Revista Eletrônica de Biologia

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Transcrição:

. REB Volume 2 (4):38-55, 2009 ISSN 1983-7682 Revista Eletrônica de Biologia Levantamento de espécies ruderais em uma área de pastagem abandonada na Represa de Itupararanga, Votorantim-SP. Ruderal species survey in an abandoned pasture area of Itupararanga Dam, Votorantim, State of Sao Paulo Sílvia Mara de Melo Cattani Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC-SP, Campus Sorocaba, SP E-mail: sm.cattani@uol.com.br Resumo Esse estudo objetivou o levantamento das espécies ruderais realizado na Represa de Itupararanga em uma área de pastagem abandonada, englobando todas as espécies encontradas no local. Plantas ruderais são aquelas que durante o processo evolutivo adaptaram-se a ambientes humanos, ocupando beiras de calçadas, terrenos baldios e outros tipos de ambientes urbanos. Em alguns casos essas espécies se comportam como invasoras de culturas e pastagens acarretando prejuízos, podendo causar ferimentos e intoxicação aos animais e comprometendo a estética da propriedade. Por outro lado, a maioria é empregada na medicina caseira ou têm propriedades inseticidas. Esse levantamento passou por vários processos: coleta; herborização, preparação de exsicata e identificação de cada uma das espécies. As famílias mais representativas em número de espécies foram: Compositae (7), Euphorbiaceae (2), Labiateae (3), Malvaceae (3) e Solanaceae (4). As maiores freqüências foram das seguintes espécies: Sida cordifolia, Sida glaziovii, Sida rhombifolia, Senna obtusifolia, e Richardia brasiliensis. Em geral, a área apresenta-se infestada de plantas daninhas, inclusive tóxicas. Esse levantamento será utilizado em uma atividade de Educação Ambiental para a comunidade rural do bairro Mato Dentro Sorocaba, a fim de expandir o conhecimento a respeito da importância de se conhecer plantas ruderais e sua natureza. Palavras-chave: espécies ruderais, pastagem, ervas daninhas, tóxicas, Represa de Itupararanga. 38

Abstract This study aimed to do a survey of ruderal species in an abandoned pasture area of Itupararanga Dam concerning all the species found there. Ruderal plants are those that adapted themselves to human environments in their evolution process, living in sidewalk edges, fallow fields, and other kinds of urban settings. Sometimes these species become invaders which damage crops and pastures; they can cause injury and poisoning to animals, as well as property aesthetic compromise. On the other hand, most of these species is used in domestic medicine or has insecticide applications. This survey has passed through many processes: collection; herborization, exsiccate preparation, and identification of each species. The most representative families regarding the number of species were: Compositae (7), Euphorbiaceae (2), Labiateae (3), Malvaceae (3), and Solanaceae (4). The highest frequencies had concerned the following species: Sida cordifolia, Sida glaziovii, Sida rhombifolia, Senna obtusifolia, and Richardia brasiliensis. Generally, the area is infested with weeds, including toxic ones.this survey shall be used in an activity of Environmental Education designed for the agricultural community of the quarter called Mato Dentro - Sorocaba, in order to improve its knowledge on the importance of recognizing ruderal plants and their nature. Key-words: ruderal species, pasture, weed, toxic plants, Itupararanga Dam. 1. Introdução A Botânica é uma das áreas da ciência que estuda as plantas, fazendo o reconhecimento de cada espécie. Isso em sistemática vegetal, estudos de morfologia, fisiologia e determinação de seus hábitos e de seu ciclo de vida (DEUBER, 1992). A Biologia também está empenhada nesse papel, segundo Deuber (1992) com envolvimento no estudo da vida e, em especial, com referência ao estudo do controle biológico das plantas daninhas, está estreitamente ligada ao nosso propósito. Este trabalho também envolverá a área de Ecologia, pois, ela está diretamente ligada de acordo com Deuber (1992), no que diz respeito ao comportamento de cada espécie considerada no ambiente, a caracterização de seu habitat, a sua adaptabilidade às diferentes condições ambientais. Mediante essas ciências, iniciaram-se os estudos das espécies ruderais de pastagem, que foram coletadas, herborizadas e preparadas as exsicatas de cada espécie para posterior identificação. Todo esse levantamento foi realizado com 39

