 i)y resolvendo a equação em Y teremos: A = b(1 i)y + Y A = by + biy + Y logo temos que A = Y( 1 b(1 i) ) A Y= [1 b(1 i)] Mercado de Capitais 36 Considerações finais Três pontos merecem ser destacados: o primeiro refere-se aos problemas básicos da economia. Dado que os recursos são efetivamente escassos e as necessidades são ilimitadas, esse é de fato o maior desafio dos países. O segundo ponto refere-se à formação dos preços no mercado, que ocorre quando a oferta e a demanda se interceptam estabelecendo um nível de preços que pode perdurar por algum tempo ou

podem mudar face o comportamento do consumidor ou dos ofertantes. O terceiro ponto refere-se à formação da demanda agregada e seu equilíbrio. Percebemos que para uma economia obter uma expansão na sua demanda agregada, não depende unicamente do governo, mas de todos os agentes envolvidos no sistema econômico; são eles: as famílias (indivíduos) que vão gastar suas rendas para adquirir bens e serviços e pouparem; as empresas que vão investir para ofertarem produtos e serviços e finalmente o governo, que desempenha o papel de demandante de produtos e serviços e, portando, realiza gastos e ofertante de produtos e serviços gerando renda. Texto Complementar Keynes e a economia de Pleno Emprego (KEYNES, 1988) Keynes foi quem usou primeiro esse tipo de análise de curto prazo em 1936, chegando a uma importante conclusão quanto ao funcionamento de uma economia. Lembrando da competição perfeita onde havendo desemprego, os preços dos fatores caíriam, o que faria com que os empresários contratassem o excedente, levando a economia automaticamente ao nível de pleno emprego. Keynes sugeriu que a economia poderia, perfeitamente, estabilizar-se num ponto aquém do nível de pleno emprego, visto que os preços, principalmente da mão-de-obra, são inflexíveis para baixo. Em outras palavras, mesmo havendo desemprego, os operários não se ofereceriam para trabalhar por menos do que o salário estabelecido. Keynes chamou a atenção de todos para o fato de que, para a economia chegar ao nível de pleno emprego, é necessário que a procura agregada aumente. Atividades 1. O maior desafio das Ciências Econômicas é resolver o problema do binômio escassez de produtos e necessidades ilimitadas. Nesse sentido, a curva de possibilidades de produção é um bom exemplo do quanto esse binômio é difícil de se resolver. Imaginado um país que produza apenas trigo e educação, A atividade econômica para compreender o mercado de capitais 37

é possível afirmar que a produção de trigo será satisfeita na mesma medida em que a construção de novas escolas? 2. Considerando que o preço de equilíbrio de um produto, por exemplo o kg de arroz, ocorre quando a curva de oferta de um produtor intercepta a curva de demanda de um indivíduo, como ocorre o preço de equilíbrio se pensarmos em todo o mercado de arroz? Mercado de Capitais 38

3. A função consumo é uma função linear que demonstra que mesmo para uma renda igual a zero, haverá um consumo mínimo da coletividade. Nesse caso, se uma comunidade onde não há renda alguma podemos pensar que essa função consumo também terá um consumo mínimo? A atividade econômica para compreender o mercado de capitais 39