Anderson Rezende A Revelação de Deus 2
O Deus que se Revelou A Fé Judaico-Cristã está estabelecida sobre o fundamento da Revelação; sobre a crença de que tudo aquilo que sabemos a respeito de Deus só nos foi possível devido ao Seu ato divino de ter-se dado a conhecer aos homens. Tudo o quê sabemos a respeito Dele só nos foi possível pelo Seu ato divino de desnudamento de Sua Pessoa e de Sua Grandeza. Toda a base pela qual se sustenta o edifício da fé e da crença correta a respeito de Deus está fincada na Revelação. Ela é o elemento central de todo e qualquer conhecimento a respeito Dele. Sem esse fundamento, não há como discernir, conhecer e compreender as grandezas de Deus, bem como o Seu caráter, manifestados na história segundo o testemunho das Sagradas Escrituras. Em outras palavras, a Fé Judaico-Cristã não é o produto das especulações e conjecturas humanas; não é o produto daquilo que achamos e pensamos a respeito de Deus. Pois como que o finito pode descrever o infinito? Como que o limitado pode compreender o ilimitado? Como que o temporal pode conhecer o que é eterno? Como que o humano e terreno pode descrever claramente aquele que é tido por divino e transcendente? Somente por meio da Revelação é que o ser humano pode compreender quem de fato Deus é. Somente por meio de um ato soberano de Deus em se tornar conhecido aos seres humanos é que podemos compreender as dimensões transcendentes e eternas de quem é a Sua pessoa. Deus só pode ser conhecido por um ato soberano Dele de se revelar. Qualquer discurso e ensino a respeito de Deus que não parta do dado revelado por Ele, é um discurso e ensino limitado. Somente Deus pode descrever às criaturas finitas quem Ele é, como é o Seu caráter, quais são os Seus planos, qual é a Sua vontade e quais são os Seus propósitos. Somente Deus é quem pode dizer claramente aquilo que Ele é, aquilo que Ele pensa, aquilo que Ele projetou e aquilo que Ele estabeleceu. Qualquer construção humana a respeito de Deus sempre 3
incorrerá em falha e em limitação de quem de fato Ele é. Sendo assim, se desejamos compreender com clareza e exatidão tudo aquilo que se refere a Deus e à Sua pessoa, precisamos nos debruçar humildemente naquilo que Ele revelou de Si. Somente com essa postura de humildade e submissão a tudo aquilo que Deus tornou conhecido a respeito de Si próprio, é que podemos falar e ensinar a respeito Dele. Temos, portanto, que compreender que o ponto de onde devemos iniciar nossa fala e discurso a respeito de Deus deve ser a Revelação. Diante disso, a questão que fica para nós é: o quê Deus revelou de Si e como Ele fez isso? Sobre que condições e modos Deus se tornou conhecido aos homens no processo da história? Quais são os dados que temos a respeito do seu ato divino de revelação? A Fé Judaico-Cristã entende que Deus revelou a nós seres humanos Sua grandeza, Sua soberania, Seu caráter, Sua vontade e Seus propósitos. E o modo como Ele fez isso foi tanto pela Revelação Geral quanto pela Revelação Especial. Entende-se por Revelação Geral aquela que Deus dá de Si mesmo por meio da Criação, por meio da grandeza do cosmo. Diz a Escritura no Salmo 19:1-2: "Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos". Ao contemplar a Criação em toda a sua expressão de grandeza e portento, vista nas galáxias, estrelas, mares, oceanos, campos, vales, cachoeiras, montanhas, peixes, répteis, animais, etc., o ser humano depreende a existência de Alguém que está acima de si e que é o grande responsável pela existência de todas as coisas. De acordo com as Escrituras, a Criação denuncia a grandeza e a soberania de Deus da qual nenhum ser humano pode argumentar desconhecimento (Rm 1:18). Deus revela Sua grandeza, poder e soberania por meio das coisas criadas. Porém, essa Revelação não é de todo suficiente para revelar o caráter, a vontade, os planos e o propósito de Deus. Em outras palavras, a Revelação Geral apresenta-nos a existência de um Deus que é grandioso, majestoso e poderoso, mas ela não nos permite conhecer Sua intimidade, nem mesmo compreender Seu caráter e essência. É 4
