1 VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DA Moringa Olífera COMO MÉTODO ALTERNATIVO DE TRATAMENTO DE ÁGUA NO SEMIÁRIDO NORDESTINO Maria Susi da Silva Siqueira¹, Mariana Alves de Souza Silva¹, Welington Manoel Florêncio da Silva¹, Suzana Marinho Souto Lima² 1. Alunas do Curso de Biologia UVAUNAVIDA.mariannaaalves@yahoo.com.br 2. Orientadora. Bióloga Professora de Biologia da UVA/UNAVIDA. limasuzana@uol.com.br RESUMO: Este trabalho teve por objetivo comprovar a viabilidade da utilização de sementes da Moringa olifera como meio alternativo no tratamento simplificado de águas superficiais utilizadas para consumo humano. O experimento foi realizado no laboratório de Saneamento da Universidade Federal de Campina Grande PB. Foram determinados os parâmetros turbidez, ph, condutividade elétrica (Método Eletrométrico), coliformes termotolerantes e E. coli (colilert) antes e após a utilização das sementes. Pode-se observar que a Moringa oleifera apesar de provocar c na remoção de turbidez (92,77%), bem como de coliformes termotolerantes (2500 UFC/100ml para 1500 UFC/100ml). Portanto, salienta-se a necessidade da associação a outras etapas de tratamento para obtenção de qualidade adequada para o consumo humano. Dessa forma, se constitui um método viável para pequenas comunidades e propriedades rurais onde não há disponibilidade de água potável no semiárido nordestino. Palavras-chave: Tratamento simplificado de água; Coagulante natural; Qualidade de água; Semiárido. ABSTRACT: This study aimed to demonstrate the feasibility of using Moringa Olifera seeds as an alternative means for the simplified treatment of surface waters used for human consumption. The experiment was conducted in the laboratory of Sanitation of the Federal University of Campina Grande - PB. The turbidity, ph, electrical conductivity (electrometric method), fecal coliform and E. coli (Colilert) before and after the use of the seeds were determined. It can be observed that the use of Moringa oleifera, despite causing considerable increase in electric conductivity (224μ μ ph (7.08 and 6.64 initial final) were provoked and it proved efficient in removing turbidity (92.77%) and thermo tolerant coliforms (2500 CFU / 100ml to 1500 CFU / 100ml). Therefore, we stress the need for an association to other treatment steps to achieve a quality suitable for human consumption. Thus, it is a viable method for small communities and rural properties where there is no drinking water available in the semi-arid northeast. Keywords: simplified Water Treatment; Natural coagulant; Water quality; Semiarid. INTRODUÇÃO A água é recurso natural indispensável ao ser humano e aos demais seres vivos, além de ser suporte essencial aos ecossistemas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), todas as pessoas, em quaisquer estágios de desenvolvimento e condições sócioô ê q todas as necessidades domésticas (ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE, 2014).
2 De acordo com os dados do IBGE (2008) aproximadamente 12 milhões de residências no Brasil não tinham acesso à rede geral de abastecimento. E ainda, cerca de quase um quarto dos municípios do país sofreram racionamento de água, sendo as maiores incidências no Nordeste (40%), que complementavam suas redes deficientes com outras formas de abastecimento, o qual se dá, na maior parte dos casos, sem a participação da Prefeitura. Para isto, a população de algumas comunidades rurais, é obrigada a percorrer grandes distâncias para a obtenção de água, que na maioria das vezes é de péssima qualidade e de turbidez muito elevada, sendo necessário que se remova a maior quantidade possível desses materiais antes de usá-la para consumo. Normalmente, isso éobtido pela adição de coagulantes químicos, como o sulfato de alumínio, que às vezes não estão disponíveis a um preço razoável para essas populações (BRASIL, 2006). Uma alternativa é o uso de coagulantes naturais como as sementes da árvore Moringa oleifera para promover a coagulação de tais partículas e que além disso, possuí a capacidade de remover as bactérias na ordem de 90 a 99% (MUYIBI ; EVISION, 1994, citado por BRASIL, 2006) Segundo Amagloh e Benang (2009), citado