Critérios genéricos de ponderação para a definição do regime de exercício de funções dos elementos da comissão restrita

Documentos relacionados
Entidades sinalizadoras por distrito

PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO ENTRE O MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA SOLIDARIEDADE SOCIAL E O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Relatório de Avaliação da Actividade das CPCJ

COMISSÃO DE PROTECÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS DE PENICHE

CPCJ Matosinhos Relatório de Actividades / 04 /2009 CPCJ Matosinhos Relatório Actividades

Relatório de Avaliação da Actividade das CPCJ

3. Intervenção das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens

COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS DO CONCELHO DE MONDIM DE BASTO

Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Peniche

Dados descritivos da actividade da CPCJ de Silves de 2007

Criadas em LPP 147/99, de 1 de Setembro (alterações Lei 142/2015 de 8 de setembro ) Instituições oficiais não judiciárias

Quadro 1: Listagem dos instrumentos de recolha de informação por Comissão de Protecção

TIPOLOGIA DAS SITUAÇÕES DE PERIGO PARA A CRIANÇA/JOVEM

Estudo de Diagnóstico e Avaliação das Comissões de Protecção de Crianças e Jovens

Relatório de Atividades

REGULAMENTO INTERNO. Capítulo I. Disposições Gerais. Artigo 1º Objeto

SITUAÇÕES DE PERIGO Ministério da Saúde Direcção-Geral da Saúde

Relatório Atividades Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Matosinhos

Atividade da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Cascais

Relatório de Avaliação da Atividade das Comissões de Proteção de Crianças e Jovens

2.6. Grupos em Situação de Vulnerabilidade

CPCJ de Peniche. Relatório Anual de Actividades

MUNICÍPIO DE AZAMBUJA REGULAMENTO DO SERVIÇO MUNICIPAL DE PROTECÇÃO CIVIL

PROJECTO DE RESOLUÇÃO N.º 103/VIII

Sumário. 1 ) Lei n.º 147/99 de 1 de Setembro. 2) Análise e caracterização dos processos instaurados em ) Constrangimentos e mais valias

CPCJ,ESCOLA,FAMÍLIA: JUNTAS PELAS CRIANÇAS. Representante do MEC : Marias das Neves Morais

Proposta de Criação da Qualificação do Técnico/a de Apoio Psicossocial

Capítulo I Disposições Gerais. Artigo 1º. Artigo 2º Natureza. Artigo 3º Competência Territorial. Capítulo II

Comissão de Proteção de Crianças e Jovens Matosinhos

Relatório da Atividade Processual de 2013

ACES/CS, Hospitais Núcleos de Apoio a Crianças e Jovens em Risco

Relatório Anual de Atividades. CPCJ Matosinhos

LEGISLAÇÃO IMPORTANTE

REGULAMENTO DE ESCALAS PARA ACTOS URGENTES NO ÂMBITO DAS COMARCAS JUNTO DAS DELEGAÇÕES DA ÁREA GEOGRÁFICA DO CONSELHO DISTRITAL DE LISBOA

PLANO ANUAL DE ACTIVIDADES DA COMISSÃO DE PROTECÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS DO BARREIRO ANO 2009

PLANO DE ATIVIDADES 2016

PROJETO DE RESOLUÇÃO REGIME JURÍDICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E DO APOIO EDUCATIVO

Administração Regional de Saúde do Alentejo, IP. Coordenação Regional. «Ação de Saúde de Crianças e Jovens em Risco»

Política de Seleção e Avaliação da Adequação dos Membros dos Órgãos de Administração e de Fiscalização e dos Titulares de Cargos com Funções

Equipa de Apoio à Integração Escolar

Política de Seleção e Avaliação da Adequação dos Membros dos Órgãos de Administração e de Fiscalização e dos Titulares de Cargos com Funções

Regulamento de Estágios Curso de Ciências da Comunicação Escola Superior de Educação da Universidade do Algarve. Art.º 1.º Âmbito

Centro Comunitário...1. Índice...1. Centro Comunitário...3. Capítulo I...3. O Estabelecimento: Natureza e Objectivos...3

Comissão de Protecção de Crianças as e Jovens em Risco

Declaro ter recebido o calendário de provas (2ª chamada) referente ao 1º bimestre de 2012, estando ciente das datas e horários de tais avaliações.