necessário, portanto, que Deus se revele ao ser humano de maneira muita específica e plena. É a partir dessa compreensão que está o conceito da Revelação Especial. Por meio da Revelação Especial o ser humano tem condições de conhecer tanto o caráter quanto a vontade de Deus. Por meio da Revelação Especial vemos o Seu caráter expressado a nós, bem como Sua vontade, Seus planos e Seus propósitos. Essa Revelação Especial se deu tanto na história segundo o testemunho das Escrituras, quanto na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo. Deus se revelou especificamente aos seres humanos no palco da história ao entrar em contato direto com os homens por meio de seus atos divinos de revelação. E é nas Escrituras Sagradas que temos o registro inspirado desses atos divinos de revelação. Nesse sentido, a Bíblia é o registro histórico e inspirado dos atos divinos de revelação de Deus aos seres humanos. É por meio da leitura e estudo de suas páginas que passamos a conhecer de modo muito específico a vontade, os planos e os propósitos do Deus Criador. Assim, afirmamos que a Bíblia é a Palavra Inspirada de Deus registrada historicamente para comunicar de maneira precisa quem Ele é. Por meio do testemunho inspirado das Sagradas Escrituras nós compreendemos que a plenitude da revelação de Deus se deu na pessoa de Seu Filho Jesus de Nazaré em quem vemos a essência plena de Deus manifestada aos homens (Jo 1:14; Hb 1:1). É na pessoa do Verbo que se fez carne que Deus escancara a essência do Seu ser. Assim, tudo aquilo que podemos compreender a respeito de Deus tem na revelação o ponto de partida. E é precisamente na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo que está o ápice de Sua revelação. Em Jesus vemos que o Deus que vinha se revelando aos homens na criação, na consciência moral, na história segundo o testemunho das Escrituras, teve na encarnação de Seu Filho a manifestação máxima de Sua pessoa e de Sua graça redentora. 5
O Amor na Essência do Deus Triúno O primeiro dado claro que fica para nós a respeito da Revelação é que todas as coisas que existem foram criadas por Deus. Que tudo que há no universo físico e cósmico, quanto aquilo que há no universo celestial, tem sua origem e existência em Deus. Ele é o Criador de todas as coisas! A fonte de toda a vida e de toda a existência! Os primeiros filósofos na Grécia Antiga, também chamados de filósofos cosmogônicos, estavam à procura de saber qual era o princípio originador (arqué) de todas as coisas. Para eles, tudo aquilo que existia outrora não existiu, e se outrora não existiu houve um começo específico, houve um princípio, houve um arqué. Alguns desses filósofos cosmogônicos propunham como o princípio de todas as coisas a terra, a água, o ar, o fogo, o número, etc. Enfim, eles partiam da concepção que o devir presente em todas as coisas implicava num princípio originador. E, nesse sentido, era correto afirmar que tudo que existe outrora não existiu, que tudo veio do nada! Mas o nada não consegue criar e originar absolutamente nada! O nada é nada! Sendo assim, se tudo que existe veio do nada, então alguém criou tudo a partir do nada! Alguém deve ter ocasionado a origem de tudo em algum ponto passado, para assim, trazer tudo à existência. Porém, esse que criou tudo a partir do nada não pode ter um começo, pois se ele tiver um começo significa, portanto, que ele também outrora não existiu! Que outrora ele não era nada! Conclusão: a única explicação possível e racional para origem de todas as coisas é que alguém que sempre existiu criou tudo a partir do nada. E esse alguém não pode ter começo! Logo, esse alguém é eterno. Foi assim que alguns dos primeiros filósofos chegaram à conclusão de que todas as coisas existentes foram criadas por um Ser Inefável e Eterno de quem e a partir de quem tudo se origina. Alguns desses filósofos concluíram também que o fato de o Ser Inefável criar 6
