OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR

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Transcrição:

UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA umarfeminismos.org Observatório de Mulheres Assassinadas OMA Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR Dados de 203 (0 de Janeiro a 20 de Novembro de 203)

O OBSERVATÓRIO DE MULHERES ASSASSINADAS A União de Mulheres Alternativa e Resposta - UMAR, por meio do trabalho que desenvolve no Observatório de Mulheres Assassinadas - OMA apresenta anualmente e desde 2004, dados relativos ao femicídio ocorridos em Portugal no âmbito das relações de intimidade e relações familiares privilegiadas. NA CONTINUIDADE DO TRABALHO DESENVOLVIDO NESTA ÁREA SOMOS A REFORÇAR COMO PRINCIPAIS OBJECTIVOS: - Lembrar, visibilizar e valorizar as mulheres vítimas desta forma de violência extrema; - Contribuir para a desocultação da violência exercida contra as mulheres e em particular nas relações de conjugalidade e intimidade na sua forma mais grave; - Desocultar esta realidade, potenciando o aumento do conhecimento e compreensão do fenómeno, com vista a encontrar caminhos para a eliminação de todas as formas de violência contra as mulheres. - Desenvolver o estudo do femicídio e tentativas de femicídio de mulheres, em consequência da violência contra as mulheres ou violência de género e conhecer o seguimento dos casos. - Propor medidas que auxiliem na prevenção destes crimes. Através do OMA, a UMAR vem lembrar que as mulheres vítimas destes crimes são, não raras vezes, esquecidas! MULHERES cuja identidade não é resgatada que não pela efemeridade da sua morte; mulheres que foram brutalmente ASSASSINADAS por aqueles com quem um dia pensaram poder ser felizes; mulheres que perderam a sua vida por dizerem NÃO a uma relação pouco satisfatória; mulheres que acabaram por ser silenciadas quando disseram BASTA, quando ousaram refazer as suas vidas; mulheres ASSASSINADAS no silêncio e segurança de suas casas,. 2

Mulheres ESQUECIDAS, cuja morte e horror surge como facto brutal visualizado pelo mediatismo, mas sem que a sociedade no seu conjunto a relembre no seu quotidiano e impulsione mudança estrutural no que tange à violência contra as mulheres. O trabalho do OMA é conhecer, relembrar e potenciar a mudança, contribuindo para a transformação ainda necessária e para a propositura de estratégias de evitamento e/ou manutenção de uma realidade que a todos/as deve envergonhar. ÀS MULHERES, EUFÉMIA, FERNANDA B., CARINA, FERNANDA P., MARIA DO CARMO, DJILAM, MARGARIDA, MARIA DE LURDES, ROSA, DELMIRA, MARIA DA CÉU, MARIA TERESA, ANA CRISTINA, TERESA, MARIA DO CARMO, MÓNICA, INÊS, MARIA LUCÍLIA, CIDÁLIA, MARIA DE LOURDES, ELZA, ALZIRA, AMÉLIA, JOSEFINA, CÂNDIDA, CÉLIA, MARIA, ADÉLIA, AUGUSTA, FILOMENA, MAFALDA, MARGARIDA, ANGÉLICA, ÀS MULHERES, MARIA HELENA, BETY, MARIA, CLÁUDIA, ELISE, MARIA FERNANDA, ANDREIA, CARLA, CONCEIÇÃO, DULCE, ROSA, JOANA, OFÉLIA E ÀS MUITAS OUTRAS MULHERES CUJOS NOMES NÃO IDENTIFICAMOS, ; 3

INTRODUÇÃO AO ESTUDO INFRA APRESENTADO Tendo como fonte as notícias sobre femicídios e tentativas de femicídio na conjugalidade e relações de intimidade, relatados na imprensa escrita nacional, a UMAR vem apresentar os dados relativos ao Observatório de Mulheres Assassinadas referentes ao ano de 203 (0 de Janeiro a 20 de Novembro). Os dados referentes ao femicídio e femicídio na forma tentada analisados nos anos anteriores permitem-nos aferir que a sua maioria ocorre em contextos de violência doméstica prévia, e muitas vezes conhecidos de familiares, amigos, colegas de trabalho e mesmo de entidades oficiais, sem que tal facto tivesse minorado o impacto da violência e evitado a morte e lesões graves nas mulheres e suas/seus filhas/os. Os dados apresentados incluem ainda, os femicídios e tentativas de femicídio praticados contra mulheres nas relações familiares privilegiadas (ascendentes e descendentes directos e outros familiares) nas quais, era conhecida uma situação de vitimação, inserindo-se assim tais crimes e tentativas, em contextos de violência doméstica. O Observatório de Mulheres Assassinadas registou em 203 uma diminuição no número de femicídios e tentativas de femicidio quando comparado com período análogo de 202. Até à presente data o OMA contabilizou, em 203, um total de 33 femicídios e 32 tentativas de femicídio. De registar ainda um total de 2 vítimas associadas, sendo que 2 (doze) são vítimas directas, 6 (seis) delas mortais, e 9 (nove) vítimas indirectas, que presenciaram a prática do crime. 4

Pudemos ainda contabilizar um total de 2 filhos/as das vítimas dos crimes, apesar de na maioria das noticias existir a ausência de dados referentes a este item, sendo do entendimento da UMAR que a violência exercida contra as suas mães, os vitimiza de forma traumática. Nas relações de intimidade entre casais do mesmo sexo (homossexuais e lésbicas), informação introduzida pela primeira vez no OMA em 202, notamos que, no ano de 203, foi noticiado pela imprensa escrita a ocorrência de homicídio enquadrando este item. DO ESTUDO DO FEMICÍDIO E TENTATIVAS DE FEMICÍDIO NAS RELAÇÕES DE INTIMIDADE E RELAÇÕES FAMILIARES PRIVILEGIADAS Apresentaremos em seguida a caracterização das vítimas directas e dos autores do crime de femicídio e femicídio na forma tentada, bem como a caracterização destes crimes quanto à sua ocorrência em termos geográficos e temporais, local, meio empregue, suposta motivação e contexto em que foram praticados. 5

I- OMA FEMICÍDIOS 203 FEMICÍDIOS: RELAÇÃO DA VÍTIMA COM O HOMICIDA Em termos da relação existente entre vítimas e homicidas, verificamos que continua a ser o grupo dos homens com quem as mulheres mantêm uma relação de intimidade aquele que surge com maior expressividade, correspondendo este ano a 58% (n=9) do total de vítimas que foram assassinadas. Segue-se, tal como nos anos anteriores, o grupo daqueles de quem elas já se tinham separado, ou mesmo obtido o divórcio com 5% (n=5) do total das situações registadas. Verifica-se assim que as relações de intimidade presentes e passadas representam 73% do total dos femicídios noticiados. A violência intra-familiar, nomeadamente a praticada por outros familiares, contabiliza 2%, (n=4) e os ascendentes directos registam 2% (n=4). No presente ano foi ainda reportada uma () situação de femicídio perpetrada por indivíduo que não aceitou que uma mulher não correspondesse à pretensão de com ela estabelecer relação de intimidade (3%, n=). Femicídios: Relação da Vítima com o Homicída 33 9 5 4 4 6

