Efeito do uso de MAP revestido com polímeros de liberação gradual em teores de nitrogênio e fósforo foliares na cultura do milho. É. A. S 1. Borges, F. B. Agostinho 1, W. S. Rezende 1, 2 F. E. Santos, 3 A. A. Silva e 4 R. M. Q. Lana 1 Bolsista PET Agronomia Universidade Federal de Uberlândia, Bairro Umuarama, Uberlândia, MG, CEP 38400-015, Uberlândia MG,; 2 Graduando em Agronomia da UFU, ; 3 Professora Adjunta da UFU, 4 Professora Titular da UFU Endereços: flavinha_agostinho@hotmail.com; erico_asb@hotmail.com; endin.rezende@gmail.com francisender@hotmail.com; adriane@iciag.ufu.br; rmqlana@iciag.ufu.br Palavras-chave: MAP, polímeros, fósforo, nitrogênio, foliar INTRODUÇÃO A cultura do milho destaca-se pela sua alta capacidade de absorção de fósforo, nutriente este essencial para o desenvolvimento adequado da planta. Porém, devido ao alto poder de fixação do fósforo no solo a sua biodisponibilidade é reduzida significativamente, o que prejudica o crescimento regular da planta. Isto se agrava nas condições de cerrado, onde ocorre maior processo de intemperização do solo, o que leva a uma baixa fertilidade e acidez moderada. Assim, a busca por soluções que amenizem a fixação do fósforo no solo por meio de liberação gradual é constante. Concomitantemente a essa preocupação está a perda de nitrogênio, que se dá pela lixiviação do fertilizante, sendo fósforo (P) e nitrogênio (N) os nutrientes com maiores perdas no sistema solo-planta. Mesmo que o parcelamento da aplicação amenize este problema, esta forma de aplicação aumenta os custos de produção. As tecnologias recentes trabalham sobre processos de liberação gradual dos nutrientes, de forma que estes sejam disponibilizados de acordo com a marcha gradual de absorção da cultura, amenizando as perdas por lixiviação e fixação ao solo, aumentando a eficiência das fontes aplicadas. Assim, surgiu como alternativa o encapsulamento das fontes solúveis por meio de polímeros, que já se consolidou no mercado. Os fertilizantes que têm o N nas formas amoniacais e amídica (como no caso do MAP) são rapidamente mineralizados no solo, entretanto, com menores perdas por lixiviação. Esses fertilizantes, por outro lado, causam a acidificação dos solos, o que requer maiores gastos com a calagem utilizada para correção da acidez do solo e reposição do cálcio e magnésio às plantas. (MALAVOLTA et al., 1974; RAIJ, 1991). O fósforo por ser altamente fixado nos solos do cerrado, em que pesquisas já confirmam que em média de todo o fósforo aplicado somente 30% fica disponível para as culturas e o nitrogênio pela sua alta volatilização e lixiviação. O mesmo comportamento é esperado para a uréia encapsulada, esse revestimento reduz a superfície de contato com o solo diminuindo a lixiviação e volatilização, uma vez que o fertilizante encontra-se revestido, ou seja, protegido pelo polímero. Resultados positivos poderão ser obtidos com o uso desta técnica, porém deve-se sempre lembrar que a qualidade dos fertilizantes, as características do solo, época de aplicação, forma de aplicação ou localização e uniformidade de aplicação do fertilizante, são fatores que associados à umidade do solo, espécie vegetal cultivada e manejo da lavoura 359
