POTENCIALIDADES E CONSUMO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO MÉDIO E BAIXO CURSO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CEARÁ MIRIM/RN

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Transcrição:

POTENCIALIDADES E CONSUMO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO MÉDIO E BAIXO CURSO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CEARÁ MIRIM/RN José Braz Diniz Filho 1 ; José Geraldo de Melo 2 ; Telma Tostes Barroso 3 & Uriel Duarte 4 Resumo - O presente trabalho demonstra os principais fatores naturais associados às diferentes potencialidades hidrogeológicas dos sistemas hídricos subterrâneos do médio e baixo curso da Bacia Hidrográfica do Rio Ceará Mirim/RN, tanto em relação aos aspectos quantitativos como qualitativos. O conhecimento acerca da ocorrência e potencialidade dos sistemas aquíferos permitirão traçar diretrizes de aproveitamento racional e proteção das águas subterrâneas. Palavras-chave - Bacia hidrográfica; Ceará Mirim; Aquífero; Potencialidades. 1 INTRODUÇÃO 1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA A área estudada (da ordem de 610 km 2 ) situa-se no Estado do Rio Grande do Norte, Região Nordeste do Brasil, e está inserida no trecho correspondente ao médio e baixo curso da Bacia Hidrográfica do Rio Ceará Mirim/RN (Figura 1). Limita-se ao norte com a bacia do Rio Maxaranguape, ao sul com a bacia do Rio Doce, a leste com o Oceano Atlântico, e ao oeste com a linha de Coordenada em UTM (200 kme), que delimita a bacia hidráulica da Barragem de Poço Branco. 1 Geólogo, Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do RN (IDEMA). Centro Administrativo do Estado, BR 101, km zero, Natal/RN, CEP: 59.059-900, Fone (84) 231-6080, Fax: (84) 231-1743, E-mail: mcjb@digi.com.br. 2 Professor Doutor, UFRN, Departamento de Geologia-Natal/RN, Campus Universitário, CEP: 59072-970, Fone: (84) 215-3807, Fax: (84) 215-3806, E-mail: jgmelo@ufrnet.ufrn.br. 3 Geóloga, Secretaria de Recursos Hídricos do RN (SERHID/RN). Av. Hermes da Fonseca, No. 1174, Petrópolis, Natal/RN, CEP: 59015-001, Fone: (84) 232-2443, Fax: (84) 232-2411, E-mail: telma@cabugi.com.br. 1 st Joint World Congress on Groundwater 1

1.2 CONDIÇÕES FISIOGEOGRÁFICAS O clima da região varia de úmido/sub-úmido no setor oriental, entre a Ceará Mirim e a Costa, a Semi-árido no setor ocidental, entre Taipu e Poço Branco. No geral as precipitações pluviométricas variam de 1.200 mm/ano a 770 mm/ano. O Balanço Hídrico, estabelecido segundo o método de Thornthwaite, evidenciou o período anual entre Fevereiro e Julho como sendo o de ocorrência de excedentes hídricos, e portanto, correspondente ao intervalo em que se processa a infiltração e recarga dos sistemas aqüíferos. Foi estimada uma taxa de infiltração média efetiva da ordem de 18%. As unidades litoestratigráficas, no âmbito estudado, são ilustradas também na Figura 1. São relacionadas as seguintes seqüências: Embasamento Cristalino Pré-cambriano (gnaisses, migmatitos, granitos, micaxistos); Formação Açu/Cretáceo (arenitos, e outros sedimentos clásticos); Formação Jandaíra/Cretáceo (calcários, dolomitos); Formação Barreiras/Tércio-Quaternário (areias, arenitos, argilas); Sedimentos Quaternários (aluviões, sedimentos de praias, dunas e mangues). A feição geomorfológica principal no trecho médio e oriental da área caracteriza-se pela superfície de tabuleiros (cotas entre 70 e 100 metros) esculpida nos terrenos sedimentares da Formação Barreiras (e parte das formações Açu e Jandaíra). Se apresenta recortada pelo vale fluvial costeiro do Rio Ceará Mirim (cotas abaixo de 10 metros). No setor ocidental predomina a superfície Sertaneja (RADAMBRASIL, 1981) desenvolvida em terrenos cristalinos. Ao longo do vale (leito e terraços fluviais) são desenvolvidos solos de boa fertilidade natural, e fracamente drenados. Nos patamares e encostas dos tabuleiros sobressaemse solos de fertilidade natural baixa, porém bem drenados. No âmbito dos terrenos cristalinos (setor ocidental) predominam os solos do tipo Planossolos Solódicos caracterizados por apresentarem boa fertilidade natural, embora o desenvolvimento das plantas seja limitado pelo clima desfavorável, e a presença de altos níveis de Sódio. A rede de drenagem da bacia do Rio Ceará Mirim é bastante desenvolvida no domínio dos terrenos cristalinos, porém de caráter intermitente. No restante da área a 4 Professor Doutor, USP, Departamento de Geologia Econômica e Geofísica Aplicada Instituto de Geociências, Rua do Lago, 562, Cidade Universitária, São Paulo, CEP: 05422-970, Fone (11) 818-4226, 1 st Joint World Congress on Groundwater 2

