Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A Estação Experimental de Lagoa Seca Relatório Técnico-Fitossanitário Mosca-Negra-dos-Citros (Aleurocanthus woglumi Ashby) (Hemiptera: Aleyrodidae) Chega à Paraíba Lopes, E.B (2009) Lopes, E.B (2009) Lagoa Seca Estado da Paraíba Dezembro, 2009
Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A Estação Experimental de Lagoa Seca Relatório Técnico-Fitossanitário Mosca-Negra-dos-Citros (Aleurocanthus woglumi Ashby) (Hemiptera: Aleyrodidae) Chega à Paraíba Edson Batista Lopes 1 Ivanildo C.de Albuquerque 2 Fabio Ribeiro da Costa 3 Jorge Alberto de M. Borges 4 1 Engenheiro Agrônomo, Dr., Pesquisador da EMBRAPA/EMEPA - PB. Estação Experimental de Lagoa Seca. Lagoa Seca - PB. 58.117-000. E-Mail: edsonbatlopes@uol.com.br 2 Engenheiro Agrônomo, Mestre., Pesquisador da EMEPA - PB. Estação Experimental de Lagoa Seca. Lagoa Seca - PB. 58.117-000. E-Mail: ivanildocalbuquerque@hotmail.com 3 Engenheiro Agrônomo, Assessor Regional da EMATER - PB. Travessa Carlos Gomes,331- Campina Grande- PB. 58. 406-050. E-Mail: fabiorc2008@gmail.com. 4 Técnico em Agropecuária, Extensionista da EMATER Local de Alagoa Nova - PB. 58.125-000. E- Mail: jamborges59@gmail.com 2
1. Introdução A mosca-negra-dos-citros (Aleurocanthus woglumi Ashby), é originária do Sudoeste da Ásia. No Caribe, ela foi descrita pela primeira vez em 1913, ocorrendo na Jamaica. Nos últimos anos tem se propagado por regiões tropicais e subtropicais, entre elas as do Caribe, América Central e América do Norte. Há muito tempo A. woglumi tem sido uma ameaça para às plantações de citros na Jamaica, em Cuba, nas Bahamas, outras ilhas do Caribe e na Costa Rica. Ela pode também ser considerada praga em cultivos protegidos. Os hospedeiros primários de A. woglumi são as plantas do gênero Citrus, caju e abacate nas regiões pantropicais. São hospedeiros secundários, café na América do Sul, manga na Ásia e América do Sul, banana nas regiões pantropicais, uva na Índia, goiaba na China. Porém, em qualquer região, quando em elevada densidade populacional os adultos se dispersam para outras plantas hospedeiras próximas das áreas infestadas, tais como, rosas, maçã, café, manga, figo, goiaba, abacate, banana, caju, uva, manga, mamão, pêra, romã e marmelo. No México, 75 espécies pertencentes a 38 famílias botânicas são relatadas como hospedeiras deste inseto (SANIVEGE, 2009). A mosca-negra-dos-citros (A. woglumi Ashby) (Hemiptera: Aleyrodidae) é uma importante praga dos citros. Recém introduzida no Brasil, foi detectada pela primeira vez no Estado do Pará em 2001 na área urbana do município de Belém. A mosca-negra pode ser encontrada atualmente em mais da metade dos municípios paraenses (Maia et al., 2005). Há também registros de ocorrência nos Estados do Maranhão em 2003 (Lemos et al., 2006), Amapá em 2006 (Jordão & Silva, 2006). Apesar de ser um inseto-praga de recente introdução no Brasil (Oliveira et al., 2001), o primeiro registro no novo mundo foi na Jamaica em 1913, tendo se propagado para Cuba em 1916, México em 1935 (Smith et al., 1964). Na Flórida foi registrada em 1934 (Newell & Brown 1939). Na América do Sul foi detectada em 1965 na Venezuela (Angeles et al., 1968). No Amazonas foi detectada em Manaus em junho de 2004 sobre plantas cítricas e encontra-se disseminada por toda a área urbana do município de Manaus. Atualmente é encontrada também nos municípios de Itacoatiara, Rio Preto da Eva e 3