interferem na eficiência da adubação, podendo ocasionar perdas de nutrientes e consequente desperdício de recursos financeiros. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da adubação fosfatada com MAP encapsulados nos teores de nitrogênio e fósforo foliares na cultura do milho. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em casa de vegetação na Universidade Federal de Uberlândia, em Uberlândia MG, com duração de 45 dias. A semeadura ocorreu no dia 30 de setembro de 2009 utilizando-se a variedade de milho DKB 390. O delineamento utilizado foi de blocos casualizados com três repetições, em esquema fatorial 5 X 3 (5 doses, 3 fontes de MAP), sendo que cada parcela foi constituída de um vaso de 3 Kg de solo com 2 plantas. O solo utilizado foi um Latossolo Amarelo ácrico típico, na fase cerrado tropical subcadosifólio com horizonte A moderado, relevo plano, textura muito argilosa (121 g kg -1 de areia grossa, 69 g kg -1 de areia fina, 24 g kg -1 de silte e 806 g kg -1 de argila) cujas características químicas encontram-se na Tabela 1. Observa-se que este solo apresenta média disponibilidade natural de fósforo, o que é importante para observar os processos de disponibilização de fósforo com interferência das reservas do solo. Tabela 1 Características químicas do solo utilizado ph H 2 O P K Ca Mg Al H+Al M.O ---1: 2,5--- ----mg dm -3 --- ---------------cmol c dm -3 ------------- dag kg -1 5,2 9,5 34 0,4 0,1 0,4 4,3 2,6 Argila Silte Areia fina Areia Grossa B Mn Zn ---------------------------g kg -1 ----------------------- mg dm -3 806 24 69 121 0,12 1,2 0,4 Foi feita uma adubação em todos os vasos com 1,66 g/vaso de cloreto de potássio (KCl) e 2,22 g/vaso de sulfato de amônio ((NH 4 ) 2 SO 4 ). A determinação do número de sementes por vaso foi calculada considerando uma densidade igual a 90.000 plantas por hectare, equivalendo a duas plantas por vaso, sendo que para isto, foi feito um desbaste após a emergência das sementes. As fontes de fósforo aplicadas foram MAP convencional, sem tratamento com polímero; MAP revestido com um polímero de liberação gradual, PHOSMAX; e MAP encapsulado com três polímeros, KIM COAT. Estas fontes não possuíam variação na concentração de P 2 O 5, tendo 59% do mesmo solúvel em CNA + H 2 O. Além das diferentes fontes de fósforo, variaram-se também as dosagens aplicadas. Essas consistiram na aplicação do equivalente a 40, 80, 120 e 160 kg ha -1 de P 2 O 5 das diferentes fontes citadas anteriormente sem a realização da incorporação ao solo. Assim, os tratamentos foram como os descritos na tabela 2. 360
Tabela 2. Composição dos tratamentos Tratamentos: T1 Testemunha (Sem adubação fosfatada) T2 40 kg ha -1 de MAP convencional T3 80 kg ha -1 de MAP convencional T4 120 kg ha -1 de MAP convencional T5 160 kg ha -1 de MAP convencional T6 40 kg ha -1 de MAP revestido com um polímero (PHOSMAX) T7 80 kg ha -1 de MAP revestido com um polímero (PHOSMAX) T8 120 kg ha -1 de MAP revestido com um polímero (PHOSMAX) T9 160 kg ha -1 de MAP revestido com um polímero (PHOSMAX) T10 40 kg ha -1 de MAP encapsulado com três polímeros (KIM COAT LGP) T11 80 kg ha -1 de MAP encapsulado com três polímeros (KIM COAT LGP) T12 120 kg ha -1 de MAP encapsulado com três polímeros (KIM COAT LGP) T13 160 kg ha -1 de MAP encapsulado com três polímeros (KIM COAT LGP) Foram realizadas análises foliares de fósforo e nitrogênio na forma de concentração e conteúdo, este último calculado em função da matéria seca. RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se que não houve diferença significativa na concentração de nitrogênio foliar em todas as fontes avaliadas quando variada as doses, com exceção da dose de 40 kg ha - 1, a qual apresentou o menor teor. Em todos os resultados de teores de nitrogênio foliares, inclusive no tratamento controle, a concentração observada estava dentro da faixa de suficiência testada e proposta por Martinez, et