MINISTÉRIO DO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS. Decreto-lei n.º 147/95 de 21 de Junho

PARECER DA UGT SOBRE A PROPOSTA DE LEI N.º 282/X (4.ª) QUE APROVA O REGIME PROCESSUAL APLICÁVEL ÀS CONTRA-ORDENAÇÕES LABORAIS E DE SEGURANÇA SOCIAL

CPCJ P E N A C O V A C O M I S S Ã O D E P R O T E C Ç Ã O D E C R I A N Ç A S E J O V E N S REGULAMENTO INTERNO

PLANO DE AÇÃO 2018 Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Rio Maior

Política de Seleção e Avaliação da Adequação dos Membros dos Órgãos de Administração e de Fiscalização e dos Titulares de Cargos com Funções

A Taxa de Insucesso Escolar verificada no Concelho, revela-se bastante elevada quando comparada com a registada a nível nacional. De referir também,

GRUPO DE TRABALHO (INCLUINDO ALTERAÇÃO): COMISSÃO DE PROTECÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS EM RISCO

Estudo sobre o Regime de Flexibilização da Idade de Reforma ESTUDO SOBRE O REGIME DE FLEXIBILIZAÇÃO DA IDADE DE REFORMA

Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Senhora e Senhores membros do Governo

Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores

REGULAMENTO INTERNO DO CONSELHO LOCAL DE ACÇÃO SOCIAL DA GOLEGÃ

Novo Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior Governo e Gestão das Instituições e das Escolas Informação e Propostas da FENPROF

Escola Secundária com o 3º ciclo do Ensino Básico de Valpaços CONTRADITÓRIO

REGRAS PARA A CONCESSÃO DO ESTATUTO DE TRABALHADOR- ESTUDANTE. Artigo 1.º (Valorização pessoal e profissional)

REGULAMENTO INTERNO DA COMISSÃO DE PROTEÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS DE FRONTEIRA

AERT EB 2/3 DE RIO TINTO CRITÉRIOS GERAIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS DE CARATER PERMANENTE

REGULAMENTO INTERNO DA CPCJ DE SOBRAL MONTE AGRAÇO. Capítulo I. Disposições Gerais. Artigo 1º

Linhas orientadoras de funcionamento do Gabinete de Informação e Apoio ao Aluno

ESCOLA SECUNDÁRIA DA RAMADA CRITÉRIOS GERAIS PARA A DISTRIBUIÇÃO DE SERVIÇO E ELABORAÇÃO DE HORÁRIOS

7 de julho de 2016 Número 118

PLANO DE INTERVENÇÃO

Ministério da Saúde Direcção-Geral da Saúde. Acção de Saúde para Crianças e Jovens em Risco

REGULAMENTO INTERNO DA COMISSÃO DE PROTECÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS DE MONÇÃO

Politica de Remunerações

Ser focalizados num grupo específico, que apresente factores de risco ligados ao uso/abuso de substâncias psicoactivas lícitas e ilícitas;

Agrupamento de Escolas da Moita Sede Escola Secundária da Moita E S C O L A S E C U N D Á R I A D A M O I TA REGULAMENTO

Manual Técnico Das Equipas Locais de Intervenção

REGULAMENTO DE BOLSAS DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA. CAPÍTULO I Disposições Gerais. Artigo 1º Âmbito

Capital Estatuário: ,00 Euros - NUIMPC CÓDIGO DE ÉTICA

Acompanhamento da Elaboração do Plano Nacional da Água Informação n.º 2 do Grupo de Trabalho XV. (período de 10/07/2010 a 25/10/2010)

ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DO PORTO

Política de Prevenção e Gestão de Conflitos de Interesses do Haitong Bank, S.A.

COMISSÃO DE PROTECÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS DE MONÇÃO PLANO DE AÇÃO 2017

Projeto de Regulamento do Conselho Municipal Sénior

Dimensão Categoria Tema. concepção de protecção. condições sociais e políticas da protecção. entidades com competência em matéria de infância C.P.C.J.