auxílio da Profa. Dra. Vilma Palazetti de Almeida e com literaturas especializadas e comparação com material existente no herbário do Departamento de Botânica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Sorocaba. Onde, de acordo com essas literaturas, nos ajudaram a elucidar o que são plantas ruderais e suas características fisiológicas. Nesse sentido, compreende-se que plantas ruderais (do grego ruderes = ruínas) são aquelas que durante o processo evolutivo adaptaram-se a ambientes humanos, ocupando beiras de calçadas, terrenos baldios e outros tipos de ambientes urbanos que são áreas de grande concentração de nitrogênio; embora em alguns casos se comportem como invasoras de culturas e pastagens acarretando prejuízos 1991). Por outro lado, a maioria é empregada na medicina caseira, outras são tóxicas ou têm propriedades inseticidas, o que denota a importância do estudo da comunidade vegetal, especialmente do ponto de vista sistemático, fitoquímico e fisiológico 1991). As plantas invasoras são muito competitivas, segundo Raven et al., (1992), a competição é definida como uma interação entre membros da mesma população ou de duas ou mais populações, a fim de obter um recurso mutuamente necessário e disponível em quantidades limitadas. Alem disso, algumas plantas produzem substâncias tóxicas em resposta a herbívoros, ou seja, defesa química. Os herbívoros controlam o potencial reprodutivo das plantas, destruindo suas superfícies fotossintetizantes, seus órgãos de reserva de nutrientes ou suas estruturas reprodutivas (RAVEN et al., 1992). De acordo com Paulino et al., (2002), as pastagens representam uma fonte de alimento de menor custo, eficiente energeticamente e de acordo com a demanda da sociedade, que exige que a qualidade e o modo de produção da carne e do leite atendam as exigências de preservação dos recursos ambientais e de sustentabilidade dos sistemas de produção. Um dos problemas resultantes da degradação pelo manejo inadequado das pastagens é a infestação por plantas daninhas, que, devido a sua capacidade de 40

interferência, reduz a produtividade das forrageiras. Ao competir pelos fatores de crescimento, as plantas daninhas promovem queda da capacidade de suporte da pastagem, aumentam o tempo de formação e de recuperação do pasto, podem causar ferimentos e/ou intoxicação aos animais e comprometem a estética da propriedade (PEREIRA & SILVA, 2000; ROSA, 2001; SILVA et al., 2002). O levantamento da vegetação em pastagem é importante na obtenção do conhecimento sobre as populações e a biologia das espécies encontradas, constituindo uma importante ferramenta no embasamento técnico de recomendações de manejo e tratos culturais, seja para implantação, recuperação ou condução das pastagens. Vários são os trabalhos que buscam o conhecimento da flora invasora em pastagem, nas mais diversas regiões (LARA et al., 2003; PEIXOTO et al., 1982). Grande número de plantas daninhas é citado como infestantes em pastagens, e as famílias mais importantes são: Leguminoseae, Gramineae, Malvaceae, Myrtaceae, Cyphaceae, Asteraceae, Cyperaceae, Rubiaceae e Labiateae (SILVA & DIAS FILHO, 2001; LARA et al., 2003). A família Rubiaceae é muito conhecida por causa do café (Coffea) e pelo fato de várias espécies apresentarem ação emética (OLIVEIRA et al., 2003). Muitas são tóxicas, como Palicourea marcgravii A.St.Hil., conhecida como erva-de-rato, que causa graves prejuízos para pecuaristas, os quais perdem um número significativo de cabeças de gado pela ação tóxica desse vegetal (OLIVEIRA et al., 2003). Segundo o professor Fábio Erminio Mingatto, do Campus Experimental da Unesp, de Dracena (SP), são muitas as plantas tóxicas presentes em pastagens e cada região do Brasil tem suas particularidades, essas espécies nascem com maior freqüência em pastagens degradadas. Dificilmente aparecem plantas daninhas em pastagens de boa qualidade (MELO, 2007). Como é difícil o tratamento por intoxicação por plantas a primeira recomendação dos pesquisadores é de não deixar o animal com fome (MELO, 41