Iranduba, registros feitos em visitas nos plantios de citros (Pena & Silva, 2007) e Ronchi -Teles et al. (2009). Alguns anos após ter entrado no Brasil, pelo estado do Pará, a mosca -negra dos-citros - A. woglumi -, chegou a São Paulo em 2008 (Informativo Associtros, 2008). Em inspeções fitossanitárias realizadas em março de 2008 em pomares de citros, a mosca-negra foi oficialmente detectada pela primeira vez nesse estado no município de Artur Nogueira, disseminando-se rapidamente para outros pomares de citros localizados nos municípios de Holambra, Conchal, Engenheiro Coelho, Limeira e Mogi Mirim. Foram verificadas altas infestações, principalmente em lima ácida Tahiti (Pena et al., 2008). A praga já foi detectada também em Tocantins e Goiás (Ministério da Agricultura 2008). O impacto negativo da introdução da mosca-negra-dos-citros (A. woglumi Ashby) em regiões produtoras de frutas pode ter conseqüências desastrosas, não somente do ponto de vista econômico, mas, também, ambiental, devido aos efeitos que as medidas de controle adotadas podem ter sobre os recursos naturais quanto ao dano da praga na flora nativa, e ainda à sua possível adaptação a outras espécies comerciais, no momento não consideradas hospedeiras (Barbosa & Paranhos,2004). Inseto de pequenas dimensões, mas devido à sua alta taxa populacional e à sua disseminação característica (frutas e folhas podem servir de substrato para o transporte das posturas da praga), tem a capacidade de provocar um alto grau de prejuízo às plantas nas quais se instala. Como a mosca-negra é uma praga altamente danosa e apresenta riscos de provocar barreiras fitossanitárias impostas por países importadores de frutas, devem ser tomadas medidas emergenciais, para reduzir o risco de entrada e o estabelecimento desta praga nos pólos de fruticultura irrigada e de sequeiro do semi-árido nordestino. Este relatório técnico-científico tem como objetivo alertar as autoridades fitossanitárias dos estados do Nordeste sobre a ocorrência da mosca-negra-doscitros no Estado da Paraíba, distribuição geográfica, biologia, danos e as medidas a serem adotadas no combate à praga (nível de controle) vigentes no Brasil. 4
2. Praga Quarentenária e Distribuição Geográfica no Brasil De acordo com a legislação agrícola federal, a Mosca Negra dos Citros está classificada como praga quarentenária A2 (que têm a ocorrência no País apenas em determinadas áreas ou Estados), impedindo a comercialização de produtos vegetais provenientes dos Estados em que a praga está instalada. Por conta do prejuízo que essa medida poderá provocar a São Paulo, a Secretaria da Agricultura paulista já procurou o Ministério em questão para a revisão da normativa específica, uma vez que o manejo adequado da praga, com fiscalização das áreas envolvidas, pulverizações dos pomares afetados com produtos registrados, controle do trânsito vegetal e uma atuação diferenciada através da emissão de CFOs Certificados Fitossanitários de Origem, áreas livres da praga, reduziria o risco de propagação. Atualmente, já foi identificada a presença da Mosca Negra nos Estados do Pará, Maranhão, Tocantins, Amapá, Amazonas, Goiás e São Paulo. Na Paraíba, a mosca-negra-dos-citros foi detectada pela primeira vez na propriedade do Senhor Josué Frutuoso, município de Alagoa Nova, infestando folhas de laranja comum e laranja bahia. Farto material foi coletado pelo Técnico da EMATER-Alagoa Nova e enviado ao Laboratório de Fitossanidade da EMEPA-PB, em Lagoa Seca-PB para exame. No laboratório foram feitos exames a fresco de folhas com sintomas de ataque da praga, com o auxílio de um Microscópio Bilocular (Lupa), onde se constatou a presença de ovos, ninfas, pupas e adultos do insetopraga conforme se observa nas figuras 1, 2, 3 e 4.Todo material encontra-se incubado em gaiolas teladas aguardando a