AMORIS LÆTITIA. Cap. IX ESPIRITUALIDADE CONJUGAL E FAMILIAR

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Transcrição:

AMORIS LÆTITIA CAP. VIII ACOMPANHAR, DISCERNIR E INTEGRAR A FRAGILIDADE Cap. IX ESPIRITUALIDADE CONJUGAL E FAMILIAR +João Carlos Petrini - Bispo de Camaçari - Presidente do Regional NE3 Diretor da Seção brasileira do Pont. Inst. João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família

ACOMPANHAR, DISCERNIR E INTEGRAR 291. Embora a Igreja reconheça que toda a ruptura do vínculo matrimonial «é contra a vontade de Deus, está consciente também da fragilidade de muitos dos seus filhos». «por isso, dirige-se com amor àqueles que participam na sua vida de modo incompleto, reconhecendo que a graça de Deus também atua nas suas vidas.

ACOMPANHAR, DISCERNIR E INTEGRAR 292. O matrimônio cristão, reflexo da união entre Cristo e a sua Igreja, realiza-se plenamente na união entre um homem e uma mulher, que se doam reciprocamente com um amor exclusivo e livre fidelidade, se pertencem até à morte e abrem à transmissão da vida, consagrados pelo sacramento que lhes confere a graça para se constituírem como igreja doméstica e serem fermento de vida nova para a sociedade. Algumas formas de união contradizem radicalmente este ideal.

A GRADUALIDADE NA PASTORAL 293. NO CASO DO matrimônio apenas civil, ou mesmo, da mera convivência: «quando a união atinge uma notável estabilidade,... responsabilidade para com a prole, capacidade de superar as provas, pode ser ocasião a acompanhar na sua evolução para o sacramento». São João Paulo II propunha a chamada «lei da gradualidade» (295)

O DISCERNIMENTO DAS SITUAÇÕES CHAMADAS «IRREGULARES» O caminho da Igreja é o de não condenar eternamente ninguém; derramar a misericórdia de Deus sobre todas as pessoas.... evitar juízos. 297. Trata-se de integrar a todos, deve-se ajudar cada um a encontrar a sua própria maneira de participar na comunidade eclesial, para que se sinta objeto duma misericórdia «imerecida, incondicional e gratuita». Ninguém pode ser condenado para sempre,... pode haver alguma maneira de participar na vida da comunidade, quer em tarefas sociais, quer em reuniões de oração, quer na forma que lhe possa sugerir a sua própria iniciativa discernida juntamente com o pastor.

OS DIVORCIADOS QUE VIVEM NUMA NOVA UNIÃO 298. Uma coisa é uma segunda união consolidada no tempo, com novos filhos, com fidelidade comprovada, dedicação generosa, compromisso cristão, consciência da irregularidade da sua situação e grande dificuldade para voltar atrás sem sentir, em consciência, que se cairia em novas culpas. Há também o caso daqueles que fizeram grandes esforços para salvar o primeiro matrimônio e sofreram um abandono injusto, ou o caso daqueles que «contraíram uma segunda união em vista da educação dos filhos. Coisa diferente, porém, é uma nova união que vem dum divórcio recente.

OS DIVORCIADOS QUE VIVEM NUMA NOVA UNIÃO 299. «Os batizados que se divorciaram e voltaram a casar civilmente devem ser mais integrados na comunidade cristã sob as diferentes formas possíveis, evitando toda a ocasião de escândalo. A lógica da integração é a chave do seu acompanhamento pastoral, para saberem que não só pertencem ao Corpo de Cristo que é a Igreja, mas podem também ter disso uma experiência feliz e fecunda. São batizados, são irmãos e irmãs, o Espírito Santo derrama neles dons e carismas para o bem de todos. A sua participação pode exprimir-se em diferentes serviços eclesiais, sendo necessário, por isso, discernir quais formas de exclusão atualmente praticadas podem ser superadas. Não só não devem sentir-se excomungados, mas podem viver e maturar como membros vivos da Igreja.

OS DIVORCIADOS QUE VIVEM NUMA NOVA UNIÃO 300. Não se devia esperar do Sínodo ou desta Exortação uma nova normativa geral de tipo canônico, aplicável a todos os casos. É possível apenas um novo encorajamento a um responsável discernimento pessoal e pastoral dos casos particulares. Os sacerdotes têm o dever de «acompanhar as pessoas interessadas pelo caminho do discernimento segundo a doutrina da Igreja e as orientações do bispo. Uma reflexão sincera pode fortalecer a confiança na misericórdia de Deus, que a ninguém deve ser recusada. Trata-se de um itinerário de acompanhamento e discernimento que orienta estes fiis para a tomada de consciência da sua situação perante Deus.