2007). É importante ter uma boa pastagem, além de fazer suplementação do gado na época seca. No caso de uma área infestada com algumas dessas espécies, deve-se evitar o acesso do animal. Além do isolamento da área, pode-se fazer a eliminação mecânica ou química. Deve-se, porém, ter o cuidado de aplicar o produto apenas na planta, para não afetar a pastagem (MELO, 2007). Dentro da espécie bovina, certas raças toleram mais, outras menos, certos venenos. Na mesma raça há fatores ligados ao próprio indivíduo, tais como idade, peso, sexo, estado sanitário e nutricional, além do grau de sensibilidade do animal ante a um princípio tóxico (AFONSO & POTT, 2002). Com relação a planta, deve-se considerar a sua fase vegetativa, como brotação, floração e frutificação, pois, as vezes, ela provoca intoxicações apenas em uma dessas fases (AFONSO & POTT, 2002). Existem também plantas com princípio tóxico cumulativo, que o animal, ingerindo pequenas quantidades diárias, vai retendo no seu organismo, até atingir a dose letal (AFONSO & POTT, 2002). Na Carta de Belgrado foram definidos seis objetivos indicativos da educação ambiental 1. Conscientização; 2. Conhecimento; 3. Comportamento, 4. Competência; 5. Capacidade de Avaliação e 6. Participação (REIGOTA, 2004). Nessa pesquisa de plantas ruderais iremos trabalhar com a educação ambiental no sentido de promover o objetivo nº 2. Conhecimento, da Carta de Belgrado, que, segundo Reigota (2004), é levar os indivíduos e os grupos a adquirir uma compreensão essencial do meio ambiente global dos problemas que estão a eles interligados e o papel e lugar da responsabilidade crítica do ser humano. O conhecimento proporcionado pela ciência e pelas culturas milenares sobre o meio ambiente deve ser democratizado (REIGOTA, 2004). As pessoas devem ter acesso a ele, assim, educação ambiental não deve ser transmitir só o conhecimento científico, mas todo tipo de conhecimento que permita uma melhor atuação frente aos problemas ambientais (REIGOTA, 2004). 42

Este trabalho teve como objetivo realizar o levantamento da vegetação ruderal em uma área de pastagem abandonada, localizada na propriedade da Fazenda Itupararanga, Rancho Alegre, que, após os dados levantados, servirão para aplicação de uma atividade educacional, visando orientar a comunidade rural, através de uma ação de educação ambiental, sobre a importância de saber identificar as espécies ruderais e suas características, a fim de se evitar ferimentos e intoxicações aos animais que circulam e se alimentam dessa vegetação. Segundo Mergulhão & Vasaki, (1998), um trabalho de educação na zona rural deve procurar integrar o homem à natureza, valorizando as pessoas, os costumes, a fauna e a flora da região. 2) Objetivos O objetivo desse projeto foi realizar o levantamento de espécies ruderais em uma área de pastagem abandonada, a fim de orientar a comunidade rural agropecuária. 3) Materiais e Métodos Área de estudo Foram realizadas coletas da comunidade vegetal ruderal englobando todas as espécies encontradas em uma área de pastagem abandonada com 3 ha, localizada na Represa de Itupararanga, Votorantim-SP, na propriedade da Fazenda Itupararanga, Rancho Alegre, Setor 2 próximo cerca de 5 min de barco da barragem do reservatório, circundado de mata nativa. O levantamento consistiu em visitas regulares ao local, feitas entre os meses de março e abril de 2008 e, durante esse levantamento as plantas passaram pelo processo de coleta executado com tesoura de poda; processo de herborização onde foi preciso acomodar cada uma das plantas em jornal em meio de duas placas de papelão e duas prensas de madeira fazendo tipo de um sanduíche de plantas. Após isso, foram preparadas as exsicatas botânicas das espécies para serem 43