emergência de mais adultos. Posteriormente, foram feitas inspeções a outros municípios produtores como Lagoa Seca e Matinhas, objetivando registrar a ocorrência da praga. Em lagoa Seca, a mosca-negra-do-citros foi registrada na propriedade do Senhor Pedro Araújo de Lima no Sitio Oiti, atacando laranja pêra em alta infestação (Figura 5.). No município de Matinhas o inseto-praga foi registrado em tangerina dancy na propriedade do Senhor Inácio Ferreira da Silva, no Sitio Geraldo de Cima e ainda na propriedade do Senhor Pedro Araújo de Lima, no Sitio Orange, em laranja pêra (Figura 6.), onde se observou a mais alta proliferação do inseto-praga, inclusive numa reboleira com mais de 100 plantas atacadas (Figura 7.) e frutos recobertos de 5
fumagina (Figura 8.) fungo que vive associado aos excrementos do inseto. A situação é caótica e os produtores estão deveras preocupados com o aparecimento da nova praga, principalmente em Matinhas, maior produtor de tangerina dancy do Nordeste. Lopes, E.B (2009) Lopes, E.B (2009) Fig.1. Ovos do inseto distribuídos na folha, em forma de espiral Fig. 2. Ovos e ninfas no 1º estádio larval Lopes, E.B (2009) Lopes, E.B (2009) Fig. 3. Ninfas no 2º estádio larval Fig. 4. Inseto adulto da mosca-negrados-citros Os pesquisadores da EMBRAPA Edson Batista Lopes e EMEPA-PB Ivanildo Cavalcanti de Albuquerque, ficaram surpresos com o aparecimento da mosca-negrados-citros nesses municípios produtores de citros na presente safra, haja vista que eles vêm monitorando essas áreas no tocante às pragas e doenças dos citros desde 6
2006, inclusive com publicações (Diagnostico da Citricultura de Matinhas, 2006) onde não fazem referência a esse inseto-praga. No tocante a entrada da mosca-negra-dos-citros na Paraíba, a hipótese mais provável é que ela tenha vindo em caixa infestadas da região norte (Pará/Maranhão) ou Sudeste (São Paulo) em função do movimento de caminhões que transportam a tangerina de Matinhas para esses estados e as caixas utilizadas no transporte do produto, não sofrem nenhum tratamento fitossanitário. No dia de 20 do mês em curso (domingo) por ocasião da inspeção no município de Matinhas, os pesquisadores Edson Batista Lopes e Ivanildo Cavalcanti de Albuquerque, inesperadamente encontraram com o Prefeito da Cidade de Matinhas Aragão Júnior, e assim sendo, cientificaram-no da ocorrência da nova praga naquele município (Figura 9.). O Prefeito ficou preocupadíssimo e desabafou depois de tanto trabalho em prol da Tangerina de Matinhas lamento que isto esteja acontecendo, não existe fiscalização e até citou a lei do MAPA. Lopes, E.B (2009) Lopes, E.B (2009) Fig.5. Colônias de mosca-negra-doscitros em folhas de laranja pêra no Sitio Oiti, Lagoa Seca-PB Fig.6. Colônias de mosca-negra-doscitros em folhas de laranja pêra no Sitio Orange, Matinhas-PB 7
Lopes, E.B (2009) Lopes, E.B (2009) Fig.7. Reboleira com mais de 100 plantas atacadas pela mosca-negrados-citros em Matinhas-PB Fig.8. Frutos com fumagina em plantas atacadas pela mosca-negrados-citros em Matinhas-PB Lopes, E.B (2009) Fig.9. Pesquisador Edson Batista Lopes, cientifica a ocorrência da mosca-negra-do-citros ao Prefeito de Matinhas Aragão Júnior 8