todas as coisas deveu-se ao seu caráter de bondade. Em outras palavras, tudo passou a existir mediante a bondade desse Ser Inefável e Eterno. As Escrituras Sagradas, sem trilhar esse caminho da especulação racional humana afirma categoricamente em suas páginas que Deus é o Criador de todas as coisas e que Ele é um Deus Eterno. Que Ele não tem começo e nem fim e que todas as coisas existem e subsistem por Ele. E da mesma forma como a filosofia antiga chegou a uma conclusão racional sobre o caráter de bondade do Ser Inefável, as Escrituras afirmam que Deus na sua essência é amor! A Bíblia é categórica em nos apresentar a essência do caráter de Deus - amor. Foi por Seu amor que tudo passou a existir! Quando a Bíblia afirma que Deus é amor, a Bíblia não diz que Deus tem amor, a Bíblia diz que Deus é AMOR! Ou seja, Deus é a plenitude do amor! É nele que o amor tem sua expressão mais ampla e plena! E é justamente aqui que está o cerne de todas as coisas que podemos compreender a respeito de Deus. Afirmar que Deus é amor significa afirmar quem Deus é em essência: Deus é relacionamento! Isso, porque, amor só é possível onde há relacionamento. Se não houver relacionamento não há como haver amor! Se Deus é amor, então na essência mais profunda de Deus há relacionamento, isso implica discernir que na essência de Deus há mais de uma pessoa. Amor em sua ampla definição nada mais é do que expressão correspondida de sentimentos. Amor só é possível onde há mais de uma pessoa! Assim, portanto, afirmar que Deus é amor é afirmar que Deus é em essência mais de uma pessoa! Deus é uma Triunidade! É nisso que está o fundamento da Fé Cristã. Assim, antes de todas as coisas existirem existia Deus! Antes de tudo ter sido criado e originado por Deus, havia Deus! Deus existia em Si mesmo em sua essência plena de amor! Deus existia na eternidade na pessoa do Pai, do Filho e do Espírito! Se Deus é amor, e se Deus é eterno, então significa que Deus é Amor Eterno! Deus é a expressão plena do relacionamento de pessoas eternas que coexistem entre si de eternidade a eternidade! Deus, portanto, existia plenamente em sua essência de amor relacional eterno 7
na pessoa do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A Graça de Deus Manifestada na História Houve algum ponto na eternidade que Deus decidiu criar todas as coisas, e isto se deveu à essência do Seu caráter de amor! Um amor que em essência não se contém, um amor que se dá, um amor que se doa, um amor que transborda de si para outros. Por isso que a razão de todas as coisas existirem está no amor de Deus. Por causa de Seu amor transbordante é que tudo veio à existência. Glória, portanto, a Ele por seu amor, pois se assim não o fosse nem mesmo existiríamos! Quando passamos a entender aquilo que Ele revelou de Si conforme apresentado nas Sagradas Escrituras vemos que após ter criado todas as coisas plenas, perfeitas e boas Ele criou o ser humano para ser o co-regente de Sua criação. Deus criou a raça humana e colocou sobre ela o governo do cosmo. As Escrituras afirmam que Deus criou o ser humano à Sua imagem e semelhança (Gn1:26). Que fomos criados um pouco menor do que os anjos e coroados de glória e de honra. Em outras palavras, somos os únicos seres de toda a criação criados à semelhança de Deus para um relacionamento de amor com Ele. Ou seja, fomos criados para participar da natureza de Deus (II Pe 1:4). Para participarmos da comunhão eterna do Deus Triúno sendo mergulhados e inseridos em sua essência