CUIDADORES INFORMAIS BREVE ABORDAGEM ENFERMEIRO RUI FONTES

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GUIÃO DA ENTREVISTA. A Perfil sociodemográfico do cuidador informal

Transcrição:

CUIDADORES INFORMAIS BREVE ABORDAGEM ENFERMEIRO RUI FONTES

ENQUADRAMENTO HISTÓRICO Envelhecimento da População Falta de recursos/ Recursos caros Preferência do Idoso Contexto cultural Imposição modelo liberal ocidental para a saude Europa e Estados Unidos grandes investimentos politicas publicas para manter redes de suporte idosos motivando cuidadores e cuidados em casa. Precisam de estudo e apoio.

CARACTERISTICAS DOS CUIDADORES 93% Mulheres (39% conjugues/31%filhas) Média de idades 53 a 60 anos Assumem como tarefa doméstica Pessoa que, tendo uma relação familiar, de amizade ou vizinhança, se encarrega e assume os cuidados a um dependente dentro do domicilio, sem remuneração. Ou Leigo que, de repente, devido a um acidente, vê-se responsável pela cura ou tratamento de um parente vitima de doença crónica.

CARACTERIZAÇÃO DOS DESTINATÁRIOS Idosos entre 60 e 90 anos Elevado grau de dependência Conjugues e Pais Grande influência emocional 70% mulheres e + 54% viúvas (alguns estudos)

CUIDADOR/DESTINATÁRIO CUIDADOS Vontade destinatário: estar no domicilio Cuidador: não é opção; é imposição Assumem um papel que é imposto pelas circunstâncias e não por escolha própria, embora julguem que têm a obrigação de ter essa tarefa

PRINCIPAIS PROBLEMAS DO CUIDADOR Revolta: Porquê a mim? ; A minha vida nunca mais será a mesma Sentimento de incapacidade Chantagem do destinatário cobrando emoções O ser humano vive da ambiguidade estrutural: O BEM NUNCA É INTEIRAMENTE BOM E O MAL JAMAIS INTEIRAMENTE MAU (BOFF)

PRESSUPOSTOS EXIGIDOS PARA O CUIDADOR O seu papel é de colaborador Não presta cuidados sozinho Não ocupa mais de 4 horas/dia Tem que ter suporte e envolver outros cuidadores/partilhar responsabilidades Não é um técnico de saude A pessoa que cuida pode compreender e realizar com carinho difíceis tarefas: higiene, medicação, alimentação, vigilância

PRESSUPOSTOS EXIGIDOS PARA O CUIDADOR Envolver outros familiares, amigos, vizinhos Não alterar modelo de vida e adaptar horários com planeamento cuidadoso Não prescindir de apoios existentes Não fazer autoformação Prever períodos de descanso Um cuidado desmotivado e em stress prejudica o doente

PREPARAÇÃO PARA CUIDADOR Conhecer a doença, os sintomas, Saber a evolução da situação sem falsas expectativas Preparar-se para situações especificas de intervenção imediata Organizar guia de contactos formais e informais Não assumir procedimentos técnicos por minimos que sejam OS TÉCNICOS DE SAUDE CUIDAM SEMPRE MELHOR DOS DOENTES QUE OS SEUS FAMILIARES

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO CUIDADOR Tenho direito a cuidar de mim Tenho o direito de receber ajuda e participação dos familiares, no cuidado do idoso dependente Tenho o direito de procurar ajuda Tenho o direito de ficar aborrecido, deprimido e triste Tenho direito de não deixar que meus familiares tentem manipular-me com sentimentos de culpa Tenho o direito de receber treinamento para cuidar melhor do Idoso dependente

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO CUIDADOR Tenho o direito de receber consideração, afeição, perdão e aceitação de meus familiares e da comunidade Tenho o direito de orgulhar-me do que faço Tenho o direito de proteger a minha individualidade, meus interesses pessoais e minhas próprias necessidades. Tenho o direito de ser feliz

PAPEL DO TÉCNICO DE SAUDE/FORMAÇÃO DO CUIDADOR Envolver vários familiares Formação a mais que um cuidador/pesquisa familiar Grupos de apoio/patologias especificas Informação objectiva e adequada Planeamento dos cuidados: tarefas/horários