rede de drenagem é menos densa, no entanto apresentando condições de regime permanente no trecho do baixo curso. 2 SISTEMAS AQUÍFEROS As avaliações hidrogeológicas e Hidroquímicas foram conduzidas diante dos dados obtidos em campo e escritório/laboratório, complementados por informações e/ou procedimentos de estudos prévios desenvolvidos pela Tahal/Sondotécnica (1969), Manoel Filho (1970), IPT (1982), Costa (1986), Melo (1995), Celligoi & Duarte (1990), Barroso (1999) e Diniz Filho (1999). As unidades aqüíferas principais, conforme distribuição das seqüências geológicas (Figura 1), foram definidas na seguinte seqüência: Aquífero Cristalino (250,9 km 2 ); Aquífero Açu (10,8 km 2, aflorante); Aquífero Jandaíra (23,2 km 2, aflorante); Aqüífero Barreiras (325,3 km 2 ). - Aquífero Cristalino: O aqüífero Cristalino caracteriza-se como um sistema de natureza praticamente impermeável, em função de apresentar porosidade secundária por fraturas/fendas, cuja distribuição espacial é bastante variável. Desta forma é considerado como o meio aquífero de caráter mais heterogêneo e anisotrópico no âmbito estudado. Os solos e outras coberturas sedimentares são pouco espessos e as vezes ausentes no domínio de rochas cristalinas, o que torna comum a ocorrência de afloramentos do arcabouço rochoso. Nestas condições a recarga do sistema fica comprometida, pois só torna-se possível ao longo dos planos de fraturas/fendas. Como resultado o aquífero Cristalino apresenta poços com vazão média insignificante, da ordem de 1 m 3 /h, portanto se constituindo num sistema de baixa vocação e potencial hidrogeológico. - Aquífero Açu: Ocorre como um sistema livre numa pequena faixa aflorante do setor norte-ocidental (NW) da área, sendo na maior parte confinado pelas rochas carbonáticas do aquífero Jandaíra. É constituído por sedimentos clásticos (principalmente arenitos diversos), que Fax: (11) 818-4207, E-mail: urduarte@usp.br. 1 st Joint World Congress on Groundwater 3

se sobrepõem diretamente às rochas cristalinas. Os poços apresentam vazões de 2 a 12 m 3 /h. A recarga do aquífero Açu se dá em parte por infiltração direta das águas de chuva, na sua região aflorante (setor NW), tendo sido avaliada uma recarga de 1,5 milhões m 3 /ano. Na maior parte da área, no entanto, a recarga ocorre por infiltração vertical descendente das águas do aquífero Jandaíra (camada confinante), em função da diferença de potencial hidráulico entre os dois sistemas. - Aquífero Jandaíra: Se sobrepõe e forma a camada confinante do aquífero Açu, e na sua maior parte ocorre subjacente ao aquífero Barreiras. É formado por calcários e dolomitos que formam um sistema único com o aquífero Barreiras, portanto de natureza livre. As vazões dos poços variam de 3m 3 /h a 35 m 3 /h. A recarga por infiltração direta das águas de chuva também ocorre num pequeno trecho aflorante a NW da área, com valor da ordem de 1,2 milhões m 3 /ano. Predomina, no entanto, a recarga por infiltração vertical descendente das águas do aquífero Barreiras. - Aquífero Barreiras: Está sobreposto às rochas carbonáticas do aquífero Jandaíra, na maior parte da área. Constitui-se litologicamente por conjuntos de estratos sub-horizontais compostos por areias e/ou arenitos pouco consolidados, com intercalações de argilas e cascalho. Caracteriza-se como um sistema poroso granular, e predominantemente livre, com caráter mais homogêneo e isotrópico. A recarga do sistema se processa fundamentalmente por infiltração direta das águas de chuva, tendo sido estimado um valor da ordem de 81 milhões m 3 /ano. Os poços apresentam vazões que variam em geral de 4m 3 /h a 32 m 3 /h, sendo mais freqüentes as vazões abaixo de 11 m 3 /h. 2.1 ESTRUTURA HIDROGEOLÓGICA Estudos regionais efetuados na Bacia Sedimentar Costeira Leste (PE-PB-RN), e na Bacia Potiguar/RN, segundo a SERHID (1998), têm revelado a ocorrência de falhas e/ou sistemas de falhas geológicas originariamente desenvolvidas no embasamento cristalino Pré-cambriano. No entanto exerceram controle sobre o mecanismo deposicional das seqüências da Formação Barreiras e Bacia Potiguar, por intermédio de reativação e/ou acomodação das camadas. 1 st Joint World Congress on Groundwater 4