3. Detecção, Inspeção e Identificação A inspeção deve ser feita sempre na região inferior da folha (Figura 10.) da planta hospedeira, utilizando-se lupa de bolso ou microscópio estereoscópico. As folhas jovens abrigam todos os estágios do inseto. A coloração marrom escura ou preta e brilhante da fase imatura facilita a visualização do inseto. Plantas ornamentais e partes destas, principalmente rosas, devem ser cuidadosamente inspecionadas por serem excelentes veículos de transporte. A identificação taxonômica geralmente é feita por meio da exúvia da pupa. Para identificação rápida e eficiente deste inseto, um padrão molecular para esta espécie foi estabelecido por técnicas de RAPD. Lopes, E.B (2009) Lopes, E.B (2009) Fig.10. Colônias do inseto na face inferior da folha Fig.11. Inseto da mosca-negra-doscitros na fase adulta 4. Descrição, Biologia e Comportamento Os adultos são alados e se alimentam por sucção. As fêmeas medem cerca de 1,2 mm e o macho, 0,8 mm., lembrando a mosca branca, porém de coloração preta com tons cinza-azulados (Figura 11.). Dependendo das condições climáticas, podem ocorrer de quatro a sete gerações por ano. As fêmeas ovipositam na parte inferior das folhas jovens e a postura apresenta-se em forma de espiral. As fêmeas põem uma média de 100 ovos durante todo o ciclo de vida. Os ovos são alongados, 9
de coloração branco-cremosa (Figura 12.). As ninfas são escuras e achatadas, de coloração negra brilhante e cerdas cerosas esbranquiçadas marginais. No primeiro ínstar são bastante ativas, com seis pernas, movem-se por um curto período de tempo e depois inserem as peças bucais nas folhas e começam, então, a sugar a seiva elaborada. O quarto e último ínstar são chamados de pupário (Fgura 13.), o qual é brilhante e circundado por secreção cerosa branca com grandes cerdas dorsais. A fecundidade e sobrevivência de A. woglumi estão diretamente relacionadas com a planta hospedeira e seu desenvolvimento é favorecido por temperaturas entre 28 e 32 0C e umidade relativa do ar elevada, entre 70 e 80 %. Pode ser encontrada durante todo o ano, entretanto a sua reprodução é baixa nos meses mais frios e chuvosos. Lopes, E.B (2009) Lopes, E.B (2009) Fig.12. Ovos da mosca-negra-doscitros vistos ao microscópio esterioscópico (Lupa) Fig.13. Ninfa da mosca-negra-doscitros no 4º estágio larval,vista ao microscópio esterioscópico (Lupa) 5. Plantas Hospedeiras e Dispersão Trata-se de uma praga de hábito alimentar polífago, que infesta diferentes espécies de plantas tanto cultivadas quanto silvestres (Angeles et al 1972). São relatadas cerca de 300 plantas hospedeiras (Nguyen & Hamon 2003), sendo citros o hospedeiro preferido (Shaw 1950, Howard & Neel 1978, Steinberg et al 1978). A mosca negra dos citros ataca principalmente as culturas cítricas (limão, laranja, lima e tangerina), o cajueiro e a mangueira. Os hospedeiros primários de A. 10
woglumi são as plantas de citros, caju e abacate. Contudo, podem atacar mais de 300 espécies de plantas. São hospedeiros secundários: café, manga, uva, goiaba, banana, figo, rosas, maçã, mamão, pêra, romã e marmelo, entre outros. O principal meio de dispersão para locais distantes é por material de propagação infestado, transportado pelo homem, principalmente em plantas ornamentais. A disseminação da praga pode também ocorrer por meio de folhas infestadas, carregadas pelo vento. O transporte da mosca-negra por frutos não é significativo. O inseto é capaz de voar até 187 metros em 24 horas. 6. Danos da Praga Tanto os adultos como as formas imaturas de A. woglumi sugam a seiva das plantas, deixando as plantas debilitadas, levando-as ao murchamento e, muitas vezes, à morte. A frutificação fica reduzida e as perdas podem alcançar até 80%. A Mosca Negra alimenta-se de grandes quantidades de seiva elaborada, concorrendo com a planta pelo alimento produzido, e por isso, pode causar definhamento lento do hospedeiro levando a planta à morte. Além disso, excreta gotículas açucaradas sobre as folhas constituindo substrato excelente para o desenvolvimento de fungos simbiontes, como por exemplo a Fumagina Capnodium sp., que revestem totalmente as folhas inibindo a respiração e a fotossíntese da planta. Altas concentrações de Fumagina interferem na formação dos frutos, prejudicando a produção e diminuindo o valor comercial da fruta. Esse fungo pode revestir totalmente as folhas da planta, com isso reduz a fotossíntese, impede a respiração da planta e diminui o nível de nitrogênio nas folhas. 