FEMICÍDIOS: RELAÇÃO DA VÍTIMA COM O HOMICIDA AO LONGO DOS ANOS 2004-203 Desde o início do Observatório e, dos dados recolhidos, verificamos que mantém-se a tendência de maior vitimização das mulheres às mãos daqueles com quem ainda mantinham uma relação, fosse ela de casamento, união de facto, namoro ou outro tipo relação de intimidade (n total=224), seguido pelo grupo dos ex-maridos, excompanheiros e ex-namorados (n total=72). RELAÇÃO COM A VÍTIMA 2004 2005 2006 2007 2008 2009 200 20 202 20. Nov.203 Total Marido, Companheiro, namorado, relação de intimidade Ex-marido, excompanheiro, ex-namorado Descendentes directos Outros Familiares 28 25 23 6 27 7 30 8 2 9 224 3 6 9 4 3 8 5 8 5 72 7 0 2 0 3 2 4 2 2 2 4 0 0 2 0 7 4 22 Desconhecida 0 0 0 3 0 0 0 0 5 Ascendentes directos Relação não correspondida - - - - - - - 3 0 4 - - - - - - - 0 2 TOTAIS ANO 40 34 36 22 46 29 43 27 40 33 350 7

FEMICÍDIOS: IDADE DAS VÍTIMAS Entre Janeiro de 203 e 20 de Novembro de 203, o grupo etário que registou mais femicídios foi o das vítimas com idades compreendidas entre os 5 e os 64 anos de idade (43%, n=4). De seguida surge o grupo etário de mulheres com idade superiores a 65 anos que registou 2% (n=7) do total das situações. O grupo de mulheres com idades compreendidas entre os 36 e os 50 anos registou (8%, n=6) seguido do grupo de mulheres na faixa etária 24-35 anos a que corresponde 2% (n=4) do total das vítimas. O intervalo de idades compreendidas entre os 8-23 anos representa 6% (n=2) das situações registadas. 2% Femicídios: Idade das Vítimas 8-23 anos 24-35 anos 36-50 anos 5-64 anos Mais de 65 anos 6% 2% 43% 8% 8

FEMICÍDIOS: IDADE DAS VÍTIMAS AO LONGO DOS ANOS 2004 a 20 NOV. 203 Comparando os diversos anos desde 2004, podemos observar que o grupo etário mais vitimizado pelo femicídio por violência de género tem oscilado. Relativamente a 203, verificamos que é o grupo de idades compreendido entre os 5 e os 64 anos, foi o grupo predominante, seguido do grupo de mulheres com mais de 65 anos de idade. IDADE 2004 2005 2006 2007 2008 2009 200 20 202 20. Nov.203 TOTAL Até 7 anos 0 0 0 0 0 0 0 0 2 Dos 8 aos 23 anos 2 2 3 3 4 4 3 3 2 2 28 Dos 24 aos 35 anos 6 7 9 6 9 8 4 7 9 4 89 Dos 36 aos 50 anos 4 2 8 0 3 3 9 2 6 08 > 50 anos 6 2 0 4 9 3 3 8 7 2 3 Dos 5 aos 64 anos - - - - - - - Mais de 65 anos - - - - - - - - 4 25 6 7 3 Desconhecido 2 2 0 4 0 0 0 0 0 TOTAIS ANO 40 34 36 22 46 29 43 27 40 33 350 Desagregação do grupo etário mais de 50 anos, desdobrando-se e compreendendo dois escalões etários: 5-64 anos e, mais de 65 anos, encontrando-se contabilizados enquanto total no mais de 50 anos. Da análise comparativa com os anos anteriores, verificamos que em 203, tal como 2004, 2005 e 202, é o grupo etário das mulheres com idade superior a 50 anos que 9

apresenta, a maior taxa de prevalência correspondendo a 63,63% do total das situações registadas (n = 2 situações). Se desdobrarmos os escalões etários das mulheres com idades superiores a 50 anos, verificamos que das 2 mulheres sinalizadas, 4 tinham idades compreendidas entre os 5 e os 64 anos e que 7 tinham idade superior a 65 anos de idade. FEMICÍDIOS: SITUAÇÃO PROFISSIONAL DAS VÍTIMAS No que toca à situação profissional das vítimas é de notar a ausência de informação quanto a este item em 58% (n=9) das situações reportadas. Naquelas em que foi possível recolher informação registamos que 5% (n=5) se encontrava em situação de reforma e que 27% (n=9) das mulheres assassinadas estavam inseridas em mercado de trabalho. Femicídios: Situação Profissional da Vítima Reformada 5 Empregada 9 Sem informação 9 0

FEMICÍDIOS: IDADE DOS HOMICIDAS No que se refere à idade dos autores do crime de femicídio, podemos observar que até 20 de Novembro de 203 são os grupos etários dos mais de 65 anos e com idades compreendidas entre os 24-35 anos os prevalentes, cada um deles com 9 indivíduos identificados (29%). Logo de seguida e com 8 indivíduos surgem os homicidas com idades compreendidas no intervalo dos 5 aos 64 anos de idade, a que equivale uma percentagem de 26%. Com menor taxa de prevalência 3% (n=) e 3% (n=4) surgem os homicidas com idades compreendidas entre os 8-23 anos e os 36-50 anos, respectivamente. Femicídio: Idade dos Homicidas Mais de 65 anos 9 5-64 anos 8 36-50 anos 4 24-35 anos 9 8-23 anos FEMICÍDIOS: IDADE DO HOMICIDA AO LONGO DOS ANOS 2004 a 20 NOV. 203 Apresentamos, ainda, a tabela comparativa das idades dos homicidas ao longo dos anos em que o Observatório de Mulheres Assassinadas tem trabalhado na denúncia deste tipo extremado de violência de género incluindo a doméstica.

Podemos verificar que as idades dos homicidas seguem o mesmo padrão do das vítimas, e também com oscilações ao longo dos anos. Assim, dos dados registados até 20 de Novembro de 203, o grupo etário com maior prevalência é o dos homicidas com idades superiores a 50 anos (n=7), tal como registado nos anos de 2005, 20 e 202. Ao desdobrarmos este intervalo, contabilizamos 8 homicidas com idades compreendidas entre os 5 e os 64 anos e 9 com idades superiores a 65 anos. Não podemos contudo descurar o número semelhante e elevado de homicidas com idades compreendidas entre os 24 e os 35 anos (n=9) em 203. IDADES 2004 2005 2006 2007 2008 2009 200 20 202 203 Total Até 7 anos 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8-23 anos 0 0 0 2 3 3 0 2 2 24 35 anos 2 6 7 4 0 4 6 7 7 9 62 36-50 anos 7 5 9 3 20 3 8 6 3 4 98 > 50 anos 7 6 9 4 8 5 3 4 4 7 07 5-64 anos - - - - - - - - 0 8 8 > 65 anos - - - - - - - - 4 9 3 Desconhecida 24 6 9 7 4 3 0 4 0 68 TOTAIS ANO 40 34 36 22 46 29 43 27 40 3 348 Desagregação do grupo etário mais de 50 anos, desdobrando-se e compreendendo dois escalões etários: 5-64 anos e, mais de 65 anos, encontrando-se contabilizados enquanto total no mais de 50 anos. Neste item o número total de homicídas é de 3, dado que em duas das situações ocorreu um duplo homicídio. Este dado explica o motivo porque o número de homicidas não corresponde ao número de mulheres assassinadas, este num total de 33. 2