No contexto local as estruturas regionais condicionaram a formação do Alto estrutural e do Graben de Ceará Mirim. Este comportamento foi constatado na área através de estudos de seções hidrogeológicas e de correlação entre perfis litológicos de poços, ilustrados nas Figuras 2 e 3. Nas seções A-A e B-B, que apresentam sentido geral de oeste para leste, foram evidenciados os seguintes aspectos: As falhas posicionaram o embasamento cristalino a menores profundidades, como um bloco rochoso mais elevado na porção ocidental da área. Na porção oriental denota-se um bloco mais rebaixado, sendo este comportamento associado a uma maior acumulação de sedimentos Cretáceos e Tércio-quaternários no trecho oriental; O topo dos calcários do aquífero Jandaíra também situa-se a menores profundidades (entre 15 e 30 metros), e em cotas altimétricas mais elevadas, na porção ocidental da área. Na porção oriental encontra-se a profundidades acima de 30 metros, e em cotas menores, evidenciando o deslocamento vertical por falha (s); Como conseqüência, o aqüífero Barreiras (que encobre os calcários do aqüífero Jandaíra) apresenta maior espessura na porção oriental, superiores a 75 metros, cujos poços não atravessam toda a camada saturada. No setor ocidental, no entanto, as espessuras da camada aqüífera oscilam entre 15 e 30 metros; A estrutura hidrogeológica permite a constatação de que o aqüífero Barreiras na área constitui-se num sistema poroso, areno-argiloso, em geral livre, estando na maior parte sobreposto às rochas carbonáticas do aqüífero Jandaíra (sistema cársticofissural). O nível das águas subterrâneas do aqüífero Barreiras, de um modo geral, acompanha o relevo da área; O aqüífero Açu apresenta-se na maior parte da área confinado pelo aqüífero Jandaíra, comportamento esse marcado pela diferença de potencial hidráulico entre ambos (nível potenciométrico do aqüífero Açu acima do seu topo); É provável que exista conexão hidráulica lateral das águas do aqüífero Barreiras do setor oriental, com as águas dos sistemas Jandaíra e Açu do setor ocidental, por conta do contato lateral (das formações Tércio-Quaternárias com as Cretáceas), estabelecido através dos sistemas de falhas; Denota-se que o aqüífero Barreiras está hidraulicamente conectado ao aqüífero Jandaíra (subjacente) em grande parte da área, constituindo um sistema único, com cargas hidráulicas em geral se ajustando uma mesma altura potenciométrica; 1 st Joint World Congress on Groundwater 5

Os níveis d água nos poços do aqüífero Barreiras se ajustam em geral a um mesmo nível potenciométrico; os níveis d água dos poços do aqüífero confinado (Açu), a depender da situação topográfica local, podem estar abaixo ou acima do nível freático do aqüífero livre (Barreiras/Jandaíra); Constata-se que, de um modo geral, as partes baixas do vale do Rio Ceará Mirim apresentam condições de efluência com relação as águas subterrâneas, submetendo o vale a constantes encharcamentos por ressurgência das águas do aquífero Barreiras. 2.2 PARÂMETROS HIDRODINÂMICOS DOS SISTEMAS AQUÍFEROS O Quadro 1 apresenta os valores dos parâmetros médios obtidos para os sistemas aquíferos sedimentares estudados. Os valores encontrados indicam que o aquífero Açu apresenta menor representatividade em termos de condições de circulação, armazenamento ou de volume de água drenável, sendo considerado como de baixo potencial hidrogeológico. Quadro 1: Parâmetros Hidrodinâmicos dos sistemas aquíferos sedimentares do Médio e baixo curso da Bacia Hidrográfica do Rio Ceará Mirim/RN. Aquífero Transmissividade - T (m 2 /s) Condutividade Hidráulica K (m/s) Coeficiente de Armazenamento ou Porosidade Específica (S ou S Y ) (%) Açu 6,3 x 10-5 1,26 x 10-6 1,4 x 10-4 Jandaíra 7,9 x 10-3 6,6 x 10-5 5 Barreiras 2,42 x 10-3 1,1 x 10-4 10 Apesar da semelhança dos valores de T e K entre os aquíferos Jandaíra e Barreiras, convém ressaltar que os dois aquíferos são bastante distintos em termos de ocorrência, distribuição e propriedades hidráulicas. 2.3 POTENCIOMETRIA DO AQUÍFERO BARREIRAS O mapa potenciométrico da Figura 4 demonstrou que as águas subterrâneas do aquífero Barreiras escoam de maneira radial e convergente em direção ao vale do Rio Ceará Mirim, que representa o trecho de descarga do sistema. A descarga se processa 1 st Joint World Congress on Groundwater 6

segundo duas (02) frentes principais de escoamento (a norte e a sul do vale), liberando um volume anual da ordem de 73 milhões m 3 /ano. Essas condições de descarga subterrânea refletem-se em afloramentos do nível potenciométrico, no sopé das escarpas ou no próprio vale, sob a forma de fontes ou olheiros. Isto propicia a perenização do baixo curso do vale, em especial entre Ceará Mirim e a costa, caracterizando o fluxo de base no período de recessão. 2.4 RESERVAS DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS O Quadro 2 apresenta os volumes totais estimados para as reservas de águas subterrâneas dos sistemas aquíferos sedimentares. O aquífero Açu apresenta reservas pouco expressivas, comparadas aos aquíferos Jandaíra e Barreiras. O aquífero Jandaíra, apesar das reservas permanentes serem consideráveis para o contexto da área (da ordem de 660 milhões m 3 ), apresenta quase que nenhuma utilização, tendo em vista a baixa potabilidade das águas. O aquífero Açu também é pouco aproveitado, neste caso por conta da existência de outros mananciais mais acessíveis, e pelos maiores custos que devem ser envolvidos na sua explotação. O aquífero Barreiras apresenta reservas permanentes mais significativas (cerca de 1,25 bilhões m 3 ), e reservas explotáveis da ordem de 81 milhões m 3 /ano. O volume explotado, no entanto, ainda é insignificante, da ordem de 1,8 milhões m 3 /ano. Quadro 2: Estimativa de Reservas de Águas Subterrâneas dos sistemas aquíferos sedimentares no Médio e baixo curso da Bacia Hidrográfica do Rio Ceará Mirim/RN. Aquífero Reservas Permanentes (m 3 ) Reservas Reguladoras Volume Explotado (m 3 /ano) (m 3 /ano) Açu 9 milhões 1,5 milhões - Jandaíra 660 milhões 1,2 milhões - Barreiras 1,2 bilhões 81 milhões 1,8 milhões 3 QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Os aspectos de qualidade das águas subterrâneas consideraram um total de 69 amostras de água distribuídas nos aquíferos Cristalino (07 amostras), Açu/Jandaíra (14 amostras) e Barreiras (48 amostras). Foram feitas avaliações quanto ao uso humano, na agropecuária e industrial. 1 st Joint World Congress on Groundwater 7