all. (1999) que é de 27,5 a 32,5 g kg -1 de N. Analisando os efeitos das fontes sobre o teor de N foliar notou-se que o KIM COAT promoveu menor liberação de fósforo para o milho em relação às demais fontes, já a análise das doses aplicadas há um incremento de acordo com o aumento destas (tabela 3). Tabela 3. Resultados da análise de nitrogênio foliar N foliar (g/kg) 0 31,9 aa 31,9 aa 31,9 aa 31,9 A 40 26,03 ab 23 bc 27,77 ab 25,6 C 80 30,7 aa 28,4 aab 29,57 aab 29,56 B 120 30,1 aa 31,7 aab 31,37 aa 31,06 AB 160 32,4 aa 28,33 bb 32,4 aa 31,04 AB 361
Média 30,23 a 28,67 b 30,6 a CV % 4,81 Em relação a fósforo foliar detectou-se que não houve interação entre as doses e fontes de MAP utilizadas, assim, as melhores doses independentemente do fosfato utilizado foi 120 e 160 kg ha -1. Já em relação a fonte, o Phosmax apresentou-se como fonte que mias forneceu teor de fósforo para as plantas, em média, esta fonte foi a única a atender a faixa de suficiência proposta por Martinez (1999) de 2,5 a 3,5g kg -1. A fonte polimerizada KIM COAT não demonstrou diferença significativa em relação ao MAP convencional (tabela 4). Tabela 4. Resultados da análise de fósforo foliar P foliar (g/kg) 0 1,1 ab 1,1 ab 1,1 ac 1,1 D 40 1,43 aab 1,27 ab 1,67 abc 1,46 CD 80 1,92 aab 1,83 aab 2,47 aab 2,07 BC 120 2,7 aa 3 aa 3,23 aa 2,98 A 160 2,6 ba 2,1 bab 3,7 aa 2,8 AB Média 1,95 b 1,86 b 2,43 a CV % 25,07 Avaliando-se o conteúdo de N (tabela 5) e conteúdo de P (tabela 6), os quais são calculados com relação à matéria seca, observou-se que ambas as fontes promoveram um incremento de nutrientes em relação a testemunha, sendo de 62% no conteúdo de N e chegando a 4 quatro vezes mais no conteúdo de fósforo. Este comportamento confirma a eficiência do MAP como fonte tanto de nitrogênio quanto de fósforo para o milho. Já a alteração da fonte não implicou em diferenças significativas nos parâmetros avaliados. Tabela 5. Resultados da análise do conteúdo de nitrogênio Conteúdo N (g/kg de MS) 0 0,4 ab 0,4 ab 0,4 ac 0,4 C 40 0,7 aa 0,66 aab 0,7 aab 0,69 AB 80 0,82 aa 0,84 aa 0,79 aa 0,82 A 120 0,77 aa 0,87 aa 0,79 aa 0,81 AB 160 0,8 aa 0,74 aa 0,44 bbc 0,66 B Média 0,7 a 0,7 a 0,62 a CV % 16,35 362
Tabela 6. Resultados da análise do conteúdo de fósforo Conteúdo P (g/kg de MS) 0 0,01 ab 0,01 ab 0,01 ab 0,01 C 40 0,037 aab 0,037 aab 0,043 aab 0,039 BC 80 0,05 aab 0,05 aab 0,06 aab 0,056 AB 120 0,07 aa 0,083 aa 0,087 aa 0,08 A 160 0,06 aab 0,05 aab 0,05 aab 0,056 AB Média 0,04 a 0,04 a 0,05 a CV % 45,65 CONCLUSÃO Portanto, infere-se que as fontes polimerizadas não apresentam vantagens quanto ao conteúdo de fósforo e nitrogênio, porém, a utilização de qualquer forma de MAP avaliado mostrou-se essencial para o desenvolvimento do milho, exceto no parâmetro nitrogênio foliar. Em geral as fontes polimerizadas foram equivalentes ao MAP convencional não demonstrando maior eficiência nem redução na disponibilidade de nutrientes em função do revestimento aplicado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MALAVOLTA, E.; HAAG, H. P.; MELLO, F. A. F.; BRASIL SOBRINHO, M. O. C. Nutrição Mineral e Adubação de Plantas Cultivadas. São Paulo. Livraria Pioneira Editora, 1974, 752 p. MARTINEZ, H.E.P.; CARVALHO, J.G.; SOUZA, R.B. Diagnose foliar. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Eds.). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais - 5ª Aproximação. Viçosa: Comissãode Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, 1999. RAIJ, B. van. Fertilidade do Solo e Adubação. Piracicaba: Editora Agronômica Ceres/Potafós, 1991, 343 p. 363