O DISCERNIMENTO DAS SITUAÇÕES CHAMADAS «IRREGULARES» O diálogo com o sacerdote, no foro interno, concorre para a formação de um juízo correto sobre aquilo que impede a possíbilidade de uma participação mais plena na vida da Igreja e sobre os passos que podem favorecê-la e levá-la a crescer. Este discernimento nunca poderá prescindir da verdade e da caridade do Evangelho propostas pela Igreja.

O DISCERNIMENTO DAS SITUAÇÕES CHAMADAS «IRREGULARES» Estas atitudes são fundamentais para evitar o grave risco de mensagens equivocadas, como a ideia de que algum sacerdote pode conceder rapidamente «exceções», ou de que há pessoas que podem obter privilégios sacramentais em troca de favores. Quando uma pessoa responsável e discreta se encontra com um pastor que sabe reconhecer a seriedade da questão evita-se o risco de que um certo discernimento leve a pensar que a Igreja sustnte uma moral dupla.

AS CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES NO DISCERNIMENTO PASTORAL 301. É POSSÍVEL E NECESSÁRIO UM DISCERNIMENTO ESPECIAL EM ALGUMAS SITUAÇÕES IRREGULARES COM O CUIDADO PARA NUCA SE PENSAR QUE SE PRETENDE DIMINUIR AS EXIGÊNCIAS DO EVANGELHO. NÃO É POSSÍVEL DIZER QUE TODOS OS QUE ESTÃO EM UMA SITUAÇÃO CHAMADA IRREGULAR VIVEM EM ESTADO DE PECADO MORTAL, PRIVADOS DA GRAÇA SANTIFICANTE. 302. O Catecismo da Igreja Católica exprime-se de maneira categórica: «A imputabilidade e responsabilidade dum ato podem ser diminuídas, e até anuladas, pela ignorância, a inadvertência, a violência, o medo, os hábitos, as afeições desordenadas e outros fatores psíquicos ou sociais». Um juízo negativo sobre uma situação objetiva não implica um juízo sobre a imputabilidade ou a culpabilidade da pessoa envolvida.

O DISCERNIMENTO DAS SITUAÇÕES CHAMADAS «IRREGULARES» 303. Devemos incentivar o amadurecimento de uma consciência esclarecida, formada e acompanhada pelo discernimento responsável e sério do pastor, e propor ua confiança cada vez maior na graça.

AS NORMAS DO DISCERNIMENTO 305. Um pastor não pode sentir-se satisfeito apenas aplicando leis morais àqueles que vivem em situações «irregulares», como se fossem pedras que se atiram contra a vida das pessoas. Por causa dos fatores atenuantes, é possível que uma pessoa, no meio duma situação objetiva de pecado mas subjetivamente não seja culpável ou não o seja plenamente, possa viver em graça de Deus, possa amar e possa também crescer na vida de graça e de caridade, recebendo para isso a ajuda da Igreja.

NOTA DE RODAPÉ 351 Em certos casos, poderia haver também a ajuda dos sacramentos. Por isso, aos sacerdotes lembro que o confessionário não deve ser ua câmara de tortura, mas o lugar da misericórdia do Senhor (EG 44). E de igual modo assinalo que a Eucaristia não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos (EG 47).

A LÓGICA DA MISERICÓRDIA PASTORAL 307. Para evitar qualquer interpretação tendenciosa, lembro que, de modo algum, deve a Igreja renunciar a propor o ideal pleno do matrimônio, o projeto de Deus em toda a sua grandeza. A compreensão pelas situações excepcionais não implica jamais esconder a luz do ideal mais pleno, nem propor menos de quanto Jesus oferece ao ser humano. Hoje, mais importante do que uma pastoral dos fracassados é o esforço pastoral para consolidar os matrimônios e assim evitar rupturas.

A LÓGICA DA MISERICÓRDIA PASTORAL 308. Todavia, sem diminuir o valor do ideal evangélico, é preciso acompanhar com misericórdia e paciência as possíveis etapas de crescimento das pessoas, que se vão construindo dia após dia, dando lugar à misericórdia do Senhor que nos incentiva a praticar o bem possível. 309. Ano Jubilar dedicado à Misericórdia. Também diante das mais diversas situações que afetam a família, a Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus, coração pulsante do Evangelho, que por meio dela deve chegar ao coração e à mente de cada pessoa.

A LÓGICA DA MISERICÓRDIA PASTORAL 310. A misericórdia não é apenas o agir do Pai, mas o critério para entender quem são os seus verdadeiros filhos. A arquitrave que suporta a vida da Igreja é a misericórdia. Toda a sua ação pastoral devia estar envolvida pela ternura com que se dirige aos crentes. Às vezes agimos como controladores da graça e não como facilitadores. Mas a Igreja não é uma alfândega; é a casa paterna, onde há lugar para todos com a sua vida fadigosa.

