RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. BEM DE FAMÍLIA. OFERECIMENTO EM HIPOTECA. RENÚNCIA À IMPENHORABILIDADE.

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Transcrição:

A C Ó R D Ã O (1ª Turma) RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO TRABALHISTA. BEM DE FAMÍLIA. OFERECIMENTO EM HIPOTECA. RENÚNCIA À IMPENHORABILIDADE. Em regra, são impenhoráveis os bens de família, ressalvados os imóveis dados em garantia hipotecária da dívida exequenda (art. 3º, V, da Lei nº 8.009/90). Assim, o oferecimento do imóvel residencial em hipoteca para garantia de dívidas da empresa não configura hipótese legal de renúncia do proprietário, em virtude da interpretação restritiva da lei especial, de ordem pública, que tem por escopo dar segurança à família. Dessa orientação divergiu o acórdão regional, em afronta aos arts. 5º, XXII, e 6º, da Constituição Federal. Precedentes do TST e STJ. Recurso de revista conhecido e provido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n TST-RR-126040-15.1999.5.10.0016, em que é Recorrente PEJOTA PROPAGANDA LTDA. e são Recorridos LUCIANO DANIEL MENDES e PAULO GADELHA VIANNA. Insatisfeito com a decisão monocrática da Presidência do TRT da 10ª Região que denegou seguimento ao recurso de revista na fase de execução, o sócio da executada interpõe agravo de instrumento. Houve apresentação de contraminuta ao agravo de instrumento. Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, conforme permissivo regimental. É o relatório. V O T O I - AGRAVO DE INSTRUMENTO 1. CONHECIMENTO Presentes os pressupostos genéricos de admissibilidade, CONHEÇO do agravo de instrumento.

2. MÉRITO EXECUÇÃO TRABALHISTA. BEM DE FAMÍLIA. OFERECIMENTO EM HIPOTECA. RENÚNCIA À IMPENHORABILIDADE Insatisfeito com a decisão monocrática da Presidência do TRT da 10ª Região que denegou seguimento ao recurso de revista na fase de execução, o sócio da executada interpõe agravo de instrumento. Renova os argumentos acerca da impenhorabilidade do bem de família, não afastada pelo oferecimento espontâneo em hipoteca como garantia de empréstimo, sob pena de violação dos arts. 1º, III, 6º e 226, 4º, da CF. Em face de precedente desta Corte Superior acerca da matéria em debate nos autos, entendo ser prudente prover o presente agravo, com a finalidade de prevenir violação dos arts. 5º, XXII, e 6º, da Constituição Federal, liberando o recurso de revista trancado na origem. Do exposto, configurada a hipótese prevista no art. 896, 2º, da CLT, DOU PROVIMENTO ao agravo de instrumento para determinar o julgamento do recurso de revista, observado o procedimento estabelecido na Resolução Administrativa nº 928/2003 deste Tribunal Superior. II - RECURSO DE REVISTA 1. CONHECIMENTO Presentes os pressupostos extrínsecos de admissibilidade, analiso os específicos de cabimento do recurso de revista. EXECUÇÃO TRABALHISTA. BEM DE FAMÍLIA. OFERECIMENTO EM HIPOTECA. RENÚNCIA À IMPENHORABILIDADE A 1ª Turma do TRT da 10ª Região, mediante o acórdão prolatado às fls. 1788-1793 (PDF), complementado pela decisão às fls. 1810-1813 (PDF), negou provimento ao agravo de petição interposto pelo sócio da executada, mantendo a penhora que recaiu sobre bem imóvel de sua propriedade, mediante os seguintes fundamentos, verbis:

Contudo, o Exmo. Juiz Revisor, João Luis Rocha Sampaio apresentou divergência de fundamentação, na qual foi acompanhado pelos demais membros desta egr. 1ª Turma, nos seguintes termos: "Acompanho o r. voto condutor. Apenas divirjo parcialmente quanto à fundamentação, isto no particular aspecto da comprovação de que o imóvel penhorado não constitui aquele da moradia do devedor e de sua família. Quanto a isso, diferentemente de sua Excelência, tenho a compreensão de que os elementos produzidos nos autos são suficientes para demonstrar que trata-se, sim, daquele onde o Executado reside. Basta destacar que há declaração do Síndico do Condomínio nesse sentido, recibos de contas diversas indicando-o como endereço residencial e, além disto, a própria certidão lavrada pelo Oficial de Justiça que realizou o ato de constrição, que também assim o identifica no auto de depósito. Creio que todos esses dados, convergentes que são, tornam inequívoco que o imóvel apreendido é mesmo aquele destinado à moradia do Agravante e de sua família. Apesar disso, afasto a impenhorabilidade pelo fato de o referido imóvel, como bem destacado pela eminente Relatora, ter sido dado em hipoteca para garantir dívidas da empresa titularizada pelo Recorrente, ato que implica, penso, na renúncia da proteção conferida pela Lei nº 8.009/1990. Mantenho, assim, a penhora e nego provimento ao agravo. O recorrente, insatisfeito, argumenta, em suma, que a Lei nº 8.009/90, que regulamenta as hipóteses de impenhorabilidade do bem de família, consagra princípio de ordem pública e trata-se de benefício irrenunciável, não afastada a impenhorabilidade pelo fato de o imóvel ter sido dado em garantia de empréstimo a pessoa jurídica, nos termos de precedente da SDI-2 do TST. Nesse sentido, aponta violação dos arts. 1º, III, 6º e 226, 4º, da CF. Ao exame. Cumpre registrar, de início que a admissibilidade do recurso de revista interposto de acórdão proferido em agravo de petição, na liquidação de sentença ou em processo incidente na execução, inclusive os embargos de terceiro, depende de demonstração inequívoca de violência direta à Constituição Federal (art. 896, 2º, da CLT e Súmula nº 266 do TST).

