TRATAMENTO DE ALERGIA RESPIRATÓRIA 2/3



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Transcrição:

TRATAMENTO DE ALERGIA RESPIRATÓRIA 2/3 SISTEMA IMUNE E ALERGIA Por alergia, entendem-se as repostas imunes indesejadas contra substâncias que venceram as barreiras como, os epitélios, as mucosas e as enzimas. A resposta imune pode levar a diferentes quadros patológicos, sendo, portanto, nocivas aos organismos acometidos. HIPERSENSIBILIDADE e ALERGIA O esquema acima mostra como uma pessoa vai aumentando sua alergia até se tornar hipersensível. Quanto maior for o estímulo natural numa pessoa sensível, mais IgE (anticorpos da alergia) ela produz. A figura mostra a exposição ao alérgeno, pode ocorrer três possibilidades. a) Pessoa normal (não sensível); b) Pessoa sensível (sintomas discretos); c) Pessoa hipersensível (sintomas exagerados). REAÇÕES DE INCOMPATIBILIDADE Alergia o conceito de alergia foi empregado pela primeira vez em 1906 por Clemens von Pirquet, para distinguir reações imunes úteis das nocivas. Hoje, define-se alergia como uma reação imune específica, provocadora de doença contra substâncias exógenas (alérgenos).

O quadro colorido mostra a incidência dos polens das diferentes espécies vegetais que provocam alergias respiratórias durante o ano. Os médicos por meio do gráfico sabem quais os polens prevalentes durante os meses do ano e que podem desencadear crises de asma e de rinite alérgica. Esta é uma importante contribuição, que o estado do Texas (USA) presta aos seus moradores. O sistema imune adquirido específico é importante no desencadeamento de uma reação alérgica. Pelo contato com um alérgeno, produz-se a sensibilização do organismo. Formam-se em seguida linfócitos alérgeno-específico e anticorpos da alergia (IgE específico). No caso de uma nova exposição ao alérgeno, manifestase, então, a reação alérgica. Coombs e Gell, em 1963, classificaram as alergias em quatro tipos. O conceito de atopia foi introduzido por Coca e Cooke em 1923, e refere a uma tendência hereditária de desenvolver alergias do tipo I contra alérgenos inalados ou absorvidos por eczemas. A atopia inclui as seguintes alergias, o eczema atópico, a rinite alérgica e a asma brônquica (alérgica).

Tipo de reação Tipo I reação alérgica Tipo II reação citotóxica Tipo III reação por complexo imune Tipo IV reação imune celular Mecanismo Reação alérgica mediada por anticorpos IgE específicos, quando em presença do respectivo alérgeno liberam os mediadores químicos responsáveis pelos sintomas. O antígeno liga-se a membrana celular e esta é destruída por anticorpos circulantes (classe IgG e/ou IgM). Os complexos imunes (antígenoanticorpo) circulantes provocam inflamações no sistema circulatório. São reações tardias e os sintomas surgem entre 24-48 horas após a exposição ao alérgeno. Exemplos asma, rinite alérgica, choque anafilático. anemia hemolítica por Fator Rh+. reações medicamentosas glomerulonefrites. Dermatite de contato e Pseudo-alergia As reações pseudo-alérgicas apresentam evoluções clinicamente idênticas às alérgicas. Todavia, elas são provocadas por mecanismos patológicos diferentes dos imunes. As pseudo-alergias geralmente são provocadas por medicamentos e alimentos, a manifestação clínica é dose dependente e ocorrem no primeiro contato com o agente desencadeante. São bem conhecidos os quadros pseudo-alérgicos provocados por antiinflamatórios não-hormonais (diclofenaco), pelos derivados do ácido acetilsalisílico (AAS), dos inibidores da ECA (captopril), os relaxantes musculares e vários antibióticos. Alguns alimentos podem igualmente desencadear reações psedoalérgicas, sobretudo quando contêm aminas biologicamente ativas (histamina, serotonina, tiramina). A esse grupo de alimentos pertencem, por exemplo, o queijo curado, o vinho tinto e as nozes. Também alguns aditivos alimentares e estímulos físicos (calor, frio) podem desencadear reações pseudo-alérgicas. Idiossincrasia, intolerância a idiossincrasia congênita ocorre diante de substâncias exógenas e a causa geralmente é um defeito enzimático. Os sintomas clínicos dependem da dose e manifestam-se

no primeiro contato com o agente desencadeante. Clinicamente, o quadro patológico pode assemelhar-se a algumas alergias. A carência congênita de lactase (intolerância ao leite de vaca) é um bom exemplo. Toxicidade É dose dependente. Toxidade é o efeito prejudicial à saúde provocado por uma substância química ou fatores físicos. Um exemplo de uma reação da pele semelhante à alergia é a dermatite causada pelo ácido muriático. FREQÜÊNCIAS DAS ALERGIAS Segundo exames epidemiológicos, 20-30% da população de países industrializados manifestam sintomas alérgicos. Os dados abaixo variam de autor para autor e da época em que foi feito o levantamento/estimativa. Veja o quadro a seguir: Alergia Prevalência na população Rinite alérgica 15-25% Dermatite atópica 10% Urticária 10-20% Asma brônquica 5-10% Alergia a alimentos 2% A distribuição da freqüência das doenças alérgicas varia com a idade. Na infância predominam as dermatites atópicas e intolerância a alimentos. Na adolescência e no adulto, encontra-se principalmente a asma e a rinite alérgica. Na terceira idade, diminui a prevalência das doenças atópicas. As alergias são mais freqüentes entre os moradores das cidades do que da zona rural. A população dos países industrializados é mais acometida do que a população de países em desenvolvimento. Na infância, as alergias afetam mais os meninos e na vida adulta mais as mulheres. Atualmente está ocorrendo aumento das alergias em escala mundial. CAUSAS DE ALERGIA A causa de uma alergia é multifatorial, três fatores são significativos:

Predisposição genética. Existe o fator hereditário no desenvolvimento de alergias. Veja a tabela: Pais Risco de alergias - filhos Pais saudáveis 10-15 % Um dos pais atópico (alérgico) 30-40 % Ambos o pais atópicos (alérgicos) 75 % Exposição a alérgenos. A exposição precoce a alérgenos parece associar-se ao aumento do risco de doenças atópicas. As crianças alimentadas nos primeiros seis anos de vida com leite de vaca adoecem mais freqüentemente em decorrência de alergias gastrintestinais ou dermatite atópica. Exposição adjuvante. O significado de diferentes fatores adjuvantes no desenvolvimento de alergias ainda não está bem esclarecido. Observa-se correlação entre elevada poluição do ar (Oxido sulfuroso (SO2), ozônio (O3), fuligem de óleo diesel, fumaça de cigarro) a freqüente ocorrência de doenças respiratórias. As infecções respiratórias virais e bacterianas parecem exercer um papel protetor na infância. O desenvolvimento das crianças num meio rico em alérgenos (vida rural) diminui a sensibilização, por outro lado, as infecções gastrintestinais aumentam a freqüência de intolerância ao leite de vaca nas crianças. AS DÚVIDAS E PERGUNTAS DEVERÃO SER LEVADAS AO SEU ALERGISTA PARA ESCLARECIMENTO. IMPORTANTE As informações disponíveis no site www.alergiarespiratoria.com.br possui caráter informativo e educativo. No caso de consulta procurar seu médico de confiança para diagnóstico e tratamento. Dr. Luiz Carlos Bertoni Alergista - Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI) Membro - World Allergy Organization (WAO) CRM-PR 5779