O mapa de IsoCondutividade Elétrica (Figura 5) demonstra a variação espacial na salinidade das águas subterrâneas. Foram constatados três (03) setores distintos: Setor oriental (entre Ceará Mirim e a costa); Setor intermediário (entre Ceará Mirim e Taipu); e Setor ocidental (a oeste de Taipu). O trecho oriental apresenta águas subterrâneas com menor salinidade (até 150 µs/cm). Destaca-se neste caso a grande influência climática na qualidade das águas do aquífero (precipitações pluviométricas > 1.200 mm/ano), associada a presença de solos arenosos bem drenados na zona de recarga principal do aquífero Barreiras (trechos elevados a norte e a sul do vale), e taxas de recarga de 24%. Com isso é mais efetiva a infiltração, recarga, circulação e portanto, maior renovação/diluição das águas subterrâneas do manancial no trecho considerado. O trecho intermediário apresenta águas subterrâneas com salinidade mais elevada em relação ao trecho oriental (Condutividade Elétrica até 2.000 µs/cm). No que pese a influência dos outros fatores (menor precipitação Pluviométrica, entre 700 e 1.200 mm/ano, e menor taxa de renovação), o fator que mais deve influenciar na salinidade é a interação de processos químicos pelo contato água-rocha, principalmente devido a menor espessura saturada do aquífero Barreiras, e presença de rochas carbonáticas do aquífero Jandaíra mais próximas à superfície. No trecho ocidental a salinidade média das águas subterrâneas é consideravelmente elevada (variando de 2.000 a 10.000 µs/cm). Neste domínio ocorrem as rochas cristalinas aflorantes, solos pouco espessos e mal drenados, e principalmente o clima semi-árido (precipitações pluviométricas < 770 mm/ano). Portanto, o quadro geral delineado no setor ocidental evidencia condições de menor influência de processos de interação água-rocha na qualidade das águas. Predominam também os efeitos do clima, sob ação de uma maior evaporação, concentração e enriquecimento de sais no solo, influindo assim no progressivo aumento da salinidade das águas subterrâneas, aliado a sua pouca circulação nas fraturas/fendas. O Quadro 3 ilustra os valores médios de Condutividade Elétrica e Sólidos Totais Dissolvidos (STD), nos diferentes aquíferos, configurando os níveis de potabilidade das águas subterrâneas em função da concentração de sais. O aquífero Barreiras, portanto, apresenta águas essencialmente doces e potáveis. Quadro 3: Salinidade das águas subterrâneas dos sistemas aquíferos no Médio e baixo curso da Bacia Hidrográfica do Rio Ceará Mirim/RN. 1 st Joint World Congress on Groundwater 8

Aquífero Número de poços Condutividade Elétrica (µs/cm) Sólidos Totais Dissolvidos (mg/l) Mínimo Médio Máximo Mínimo Médio Máximo Cristalino 07 1.854 6.635 12.768 1.605 5.393 11.206 Açu 04 1.295 2.177 2.685 928 1.618 2.247 Jandaíra 04 2.394 2.783 3.231 1.551 2.168 2.436 Barreiras 48 46 149 1.707 11 120 1.212 Os tipos predominantes de água dos sistemas aquíferos são os seguintes: Aquífero Cristalino: Cloretadas Sódicas (71% das amostras); Cloretadas Mistas (29%); Aquífero Açu: Cloretadas Sódicas (50% das amostras); Cloretadas Mistas (50%); Aquífero Jandaíra: Cloretadas Mistas (75% das amostras); Cloretadas Sódicas (25%); Aquífero Barreiras: Cloretadas Sódicas (54% das amostras); Bicarbonatadas Sódicas e Bicarbonatadas Cálcicas (21%); Cloretadas Mistas e Bicarbonatadas Mistas (25%). Constata-se que as águas dos aquíferos Cristalino, Açu e Jandaíra são todas do tipo Cloretadas, sendo predominantemente Sódicas e secundariamente Mistas. Quanto ao aquífero Barreiras as águas são predominantemente Cloretadas Sódicas, e secundariamente Bicarbonatadas (Sódicas e Cálcicas). Para uso agrícola as águas do aquífero Barreiras, em 90% dos casos, são perfeitamente adequadas para este fim, tendo em vista apresentarem a predominância das classes C 1 S 1 e C 2 S 1 segundo a classificação americana. As águas dos aquíferos Açu e Jandaíra apresentaram classes menos favoráveis à irrigação, de C 3 S 2 a C 4 S 4. Ocasionalmente podem apresentar águas mais favoráveis, incluídas nas classes C 1 S 1 e/ou C 2 S 1. No aquífero Cristalino as águas não são adequadas ao uso agrícola. As águas dos aquíferos Barreiras, Jandaíra e Açu, com poucas exceções, podem ser utilizadas para consumo por todos os animais domésticos. As águas do aquífero Cristalino mostraram-se impróprias para aves. Quanto ao uso industrial procedeu-se uma avaliação considerando os limites dos parâmetros químicos e físico-químicos permitidos para os diferentes tipos de indústria analisados (Refrigeração; Laticínios; Conservas alimentícias; Açucareira; Cervejaria; 1 st Joint World Congress on Groundwater 9