identificadas, as quais foram conduzidas pela Profa. Dra. Vilma Palazetti de Almeida, com auxílio de literatura especializada e por comparação com material já classificado do Departamento de Botânica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Sorocaba. As espécies encontradas foram estudadas na forma de comparação com literaturas especializadas - Livro 1: Manual de Identificação e Controle de Plantas Daninhas 2000) e Livro 2: Plantas Daninhas do Brasil 1994), quanto a sua classificação e a toxidade, visando um levantamento específico de cada espécie ruderal comprometedora ou não para a pastagem bovina, a fim de orientar a comunidade rural agropecuária. Atividade de Educação Ambiental O segundo objetivo desse projeto foi conciliar as informações descritas acima, com uma atividade que envolverá a Educação Ambiental no sentido de vincular a transmissão dos conhecimentos sobre a natureza das plantas ruderais também conhecidas por ervas daninhas que nascem em pastagem, para um público específico da zona rural. Área de estudo O local escolhido para essa ação foi o bairro rural Mato Dentro, que fica a cerca de 20 quilômetros do centro de Sorocaba e tem como vizinhos Aparecidinha e Brigadeiro Tobias com uma população estimada em 800 habitantes (ARRUDA, 2008). Não conta com centro de saúde, o mais próximo fica em Aparecidinha, a educação conta com apenas com uma escola de 1ª a 4ª série, construída e mantida pela Prefeitura de Mairinque (ARRUDA, 2008). Para essa escola, será desenvolvida uma atividade de bate-papo junto aos pais dos estudantes da 4ª série do ensino fundamental -1, tendo como objetivo principal, promover o conhecimento a respeito de plantas ruderais, uma vez que, muitas famílias ainda dependem da pecuária de subsistência criando seus próprios 44

animais e, outras trabalham como administradores em propriedades particulares, cuidando dos gados e da agricultura. Será feito um contato inicial com a diretora da escola, onde explicaremos como essa atividade se desenvolverá e, assim que obtivermos a autorização para a execução, marcaremos o dia e o horário para uma visita junto aos pais dos alunos, os quais serão informados através de bilhetes, cujos professores ficarão responsáveis pela distribuição aos alunos. Para essa visita levaremos material de apoio como, por exemplo: exsicatas e imagens de plantas ruderais para que no bate-papo, os pais possam discutir sobre o assunto e conhecer algumas espécies de plantas ruderais, as quais estarão em uma tabela informativa, onde constará: o nome popular da planta; se são tóxicas ou não para o animal e sua ação no organismo caso o animal venha a ingerir essas plantas. Para finalizar a atividade de Educação Ambiental, os pais serão convidados para passear em torno da escola e tentar achar alguma planta ruderal que foi abordada no bate-papo, fazendo assim o reconhecimento da mesma. 3. Resultados e Discussão Após ter comprido todas as etapas do levantamento das plantas ruderais, desde a coleta até a identificação das mesmas, foram registradas a ocorrência de 25 espécies pertencentes a 11 famílias. As famílias mais representativas em número de espécies foram: Compositae (7), Euphorbiaceae (2), Labiateae (3), Malvaceae (3) e Solanaceae (4). As maiores freqüências foram das seguintes espécies: Sida cordifolia, Sida glaziovii, Sida rhombifolia, Senna obtusifolia, e Richardia brasiliensis. Dentre essas 25 espécies, 5 são tóxicas para gado e as outras 20 (vinte) são consideradas muito infestantes de culturas e empregada na medicina caseira. Para melhor entender a biologia dessas plantas, foram elaborada duas tabelas, onde as espécies estão distribuídas e organizadas de maneira clara e informativa. 45