e em sua vida. Então, em algum ponto da eternidade o Ser Eterno decidiu criar seres semelhantes a Si para participar de Sua vida mediante um relacionamento profundo de amor. Este relacionamento estava pautado na predisposição voluntariosa do ser humano de se relacionar com Deus mediante um ato de total liberdade por parte do homem. Amor para ser pleno precisa ter a correspondência de sentimentos. Não havendo essa correspondência entre as partes, então não há como haver verdadeiro amor. Além disso, essa correspondência de sentimentos precisa estar fundamentada na livre disposição das partes. Se não houver liberdade não há como haver amor! Se não 8
houver liberdade não há relacionamento pleno e perfeito. Nesse sentido, Deus cria o ser humano para a comunhão de relacionamento com Ele e dá ao ser humano a liberdade para essa relação. E é justamente aqui que está o cerne de todas as coisas a respeito de nossa relação com Deus. As Escrituras afirmam, de acordo com Gênesis 3, que os seres humanos em sua liberdade para a comunhão com Deus optaram Dele se afastar, optaram por se rebelar e viver independentemente Dele. De acordo com o testemunho bíblico da revelação, a raça humana decidiu em sua liberdade se afastar de Deus para viver de maneira autônoma. O grande problema é que se afastar de Deus implica em morte. Isso porque, Nele é que está toda a vida e Nele todas as coisas subsistem (At 17:24-28). Se fomos criados para Ele, somente Nele é que podemos alcançar a plenitude daquilo para o quê fomos criados. Estar longe Dele significa, portanto, saltar para morte, saltar para a inexistência. A rebelião humana retratada nos dados da revelação bíblica demonstra nossa condição - destituídos da glória de Deus. Em nossa liberdade optamos viver longe Dele, optamos por nos rebelar para viver autonomamente. É como se o meu braço decidisse estar desligado de meu corpo para viver por si só. Qual seria o resultado? O meu braço em pouco tempo haveria de morrer, haveria de deixar de existir. A única maneira para isso não acontecer é estar ligado novamente ao meu corpo. E é aqui que está a grande questão que vem inquietando a humanidade por séculos e gerações. Se Deus em sua onipotência e em sua onisciência sabia, mesmo antes de nos criar, que haveríamos de nos rebelar contra Ele, porquê que Ele nos criou. Se antes de trazer tudo à existência, Deus sabia que os seres humanos em sua liberdade haveriam de optar por Dele se afastar e, como resultado, caminhar para morte, para a total inexistência; por que é que Deus nos criou? Valeria a pena criar uma raça de seres para a comunhão eterna e relacionamento de amor com Ele que, pela sua liberdade, haveriam de optar por Dele se afastar? Valeria a pena transbordar do Seu amor glorioso para aqueles que ainda haveriam de ser criados e que optariam 9
pela rebelião e total distanciamento Dele? Deus não sabia disso? Deus não sabia que haveríamos de pecar e que o resultado final de nosso pecado seria a morte, a separação total e eterna Dele? Porque, então, Ele nos criou? É justamente aqui que está a coisa mais gloriosa de todo o universo, de toda a criação. Sim, Deus sabia de nossa rebelião e sabia também das consequências de nossa rebelião. Porém, como diz a Escritura, Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que Nele crê, não pereça mas tenha a vida eterna. Aconteceu algo na eternidade! Aconteceu algo antes de todas as coisas existirem! Deus decidiu entregar a Sua vida por aqueles que ainda haveriam de ser criados e haveriam de se rebelar contra Ele. Deus decidiu entregar a Sua vida na pessoa de Seu Filho por todos nós. Antes de criar, Deus redimiu! Antes de Deus ter dito haja luz, Deus disse haja cruz! As Escrituras nos demonstram que houve um "sacrifício" na eternidade! Um Cordeiro entregou sua vida por nós antes mesmo de passarmos