Nota Metodológica. Análise e Seleção de Candidaturas ao PO CH

Plano de Ação 2014 CÂMARA MUNICIPAL DE S. PEDRO DO SUL

SECRETARIA-GERAL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

DISTRIBUIÇÃO DE SERVIÇO DOCENTE

Ganhos em Saúde! Com base em dois grandes eixos: - A Vigilância e Protecção de Saúde - A Promoção da saúde PROGRAMA NACIONAL SAÚDE ESCOLAR

Decreto-Lei n.º 24/2012, de 6 de Fevereiro. Riscos de exposição a agentes químicos

Artigo 12.º. b) Operações que envolvam entidades não residentes em território português;

Relatório Final de Avaliação. Ação n.º 6/2010

Manual de Apoio ao Avaliador

Unidade de Cuidados na Comunidade Saúde Mais Perto de Ponte de Lima, Dezembro 2010

Proporcionar acesso apropriado aos serviços básicos de comunicações electrónicas a preços razoáveis.

CPCJ Cantanhede COMISSÃO DE PROTECÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS

O estado de saúde depende em muito de comportamentos saudáveis, como não utilizar drogas (licitas ou ilícitas), alimentar-se correctamente, praticar

Ficha de Encaminhamento da Família

Regulamento FCT. (Formação em Contexto de Trabalho) Cursos Profissionais

ORIENTAÇÕES referentes à organização do ano letivo

Estratégia Nacional para o Envelhecimento Activo e Saudável Contributo da OPP

Transcrição:

Critérios genéricos de ponderação para a definição do regime de exercício de funções dos elementos da comissão restrita A profunda reforma do sistema de protecção de crianças e jovens em risco, materializada na Lei nº147/99, Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo, implica uma ampla reorganização das actuais Comissões de Protecção de Menores, a diversos níveis nomeadamente o relativo ao seu funcionamento, que agora assume duas modalidades, sem perda da natureza da Comissão como uma só entidade. Isto é o funcionamento pode ser em plenário comissão alargada e com um número reduzido de membros comissão restrita. Na modalidade de comissão restrita (CR), a Lei determina o seu funcionamento em permanência o que implica antes de mais a definição do conteúdo deste conceito. Na lógica do sistema de protecção e na ratio da norma, deve entender-se que se atribui à comissão restrita um regime de disponibilidade permanente e imediata para intervir nas situações que lhe são sinalizadas, independentemente do dia e da hora em que a sinalização ocorre. Isto é, para além da presença de todos ou da maioria dos seus membros nas reuniões que impliquem a decisão de caso, a presença física nos restantes períodos de tempo pode ser dispensável, devendo apenas ser estabelecido um regime de prevenção rotativa por todos ou por alguns dos seus membros, nos dias e nas horas considerados como necessários, em cada comissão, designadamente nos períodos nocturnos e fins de semana. A Lei determina também que na modalidade de CR, os membros que a constituem podem exercer funções a tempo completo ou a tempo parcial, devendo tal ser fixado na respectiva portaria de reorganização ou de criação de cada Comissão. Ou seja, a lei estabelece a participação activa de todos os membros que compõem a CPCJ e a obrigatoriedade ao exercício efectivo das funções (artigo 22º), consagrando, no entanto, que estas funções podem ser exercidas em tempo completo ou em tempo parcial, de duração variável, de acordo com as necessidades de cada comissão, aferidas nomeadamente pelo número e natureza das solicitações. 1