FEMICÍDIOS: SITUAÇÃO PROFISSIONAL DOS HOMICIDAS No que toca à situação profissional dos homicidas foi possível constatar que 0 (30%) exerciam actividade profissional identificada e 8 (24%) estavam em situação de desemprego. Foram identificados ainda 4 (2%) homicidas em situação de reforma, e como sendo estudante. De notar ainda que em 0 situações não foi possível identificar este item. Femicídios: Situação profissional do homicida 24% 2% 3% 30% 3% Sem informação Empregado Desempregado Reformado Estudante FEMICÍDIOS: MÊS DE OCORRÊNCIA Relativamente aos meses de ocorrência dos femicídios, Março foi o mês que registou maior número de femicídios, contabilizando um total de 9 (nove). De ressaltar ainda o mês de Junho, com o registo de 5 (cinco) femicídios e, os meses de Julho e Outubro, com 4 femicídios cada. Porém, será de referir que todos os meses registam ocorrência de femicídios, sendo superior a 3 (3,6 - três virgula seis) a média de mulheres assassinadas por mês em 3

Portugal no contexto da conjugalidade, relações de intimidade ou relações familiares privilegiadas. Como se constata da análise do gráfico infra, os meses de Janeiro, Fevereiro, Abril, Setembro e Novembro registaram um total de 5 femicídios. Quer o mês de Maio, quer o mês de Agosto registaram o assassinato de 3 mulheres em cada um deles. Femicídos: Mês de Ocorrência 33 9 3 5 4 3 4 FEMICÍDIOS: MÊS DE OCORRÊNCIA AO LONGO DOS ANOS 2004 a 20. NOV.203 No ano de 203 assinalamos uma maior taxa de incidência do femicídio no mês de Março, mês em que ocorreu 27% (n=9) do total dos femicídios noticiados. Em termos globais, da análise dos registos ao longo dos anos conclui-se que a prevalência do femicídio das mulheres deixou de incidir, em particular, nos meses de verão, pese embora seja ainda nestes meses que, em termos absolutos e pela análise do conjunto dos anos do OMA, se registe o maior número de femicídios. Porém, e em termos relativos, verifica-se uma dispersão da ocorrência do crime por quase todos os meses do ano, num total de 350 mulheres assassinadas entre 2004 até 20. Novembro de 203. 4

MESES 2004 2005 2006 2007 2008 2009 200 20 202 20. Nov.203 TOTAL MÊS Janeiro 3 2 4 0 3 3 0 8 Fevereiro 4 3 2 2 0 2 5 2 Março 2 0 2 2 3 2 7 9 29 Abril 4 5 3 2 7 2 27 Maio 3 3 7 3 5 2 3 3 3 3 35 Junho 4 3 2 5 3 3 5 28 Julho 5 5 0 3 8 2 4 40 Agosto 8 4 5 0 3 0 4 5 4 3 36 Setembro 4 4 7 4 4 2 6 5 7 44 Outubro 4 3 3 3 4 6 2 4 3 Novembro 0 3 2 4 6 2 3 23 Dezembro 3 0 2 2 2 2 2 4 8 TOTAL ANO 40 34 36 22 46 29 43 27 40 33 350 FEMICÍDIOS: DISTRITOS Quanto aos distritos, este ano, destacam-se negativamente Lisboa (2), seguido de Setúbal e Leiria, ambos com o registo de 4 (quatro) femicídios cada. Os distritos de Coimbra (2), Faro (2), Santarém (2) registam 2 (dois) femicídios cada e, com a notícia de (um) femicídio, identificamos a região autónoma dos Açores (), e os distritos de Bragança (), Castelo Branco (), Évora (), Guarda (), Porto (), Viana do Castelo (). Sem registo de femicídios nas relações de intimidade e relações familiares privilegiadas surge a região autónoma da Madeira (0), bem como os distritos de Aveiro (0), Beja (0), Braga (0), Portalegre (0), Vila Real (0) e Viseu (0). 5

Açores Aveiro Beja Braga Bragança Castelo Branco Coimbra Évora Faro Guarda Leiria Lisboa Madeira Portalegre Porto Santarém Setúbal Viana do Castelo Vila Real Viseu Femicídios por Distrito 2 4 4 0 0 0 2 2 0 0 2 0 0 FEMICÍDIOS: DISTRITOS AO LONGO DOS ANOS 2004 a 20.NOV.203 Partindo da análise dos dados dos femicídios recolhidos pelo OMA entre os anos 2004 a 20. Nov. 203 verificamos que os distritos de Lisboa (82), Porto (48) e Setúbal (34) continuam a assumir taxas de incidência preocupantes perfazendo um total de 64 dos 350 femicídios praticados nesse período. Podemos ainda verificar que no ano de 203, não existem registos de femicídios nos distritos de Aveiro, Beja, Braga, Portalegre, Vila Real, Viseu e Madeira. De notar que atendendo-se à fonte de recolha do OMA, a ausência de tais informações não deve ser interpretada como garantia da inexistência de femicídio nos distritos identificados, mas sim que não foram identificadas notícias de femicídios. 6

DISTRITOS 2004 2005 2006 2007 2008 2009 200 20 202 203 TOTAL DISTRITO Desconhecido 9 0 0 0 0 0 0 0 0 20 Aveiro 3 0 2 0 2 0 Beja 0 0 0 2 0 7 Braga 2 2 0 0 2 2 2 0 2 Bragança 0 0 0 0 0 5 Ctl. Branco 2 4 0 0 3 0 0 2 Coimbra 2 0 0 3 2 0 2 2 Évora 0 0 0 0 0 0 0 3 Faro 0 0 3 2 5 2 2 7 Guarda 0 0 0 0 0 0 0 3 Leiria 0 4 2 2 4 7 Lisboa 5 9 6 6 9 6 9 7 3 2 82 Portalegre 0 0 3 0 2 0 0 0 0 0 5 Porto 3 0 8 3 7 2 6 2 6 48 Santarém 0 3 2 0 2 2 Setúbal 0 2 3 2 4 3 8 5 3 4 34 Vila Real 0 0 0 3 2 2 0 0 Viana Castelo 2 0 2 0 0 0 0 7 Viseu 2 4 2 2 2 0 6 Madeira 0 0 0 0 0 4 0 0 6 Açores 0 0 0 6 0 TOTAL ANO 40 34 36 22 46 29 43 27 40 33 350 7

FEMICÍDIOS: CONCELHO DE OCORRÊNCIA Femicídios: Concelhos de Ocorrência Viana do Castelo Tomar Sobral de Monte Agraço Sintra Ribeira Grande Palmela Ourém Oeiras Óbidos Montijo Mirandela Miranda do Corvo Matosinhos Lourinhã Loures Loulé Lisboa Fundão Figueira de Castelo Rodrigo Figueira da Fôz Faro Évora Cascais Caldas da Rainha Benavente Alvaiázere Alenquer 2 2 2 4 8