Podemos observar as principais plantas ruderais encontradas na Represa de Itupararanga, Votorantim-SP na (Tab.1) abaixo, apresentando a distribuição geográfica, nome popular e científico, a família que elas pertencem, uma síntese dos sinais clínicos da intoxicação em bovinos de algumas espécies e, se há ou não evidência de intoxicação nas espécie e observações gerais. TABELA 1: Lista das espécies ruderais encontradas na Represa de Itupararanga, Votorantim-SP em 2008. Distribuição Nome popular Nome Científico e Evidências de intoxicação e Fonte Geográfica Família observações S e SE Arnica-do-campo Solidago chilensis (Compositae) Assapeixe-roxo Vernonia glabrata (Compositae) CO Barbasco, Barbaço Pterocaulon virgatum (Compositae) Não. Planta apícola e medicinal Não. É uma infestante medianamente persistente. Não. Prefere solos ácidos e úmidos. É ocasionalmente empregada na medicina caseira. 2000) p.182 2000) p. 197 2000) p. 178 Bucho-de-rã, Physalis angulata Não. É largamente empregada na Balão-rajado (Solanacea) medicina popular. 2000) p. 555 Camará-bravo, Asclepias Sim. Morte súbita: mesmo sadio, se correr, (AFONSO & Oficial-de-sala curassavica o gado cai morto, de ataque do coração. POTT, 2002) (Apocinaceae) EMBRAPA SE, E e CO Campainha Ipomoea ramosissima (Convolvulaceae) Fedegoso Senna obtusifolia (Leguminosae) Não Seus maiores danos são decorrentes do sombreamento causado pelo emaranhado de seus ramos. Sim. É considerada uma planta tóxica ao gado. 2000) p. 218 2000) p. 398 46

Fruto-de-lobo, Solanum lycocarpam Não. Os frutos são procurados pela fauna e muito 2000) Lobeira (Solanaceae) empregados na medicina caseira. p. 563 SE Gervão-azul Stachytarpheta cayennensis (Verbenaceae) Não. É empregada para fins medicinais e ocasio nalmente cultivado como ornamental. 2000) p. 602 Gervão-branco Croton glandulosus (Euphorbiacea) Não. Planta muito rústica, resiste a longos períodos de seca. 2000) p. 272 =Toda Região do Brasil; S=Sul; E=Leste; SE=Sudeste; CS=Centro Sul; CO=Centro- Oeste. Distribuição Nome Nome Evidências de intoxica-ção e Fonte Geográfica popular Científico e observações Família Guanxuma, Malva- Sida cordifolia Não. É a principal espécie de guanxuma 2000) branca (Malvaceae) infestante de canaviais chegando a competir com a cana a procura de luz. p. 472 Guanxuma-branca, Sida glaziovii Não. Em áreas de pastagens, assume o 2000) Malva-guaxuma (Malvaceae) hábito semiprostado, ao contrário das áreas de canaviais. p. 473 Guanxuma, Sida rhombifolia Não. É uma infestante altamente 2000) Vassourinha (Malvaceae) competitiva com as culturas agrícolas devido ao seu profundo sistema radicular. p. 475 SE Guizo-de-cascavel, Crotalaria Sim. Ataca o fígado; contrações; (AFONSO & POTT, Xiquexique lanceolata e perturbações digestivas; desequilíbrio; 2002) outras espécies excitação ou depressão; EMBRAPA (Papilionoideae) dificilmente o gado se recupera. Hortelã-gigante, Hyptis pectinata Não. É reputada como medicinal. 2000) Betônica (Labiatae) p. 379 S Joá-bravo Solanum sisymbrifolium (Solanaceae) Maria-pretinha Solanum americanum (Solanaceae) Sim. É hospedeira de patógenos de Solaná-ceas cultivadas. Os frutos são tóxicos. Sim. Intoxicação lenta. Calcifica pulmões, veias e tendões (rigidez das pernas); apoio na ponta do casco ("espichado") dificuldade de andar emagrecimento, morte por fome. Ataca mais vaca nova. 2000) p. 566 (AFONSO & POTT, 2002) EMBRAPA =Toda Região do Brasil; S=Sul; E=Leste; SE=Sudeste; CS=Centro Sul; CO=Centro- Oeste. 47