7. Amostragem e Nível de Controle Poucos estudos têm sido realizados sobre amostragem e nível de controle da mosca-negra. Prospecções em mangueira e goiabeira foram realizadas em plantios comerciais, no Submédio São Francisco, tomando-se por base a amostragem já recomendada para Citrus e na Produção Integrada de Mangueira no Vale do São Francisco, onde são utilizadas 10 plantas por hectare. A amostragem é realizada ao acaso, dividindo-se a copa da planta em quadrantes. A cada 15 dias, em cada planta 11
amostrada, é observada a face inferior de oito folhas novas (duas em cada quadrante). 8. Tipos de Controle Biológico: Em diversos países de ocorrência, o controle biológico da mosca-negra tem sido mais eficiente que o controle químico, e é realizado utilizando os himenópteros parasitóides Eretmocerus serius, Encarsia clypealis, Encarsia opulenta e Amitus hesperidum. A praga foi controlada com sucesso no México e na Jamaica, utilizando-se E. opulenta e E. serius. Os predadores são os mesmos das moscas-brancas, destacando-se os crisopídeos - Chrysopa spp., Ceraeochrysa sp.- bicho lixeiro e joaninhas, como Azya lupteipes, Delphastus pellidus, D. pusillus e Scymnus spp, e os fungos entomopatogênicos Aschersonia aleyrodis e Verticillium lecanii. No Brasil, já foram identificados, no Pará, os fungos A. aleyrodis, Fusarium sp. e Aegerita webberi, infectando a mosca-negra. Químico: Vários inseticidas foram testados para o seu controle. Inseticidas como monocrotofós, oxydemeton-metil, fosfamidon e dimetoato são os mais usados. O malathion e dimetoato são eficientes no controle das ninfas. Outros inseticidas, tais como permetrina, fenvalerate, cipermetrina, deltametrina, ciflutrina, acefato e fentoato, são eficientes no controle de pupas. Também é recomendada a aplicação de sabões e óleos. Controle Integrado: Preservação dos inimigos naturais, pela racionalização das aplicações de inseticidas e utilização de barreiras contra o vento, boa drenagem e adequada adubação das plantas. Controle legislativo: Os produtores de frutas e plantas ornamentais deverão obedecer as novas regras para o trânsito de plantas, no mercado interno, que sejam hospedeiras da mosca-negra-dos-citros. As medidas da Instrução Normativa nº 23/2008, publicada em 23 de abril de 2008 (Instrução Normativa -Anexa), valem para o comércio destes produtos do estado infestado pela praga para outro reconhecido como livre da praga. A mosca-negra-dos-citros ataca principalmente as culturas cítricas (limão, laranja, lima e tangerina), o cajueiro e a mangueira. As rosas também são hospedeiras da mosca negra. Conforme a norma, as plantas e flores de corte só 12
poderão transitar de um estado com ocorrência da praga para outro considerado livre quando acompanhados de uma Permissão de Trânsito de Vegetais (PTV), documento que atesta que aquela carga e o local de produção não apresentam sinais da mosca negra dos citros nos últimos seis meses. Outra condição é que estes produtos sejam transportados de forma segura, em veículo apropriado, para impedir a propagação da praga.. Já para as frutas provenientes de estados com focos da praga, a IN determina que sejam transportadas sem folhas e partes de ramos, além de estarem acompanhadas de PTV. Segundo a Divisão de Prevenção e Controle de Pragas da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), é nas folhas que a mosca negra deposita seus ovos. Portanto, a sua retirada é uma forma de evitar que estas frutas disseminem a praga. 