Relativamente à desagregação da ocorrência do femicídio registada nos diversos distritos, por concelhos, verificamos mais uma vez que, embora o distrito de Lisboa surja referenciado como aquele em que ocorre a maioria dos femicídios noticiados, 2 de um total de 33, a identificação destes crimes pelos concelhos do distrito de Lisboa, aponta Loures como sendo o Concelho que, em 203, registou o maior número de femicídios (n=4). O concelho de Lisboa surge, a par dos concelhos de Palmela e Montijo, como aquele em que se registou um total de 2 femicídios/cada. FEMICÍDIOS: MOTIVAÇÃO OU SUPOSTA JUSTIFICAÇÃO PARA A PRÁTICA DO CRIME Analisadas as características das vítimas e dos homicidas importa, agora, compreendermos em que contexto, motivação, meio e local, o crime ocorreu. Atendendo-se à suposta motivação/justificação verificamos que em 203, grande parte dos femicídios praticados e registados pelo OMA ocorreu num contexto de violência doméstica já conhecida (28%). Os ciúmes e a atitude possessiva, como seja o não aceitar a separação, contabilizam 24% das situações registadas em que foram essas as causas ou suposta motivação apontada para a prática dos femicídios (2% cada). Em 9% das situações, o alcoolismo e/ou outras dependências surgem referenciadas como a suposta motivação para o crime. Os femicídios ocorridos com alegada justificação em psicopatologia do homicida, problemas financeiros, pedido de divórcio, paixão não correspondida e compaixão pelo sofrimento da vítima, contabilizam 5% dos crimes de femicídio registados (3% cada uma das categorias supra identificadas). 9

Femicídios: Suposta Justificação/Motivação Alcoolismo e/ou outras dependências Ciúmes Compaixão pelo sofrimento da vítima 3% 24% 9% 2% 3% Contexto Violência Doméstica Não aceita a separação 3% 3% 3% 2% 28% Paixão n/ correspondida Pedido de divórcio Problemas financeiros Psicopatologia Sem informação De salientar ainda que em 24% das situações noticiadas, não foi possível obter informação relativa a este item. FEMICÍDIOS: ARMA CRIME / MEIO EMPREGUE Analisando-se agora a arma do crime ou o meio empregue para a sua prática, verificamos que 40% (n=3) dos femicídios foram praticados com arma de fogo e que a arma branca foi utilizada em 24% (n=8) dos femicídios registados. 20

Por seu turno, verificamos que o espancamento e a asfixia foram o meio empregue em 24% das situações contabilizadas (2% cada, num total de 8 femicídios). Registamos ainda que o afogamento (6%), o fogo e a agressão com objecto (3% cada) foram os meios empregues para a consumação de 4 dos femicídios noticiados. Femicídio: Arma do crime/meio empregue 3 8 4 4 2 FEMICÍDIOS: HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA NA RELAÇÃO Cruzando a prevalência do femicídio com a presença de violência doméstica nas relações de conjugalidade ou de intimidade, presente ou passadas, e relações familiares privilegiadas, verificamos que 6% (n=20) das mulheres assassinadas até 20 de Novembro de 203 foi vítima de violência nessa relação. Verificamos ainda que, nas situações em que foi possivel identificar a presença de episódios abusivos na relação, a mesma era conhecida por familiares, vizinhos, amigos e muitas delas denunciadas aos órgãos competentes. Concluimos assim que tal não foi suficiente na prevenção da revitimização e consequente femicídio. De notar que do conteúdo das notícias não foi possível obter informação relativo a este item em 8 das situações reportadas (24%). 2

Em 5 situações foi noticiado não existir episódios de violência doméstica conhecidos na relação. Femicídio: História de Violência na Relação 24% 5% 6% Sim Não Sem informação FEMICÍDIOS: LOCAL DE OCORRÊNCIA Em consonância com os dados aferidos em anos anteriores constatamos que também em 203 a residência continua a ser o espaço onde a maior parte dos femicídios foram praticados (73%, n=24), seguidos pelos crimes praticados na via pública (24%, n=8). Femicídio: Local da Prática do Crime 3% 24% 73% Residência Via pública Local de Trabalho O local de trabalho encontra-se referenciado como tendo sido o local onde o femicídio foi consumado em 3% das situações contabilizadas (n=). 22

FEMICÍDIOS: MEDIDAS DE COACÇÃO APLICADAS Femicídios: Medidas de Coacção aplicadas aos homicidas Desconhecida nsa Prisão preventiva 7 3 3 Da informação recolhida nas notícias publicadas, foi possível identificar que em 3 dos 33 femicídios consumados, a medida de coacção aplicada foi a de prisão preventiva. Não foi possível identificar qual a medida de coacção aplicada em 7 das situações registadas. Em 3 das situações, não era devida a aplicação de medida de coacção, dado que após a prática do crime, o homicida suicidou-se. FEMICÍDIOS: DENÚNCIAS/PROCESSOS EM CURSO Salientam-se neste item, as situações em que foi possível identificar a existência de denúncias anteriores à ocorrência do crime de femicídio, ou mesmo aquelas em que, haviam já sido aplicadas aos homicidas, medidas de coacção prévias pela prática do crime de violência doméstica. Pretende-se, assim, neste capítulo analisar, das situações de violência doméstica identificadas, aquelas em que foi referenciada a existência de participação criminal, às autoridades competentes. 23

Foi assim possível identificar que em 5% das situações existia denúncia anterior por violência doméstica e mesmo que, em 3% das situações, o homicida havia já sido condenado pelo crime de violência doméstica. Identificamos contudo, um grande número de situações noticiadas em que era inexistente informação relativa à existência prévia ou não de processos por violência doméstica ou da posição da vítima face à história de vitimação, num total de 82% dos femicídios noticiados. Em 3% das situações contabilizadas foi referenciada que, não obstante a história de vitimação conhecida, esta nunca fora participada. Femicídio: Denúncias/Processos em Curso 3% 3% 3% 9% Denúncia anterior/vítima Sem informação 82% Denuncia anterior/outrem Nunca quis denunciar Condenado por VD pena suspensa 24

II- OMA TENTATIVAS DE FEMICÍDIO 203 TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: RELAÇÃO DA VÍTIMA COM O AGRESSOR Analisando-se a relação entre vítima e agressor verificamos que, no que concerne às 32 tentativas de femicídio contabilizadas entre Janeiro e 20 de Novembro de 203, a maioria (85%) teve como seus autores aqueles com quem as vítimas mantêm ou mantiveram uma relação de intimidade. Mantém-se assim a tendência registada em anos anteriores, verificando-se que 44% (n=4) dos femicídios na forma tentada foram praticados pelos maridos, companheiros, namorados ou outros com quem a vítima mantinha uma relação de intimidade e 4% (n=3) pelos ex-maridos, ex-companheiros e ex-namorados. Tentativas de Femicídio: Relação das Vítimas com o Agressor Mulher, companheira, namorada, relação 2% 4% 3% 44% intimidade Ex-mulher, excompanheira, exnamorada, ex-relação intimidade Ascendente Directo Outro familiar Relativamente à violência intra-familiar regista-se, no que concerne às tentativas de femicídio, que 2% (n=4) das vítimas eram ascendentes directos (mães) dos agressores e em 3% (n=) a vítima era outro familiar do autor do crime. 25