Distribuição Nome Nome Científico e Evidências de intoxica-ção e observações Fonte Geográfica popular Família Mentrasto, Ageratum conyzoides Não. É muito empregada na medicina caseira. Picão-roxo (Compositae) 2000) p. 117 Poaia-branca Richardia brasiliensis (Rubiaceae) Quebra-pedra Phyllanthus tenellus (Euphorbiaceae) CS Rubim Leonurus sibiricus (Labiatae) Salva-limão Hyptis suaveolens (Labiatae) Não. É considerada uma das principais infestantes das culturas de soja e milho das regiões Sul e Centro-Oeste. Não. É muito empregada na medicina caseira. Não. É considerada como excelente remédio caseiro. Não. É uma planta daninha muito comum em áreas de pastagens. 2000) p. 538 2000) p. 278 2000) p. 382 2000) p. 380 Serralha Sonchus oleraceus Não. Suas folhas são comestíveis na forma de (flor amarela) (Compositae) salada e muito empregada na medicina 2000) p. 186 caseira. Serralha Emilia sonchifolia Não. É ocasionalmente cultivada como (flor (Compositae) ornamental e empregada na medicina caseira. 2000) p. 151 vermelha) No Ceilão é consumida como salada. Voadeira, Buva Conyza canadensis (Compositae) Não. Intolerante a solos movimentados. 2000) p. 144 =Toda Região do Brasil; S=Sul; E=Leste; SE=Sudeste; CS=Centro Sul; CO=Centro- Oeste. As espécies tóxicas foram distribuídas na (Tab.2),onde, estão representadas por: família, nome científico, nome popular e uma síntese dos sinais clínicos de intoxicação em bovinos. 48

TABELA 2: Lista das espécies ruderais tóxicas para gado, encontradas na Represa de Itupararanga, Votorantim-SP em 2008. Família Nome Científico Nome Popular Sinais clínicos de intoxicação Apocinaceae Asclepias Camará- Morte súbita: mesmo sadio, se correr, o gado curassavica bravo, cai morto, de ataque do coração. Oficial-de-sala Leguminosae Senna obtusifolia Fedegoso É considerada uma planta tóxica ao gado. Papilionoideae Crotalaria Guizo-de- Ataca o fígado; contrações; perturbações lanceolata e cascavel, digestivas; desequilíbrio; excitação ou outras espécies Xiquexique depressão; dificilmente o gado se recupera. Solanaceae Solanum Mariapretinha Intoxicação lenta. Calcifica os pulmões, veias americanum e tendões (rigidez das pernas); apoio na ponta do casco ("espichado"), dificuldade de andar, emagrecimento, morte por fome. Ataca mais vaca nova. Solanaceae Solanum Joábravo É hospedeira de patógenos de Solanáceas sisymbrifolium cultivadas. Os frutos são tóxicos. Baseando-se pela (Tab.2), a mesma relação de espécies ruderais tóxicas para gado em forma de imagens, para melhor visualizar e fazer o reconhecimento das mesmas, encontra-se no anexo 1. Essa foi uma das idéias proposta por esse projeto na atividade de Educação Ambiental na escola do bairro Mato Dentro. Pois, um trabalho de educação na zona rural deve procurar integrar o homem à natureza, valorizando as pessoas, os costumes, a fauna e a flora da região (MERGULHÃO & VASAKI, 1998). 49