a existir. A Escritura diz que Cristo é o Cordeiro morto desde a fundação do mundo (Ap 13:8). Quando outrora apenas havia Deus em sua essência plena de amor relacional entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, ao decidir criar todas as coisas e, dentre elas, criar a raça humana à sua imagem e semelhança, o Deus Triúno já sabia de nossa rebelião e já sabia das consequências nossa rebelião. Devido ao Seu grande amor por nós, o Deus Triúno na pessoa do Filho decidiu entregar a Sua vida por aqueles que ainda haveriam de ser criados. Deus decidiu nos redimir dando a sua vida por nós. E foi por causa desse ato voluntário de entrega do Filho por nós feito na eternidade que o Pai estabeleceu o Filho como aquele por meio de quem todas as coisas haveriam de ser criadas ("pois Nele foram criadas todas as coisas no céu e na terra - Colossenses 1:13) e, por meio de quem, todas as coisas serão reconciliadas com Ele novamente na plenitude dos tempos (Ef 1:9-10) Todas as coisas vieram a existência pelo Filho, pois foi por meio do seu ato voluntário de entrega por nós feito na eternidade que o Pai 10
estabeleceu um propósito: reconciliar todas as coisas consigo. O Pai estabeleceu o Seu Filho como o Senhor absoluto de tudo o que há no universo até que seu Propósito de Reconciliação se cumpra. Assim, quando todo joelho se dobrar e toda língua confessar que Jesus Cristo é o Senhor para a glória de Deus Pai, o propósito eterno de Deus de reconciliar todas as coisas se cumprirá, pois o Filho há de devolver o Reino ao Pai para que todas as coisas estejam Nele novamente. Assim, é mediante Jesus que tudo existe! É mediante Jesus, o Filho Eterno de Deus, que a graça redentora se manifestou aos homens, e é por meio Dele que o Pai Eterno cumprirá seu propósito eterno de reconciliar todas as coisas novamente consigo! Isso nos ajuda a compreender os atos de Revelação Divina dados na história humana e, em especial, a partir do ambiente históricocultural do povo de Israel pois, é a partir desse cenário, que a Revelação Progressiva de Deus apontará para manifestação futura de Seu Messias. 11
Israel: Ambiente Histórico-Cultural da Revelação Especial de Deus aos Homens Entender o papel da nação de Israel dentro do Propósito Eterno de Deus é de fundamental importância para uma Teologia Bíblica consistente. Compreender seu chamado, sua escolha, sua vocação e sua missão nos ajudará a ter uma visão ampla, abrangente e completa de sua relevância no plano redentor de Deus para com a humanidade. A necessidade de uma abordagem teológica sólida, consistente e com plena coerência bíblica com relação a Israel faz-se necessário nos dias de hoje; muito mais quando vemos a proliferação louca e exacerbada de centenas de perspectivas cristãs a respeito do papel de Israel. Muitas destas perspectivas inconsistentes, incoerentes e irrelevantes, fazem ecoar suas vozes nos milhares de arraiais evangélicos de nosso país, gerando assim uma pobreza doutrinária e teológica, que muito prejudica a vida do rebanho do Senhor. Assim, sem uma Teologia Bíblica sólida, coerente, eficaz e relevante, jamais conseguiremos entender o papel de Israel em toda a sua história e em sua ação profética no mundo e, principalmente em seu lugar no propósito eterno de Deus. Compreender o papel de Israel no eterno propósito de Deus significa ter a Visão de Israel. Visão essa que não se relaciona em nada com a reprodução das formas e contornos do judaísmo. Que não se relaciona em nada com a judaização dos gentios das nações, como também não se preocupa em vestir a vida cristã com os rituais e práticas da religião judaica. A visão de Israel se relaciona ao entendimento da compreensão de que foi a partir dessa culturaa e sociedade que a promessa messiânica foi se desenvolvendo ao longo da história, tendo seu cumprimento na pessoa histórica de Jesus de Nazaré. A vinda do Messias, de acordo com a promessa do Pai dada nas Escrituras Sagradas do Antigo Testamento, estava condicionada ao 12