Continuamos assim a assistir à reiteração da prática do crime de femicídio e femicídio na forma tentada como culminar de uma escalada de violência praticada por aqueles com quem as vítimas mantêm relações de intimidade. Podemos por isso induzir que a permanência em relações violentas aumenta o risco de violência letal, considerando-se assim a violência doméstica como um preditor do femicídio e tentativa do mesmo. TENTATIVAS DE FEMICIDIO: IDADE DAS VÍTIMAS Apesar de nos termos deparado com a ausência de informação relativa à idade da 8-23 anos 5 24-35 anos Tentativas de Femicídio: Idade das Vítimas 0 36-50 anos 4 5-64 anos 2 Mais de 65 anos 0 ni 32 TOTAL representado em 6% (n=5) da amostra total. vítima em 0 das situações reportadas, verificamos que a faixa etária que predomina entre as vítimas de femicídio na forma tentada, no período em análise, é a faixa dos 36-50 anos, contabilizando 3% (n=0) do total dos crimes praticados. O segundo grupo etário com maior taxa de incidência é o 24-35 anos, Analisando-se a distribuição etária dos grupos verificamos que os dados são congruentes com os retratados na literatura que apontam que, frequentemente, as vítimas de violência doméstica que recorrem aos serviços de apoio têm idades igual ou superiores aos 25 anos. 26

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: SITUAÇÃO PROFISSIONAL DAS VÍTIMAS Ao procurarmos analisar, desta feita, a situação profissional das vítimas de tentativa Tentativas de Femícidio: Situação Profissional da Vítima 6% 3% 6% Desconhecida Desempregada 75% Empregada Reformada de femicídio, deparamo-nos com uma percentagem muito significativa (75%, n= 24) da ausência de informação nas notícias analisadas relativa a este item. Não obstante, foi possível apurar que 6% (n=5) das vítimas encontravam-se activas no mercado de trabalho, ao passo que 6% (n=2) estavam já reformadas e 3% (n=) desempregada. TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: IDADE DO AGRESSOR 2 8-23 anos 4 24-35 anos Tentativas de Femicidio: Idade do Agressor 36-50 anos 6 5-64 anos 3 Mais de 65 anos 6 ni 32 TOTAL Direccionando o olhar agora para a caracterização dos autores do crime de Tentativa de Femicídio constatamos que, à semelhança das vítimas, a maioria apresenta idades superiores aos 25 anos (75%, n=24), evidenciando-se aqui o grupo etário 36-50 anos como aquele que assume maior representatividade (34%, n=). 27

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro 20-Nov Total TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: SITUAÇÃO PROFISSIONAL DOS AGRESSORES Tal como nas vítimas, em mais de metade das notícias não foi reportada a situação profissional dos autores deste crime (59%, n=9). 6% (n= 5) dos autores deste crime encontrava-se desempregado e em igual percentagem encontramos os que estavam inseridos no mercado de trabalho. 6% 6% Tentativas de Femicídio: Situação Profissional do Agressor 6% 3% 59% Desconhecida Empregado Desempregado Reformado Estudante TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: MÊS DE OCORRÊNCIA No que concerne à distribuição dos crimes de femicídio na forma tentada pelos 3 4 5 Tentativas de Femicídio: Mês de Ocorrência 3 5 2 3 2 2 3 0 32 meses do ano verificamos que, a maioria destes crimes ocorreu no º semestre de 203, com uma taxa de incidência de 67% (n=22), evidenciando-se, aqui, pela negativa os meses de Março e Maio, com 5 tentativas de femicídio cada. De salientar ainda que todos os meses, à excepção de Novembro (até 20 de Novembro) registam no mínimo dois crimes de tentativa de femicídio, perfazendo uma média de 3 tentativas por mês. 28

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: MÊS DE OCORRÊNCIA AO LONGO DOS ANOS 2004 a 20.NOV.203 Tal como nos anteriores propomo-nos mais uma vez a fazer uma análise comparativa da distribuição dos crimes de femícidio na forma tentada pelos meses ao longo dos diferentes anos. Verificamos, assim, que continuam a ser os meses de Maio a Setembro (à excepção de Junho), onde se revela uma maior preponderância relativa às tentativas de homicídio noticiadas, ao longo dos anos. MÊS 2004 2005 2006 2007 2008 2009 200 20 202 20. Nov. 203 TOTAL MÊS Janeiro 3 4 2 4 2 4 3 25 Fevereiro 0 4 2 2 4 27 Março 4 0 3 4 5 5 2 4 5 33 Abril 2 3 4 4 4 3 3 26 Maio 0 4 2 9 8 0 4 0 3 5 45 Junho 0 4 2 3 2 5 2 2 Julho 3 5 6 6 2 3 5 2 9 3 44 Agosto 7 5 5 4 6 6 8 2 45 Setembro 7 9 5 3 2 4 5 8 2 56 Outubro 5 5 9 6 2 0 5 4 3 40 Novembro 2 3 6 3 0 4 2 0 22 Dezembro 4 4 3 4 5 4 27 TOTAL ANO 26 44 46 59 40 28 39 44 53 32 4 No total, podemos observar que, desde o início deste Observatório, i. é, entre os anos 2004 até 20. Novembro. 203, 4 mulheres foram alvo desta forma extremada de 29

Açores Aveiro Beja Braga Bragança Castelo Branco Coimbra Évora Faro Guarda Leiria Lisboa Madeira Portalegre Porto Santarém Setúbal Viana do Castelo Vila Real Viseu violência que, dos dados recolhidos, não foram fatais. No entanto, a severidade registada nestas agressões permite-nos antecipar as sequelas a nível psíquico e físico que poderão perpetuar-se por toda a sua vida e bem como a de todos/as aqueles/as que com elas vivem ou viveram na altura da perpetração do crime. TENTATIVAS DE HOMICÍDIO: DISTRITOS De acordo com a leitura do gráfico infra é possível verificar que uma percentagem significativa das vítimas de tentativa de femicídio registadas reside no Distrito de Lisboa (34%, n=), seguindo-se os Distritos do Porto (n=4) e Aveiro (n=3). Tentativas de Femicídio por Distritos 0 3 0 2 0 2 2 0 0 4 2 0 0 Salientamos ainda que nos Distritos de Castelo Branco, Évora, Portalegre, Viana do Castelo, Vila Real e Regiões Autónomas da Madeira e Açores, não foram noticiadas quaisquer tentativas de femicídio entre Janeiro e 20 de Novembro de 203. 30

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: DISTRITOS AO LONGO DOS ANOS 2004 A 20. NOVEMBRO.203 DISTRITO 2004 2005 2006 2007 2008 2009 200 20 202 20. Nov. 203 TOTAL DISTRITO Desconhecido 8 0 0 0 0 0 0 0 20 Aveiro 0 5 8 4 2 4 2 3 40 Beja 0 0 0 0 0 0 4 Braga 0 2 4 5 4 4 2 2 25 Bragança 0 2 0 0 0 0 3 8 Castelo Branco 0 0 0 Coimbra 0 2 0 2 3 3 2 0 2 5 Évora 0 0 0 0 0 0 0 2 0 3 Faro 0 2 2 3 2 2 5 Guarda 0 0 0 2 8 Leiria 0 0 2 3 6 5 2 2 Lisboa 3 4 8 6 7 5 9 9 2 84 Portalegre 0 0 0 0 0 0 0 0 2 Porto 3 6 7 8 3 5 9 9 4 65 Santarém 3 2 0 4 3 2 8 Setúbal 3 0 2 2 4 5 2 3 Vila Real 0 2 3 0 0 0 0 0 0 6 Viana 0 2 0 0 0 0 0 0 0 3 Viseu 5 5 4 0 4 0 22 Madeira 0 2 0 0 0 2 0 7 Açores 0 0 2 0 4 0 0 0 8 TOTAL ANO 26 44 46 59 40 28 39 44 53 32 4 0 6 No decurso do estudo efectuado pelo OMA ao longo dos anos 2004 até 20. Novembro. 203, foi-nos possível aferir que os distritos com maior incidência de tentativas de femicídio continuam a ser Lisboa e Porto, com um total de 49 crimes praticados e noticiados (84 e 65 respectivamente). O distrito de Aveiro continua também a 3