por Paterniani; Mantovani; San (2009) as sementes de Moringa oleifera contém proteínas com baixo peso molecular e quando seu pó é dissolvido em água adquirem carga positivas que atraem particulas negativamente carregadas tais como argilas e siltes formando flocos densos que sedimentam, apresentando bons resultados como clarifcante natural. Desta forma, esta pesquisa teve por objetivo comprovar a viabilidade da utilização de sementes da moringa olifera como meio alternativo no tratamento simplificado de águas superficiais utilizadas para consumo humano. METODOLOGIA A pesquisa experimental foi realizada no laboratório de Saneamento da Universidade Federal de Campina Grande PB, sendo composta de três fases: 1. Preparação da amostra com turbidez sintética
3 Para a obtenção de amostra com coloração e turbidez, colocou-se 1 colher de café de solo rico em matéria orgânica, e de coloração escura em 1 litro de água de torneira (Fotografia 1A), na qual foram analisados a turbidez, ph, condutividade elétrica (método eletrométrico) e coliformes termotolerantes (membrana filtrante) e E. coli (colilert). 2. Extração do componente ativo da semente de Moringa oleifera Na literatura, encontram-se disponíveis vários processos de extração do componente ativo, porém, os procedimentos utilizados neste trabalho foram baseados na prática cotidiana da população que a utiliza, conforme descrito a seguir: Utilizou-se 10 sementes de Moringa oleifera (Fotografia 1A) que foram descascadas (Fotografia 1B) e o seu miolo foi esmagado em almofariz (Fotografia 1C). Fotografias 1A. Amostra sintética. 1B. Sementes de Moringa oleifera com casca 1A 1B
4 Fotografias 1C. Sementes retiradas as cascas. 1D. Esmagadas em almofariz. 1C 1D 3. Utilização do componente ativo da semente de Moringa oleífera Após o esmagamento, o pó foi adicionado em 1 litro de amostra de água de turbidez sintética (Fotografia 1D), que foi deixada em repouso por 5 horas, à temperatura ambiente para ação da moringa. Após este período, retirou-se o sobrenadante (Fotografia 2A) que foi utilizado para a determinação da turbidez, ph, condutividade elétrica (Método Eletrométrico- APHA 2005) e coliformes termotolerantes e E. coli (colilert). Fotografia 2A. Sobrenadante após 5 horas de decantação. 2A
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização físico-química Tabela 1. Características físico-químicas da amostra sintética, antes e após a utilização da Moringa oleífera. Antes Após ph 7,08 6,43 Turbidez (NTU) 692 50 CE (µs/cm) 86,7 224 De acordo com os dados, percebe-se que não houve mudanças significativas de ph (7,08 inicial e 6,64 após a utilização da semente da Moringa oleífera ( Tabela 1), sendo uma vantagem econômica no que concerne o tratamento da água, pois, implica na diminuição de custos com a adição de produtos químicos para a correção do ph quando se utiliza outras substâncias no tratamento da água como sulfato de alumínio (BRITO et al., 2010). Em um estudo feito em Malawi, na África, foi constatado que enquanto o alumínio é um eficiente coagulante apenas em uma faixa restrita de ph, a Moringa olífera se mostrou eficiente em uma faixa maior, o que se torna mais uma vantagem em países em desenvolvimento, onde nem sempre é possível fazer a correção do ph antes do tratamento (RANGEL, 2009). Com relação ao parâmetro turbidez, observa-se que o mesmo variou de 692 NTU (inicial) á 50 NTU (Tabela 1), apresentando remoção de 92,77%. Oliveira et al, (2011), estudando a taxa de turbidez em águas naturais, utilizando extratos de semente de Moringa oleífera observou que, após o período de coagulação e sedimentação dos flocos, ocorreu uma redução aproximada de 81,3% da turbidez natural da amostra em comparação com a amostra inicial, sendo valores aproximados daqueles encontrados neste estudo. q ela 1) que pode ser atribuído aos sais contidos na semente da Moringa oleífera (BRITO et al., 2010). Caracterização Microbiológica