aspecto de sua humanidade. O Messias seria um homem, um descendente da mulher. Alguém que viria para restabelecer o equilibro cósmico da criação. Isto porque, foi ao homem que a autoridade sobre a criação fora dada, e, uma vez tendo-a perdido, somente o homem poderia restabelecê-la novamente; um homem sem pecado. Desde o Éden, a História da Redenção começou a ser desenvolvida na experiência humana. Ainda que a mesma tenha sido idealizada desde antes da fundação do mundo (Efésios 1:4), é a partir do Éden, que o plano redentor de Deus para com a humanidade começou a ser desenvolvido. Tal plano tinha como intuito a redenção e a restauração da humanidade ao projeto original de Deus. Trata-se da recriação do ser humano em Deus, por meio do Messias divino. A vinda do Messias, portanto, seria a vinda do homem perfeito que, mediante sua obra, reconciliaria os homens com Deus para viverem dentro do propósito (Isaías 53). Assim, o propósito eterno de Deus de ter uma família de filhos seria restabelecido por meio da ação do Messias. Se o Messias haveria de ser um homem, logo, ele viria de uma família, e tal família seria o substrato de uma sociedade, de uma nação. Esta família, esta sociedade e esta nação tornar-se-iam representantes legais do Messias que um dia viria para redimir e restaurar toda a humanidade. Assim, aprouve a Deus selecionar uma nação para que, por meio dela, uma família fosse constituída e o Messias pudesse nascer (Deuteronômio 7:6). Tal nação se tornaria um sinal vivo de Deus na terra, um farol que pudesse iluminar e apontar na direção de Deus e de sua promessa do Messias (Êxodo 19:5-6). E todos nós sabemos que uma nação é o resultado de um grande ajuntamento de famílias, e que uma família é o resultado do ajuntamento de aliança de indivíduos. Assim, para formar um povo, seria necessário formar famílias, e para se formar uma família seria necessário começar com um indivíduo. Assim, aprouve a Deus escolher um homem chamado Abrão para, a partir dele. constituir famílias, que se constituíram numa nação, para que, no devido tempo, a família do Messias pudesse trazê-lo ao mundo (Gênesis 12:1-3). 13
A escolha de Israel, na pessoa de Abraão, é nada mais do que um ato soberano da vontade divina em formar um povo distinto dos demais outros povos da terra, com uma identidade e caráter distintos para ser o sinal de Deus na terra. Assim, todos atos divinos de revelação dados na história e na cultura deste povo, comunicavam profeticamente elementos da Graça Redentora de Deus a ser manifestada na pessoa do Messias. Portanto, quando estudamos os mais diferenciados fatos ocorridos na história e na cultura de Israel, conseguimos enxergar sinalizações progressivas da revelação de Deus que teriam em Jesus Cristo o seu cumprimento futuro. Dentre tantos fatos ocorridos na história e na cultura de Israel, temos as Festas que o Senhor instituiu ao povo hebreu. Cada uma dessas festas originou-se a partir de fatos históricos vivenciados pelo povo, que passaram, a partir de então, a assimilá-los em sua cultura religiosa expressada por meio de suas celebrações anuais. Cada uma dessas Festas apontavam profeticamente para eventos futuros da redenção que Deus um dia haveria de revelar aos homens na pessoa do Messias Jesus de Nazaré. O entendimento do Contexto Histórico, dos Aspectos Culturais e da Mensagem Profética das Festas Bíblicas você encontrará no material "Compreendendo as Festas Bíblicas". Para tanto, acesse o site e adquirá AGORA esse conteúdo que enriquecerá seu nível de compreensão da mensagem das Sagradas Escrituras. Anderson Rezende março de 2015 14
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