Amadora Aveiro Barreiro Batalha Beja Braga Cantanhede Cascais Entroncame Faro Lisboa Loulé Loures Matosinhos Mira Mogadouro Ovar Paredes Peniche Queluz Rio Maior Seia Sintra Sta. Mª Feira Torres Vedras Viseu destacar-se negativamente, assumindo-se como o 3º distrito com taxa mais elevada ao nível dos crimes de tentativa de femicídio noticiados (n=40). TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: CONCELHO Tentativa de Femicídio por Concelhos 3 2 2 2 2 Tal como no ano anterior, o OMA propõe a análise da taxa de incidência dos crimes de femicídio na forma tentada por concelho. Assim sendo, verifica-se que dentro dos três distritos que apresentam um maior número de crimes registados Lisboa, Porto e Aveiro são os concelhos de Loures, Amadora, Sintra, Aveiro e Paredes que apresentam um número mais elevado de crimes de tentativa de femicídio, contabilizando dos 32 crimes registados em todo o país. 32

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: SUPOSTA JUSTIFICAÇÃO/MOTIVAÇÃO Centrando-se agora na análise e compreensão dos motivos que estiveram na base da perpetração deste crime verificamos, através da leitura do gráfico, que 34% (n=) das situações noticiadas ocorreram num contexto de violência doméstica, surgindo a tentativa de femicídio numa escalada da violência vivenciada por estas mulheres. Tentativas de Femicídio: Suposta Justificação /Motivação Atitude de possessão Ciúmes Contexto VD 6% 3% 3% 3% 3% 6% 3% 9% 34% Não aceita a separação Conflitos no âmbito da Regulação das Resp. Parentais Problemas Financeiros Psicopatologia do agressor Sem informação Foi ainda noticiado que 6% dos crimes de tentativa de femicídio surgiu num quadro de separação da relação de intimidade não aceite pelo agressor. 33

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: ARMA DO CRIME/MEIO EMPREGUE O OMA vem registar mais uma vez que, no que se reporta à arma do crime e/ou meio empregue, os agressores utilizam mais comummente as armas brancas (38%; n=2) ou armas de fogo (3%; n= 0) para a consumação do crime de homicídio na forma tentada. Tentativas de Femicídio: Arma do Crime/Meio Empregue 3% 6% 3% 3% 6% Arma de Fogo Fogo Queda de Edifício Ácido 38% 3% Arma Branca Agressão com Objecto Intoxicação por gás TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA NA RELAÇÃO Tentativas de Femicídio: História de Violência na Relação 53% 47% Sim Sem informação O OMA pôde ainda identificar que em 47% (n=5) dos crimes de tentativa de femicídio noticiados até 20 de Novembro de 203 foi reportada história de violência doméstica na relação. Em 53% das situações não constava informação relativa a este item nas notícias publicadas. 34

Estes dados vêm mais uma vez reiterar que muitos dos crimes de femicídio e tentativa de femicídio surgem numa escalada acentuada da violência perpetrada nas relações de intimidade, sendo que não raras vezes esta história de vitimação é conhecida por familiares, vizinhos e/ou amigos da vítima. De salientar ainda que das 32 tentativas de femicídio analisadas obtivemos informação que 2 das vítimas já haviam apresentado denúncia por violência doméstica nos órgãos judiciais competentes. TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: LOCAL DO CRIME Por último apresentamos os registos referentes ao local da prática dos femicídios na forma tentada. Na categoria em análise, verificamos que continua a ser a residência o espaço onde ocorre a maioria das tentativas de femicídio (56%), a que corresponde um total de 8 das 32 tentativas contabilizadas. Registamos ainda que 2 dos crimes praticados ocorreram na via pública, a que corresponde um valor percentual de 38%. Um dos crimes foi praticado no local de trabalho da vítima e numa outra situação não foi possível apurar o local da prática do crime, dada ausência da referida informação nas notícias analisadas. 3% 3% Tentativas de Femicídio: Local do Crime Residência Via pública 38% 56% Local de Trabalho Sem Informação 35

TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: MEDIDAS DE COAÇÃO APLICADAS Na decorrência da prática deste crime assistimos à notícia da aplicação de 0 penas de prisão preventiva, 2 medidas de internamento hospitalar, medida de afastamento e proibição de contactos com a vítima, medida de Termo de Identidade e Residência e apresentação periódica na polícia, como medidas de coação aplicadas. Em 7 das situações reportadas desconhecia-se a medida judicial aplicada. Tentativas de Femicidio: Medidas de Coacção Aplicadas 0 7 2 Apresentação Periódica TIR M. afastamento ou proibição de contacto Prisão preventiva Internamento Hospitalar Desconhecida 36

III- OMA VÍTIMAS ASSOCIADAS 203 FEMICÍDIO E TENTATIVA DE FEMICÍDIO Como já é habitual, o OMA procura ainda aferir se, na decorrência dos crimes praticados e anteriormente analisados, existiram ainda outras vítimas, mortais ou atingidas, como é exemplo filhos/as, agentes de autoridade, outros familiares e/ou amigos da vítima, vizinhos, colegas de trabalho i. é. outras pessoas que estavam presentes na cena do crime e que directa ou indirectamente foram também elas atingidas. Femicídio e Tentativas de Femicídio: Vítimas Assossiadas 2 2 9 Directas Indirectas Total De referir que no ano de 203, o OMA contabilizou um total de 2 vítimas associadas. De salientar que o total de vítimas directas, ou seja, pessoas que foram directamente atingidas na sua integridade física e até vida pelo autor do crime contabilizam no ano em curso, um total de 2 pessoas, sendo que destas, 6 acabaram por falecer. Designamos por vítimas indirectas as pessoas que assistiram à prática do crime, embora não tenham fisicamente sofrido quaisquer ofensas, contabilizando-se este ano um total de 9 pessoas. 37

FEMICÍDIOS E TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: RELAÇÃO DAS VÍTIMAS ASSOCIADAS COM O AUTOR DO CRIME Da análise da informação recolhida no que respeita à relação existente entre o autor dos crimes de femicídio e de femicídio na forma tentada e as vítimas associadas, verificamos que se destacam duas categorias, a saber: aqueles que são filhos/as do autor do crime num total de 7 (sete) a que corresponde 33% do total das situações e, a categoria outros, onde se inserem amigos/as, vizinhos e companheiros actuais das mulheres que foram assassinadas ou que sofreram tentativa de femicídio, também com 33%. A categoria outros familiares onde incluímos os sobrinhos e tios, regista um total de 4 situações reportadas, correspondendo a 9%. Aqueles/as cuja relação com o autor do crime era de ascendente directo surge em 0% (n=2) das situações noticiadas e por último e em 5 % (n=) das situações a relação reportada era de descendente directo em 2.º grau, ou seja neto/a do autor do crime. Femicídio e Tentativas de Femicídio: Relação das Vítimas Associadas com o Autor do Crime 2 2 7 4 7 Ascendente Directo.º Grau Descendente Directo º Grau Descendente Directo 2º Grau Outros Familiares Outros Total 38