Bebidas/sucos; Curtumes; Têxtil; Papel). Foram avaliadas as amostras individualmente, que resultou no demonstrativo apresentado no Quadro 4. Constata-se que o aquífero Cristalino não apresenta águas adequadas ao uso industrial, e as águas dos aquíferos Açu e Jandaíra normalmente só se prestam a três (03) tipos de indústria, que são Bebidas/sucos, Papel e Têxtil. As águas do aquífero Barreiras são mais amplamente favoráveis aos diferentes tipos de indústria (adequadas a todas as indústrias 51% das amostras; adequadas à maioria das indústrias 23% das amostras). No entanto os valores encontrados também evidenciaram que, em 26% das amostras, as águas só se prestam a três (03) tipos de indústria (Curtumes, Têxtil e Papel). Quadro 4: Percentual de amostras de águas subterrâneas com qualidade adequada ao uso industrial, número e tipos de indústrias correspondentes área do médio e baixo curso da Bacia Hidrográfica do Rio Ceará Mirim/RN. Aquífero Número de Percentual Número de Tipo de indústria adequada amostras de amostras (%) indústrias Cristalino 07 100 - Nenhum Açu e 07 50 3 Têxtil; Papel; Bebidas/sucos Jandaíra 07 50 - Nenhum Barreiras 22 51 9 Todos (Refrigeração; Laticínios; Conservas; Açucareira; Cervejaria; Bebidas/sucos; Curtumes; Têxtil; Papel) 10 23 4 a 7 Refrigeração; Laticínios; Cervejaria; Curtumes; Papel; Bebidas/sucos; Têxtil 11 26 Até 3 Curtumes; Têxtil; Papel 4 ÁGUAS SUPERFICIAIS A área estudada (610 km 2 ) está inserida no médio e baixo curso da Bacia Hidrográfica do Rio Ceará Mirim/RN, que apresenta área total da ordem de 2.635 km 2, e forma alongada na direção geral leste-oeste. Suas nascentes estão situadas a cerca de 120 km da costa, na cidade de Lajes. 1 st Joint World Congress on Groundwater 10

Os recursos hídricos superficiais da bacia estão associados a dois mecanismos: águas superficiais de origem ou sob influência direta de águas subterrâneas; águas superficiais armazenadas em reservatórios artificiais, sob influência direta das chuvas. Na área de ocorrência do aquífero Barreiras são encontradas lagoas e fontes/olheiros, que são pontos de água superficial associados a contribuições e/ou influência das águas subterrâneas do referido aquífero (sistema livre). Algumas lagoas secam devido ao rebaixamento sazonal do nível das águas do aquífero freático, e também por influência da evaporação. As águas das fontes/olheiros escoam em trechos do baixo curso do vale perenizando-o, e caracterizando o fluxo de base no período de recessão. O leito principal do rio e seus afluentes são naturalmente de regime temporário, em especial a oeste de Taipu, por conta do substrato cristalino praticamente impermeável, solos poucos espessos e clima semi-árido, não sendo possível o estabelecimento de um fluxo de base. Como reservatório superficial artificial destaca-se a Barragem de Poço Branco, com capacidade de acumular cerca de 136 milhões m 3 de água, e se constituindo no principal manancial de superfície de toda a bacia. As águas são classificadas como doces (Sólidos Totais Dissolvidos = 882 mg/l, em 08/1998). Apesar da barragem ser de grande expressão não só no baixo e médio curso estudado, mas em toda a bacia, suas águas vem tendo pouca utilização e muito desperdício, se prestando unicamente ao atendimento de pequenas demandas em áreas agrícolas dos trechos de vazante, pesca artesanal de pequeno porte, uso animal e outros usos menos nobres. As águas não tem sido utilizadas para consumo humano desde 1982, sendo substituídas pelas águas do Sistema Adutor Integrado de João Câmara. 5 CARACTERIZAÇÃO DA DEMANDA DE RECURSOS HÍDRICOS Com vistas a se obter uma estimativa sobre o panorama atual das disponibilidades hídricas e dos volumes efetivamente utilizados, foram avaliados os consumos de água no abastecimento público, agricultura e consumo industrial área. 5.1 CONSUMO DE ÁGUAS PARA ABASTECIMENTO PÚBLICO O volume de água para abastecimento público foi avaliado com referência às sedes municipais de Ceará Mirim, Taipu e Poço Branco, e aos seus setores rurais. - Ceará Mirim: 1 st Joint World Congress on Groundwater 11