Inviável, portanto, se cogitar de violação de lei federal e dissenso pretoriano, sendo restrito o exame do recurso à demonstração de afronta da Constituição Federal- arts. 5º, XXII, e 6º. Como bem observa o recorrente, a redação da ementa confronta com os fundamentos do acórdão recorrido, o que poderia levar à conclusão equivocada. Isso porque a maioria do Colegiado Regional, vencida a Juíza Relatora quanto à fundamentação, acompanhou o voto proferido pelo Juiz Revisor, vindo a prevalecer o entendimento de que o imóvel penhorado é utilizado como residência do executado, fato, aliás, negado na ementa. A Turma Regional, todavia, decidiu manter a penhora, entendendo que o bem oferecido em hipoteca para garantir dívidas da empresa implica renúncia à impenhorabilidade conferida pela Lei nº 8.009/90. Encontram-se delimitadas, portanto, as seguintes premissas: a) o imóvel penhorado serve de residência do recorrente, portanto, impenhorável nos termos da Lei nº 8.009/90; b) o imóvel foi oferecido em hipoteca para garantir dívidas da empresa, gravame esse que o Tribunal a quo entendeu implicar renúncia à impenhorabilidade. Contra esse entendimento o recorrente se insurge, alegando que o ônus hipotecário não exclui a impenhorabilidade do bem de família, inexistindo renúncia à garantia legal. Razão lhe assiste, sendo inequívoco que se trata de questão de estrito direito, sem necessidade de revisão de fatos e provas. Dispõe o art. 1º da Lei nº 8.009/1990 - inalterada pelo novo Código Civil - que o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável, sendo essa garantia oponível em qualquer processo de execução, inclusive na esfera trabalhista, salvo nas hipóteses previstas nos arts. 3º e 4º, da citada Lei Federal. Com efeito, o art. 3º, V, da Lei nº 8.009 excluiu da impenhorabilidade na execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar.

Em outras palavras: são impenhoráveis os bens de família, ressalvados os imóveis dados em garantia hipotecária da dívida exequenda, conforme é pacífica a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, verbis: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO. ALEGAÇÃO DE IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA. HIPOTECA. 1.- É autorizada a penhora do bem de família quando dado em garantia hipotecária da dívida exequenda, uma vez que, nesse caso, há renúncia ao direito da impenhorabilidade do bem. 2.- Agravo Regimental improvido. (AgRg no Ag 1416196/RS, 3ª T., Rel. Min. Sidnei Beneti, DJe 18/09/2012). CIVIL. HIPOTECA. BEM DE FAMÍLIA. Se foi dado em garantia do débito sub judice, o imóvel perde a condição de bem de família, ainda que nele resida o devedor. Recurso especial conhecido e provido. (REsp 256.085/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, DJ 5.8.02); Agravo regimental. Recurso especial não admitido. Impenhorabilidade. Bem de família. Execução hipotecária. Precedentes da Corte. 1. São impenhoráveis os bens de família, ressalvados os imóveis dados em garantia hipotecária da dívida exeqüenda. Artigo 3º, V, da Lei nº 8.009/90. 2. Agravo regimental desprovido. (AgRg no Ag 437.447/GO, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, DJ 25.11.02). É, pois, forçoso reconhecer que, em regra, são impenhoráveis os bens de família, ressalvados os imóveis dados em garantia hipotecária da dívida exequenda (art. 3º, V, da Lei nº 8.009/90). Assim, o oferecimento do imóvel residencial em hipoteca para garantia de dívidas da empresa não configura hipótese legal de renúncia do proprietário, em virtude da interpretação restritiva da lei especial, de ordem pública, que tem como escopo dar segurança à família. Logo, o imóvel residencial do recorrente é impenhorável e, portanto, não responde pela dívida trabalhista, sob pena de negar-se vigência aos arts. 5º, XXII, e 6º da Constituição Federal, que asseguram o direito à propriedade e à moradia. A matéria em discussão já foi objeto de decisão da e. SDI-2 desta Corte Superior, nos autos de ação rescisória, concluindo que o reconhecimento judicial de renúncia à