6 Observa-se na tabela 2, que as sementes de Moringa oleífera proporcionam o decréscimo da concentração de bactérias termotolerantes, de 2500 UFC/100ml para 1500 UFC/100ml, acompanhando a remoção da turbidez, pois, os parâmetros cor e turbidez estão intrinsecamente relacionados com a probabilidade de presença de microrganismos presentes na água. Tanto as partículas dissolvidas como as partículas em suspensão podem constituir-se em um meio de fixação dos microrganismos, exercendo um efeito escudo que os protegerá da ação desinfetante. Tabela 2. Concentrações de coliformes termotolerantes da amostra sintética, antes e após a utilização da Moringa oleífera. Antes Após 2500 UFC/100ml 1500 UFC/100ml A diminuição na turbidez traz benefícios de ordem estética para água e também minimização do risco da presença de microorganismos, a presença de materiais em suspensão é a causa da turbidez nas águas sendo importante devido ao seu valor estético pois causa má impressão levando a associação com fontes poluidoras e não potáveis. Sua eficácia está relacionada com a ausência de turbidez, pois as partículas presentes em água turvas são protetoras dos microorganismos alvos (PIVELLI,1998). De acordo com Bezerra et al., (2004) as sementes da Moringa oleífera possui os constituintes químicos pterigospermina e ramnosil-oxibenzil-isotiocianato que têm ação antimicrobiana sobre Bacillus subtilis, Mycobacterium phei, Serratia maarcenses, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosas, Shigela e Streptococus. CONCLUSÕES Os resultados evidenciam que, a utilização da Moringa oleífera como método alternativo no tratamento simplificado de águas superficiais utilizadas para o consumo humano, é viável, pois, não provocou alterações significativas de ph na água, sendo uma das vantagens deste coagulante natural.
7 Apresentou remoção de 92,77% da turbidez da água, em relação ao valor inicial, bem como a redução de bactérias do grupo coliforme. Portanto, salienta-se a necessidade da associação á outras etapas de tratamento como o aumento do tempo de decantação, filtração e desinfecção da água, para obtenção de qualidade adequada para o consumo humano. Além disso, por ser uma planta de fácil cultivo e desenvolvimento e por a técnica utilizada para o tratamento de água com a sua semente ser de fácil execução, se constitui um método viável para pequenas comunidades e propriedades rurais onde não há disponibilidade de água potável no semiárido nordestino. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APHA- AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION Standard methods for the examination of water and wastewater. 21 ed. Washington, APHA/WEF/AWWA, 2005. BEZERRA, A. M. E.; MOMENTÉ, V. G.; MEDEIROS FILHO, S. Germinação de sementes e desenvolvimento de plântulas de moringa (Moringa oleifera Lam.) em função do peso da semente e do tipo de substrato. Horticultura Brasileira, v. 22, p.295-299. 2004. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa. PINTO, N. O. Sistema simplificado para melhoria da qualidade da água consumida nas comunidades rurais do semiárido do Brasil. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2006. 47p. BRITO, I. C. A.; SOUTO, J. S.; SOUTO, J. C. S.; NASCIMENTO, G. L.; MARQUES, L. F. Uso de sementes de Moringa na melhoria da qualidade da água no semiárido da Paraíba. Anais II Encontro Nacional de Moringa. Sergipe: Aracaju, 3-5, novembro 2010. IBGE, 2008. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em < : www... PN B_. > acesso em 11 de Outubro de 2014. OLIVEIRA, L. L. C.; FERREIRA, G, G.; FERREIRA, G. R.; CORRÊA, L. F.; PEREIRA, R. R. Análise da taxa de remoção de turbidez em águas naturais ultilizando-se extratos de semente de moringa ólifera Lam. Revista Brasileira de Agropecuária Sustentável, v.01, n.01, P.204-210, 2011. ORGANIZAÇÃO PAN AMERICANA DE SAÚDE. Água e Saúde. Disponível em: <http://www. opas.org.br/ambiente/uploadarq/água.pdf >. Acesso em: 18 de setembro de 2014. PATERNIANI, J. E. S; MANTOVANI, M. C; AN ANNA, M. R. Uso de sementes de Moringa oleifera para tratamento. de águas superficiais. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental v.13, n.6, p.765 771, 2009
8 PIVELI, R. P. Apostilas da Disciplina de Química ambiental. São Paulo: FSP-USP, 1998. RANGEL, M. S. Moringa Olífera: Um purificador de Água e Complemento alimentar para o Nordeste do Brasil Flores e Folhas. Disponível em :< : www.j.. A1. > A Outubro de 2014.