O abastecimento de água é controlado pelo SAAE (Serviço Autônomo de Águas e Esgotos), que capta águas subterrâneas do aquífero Barreiras em seis (06) poços tubulares situados fora do contexto da área. Os poços são de pequena profundidade (de 25 a 30 metros), com vazões entre 36 e 40 m 3 /h. O volume de água consumido anualmente é da ordem de 2,45 x 10 6 m 3 /ano. - Taipu e Poço Branco: O abastecimento destes municípios insere-se no Sistema Adutor Integrado de João Câmara/RN, implantado em 1982 pela CAERN, que vem atendendo uma população da ordem de 15.000 habitantes. O sistema utiliza as águas captadas da fonte de Pureza (situada a cerca de 17 km a norte da área estudada), que são bombeadas para João Câmara e Bento Fernandes, e drenadas por gravidade para os municípios de Taipu e Poço Branco. O consumo médio anual do sistema (nos 4 municípios) é estimado em 2,62 x 10 6 m 3 /ano. Considerando a parte deste volume que efetivamente é consumido no abastecimento de Taipu e Poço Branco, temos a cifra de 958.000 m 3 /ano (ou, 0,9 milhões m 3 /ano). - Setores Rurais: Em diversas comunidades rurais, principalmente de Ceará Mirim e Taipu, o abastecimento é realizado através da captação de poços do aquífero Barreiras sob a coordenação do SAAE/Ceará Mirim. Neste contexto também estão inseridos os poços de particulares, que não fazem parte da rede. As unidades de captação compreendem 54 poços tubulares e 33 poços amazonas. Os poços tubulares normalmente apresentam pequenas vazões (< 12 m 3 /h), funcionam de 2 horas/dia a 12 horas/dia, e são equipados com bombas submersas. O volume médio consumido é da ordem de 1.865.000 m 3 /ano. Os poços amazonas são construídos em alvenaria com diâmetros de 2 a 3 metros, e a captação de água se procede de forma artesanal. O volume médio consumido por esses poços é em torno de 6.022 m 3 /ano. Desta forma tem-se um volume total explotado do aquífero Barreiras, nos setores rurais, equivalente a 1,87 x 10 6 m 3 /ano. 5.2 CONSUMO AGRÍCOLA O cultivo de cana de açúcar é a principal atividade agrícola na área, tanto em termos de abrangência de uso/ocupação do solo, como de produção agrícola na área. 1 st Joint World Congress on Groundwater 12

Secundariamente, e de forma mais localizada, são desenvolvidos cultivos de outras culturas permanentes e temporárias. A área cultivada é da ordem de 6.000 ha, e o consumo médio de água é estimado em 260 m 3 /h, equivalente a 2,28 x 10 6 m 3 /ano. 5.3 CONSUMO DE ÁGUAS NA INDÚSTRIA: A principal atividade do ramo industrial na área corresponde às indústrias de açúcar e álcool, e em menor amplitude a de aguardente. A quantidade de cana de açúcar utilizada no processo industrial pode variar de 450.000 toneladas/ano a 2.000.000 de toneladas/ano. Atualmente a produção de açúcar é estimada entre 250.000 e 300.000 sacos/ano, e a de álcool entre 8.000 e 10.000 m 3 /ano. O abastecimento de água nesta atividade se procede com a captação de águas superficiais (Rio Ceará Mirim e Fonte de Santa Teresa), sendo o consumo médio estimado em 270 m 3 /h, ou, 2,37 x 10 6 m 3 /ano, considerando um período de produção de seis (06) meses. Temos, portanto, na área, um consumo médio anual de águas no abastecimento público, uso industrial e uso agrícola da ordem de 9,9 x 10 6 m 3 /ano. 6 CONCLUSÕES O comportamento climático da área, os solos, e os aspectos geológicos e estruturais em superfície e subsuperfície, condicionam e/ou influenciam, de forma variada, nas diferentes potencialidades hídricas e na qualidade das águas dos mananciais subterrâneos e superficiais, no médio e baixo curso da bacia hidrográfica do Rio Ceará Mirim/RN. A área estudada, embora represente apenas cerca de 23% da área total da bacia, concentra os principais mananciais de água, em especial de água doce e/ou potável. Este panorama acena para a necessidade de uma efetiva atuação governamental, que possibilite a implantação de um sistema de gerenciamento com vistas a um adequado aproveitamento dos recursos hídricos, de modo a garantir a oferta hídrica para os diversos usos, as reservas disponíveis e a proteção dos mananciais. Neste contexto destacam-se as águas do aquífero Barreiras e as águas da Barragem de Poço Branco, que deverão ser objeto de gerenciamento e manejo específicos e imediatos. Foi constatada uma subexplotação do aqüífero Barreiras, na 1 st Joint World Congress on Groundwater 13