FEMICÍDIO E TENTATIVAS DE FEMICÍDIO: VÍTIMAS ASSOCIADAS AO LONGO DOS ANOS 2004 A 20. NOV.203 Partindo-se da análise dos dados relativos às vítimas associadas contabilizadas nos anos 2004 a 20.Nov. 203, verificamos que o OMA contabilizou um total de 295 vítimas associadas directas e indirectas de femicídio e/ou tentativa de femicídio. Femicídios e Tentativas de Femicídio: Vítimas Associadas 2004 a 20. Nov.203 295 96 99 49 0 29 6 3 2524 2 9 27 5 6 6 3 4 7 7 0 3 Femicídios Tentativas de Femicídio 39

IV- OMA ACÓRDÃOS DE HOMICÍDIOS DECISÕES JUDICIAIS EM 203: DOS FEMICÍDIOS OCORRIDOS E NOTICIADOS NA IMPRENSA DURANTE O ANO DE 203 (Decisões judiciais dos Tribunais de primeira instância) Em 203 o Observatório de Mulheres Assassinadas dá seguimento à análise de notícias relativas a decisões judiciais pelo crime de homicídio, levantamento iniciado em 200 e respeitante aos femicídios registados pelo OMA quer no presente ano quer nos anos anteriores. Assim, em 203 foram noticiadas 6 sentenças relativas a 7 homicídios praticados em Portugal, sendo que 2 são referentes a processos crimes ocorridos em 203 e 4 sentenças referem-se a 5 femicídios consumados em 202 (um dos homicidas assassinou duas mulheres). No presente ano não registamos informação deste item relativamente a anos anteriores. ACORDÃOS: FEMICÍDIOS REGISTADOS PELO OMA EM 203 MÊS/DECURSO DO TEMPO O OMA verifica que relativamente aos homicídios praticados em 203 apenas foi possível apurar 2 decisões judiciais dos 33 crimes de homicídio reportados. Foi ainda possível apurar 4 decisões judiciais dos 40 homicídios registados em 202 ( decisão judicial referia-se a 2 homicídios praticados pelo mesmo indivíduo). De notar que o tempo médio entre a ocorrência do crime e o acórdão situa-se num período ligeiramente superior a (onze) meses. 40

Decurso de tempo entre a prática do Crime e a decisão de.ª instância Mês do Crime Mês da decisão a ele relativa Do crime à decisão em.ª instância Março 203 Novembro 203 8 meses Abril 203 Julho 203 3 meses Fevereiro 202 Abril 203 4 meses Março 202 Abril 203 3 meses Março 202 Abril 203 3 meses Abril 202 Março 203* meses Maio 202* Maio 203* 2 meses Maio 202 Junho 203 3 meses Junho 202 Novembro 203 7 meses Julho 202 Abril 203 9 meses Agosto 202 Agosto 202 Novembro 203 5 meses Setembro 202 Junho 203 9 meses Setembro 202 Novembro 203 4 meses Novembro 202 Outubro 203 meses Dezembro 202 Outubro 203 0 meses Dezembro 202 Outubro 203 0 meses Tempo médio: meses (,38) ACÓRDÃOS TRIBUNAIS DE.ª INSTÂNCIA: PENA APLICADA E INDEMMNIZAÇÕES FIXADAS Relativamente à pena aplicada e do levantamento efectuado pelo OMA, apresenta-se de seguida tabela na qual se identifica: a tipologia do crime, a condenação e a pena que o Tribunal decretou para cada um dos crimes. 4

Tipologia da Agressão Tribunal Condenado por: Pena aplicada em ª instancia Indemnização fixada Morte por Esfaqueamento Torres Vedras Homicídio 8 anos de prisão ni Morte por Espancamento (paulada) Fundão Homicídio 20 anos de prisão 05 mil euros Morte por Espancamento Ponta Delgada Homicídio qualificado, Violência Doméstica e Ameaça Agravada Morte por espancamento (martelada) Morte por espancamento e tiro Morte por asfixia Morte por esfaqueamento Vila Nova de Gaia Loures Oeiras Braga Homicídio Qualificado Homicídio Qualificado Homicídio Qualificado Homicídio Qualificado paternal Morte por Esfaqueamento Évora Homicídio Qualificado e Homicídio na forma tentada 20 anos de prisão 200 mil euros 7 anos de prisão ni 25 anos de prisão Inimputável (internamento psiquiátrico) 2 de prisão e pena acessória de inibição do poder 24 anos de prisão 45.600 euros ni ni 500 mil euros Morta a tiro Moita Homicídio 6 anos de prisão ni Morte por esfaqueamento Vila do Conde Homicídio Qualificado e Violência Doméstica 25 anos de prisão ni Morte por fogo Sintra Triplo Homicídio Morte por fogo 25 anos de prisão ni Morta a tiro e por esfaqueamento Chaves Homicídio Qualificado Internamento psiquiátrico mínimo de 3 e máximo de 6 anos 30 mil euros Morte por espancamento (pazadas) Santo Tirso Homicídio Qualificado e Ocultação de 20 anos e 6 meses 20 mil euros 42

cadáver Morte por asfixia e esfaqueamento Oeiras Homicídio Qualificado 25 anos de prisão 8.550 mil euros Morte por estrangulamento Vila Franca de Xira Homicídio Qualificado 7 anos e 4 meses de prisão ni Morte por espancamento (paulada) Aveiro Homicídio Qualificado, Violência Doméstica e Ofensas à Integridade Física 23 anos ni De notar que o OMA, no respeito pela informação constante da fonte que lhe serve de base, referirá o tipo de crime e condenação que nela consta. Por tal facto poderá não existir coincidência exacta entre esta e a qualificação juridico-penal e condenação constante do acórdão condenatório. Salientamos assim que as penas aplicadas em Portugal oscilaram entre os 6 anos e os 25 anos de pena de prisão. A pena menos gravosa foi de 6 anos, aplicada pelo Tribunal da Moita, por homicídio (morte da ex-mulher a tiro) e as penas mais elevadas foram de 25 anos de prisão, aplicadas pelos Tribunais de Loures (Morte da companheira por espancamento e tiro), Vila do Conde (Morte de ascendente directo por esfaqueamento), Sintra (Morte por fogo triplo homicídio) e Oeiras (Morte da namorada por asfixia e esfaqueamento). No que concerne às indemnizações fixadas verificamos ausência de informação em notícias referentes a 9 (nove) dos acórdãos condenatórios. Relativamente às demais situações reportadas foi possível aferir que a indemnização mais baixa foi decidida pelo Tribunal de Loures que fixou indemnização no montante de 45 mil 600 euros (morte por espancamento e tiro) e que a mais elevada foi do montante de euros: 500 mil, fixada pelo Tribunal de Évora (morte por esfaqueamento e tentativa de homicídio). 43