9. Ações Preventivas Utilizar mudas provenientes de locais livres da praga. Quando importadas, nos portos e aeroportos, realizar inspeção cuidadosa de folhas novas de plantas hospedeiras (principalmente ornamentais, como as rosas) ou partes destas e exigir o Certificado Fitossanitário, com especificação do(s) tratamento(s) realizado(s) antes daimportação. Em caso de suspeita, deve-se coletar amostra da planta com o inseto e encaminhar imediatamente a qualquer laboratório de Entomologia de Instituições, como Embrapa, Universidades ou Empresas Estaduais de Pesquisa, para a identificação do inseto. Imediatamente após a retirada da amostra para a identificação, tratar o material infestado. 13
10. Referências Bibliográficas Angeles, N.; Oakley, R.; Osorio, J.O. 1968. Presencia em Venezuela de Aleurocanthus woglumi Ashby (Aleyrodidae: Homoptera) mosca prieta de los cítricos. Agronomia Tropical 18(4): 487-488. Barbosa F. R.; Paranhos, B. J. Ameaça negra. Revista Cultivar Hortaliças e Frutas, nº 25, abril/maio. 2004 Dietz, H.F.; Zetek, J. The blackfly of citrus and other subtropical plants. USDA Bulletin 885; 1-55. 1920. Informativo Associtros. Secretaria confirma ocorrência da mosca negra dos citros em S. Paulo. Informativo Associtros. Março/abril de 2008 - Ano 4 - Número 17. 2008. Jordão, A.L.; Silva, R.A. Guia de Pragas Agrícolas para o Manejo Integrado no Estado do Amapá. Ribeirão Preto: Ed. Holos. 182pp. 2006. Lopes, E. B.; Albuquerque, I. C.; Moura, F. T. Diagnóstico da Citricultura de Matinhas, PB. João Pessoa:EMEPA,2006.31p.il.(Emepa. Documentos,52) Lemos, R. N. S.; Silva, G. S.; Araújo, J. R. G.; Chagas, E. F.; Moreira, A. A.;Soares, A. T. M. Ocorrência de Aleurocanthus woglumi Ashby (Hemiptera: Aleyrodidae) no Maranhão. Neotropical Entomology, (35): 4. 2006. Maia, W.J.M.S.; Souza, J.C.; Marques, L.C.; Silva, L.M.S.; Benaduce, R.V.; Gentil, R.M. Infestação em citros por Aleurocanthus woglumi (Ashby) e perspectivas de controle biológico aplicado no Pará. Anais do 9º Simpósio de Controle Biológico. Recife. p.183. 2005. Newell, W.; A.C. Brown. Eradication of the citrus blackfly in Key West, Fla. Journal Economic Entomology, 32: 680-682. 1939. Oliveira, M.R.V.; Silva, C.C.A.; Návia, D.; De Paula, S.V. A mosca negra dos citros Aleurocanthus woglumi. Brasília, DF: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, (Alerta Quarentenário). 2001. Oliveira, M.R.V.; Silva, C.C.A. da; Navia, D.; Praga Quarentenária A1: A mosca negra dos citros, Aleurocanthus woglumi Ashby (Hemíptera: Aleyrodidae). EMBRAPA Comunicado Técnico 40, 1999, 7p. Pena, M.R.; Silva, N.M. Sugadora negra. In: Revista Cultivar: Hortaliças e Frutas. Pelotas/RS Ano VII, 41.16-18. 2007. 14
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MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO GABINETE DO MINISTRO INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 23, DE 29 DE ABRIL DE 2008. O MINISTRO DE ESTADO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, no uso da atribuição que lhe confere o Decreto nº 5.741, de 30 de março de 2006, nos termos do disposto no Regulamento de Defesa Sanitária Vegetal, Capítulos IV e V, aprovado pelo Decreto nº 24.114, de 12 de abril de 1934, e tendo em vista o que consta do Processo nº 21000.006220/2001-14, resolve: Art. 1 Restringir o trânsito de plantas e suas partes, exceto sementes e material in vitro, das espécies