Na comissão restrita é ainda exigida, por lei, a presença de saberes específicos que assegurem a desejável interdisciplinaridade na apreciação e decisão dos casos. E para que esta exigência seja efectivamente cumprida, a lei permite que, sempre que nenhum dos membros da comissão seja detentor de alguma das valências específicas, sejam cooptados técnicos para suprir a falta. Relativamente a esta matéria entende-se que as duas valências do saber que são indispensáveis para o diagnóstico e para o acompanhamento dos casos são o serviço social e a psicologia, sendo por isso estas as que preferencialmente devem ter uma presença mais duradoira na comissão. O cotejo destes dois imperativos (por um lado o exercício efectivo de funções a tempo completo ou a tempo parcial e por outro, a obrigatoriedade da presença de membros com formação em áreas específicas), implica a definição dos critérios que permitam identificar os membros que podem ser escolhidos para exercer as suas funções, em tempo completo ou parcial, em cada comissão, tendo em conta as suas formações académicas específicas. Em síntese, relativamente ao funcionamento da comissão restrita, a Lei de Protecção consagra: a) o seu funcionamento em permanência, o que significa disponibilidade imediata para intervir nas situações sinalizadas, qualquer que seja o momento em que ocorram; b) a presença e o exercício de funções dos membros que constituem a comissão restrita é sempre exigível, podendo no entanto essas funções serem exercidas a tempo completo ou parcial consoante o número e a natureza das solicitações, que é naturalmente variável em cada comissão; c) os saberes mais relevantes para o diagnóstico e acompanhamento das situações são a psicologia e o serviço social, sem prejuízo da obrigatoriedade da presença das outras valências, nomeadamente para as decisões relativas aos casos. O presente documento procura definir algumas linhas orientadoras para fixação dos referidos critérios genéricos tendo como referência o número mínimo de horas de trabalho necessárias para a intervenção, cotejado com duas variáveis: A) o volume 2

processual que identificamos como critério de ponderação 1 e B) as problemáticas predominantes que identificamos como critério de ponderação 2. Com qualquer destes dois critérios de ponderação, faz-se um segundo cruzamento com o entendimento relativo às valências que consideramos fundamentais para o funcionamento da CR, a psicologia e o serviço social, como atrás referido. Assim, para a aplicação destes dois critérios, dividiu-se o tempo de trabalho semanal em 10 partes, correspondendo a 5 manhãs e 5 tardes. A. Critério de ponderação 1 Em aplicação deste critério, o trabalho da comissão restrita, a tempo completo e a tempo parcial, é determinado pelo volume processual de cada comissão 1, de acordo com o Quadro 1, onde se estabelece a correspondência entre o volume processual anual e a percentagem de tempo semanal que os membros/técnicos devem despender para o trabalho efectivo na comissão. Quadro 1: Disponibilidade semanal dos membros da Comissão Restrita em função do volume processual Volume processual das CPM disponibilidade semanal de cada membro/técnico Entre 0 e 20 crianças/jovens sinalizadas anualmente 10% da semana 1 manhã ou tarde Entre 21 e 50 crianças/jovens sinalizadas anualmente 20% da semana 2 manhãs ou tardes Entre 51 e 80 crianças/jovens sinalizadas anualmente 30% da semana 3 manhãs ou tardes Entre 81 e 100 crianças/jovens sinalizadas anualmente 40% da semana 4 manhãs ou tardes Entre 101 e 150 crianças/jovens sinalizadas anualmente 50% da semana 5 manhãs ou tardes Entre 151 e 400 crianças/jovens sinalizadas anualmente 60% da semana 6 manhãs ou tardes Mais de 400 crianças/jovens sinalizadas anualmente 70% da semana 7 manhãs ou tardes No Quadro 2 desenha-se um possível cenário de distribuição dos técnicos de serviço social (que passaremos a designar de T1) e de psicologia (T2) pelas horas semanais, tendo em conta as percentagens correspondentes ao volume processual das Comissões tal como se apurou no Quadro 1. A distribuição pelos tempos semanais patente neste quadro 1 Relativamente às CPCJR a instalar em 2000 este critério é reportado ao número de crianças e jovens em risco sinalizadas pelas entidades locais, em cada concelho, ponderado com a população residente com 19 ou menos anos de idade. Numa primeira fase, todas as Comissões a instalar de novo, funcionarão, genericamente, em regime de tempo parcial. 3