RELAÇÃO CUIDADOR/TÉCNICO EM AMBIENTE DE INTERNAMENTO Respeito mutuo não confundindo situações Cuidador/colaborador sem invasão de espaço técnico Técnico/percepção da carga emocional do cuidador Utilização de regras claras de cumprimento obrigatório Negociação de situações pontuais mantendo autoridade do técnico

INFORMAÇÃO A PARTILHAR TÉCNICO/CUIDADOR Diagnóstico/motivo internamento Provável duração internamento Condições da alta Orientações cuidados pós-alta Orientações comportamento durante internamento Disponibilidade e condições do cuidador para participar no processo de tratamento Integração do mesmo em acções socorrendo-se de protocolos que devem existir

INFORMAÇÃO A PARTILHAR TÉCNICO/CUIDADOR Orientações claras para cuidados pósalta Esclarecer duvidas quanto ao tratamento O cuidador deve recolher informação de alternativas de apoio: lares, casas de repouso, IPSS, Misericórdias, grupos de apoio, fornecimento de serviços no domicilio, apoios económicos, orçamentos e planos de cuidados.

CONSTRANGIMENTOS Aproveitamento do cuidador pelo Estado/Criação de expectactiva profissional Inexistência de legislação especifica Inexistência de rede organizada e enquadramento social (associação) Community Care (manter doente em casa oferecendo suportes para família e cuidador) Comida sobre Rodas (evita cuidador fazer refeições

CONSTRANGIMENTOS 68% cuidadores s/ ajuda 59% com + 50 anos 41% com + 60 anos 39% dos cuidadores entre 60 e 80 anos cuidam de 63% das pessoas necessitadas Cuidadores: 41% dores nas costas e 39% com depressão

BIBLIOGRAFIA ORIENTAÇÕES PARA CUIDADORES INFORMAIS NA ASSISTÊNCIA DOMICILIAR. ERNESTO LOPES FERREIRA DIAS, JAMIRO DA SILVA WANDERLEY, ROBERTO TEIXEIRA MENDES. EDITORA UNICAMP SABER CUIDAR. LEONARDO BOFF ESTUDO DE ADAPTAÇÃO E VALIDAÇÃO DA ESCALA DE AVALIAÇÃO DE CUIDADO INFORMAL. PSICOLOGIA, SAUDE E DOENÇAS, ANO/VOL. I, NUMERO 001, SOCIEDADE PORTUGUESA DE PSICOLOGIA DA SAUDE, LISBOA, PORTUGAL, PP. 3-9 MANUAL PARA CUIDADORES INFORMAIS DE IDOSOS GUIA PRÁTICO. PERFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS. EDIÇÃO 2005. GRUPO PRÓ-IDOSO DISTRITO DE SAUDE LESTE SESCSP SEMINÁRIO VELHICE FRAGILIZADA, SECSE NOVEMBRO 2006 LECHNER V. & NEAL M. 1999, THE MIX OF PUBLIC AND PRIVATE PROGRAMS IN THE UNITED STATES: IMPLICATIONS FOR EMPLOYED CAREGIVERS

BIBLIOGRAFIA CUANDO LAS PERSONAS MAYORES NECESITAN AYUDA:GUIA PARA CUIDADORES Y FAMILIARES. VOLUME 1. CUIDARSE Y CUIDAR MEIOR, VOLUME 2. RESOLVIENDO PROBLEMAS DIFICILES SECRETARIA DE ESTADO E ASSISTÊNCIA SOCIAL/MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL A IDOSOS: PROBLEMAS E CUIDADOS BÁSICOS. BRASILIA 1999 KARSCH, U.M.S. (ORG.) ENVELHECIMENTO COM DEPENDENCIA: REVELANDO CUIDADORES. SÃO PAULO. EDUC, 1998 REVISTA MEDICINA & CIA Nº16: ESPECIAL/CUIDADORES ARTIGO BASEADO EM TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA. CELITA SALMASO TRELHA (celita@dilk.com.br) TRUELSEN T., BONITA R., JAMROZIK K., SURVILLANCE OF STROKE: A GLOBAL PERSPECTIVE. INT J. EPIDEMIOL 2001, 30:11-16

MUITO OBRIGADO PELA ATENÇÃO DISPENSADA