hospedeiras da mosca negra dos citros (Aleurocanthus woglumi) constantes da lista oficial de Pragas Quarentenárias Presentes no Brasil, quando oriundas de Unidades da Federação (UF) onde seja constatada, por laudo laboratorial, a presença da praga. Art. 2 As plantas, flores de corte e material de propagação das espécies hospedeiras da mosca negra dos citros provenientes de UF com a ocorrência da praga com destino a UF reconhecida como livre pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA poderão transitar quando acompanhados de Permissão de Trânsito de Vegetais - PTV com a seguinte Declaração Adicional: "Não se observaram sinais de Aleurocanthus woglumi no local de produção durante os últimos seis meses e a partida foi inspecionada, encontrando-se livre da praga". Parágrafo único. O material a que se refere o caput deste artigo, em trânsito por áreas de ocorrência da praga, deverá ser transportado em veículo lonado, caminhão tipo baú ou com proteção de tela de malha antiafídeo. 16
Art. 3 Os frutos de plantas hospedeiras poderão transitar de UF com ocorrência da praga para UF reconhecida como livre pelo MAPA, desde que sem folhas e partes de ramos e acompanhados de PTV com a seguinte Declaração Adicional: "Os frutos foram submetidos a processo de seleção para a retirada de folhas e partes de ramos e a partida encontra-se livre de Aleurocanthus woglumi". Art. 4 Para as partidas de plantas hospedeiras e suas partes, fica proibida a emissão de Certificado Fitossanitário de Origem Consolidado em Unidades de Consolidação localizadas em entrepostos, armazéns, centrais de abastecimento ou locais similares, que não possuam estrutura permanente de vigilância agropecuária oficial. Art. 5 Para o trânsito de plantas hospedeiras e suas partes até entrepostos, armazéns, centrais de abastecimento ou locais similares, independentemente de seu destino final, a partida deverá estar acompanhada de Certificado Fitossanitário de Origem ou Certificado Fitossanitário de Origem Consolidado com suas respectivas declarações adicionais. Art. 6 Na UF reconhecida como livre da mosca negra dos citros, a Instância Intermediária do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária deverá realizar levantamentos semestrais de detecção e os relatórios decorrentes deverão ser enviados, por correspondência impressa, ao órgão de sanidade vegetal da Superintendência Federal de Agricultura, a fim de comprovar a ausência da praga no Estado. Art. 7 As suspeitas ou constatações de ocorrência da mosca negra dos citros deverão ser notificadas imediatamente ao órgão de sanidade vegetal da Superintendência Federal de Agricultura na UF correspondente. Parágrafo Único. A Instância Intermediária do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária deverá realizar os levantamentos de delimitação, bem como aplicar imediatamente as medida preconizadas no Plano Emergencial aprovado pelo Departamento de Sanidade Vegetal, objetivando o efetivo controle da praga. Art. 8 O material apreendido pela fiscalização de defesa sanitária vegetal, em desacordo com o previsto nesta Instrução Normativa, será sumariamente destruído, não cabendo ao infrator qualquer tipo de indenização, sem prejuízo das demais sanções estabelecidas pela legislação vigente. Art. 9 Os Secretários de Agricultura ou autoridades equivalentes das UF deverão dar a máxima atenção ao cumprimento desta Instrução Normativa, sobretudo nas barreiras fitossanitárias interestaduais. Art. 10. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. 2002. Art. 11. Fica revogada a Instrução Normativa SDA nº 20, de 21 de fevereiro de REINHOLD STEPHANES 17