Muitas das espécies registradas na Represa de Itupararanga apresentam extensa distribuição no continente americano, ocorrendo em praticamente todo o território brasileiro 2000). Uma das espécies citada nesse projeto como tóxica para gado (Asclepias curassavica), nativa na América tropical e subtropical, estendeu sua distribuição além das fronteiras do continente, difundindo-se por outras regiões do mundo ao ponto de ser considerada cosmopolita por 2000). As infestações de plantas ruderais em pastagens comprometem com a qualidade do pasto; competem pelos fatores de crescimento; promovem queda da capacidade de suporte da pastagem; aumentam o tempo de formação e de recuperação do pasto; podem causar ferimentos e/ou intoxicações aos animais e comprometem a estética da propriedade (PEREIRA & SILVA, 2000; ROSA, 2001; SILVA et al., 2002). Por outro lado, a maioria dessas plantas registradas na Represa de Itupararanga são empregadas na medicina caseira, outras são cultivadas como ornamenta, apresentam propriedades inseticidas e são usadas na alimentação como salada o que denota a importância do estudo a comunidade vegetal, especialmente do ponto de vista sistemático, fitoquímico e fisiológico por 1991). Para as espécies bovinas, o levantamento dessas plantas é muito importante, levando em conta que certas raças toleram mais, outras menos, certos venenos, por fatores ligados ao próprio indivíduo, tais como idade, peso, sexo, estado sanitário e nutricional, além do grau de sensibilidade do animal ante a um princípio tóxico (AFONSO & POTT, 2002). Com relação à planta, às vezes, ela provoca intoxicações apenas em algumas fases vegetativa, como brotação, floração e frutificação e, existem também plantas com princípio tóxico cumulativo, que o animal, ingerindo pequenas quantidades diárias, vai retendo no seu organismo, até atingir a dose letal (AFONSO & POTT, 2002). 50

Das espécies citadas de plantas daninhas como principais infestantes em pastagens por Silva & Dias Filho, (2001); Lara et al., (2003), das famílias Leguminoseae, Gramineae, Malvaceae, Myrtaceae, Cyphaceae, Asteraceae, Cyperaceae, Rubiaceae e Labiateae, pudemos fazer uma comparação com as encontradas na Represa e, concluímos que dessas espécies citadas apenas 4 faram registradas na Represa: Leguminoseae, Malvaceae, Labiateae e Rubiaceae. 4) Conclusão A flora ruderal da Represa de Itupararanga, é composta por uma conjunto diverso de espécies nativas, proveniente de várias regiões do Brasil. A maioria das espécies registradas apresenta ampla distribuição geográfica. O levantamento de espécies ruderais encontradas na Represa registrou 25 espécies, sendo que, apenas 5 delas são tóxicas para gado o que subentende, que o local encontra-se com vegetação inadequada para a pecuária, pois as restantes são altamente infestantes e de difícil manejo. Essas espécies nascem com maior freqüência em pastagens degradadas. 5) Bibliografia AFONSO, E.; POTT, A. Plantas no pantanal tóxicas para bovinos. Disponível em: <http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/livros/plantastoxicas/03introducao.html>. Acesso em: 05 abr. 2008. ARRUDA, Silvia. BOM DIA Mato Dentro: Bairro rural mantém modo de vida de 1900 e pouco. Bom Dia, Sorocaba, 23 jun. 2008. p. 1. Disponível em: <www.bomdiasp.com.br/index.asp?jbd=2&id=158&mat=99964-35k ->. Acesso em: 05 abr. 2008. DEUBER, R. Ciência das Plantas Daninhas: Fundamentos. Jabuticabal: Funep, 1992. 1-2 p. 51

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Asclepias curassavica Camará-bravo, Oficial-de-sala Senna obtusifolia Fedegoso 54

Crotalaria lanceolata Guizo-de-cascavel, Xiquexique Solanum americanum Maria-pretinha Solanum sisymbrifolium Joá-bravo * Fonte: Todas as 5 fotos foram de produção própria, utilizando-se para isso uma máquina fotográfica digital. 55