medida em que as reservas explotáveis são da ordem de 81 milhões m 3 /ano, e o volume explotado por poços é de apenas 1,8 milhões m 3 /ano. As pequenas vazões dos poços (85% < 12 m 3 /h) refletem o fato das captações terem sido projetadas para atender pequenas demandas, e não indicam a capacidade de fornecimento de água do sistema hídrico subterrâneo (Barreiras). As prioridades, principalmente para as águas do aquífero Barreiras, serão o abastecimento público e o aproveitamento sustentável em atividades econômicas que necessitem de águas de melhor qualidade físico-química (indústria Alimentícia e Bebidas, Mineração e comercialização como água mineral). A influência climática na qualidade das águas subterrâneas é marcante com respeito ao aquífero Barreiras no domínio mais oriental (entre Ceará Mirim e a costa), e quanto ao aquífero Cristalino na porção ocidental. No que se refere ao aquífero Jandaíra (rochas carbonáticas), no trecho intermediário entre Taipu e Ceará Mirim, é mais evidente a predominância da influência de processos físico-químicos de interação água-rocha na qualidade das águas do manancial, embora o clima possa ter certa contribuição. O domínio de ocorrência do aquífero Barreiras é o mais representativo na área (entre Taipu e a costa), embora tenha demonstrado, juntamente com os demais sistemas aqüíferos, diferentes potencialidades hidrogeológicas, associadas primariamente aos controles geológico-estruturais. O aquífero Barreiras, no setor mais oriental entre Ceará Mirim e a costa, apresenta cobertura de solos com excelente drenagem, maiores espessuras saturadas, e maiores precipitações pluviométricas (superiores a 1.200 mm/ano) associadas a uma recarga de 24%. Com isso o sistema local é favorecido por uma maior infiltração de águas de chuva, e portanto maior recarga e renovação/diluição das reservas subterrâneas, determinando a ocorrência de águas com baixíssima salinidade (10 mg/l < valor médio de Sólidos Totais Dissolvidos < 100 mg/l). É portanto o setor de maior potencial hidrogeológico da área estudada. A implantação de um sistema de gerenciamento será de grande importância para a região e para o Estado, na medida em que as ações se convertam em benefícios e melhoria da qualidade de vida da população. Com efeito tem-se que, uma vez afetada a qualidade das águas e ultrapassada a capacidade de suporte dos mananciais, os prejuízos ambientais, sociais e econômicos serão incalculáveis, e de difícil remediação. 7 BIBLIOGRAFIA 1 st Joint World Congress on Groundwater 14

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9390 Km-N 9385 Km-N Cajueiro Açude das Melancias Carpina POÇO BRANCO PC Ka Kj TAIPU TQb PC Rio Cajueiro Ceará A M i r i m 43 Ferreira 75 Kj Kj Lagoa Conceição TQb Kj TQb 05 B Mineiro 16 04 Cágado Lagoa do Lagoa Gravatá Jenipapo 12 CAPELA Manguari 02 Qa 01 Rio CEARÁ-MIRIM 72 24 27 21 29 31 Qa LAGOA GRANDE Cea rá 07 TABUÃO 08 Lg. Grande 09 Lagoa da Porta E Mirim GUARAMIRANGA 10 83 60 D 33 40 39 C C Lagoa da Lavandeira 84 70 Lagoa da Cobra 42 50 TQb Qa V. FÁTIMA 53 55 47 46 52 56 D /E TQb 64 M Qp A Pitangui 71 B P r a i a d e G e O C E A N O A T L Â N T I C O Ponta de Santa Rita n i p ab u 9380 Km-N 9375 Km-N 9370 Km-N 9365 Km-N 210 Km-E 220 Km-E 240 Km-E 205 Km-E 225 Km-E 245 Km-E 215 Km-E 230 Km-E 250 Km-E 235 Km-E 255 Km-E 1 0 LEGENDA Drenagem 1 Limite de bacia hidrográfica Contato geológico Contato geológico inferido Falha inferida Seções hidrogeológicas 2 3 4 A 43 5 Km 75 A Rodovia estadual Cidade Lagoa Açude Poço tubular 75 COLUNA LITOESTRATIGRÁFICA QUATERNÁRIO TERCIÁRIO CRETÁCEO PRÉ-CAMBRIANO Depósitos de praias; dunas fixas e móveis Aluviões Mangues Formação Barreiras Formação Jandaíra Formação Açu Embasamento cristalino Qp Qa M TQb Kj Ka PC NM DECLINAÇÃO MAGNÉTICA EM 1999 22 47' NG VARIAÇÃO ANUAL 3'W NQ CONVERGÊNCIA MERIDIANA 13'17",8 CE 38 W MOSSORÓ CAICÓ RN 36 W CURRAIS NOVOS PB LOCALIZAÇÃO NATAL 6 S Figura 1- MAPA GEOLÓGICO/HIDROGEOLÓGICO DA REGIÃO DO BAIXO A MÉDIO CURSO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CEARÁ-MIRIM/RN GILSON PEREIRA/ MARIA CLÁUDIA/NIVALDO JÁCOME JOSÉ BRAZ DINIZ FILHO AutoCAD R14 AGOSTO/1999 CorelDRAW 8 B.P ir a n h a s/ A çú Bacia Hidrográfica Ceará-Mirim B.Potengi B. Max ara uape ng B.Doce 1 st Joint World Congress on Groundwater 16