A LÓGICA DA MISERICÓRDIA PASTORAL Convido os fieis, que vivem situações complexas, a aproximar-se com confiança para falar com os seus pastores. E convido os pastores a escutar, com carisnho e serenidade, com o desejo sincero de entrar no coração do drama das pessoas e compreender o seu ponto de vista, para ajudá-las a viver melhor e reconhecer o seu lugar na Igreja.

Cap. IX ESPIRITUALIDADE CONJUGAL E FAMILIAR 314. Hoje podemos dizer que a Trindade está presente no templo da comunhão matrimonial. 315. A presença do Senhor habita na família real e concreta, com todos os seus sofrimentos, lutas, alegrias e propósitos diários. A espiritualidade matrimonial é uma espiritualidade do vínculo habitado pelo amor divino. 316. A comunhão familiar bem vivida é um verdadeiro caminho de santificação na vida ordinária e de crescimento místico, um meio para a união íntima com Deus.

Cap. IX ESPIRITUALIDADE CONJUGAL E FAMILIAR 317. Se a família consegue concentrar-se em Cristo, Ele unifica e ilumina toda a vida familiar. Os sofrimentos e os problemas são vividos em comunhão com a Cruz do Senhor e, abraçados a Ele, podem suportar os piores momentos. Por outro lado, os momentos de alegria, o descanso ou a festa, e mesmo a sexualidade são sentidos como uma participação na vida plena da sua Ressurreição. 318. A oração em família. Jesus bate à porta da família, para partilhar com ela a Ceia Eucarística (cf. Ap 3, 20). Aqui, os esposos podem voltar incessantemente a selar a aliança pascal que os uniu e reflete a Aliança que Deus selou conosco na Cruz.

Cap. IX ESPIRITUALIDADE CONJUGAL E FAMILIAR 319. No matrimônio, vive-se também o sentido de pertencer completamente a uma única pessoa. Os esposos assumem o desafio e o anseio de envelhecer juntos, e assim refletem a fidelidade de Deus. Quem não se decide a amar para sempre, e difícil que possa amar deveras um só dia (JPII). 320. Ninguém pode pretender possuir a intimidade mais pessoal e secreta da pessoa amada, e só Ele pode ocupar o centro da sua vida.

Cap. IX ESPIRITUALIDADE CONJUGAL E FAMILIAR 320. O princípio do realismo espiritual faz com que o cônjuge não pretenda que o outro satisfaça completamente as suas exigências. É preciso que o caminho espiritual de cada um como justamente indicava Dietrich Bonhoeffer o ajude a «desiludirse» do outro, a deixar de esperar dessa pessoa aquilo que é próprio apenas do amor de Deus. Isto exige um despojamento interior.

Espiritualidade Da Solicitude Da Consolação E Do Estímulo 323. É uma experiência espiritual profunda contemplar cada ente querido com os olhos de Deus e reconhecer Cristo nele. Isto exige uma disponibilidade gratuita que permita apreciar a sua dignidade. A ternura é capaz de suscitar no outro a alegria de sentir-se amado. Ela exprime-se de modo particular prestando atenção delicada aos limites do outro, especialmente quando eles sobressaem de maneira evidente.

Espiritualidade Da Solicitude Da Consolação E Do Estímulo 324. Sob o impulso do Espírito, o núcleo familiar não só acolhe a vida gerando-a no próprio seio, mas abre-se também, sai de si para derramar o seu bem nos outros, para cuidar deles e procurar a sua felicidade. Esta abertura exprime-se na de modo especial na hospitalidade. A família vive a sua espiritualidade própria, sendo ao mesmo tempo uma igreja doméstica e uma célula viva para transformar o mundo. 325. Todos somos chamados a manter viva a tensão para algo mais além de nós mesmos e dos nossos limites, e cada família deve viver neste estímulo constante.

Oração à Sagrada Família Jesus, Maria e José // em vós contemplamos // O esplendor do verdadeiro amor // confiantes a vós nos consagramos // Sagrada Família de Nazaré, // Tornai também as nossas famílias // lugares de comunhão e cenáculo de oração // autênticas escolas do Evangelho // e pequenas Igrejas domésticas // Sagrada Família de Nazaré // que nunca mais haja nas famílias // episódios de violência e divisão // e quem tiver sido ferido ou escandalizado // seja rapidamente curado// Sagrada família de Nazaré // fazei que todos nos tornemos conscientes // do crater sagrado e inviolável da família // da sua beleza no projeto de Deus. // Jesus, Maria e José, // ouvi-nos e acolhei a nossa súplica. // Amém