ACÓRDÃOS TRIBUNAIS DE.ª INSTÂNCIA: DISTRITOS Dos registos do OMA verificamos a seguinte distribuição, por distritos, quanto aos acórdãos dos tribunais de.ª instância relativas a homicídios reportados pelo OMA quer no ano de 203 quer em anos anteriores. HOMICÍDIOS POR DISTRITO 203-202- 20-200 Aveiro 5 Beja 3 Braga 6 Bragança Castelo Branco 2 Coimbra 3 Évora 2 Faro 8 Guarda 0 Leiria 4 Lisboa 35 Portalegre 0 Porto 7 Santarém 2 Setúbal 7 Vila Real 6 Viana Viseu 6 Madeira 5 Açores 3 DECISÕES POR DISTRITO 203 0 0 0 0 0 0 6 0 3 0 0 0 0 TOTAIS 26 6 De referir ainda que não se verificarão julgamentos da totalidade dos homicídios registados pelo OMA entre os anos 200 e 203 dado que em algumas das situações reportadas os homicidas consumaram o atentado contra a própria vida (no período em análise correspondem a 4 situações). 44

HOMICÍDIOS/FEMICÍDIOS NAS RELAÇÕES HOMOSSEXUAIS: GAYS E LÉSBICAS Dando seguimento ao reporte iniciado em 202 quanto à ocorrência de homicídios e femicídios e tentativas deste crime nas relações de intimidade entre pessoas do mesmo sexo, apresentamos infra informações recolhidas no ano 203. HOMICÍDIOS NAS RELAÇÕES ENTRE CASAIS DO MESMO SEXO O OMA identificou no decurso de 203, um total de homicídio em relação homossexual. Dada a escassez de notícias relacionada com o crime de violência nas relações de intimidade entre casais do mesmo sexo, optamos e pelo 2.º ano consecutivo, por apresentar os dados não desagregados por capítulo, inserindo-os na tabela infra. Uma vez que a amostra trabalhada é muito reduzida entendeu-se, também em 203, não se apresentar conclusões ou ilações, por considerarmos não serem representativas do universo do crime em análise. 45

HOMICÍDIOS/FEMICÍDIOS Homicídios Relação com o agressor Grupo etário da vítima Situação profissional Grupo etário do agressor Situação profissional do agressor Local do crime Arma/meio Suposta justificação História de violência prévia Medida de coacção Concelho Distrito Companheiro 43 Empregado 36-50 anos Empregado Residência Arma branca Conflito familiar ni ni Loulé Faro 46

SÍNTESE DE RESULTADOS - OMA 203: SÍNTESE Nº VÍTIMAS Femicídios 33 Tentativas de Femicídio 32 Homicídio Rel. Homossexuais Tentativas Hom. Rel. Homossexuais 0 Vítimas Associadas 2 Filhos/as comuns 2 Decisões Judiciais 6 47

CONCLUSÕES e REFLEXÕES DA UMAR FACE AOS DADOS REGISTADOS E ANALISADOS PELO OMA Em 203 assistimos a uma diminuição da prevalência de femicídio e tentativas de femicídio em relação ao ano transacto. Porém, não podemos falar numa tendência na diminuição dos crimes perpetrados nas relações de intimidade, dado que os dados aferidos no Observatório desde 2004 alertam-nos para uma oscilação, por vezes, acentuada, quer de aumento quer de diminuição nos registos, conforme gráfico infra. Ano Femicídios Tentativas de Femicídio Total crimes/ano 2004 40 26 66 2005 34 44 78 5006 36 46 82 2007 22 59 8 2008 46 40 86 2009 29 28 57 200 43 39 82 20 27 44 7 202 40 53 93 203 33 32 65 TOTAL 350 4 76 Ou seja, verificamos uma descontinuidade na incidência do femicídio e tentativas de femicídio, o que obsta a uma conclusão absoluta no sentido de identificar uma tendência de aumento ou de diminuição. Por tal facto, cingimo-nos a uma análise comparativa relacional entre os resultados do ano em curso e o ano anterior, tendo contudo presente os registos apresentados desde 2004. Efectivamente registamos uma diminuição se compararmos com os dados de 202, porém se os cruzarmos com os dados obtidos em 2009, verificamos que nesse ano ocorreu igualmente uma diminuição comparativamente a 2008, com um aumento exponencial no ano de 200. 48

Fazendo uma leitura transversal dos dados registados pelo Observatório de Mulheres Assassinadas podemos procurar definir um padrão quanto aos femícidios tentados e consumados, concluindo o seguinte:. As vítimas são mulheres que mantinham uma relação de intimidade, presente ou passada, com o autor do crime. 2. Têm idades superiores a 36 anos (padrão que se mantém nos autores dos crimes). 3. A residência é o local privilegiado para a prática do crime. 4. A arma de fogo é o meio mais comumente utilizado. 5. A violência doméstica é identificada como contexto prévio à ocorrência dos crimes. 6. Os crimes surgem, assim, numa escalada de violência nas relações de intimidade presentes ou passadas. 7. Os meses de verão são os que registam maior número de crimes. 8. Os distritos com maior número de registos destes tipos de crime são por ordem decrescente Lisboa, Porto e Setúbal. O número de femicídios e tentativas de femicídio são tradutores de uma realidade que nos deve envergonhar a todos e todas, de uma sociedade que continua a ser permissiva com a violência exercida no seio familiar e, que teima em manter padrões de comportamentos e atitudes discriminatórias e atentatórias dos direitos das mulheres com repercussões irremediáveis e não raras vezes fatais, consubstanciando-se assim uma situação grave e muito preocupante. Esta preocupação, legítima e real, sai reforçada, se analisarmos: - que em mais de metade dos homicídios e tentativas registados, existia violência na relação e algumas das situações haviam mesmo sido reportadas às entidades competentes; - que não obstante o conhecimento prévio da existência de violência doméstica, esse facto não contribuiu para minimizar os impactos e consequências da vitimação, nem foi impedimento da concretização dos homicídios e das tentativas de homicídio; 49

-que as formas mais graves de violência contra as mulheres ocorrem na suas residências, muitas delas após a separação entre a vítima e o agressor/homicida; - que a permanência em relações violentas aumenta o risco de violência letal, sendo que a violência doméstica surge como um preditor do femicídio e tentativa do mesmo; Pelo exposto, somos do entendimento que os crimes de homicídio e de tentativa de homicídio praticados na conjugalidade ou relação de intimidade não devem estar dissociados do fenómeno da violência exercida contra as mulheres; Acrescenta-se ainda que, nas situações em que foi possivel identificar a presença de episódios abusivos na relação, a mesma era conhecida por familiares, vizinhos, amigos e que, o homicídio ou a tentativa surge na escalada da violência e como antevisão do seu desfecho; Estamos certas de que: - É possível diminuir a violência que é dirigida às mulheres, com consequências directas na redução da taxa de prevalência dos homicídios e de tentativas de homicídio; - A lei não é, de per si, instrumento suficiente para impedir a prática de crimes e a reiteração de condutas criminosas. A sociedade, no seu conjunto, terá de querer e agir no sentido da eliminação da violência contra as mulheres e da tolerância zero a quaisquer situações de violência; - A prevenção, a solidariedade, uma educação para a igualdade de género e para a cidadania activa, bem como, a ampliação de recursos e meios, de forma consistente e continuada, são fundamentais; - Uma justiça célere, eficaz no que tange à penalização dos agressores, a medidas e penas que tenham impacto directo e concreto na vida dos agressores e, medidas de protecção com impacto efectivo na vida das vítimas, servirão mais os princípios de prevenção geral e específica pretendidos pelas normas jurídicas; - Há que dar sinais mais claros de intolerância perante a prática dos crimes de violência doméstica que estão também na base da maioria das situações de homicídios e tentativas de homicídio na conjugalidade e relações de intimidade; 50