desempenha uma função meramente indicativa; caberá a cada Comissão organizar-se da forma que mais lhe convier no sentido de garantir as percentagens de tempo semanal definidas para cada escalão de volume processual. A cargo de cada Comissão fica também a definição da necessidade de presença dos restantes elementos da comissão restrita, a respectiva distribuição de tarefas e os momentos em que deve ocorrer, para além da presença obrigatória para a decisão de caso. Quadro 2: Cenário do exercício de funções dos elementos da Comissão Restrita: serviço social e psicologia Manhã Tarde Manhã Tarde 2 Elementos - 10% semana 2 Elementos- 20% da semana 2 Elementos- 30% da semana Manhã Tarde 2 Elementos- 40% da semana Manhã Tarde 2 Elementos- 50% da semana Manhã Tarde 2 Elementos- 60% da semana Manhã Tarde 2 Elementos- 70% da semana Manhã 4

Das leituras dos Quadros 1 e 2, constata-se que por exemplo uma Comissão de Protecção que em 1999 2 tenha sido chamada a intervir em situações de até 20 crianças/jovens deverá garantir, em termos mínimos, o trabalho dos membros/técnicos com formação em psicologia e em serviço social durante o período de 1 manhã ou de 1 tarde, correspondendo a 10% da semana. Pelo mesmo raciocínio uma Comissão que tenha intervindo nos casos de entre 81 e 100 crianças/jovens durante o referido ano deverá garantir, pelo menos, o trabalho dos membros/técnicos com formação em psicologia e serviço social durante 40% da semana, o que corresponde, para cada técnico, a 4 manhãs ou 4 tardes (ou 2 manhãs e 2 tardes, por exemplo). Tal como as Comissões que em 1999 intervieram em situações de mais de 400 crianças/jovens (aquelas que maior volume processual apresentam) devem garantir a disponibilidade de tempo do psicólogo e do assistente social durante, pelo menos, 70% do período semanal, o que equivale, por exemplo, à permanência física durante as 5 manhãs e 2 tardes, ou seja 2 dias completos mais três manhãs. B. Critério de ponderação 2 Tendo em vista aferir e ajustar as necessidades de disponibilidade para o exercício de funções dos membros/técnicos pode ter-se em conta subsidiariamente, as problemáticas dominantes nos casos sinalizados às CPM, sendo que este critério tem por base a legitimidade e a necessidade de intervenção da Comissão, e não uma prioridade definida em função da gravidade e dos efeitos de cada problemática. Isto é, é construído a partir das atribuições das Comissões de Protecção e da exigência em termos de disponibilidade de tempo por parte dos técnicos para o acompanhamento das situações. Acresce que partimos também da frequência com que as problemáticas foram sinalizadas pelas Comissões de Protecção. Tal significa que, por exemplo, se atribui Prioridade 4 a problemática como a ingestão de bebidas alcoólicas ou o uso de estupefacientes, não por que se considerar que sejam problemáticas de importância ou relevância menor (todos 2 A referência deve ser o Relatório Anual de Actividades das CPM em 1999, CNPCJR/IDS, 2000. 5