impenhorabilidade, em situação análoga à dos autos, viola o disposto no art. 3º, V, da Lei nº 8.009/90, verbis: RECURSO ORDINÁRIO EM AÇÃO RESCISÓRIA. I. IMPENHORABILIDADEDE BEM DE FAMÍLIA. LEI Nº 8.009/90. 1. OFENSA AO ART. 6º DA CARTA MAGNA. AUSÊNCIA DE APRECIAÇÃO NA DECISÃO RESCINDENDA. Embora a rescisória não se equipare a recurso de índole extraordinária, inaugurando, em verdade, nova fase de conhecimento, necessário será, em se evocando vulneração legal, que, no processo de origem e, em consequência, na decisão atacada, o tema correspondente seja manejado. Do contrário, agora com ofensa ao disposto no art. 474 do CPC, estar-se-ia repetindo a primeira ação, sob novo ângulo. É necessária a efetiva apreciação, na decisão rescindenda, do conteúdo da norma tida por vulnerada (Súmula 298, II), de forma a autorizar o corte rescisório, o que não ocorreu. 2. VIOLAÇÃO LITERAL DOS ARTS. 1º, -CAPUT- E PARÁGRAFO ÚNICO, E 5º DA LEI Nº 8.009/90. NÃO CONFIGURAÇÃO. O Regional, no acórdão rescindendo, não afastou o enquadramento do bem imóvel penhorado nas disposições dos arts. 1º, -caput- e parágrafo único, e 5º da Lei nº 8.009/90, assim não se caracterizando as violações legais indicadas. 3. OFENSA AO ART. 3º, -CAPUT- E INCISOS I A VII, DA LEI Nº 8.009/90. CARACTERIZAÇÃO. 3.1. Decisão rescindenda mediante a qual o TRT, a despeito de reconhecer o enquadramento do imóvel objeto de constrição judicial nas disposições do art. 1º da Lei nº 8.009/90, afastou a impenhorabilidade arguida, sob o fundamento da ocorrência de renúncia à impenhorabilidade, em face do oferecimento do bem em hipoteca, pela esposa do autor, como garantia de dívida de menor privilégio, contraída pela empresa executada, na qual ela figura como sócia, juntamente com o filho do casal, situação apta a permitir a constrição judicial para garantir créditos trabalhistas, de natureza privilegiada. 3.2. O inciso V do art. 3º da Lei nº 8.009/90 encerra hipótese em que o imóvel residencial é livremente ofertado em hipoteca, sujeitando-se à penhora para satisfação da dívida contraída. No contexto legalmente estabelecido, a impenhorabilidade não pode ser oposta em face do próprio credor hipotecário, e não, como entendeu o TRT, no acórdão rescindendo, perante outros credores, ainda que detentores de créditos de natureza privilegiada, não especificados entre as exceções taxativamente estabelecidas na Lei nº 8.009/90. 3.3. Ofensa ao art. 3º, -caput- e incisos I a VII, da Lei nº 8.009/90 caracterizada. II. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INTUITO PROTELATÓRIO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Não evidenciado o intuito manifestamente protelatório no manejo de embargos de declaração, impositiva a exclusão da multa prevista no art. 538, parágrafo único, do CPC. Recurso ordinário conhecido e provido. Processo: RO - 83100-48.2007.5.12.0000, Data de Julgamento: 19/04/2011, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 13/05/2011. Resulta inequívoco, portanto, que a Corte Regional adotou entendimento dissonante da jurisprudência do TST e do STJ acerca da matéria em discussão. Com apoio nesses fundamentos, CONHEÇO do recurso de revista por violação dos arts. 5º, XXII, e 6º, da Constituição Federal. 2. MÉRITO

Conhecido o recurso de revista por violação dos arts. 5º, XXII, e 6º, da Constituição Federal, em face da impenhorabilidade do bem de família, DOU-LHE PROVIMENTO para, reformando o acórdão regional, desconstituir a penhora efetivada na execução trabalhista sobre o imóvel de propriedade do recorrente, e determinar seu levantamento. ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do agravo de instrumento e, no mérito, dar-lhe provimento para determinar o julgamento do recurso de revista. Acordam, ainda por unanimidade, julgando o recurso de revista, na forma do art. 897, 7º, da CLT, dele conhecer, por violação dos arts. 5º, XXII, e 6º, da Constituição Federal, e, no mérito, dar-lhe provimento para, reformando o acórdão regional, desconstituir a penhora efetivada na execução trabalhista sobre o imóvel de propriedade do recorrente, e determinar seu levantamento. Brasília, 07 de novembro de 2012. Firmado por assinatura digital (Lei nº 11.419/2006) Walmir Oliveira da Costa Ministro Relator fls. PROCESSO Nº TST-RR-126040-15.1999.5.10.0016