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9385 Km-N Cajueiro 17 R IO TAIPU CEARÁ M IR IM 3 0 2 5 2 0 1 510 5 16 2 15 14 19 15 18,6 16 2 19,7 30 24 19 28 18 18,6 10 23 Lagoa Gravatá Jenipapo 12 16,2 1 CAPELA 6,5 8 1 5 9 7 5,3 4,36 Lagoa Grande CEARÁ-MIRIM 27 35 26,5 3 25,3 20 5 10,5 RIO TABUÃO 8 12,34 9 16,84 36 21 28 28 24 37 67 20 38 29 22,6 16 14 39 15,2 39 40 18,45 16 41 51 13 11 10 82 83 7,82 7,5 9,8 GUARAMIRANGA 33 32 20,6 23,37 30 25 15,3 68 39,2 84 23,8 49 47 46 12,4 17 15,2 11 60 7 7,79 53 V. FÁTIMA 20 15 5 10 7 5 10 58 55 10 57 22 56 14 18 30 15 25 20 8,02 52 18 62 15 63 24 17 81 59 11 9380 Km-N PITANGUI 66 9375 Km-N 15,2 13,8 P R A IA OC EANO ATLÂNTICO 61 D E GE NIPABU 15,89 71 16 9370 Km-N 9365 Km-N 210 Km-E 215 Km-E 220 Km-E 225 Km-E 230 Km-E 235 Km-E 240 Km-E 245 Km-E 250 Km-E 255 Km-E LEGENDA Cidade Lagoa Drenagem CONVENÇÕES HIDROGEOLÓ GICAS Poço tubular c/ número de ordem acima e cota de nível d água abaixo Cacimba c/ mesma referência Fonte também referenciada 73 36 16 14 15 2 Curvas isopotenciométricas (Metros) Divisor de bacia hidrográfica/divisor de águas subterrâneas do Aqüífero Barreiras Divisor de bacia hidrográfica Limite do Aqüífero Barreiras Divisor de águas subterrâneas do Aqüífero Barreiras Linha de fluxo subterrâneo NM DECLINAÇÃO MAGNÉTICA EM 1999 22 47' NG VARIAÇÃO ANUAL 3'W NQ CONVERGÊNCIA MERIDIANA 13'17",8 CE 38 W LOCALIZAÇÃO MOSSORÓ 36 W NATAL RN 6 S CURRAIS NOVOS CAICÓ PB Figura 4 - MAPA POTENCIOMÉTRICO DO AQUÍFERO BARREIRAS NA REGIÃO DO CURSO INFERIOR DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CEARÁ-MIRIM/RN JOSÉ BRAZ DINIZ FILHO AutoCAD R14 AGOSTO/1999 CorelDRAW 8 1 GILSON PEREIRA/MARIA CLÁUDIA/NIVALDO JÁCOME 0 1 2 3 4 5 Km 1 st Joint World Congress on Groundwater 19

5 0 9390 Km-N 1.600 1.400 1.200 1.000 800 60 0 400 200 Tb 9385 Km-N 1.800 Cajueiro Ka Kj Cajueiro Ferreira Mineiro Cágado 150 100 50 40 Lagoa da Lavandeira Açude das Melancias 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 Lag. Do Carpina POÇO BRANCO PC TAIPU PC R I o C e a r 4.000 á M i r i m 2.0 00 Tb Kj Lagoa Conceição 1.80 0 1.600 Manguari 1.400 Lagoa do Jenipapo CAPELA Al 1.20 0 Rio Lagoa Gravatá Al CEARÁ-MIRIM 1.000 Tb LAGOA GRANDE 800 600 Lg. Grande 400 Ceará Lg. Da Porta 200 150 TABUÃO 100 Mirim GUARAMIRANGA 50 Lagoa da Cobra Tb Al V. FÁTIMA Tb 40 100 9380 Km-N Pitangui 50 P r a i a d e O C E A N O A T L ÂN T I C O G e n ipabu 9375 Km-N 8.000 6.000 100 10.000 Ponta de Santa Rita 9365 Km-N 210 Km-E 220 Km-E 240 Km-E 205 Km-E 225 Km-E 245 Km-E 215 Km-E 230 Km-E 250 Km-E 235 Km-E 255 Km-E LEGENDA Cidade Lagoa Açude UNIDADES QUE COMPÕEM OS SISTEMAS AQUÍFEROS NM DECLINAÇÃO MAGNÉTICA EM 1999 22 47' NG NQ CONVERGÊNCIA MERIDIANA 13'17",8 1 0 1 2 3 4 5 Km Drenagem Limite de bacia hidrográfica Contato geológico Contato geológico inferido Curva de isocondutividade elétrica ( µ S/Cm) Curva de isocondutividade inferida ( µ S/Cm) 100 1200 QUATERNÁRIO TERCIÁRIO CRETÁCEO Aluviões Formação Barreiras Formação Jandaíra Formação Açu PRÉ-CAMBRIANO Grupo Caicó e Seridó Al Tb Kj Ka PC Areias, cascalhos, argilas, siltes Arenitos e/ou areias e argilas variegados Calcarios, dolomitos Arenitos médios a grosseiro, siltitos, argilitos Migmatitos, gnáisses, ortognáisses, micaxistos VARIAÇÃO ANUAL 3'W CE 38 W LOCALIZAÇÃO MOSSORÓ CAICÓ RN 36 W CURRAIS NOVOS PB NATAL 6 S Figura 5- MAPA DE ISOCONDUTIVIDADE ELÉTRICA DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DA REGIÃO DO BAIXO A MÉDIO CURSO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CEARÁ-MIRIM/RN GILSON PEREIRA/MARIA CLÁUDIA/NIVALDO JÁCOME JOSÉ BRAZ DINIZ FILHO AutoCAD R14 AGOSTO/1999 CorelDRAW 8 1 st Joint World Congress on Groundwater 20