conhecemos os efeitos dos comportamentos aditivos no que diz respeito à vivência de trajectórias desviantes), mas porque, no que concerne às atribuições da Comissão de Protecção e à disponibilidade de tempo que exigem dos seus membros, estas problemáticas implicam apenas um trabalho de encaminhamento para outras entidades. Outras problemáticas como a negligência ou o abandono, por seu turno, exigem dos elementos da Comissão de Protecção maior disponibilidade de tempo para o acompanhamento das situações; daí lhes ter sido atribuída Prioridade 1. O Quadro 3 define os níveis de prioridade das problemáticas em função do tipo de acompanhamento técnico que cada nível de problemática exige e também da sua frequência, bem como a respectiva percentagem semanal de disponibilidade dos membros/técnicos com formação em psicologia e serviço social. Para as Comissões a criar, a referência para aplicação do critério é a realidade destas problemáticas sinalizadas no concelho pelas entidades locais. Quadro 3 Disponibilidade semanal dos membros/técnicos da Comissão Restrita em função das problemáticas dominantes PROBLEMÁTICAS Níveis de prioridade Disponibilidade semanal cada técnico Negligência Problemática de PRIORIDADE 1 70% da semana Abandono Problemática de PRIORIDADE 1 70% da semana Maus tratos físicos Problemática de PRIORIDADE 1 70% da semana Maus tratos psicológicos/abuso emocional Problemática de PRIORIDADE 1 70% da semana Abuso sexual Problemática de PRIORIDADE 1 70% da semana Abandono/Absentismo escolar Problemática de PRIORIDADE 2 60% da semana Prática de facto qualificado Problemática de PRIORIDADE 3 50% da semana Mendicidade Problemática de PRIORIDADE 3 50% da semana Corrupção Problemática de PRIORIDADE 3 50% da semana Outras condutas desviantes Problemática de PRIORIDADE 3 50% da semana Trabalho Infantil Problemática de PRIORIDADE 4 30% da semana Exercício abusivo da autoridade Problemática de PRIORIDADE 4 30% da semana Uso de estupefacientes Problemática de PRIORIDADE 5 10% da semana Ingestão de bebidas alcoólicas Problemática de PRIORIDADE 5 10% da semana Como se constata da leitura do Quadro 3, uma Comissão de Protecção cujas problemáticas predominantes que lhe são sinalizadas, são as situações de negligência ou de maus tratos exigirá, pelas características destas problemáticas e necessidades de intervenção directa, uma disponibilidade de 70% da semana (7 manhãs ou 7 tardes, recorde-se) por parte dos técnicos de psicologia ou de serviço social. 6

Ao abandono escolar atribui-se uma disponibilidade de 60% da semana das duas valências técnicas citadas, uma vez que, nestes casos, a participação directa da escola é condição indispensável para a intervenção. Trata-se naturalmente de um mero critério, discutível e passível de correcção em função de cada situação em concreto. O mesmo é igualmente aplicável às restantes ordens de prioridade, sendo certo que este critério é complementar do anterior, com menor peso de ponderação. Isto é assume apenas um peso secundário. A variável a considerar, em primeiro lugar, é o volume processual da CPCJ. À variável problemática dominante deve recorrer-se no sentido de corroborar ou ajustar as necessidades de permanência física das valências técnicas determinadas em função do volume processual. 3. Finalmente, atendendo a que a Comissão de Protecção para o seu funcionamento na modalidade restrita, pode ainda proceder à cooptação de outros elementos nas áreas técnicas mais apropriadas, sempre que tal se revele necessário, apontam-se de seguida no Quadro 4 as valências que consideramos tendencialmente as mais adequadas para o eventual reforço técnico, tendo em conta a natureza das problemáticas vividas pelas crianças e jovens. Quadro 4: Valências técnicas adequadas às problemáticas detectadas 3 PROBLEMÁTICAS Níveis de prioridade Disponibilidade semanal cada técnico Negligência Problemática de PRIORIDADE 1 50%da semana Abandono Problemática de PRIORIDADE 1 50%da semana Maus tratos físicos Problemática de PRIORIDADE 1 50%da semana Maus tratos psicológicos/abuso emocional Problemática de PRIORIDADE 1 50%da semana Abuso sexual Problemática de PRIORIDADE 1 50%da semana Abandono/Absentismo escolar Problemática de PRIORIDADE 2 40%da semana Prática de facto qualificado Problemática de PRIORIDADE 3 30%da semana Mendicidade Problemática de PRIORIDADE 3 30%da semana Corrupção Problemática de PRIORIDADE 3 30%da semana Outras condutas desviantes Problemática de PRIORIDADE 3 30%da semana Trabalho Infantil Problemática de PRIORIDADE 4 20%da semana Exercício abusivo da autoridade Problemática de PRIORIDADE 4 20%da semana Uso de estupefacientes Problemática de PRIORIDADE 5 10%da semana Ingestão de bebidas alcoólicas Problemática de PRIORIDADE 5 10%da semana 3 Esta adequação entre as valências técnicas e as problemáticas detectadas pode servir de referência às Comissões de Protecção na constituição técnica da Comissão Restrita, reforçando uma ou outra área técnica em função das problemáticas dominantes com que lidam. 7