PEDIDO DE PROVIDÊNCIA 45/2013 0013767-74.2013.8.11.0000 Vistos. Trata-se de pedido de providências formulado pela Presidente do Instituto de Estudos de Protesto de Títulos do Brasil Seção Mato Grosso (IEPTBMT) no qual requer seja autorizado o pagamento dos emolumentos das sentenças judiciais protestadas ao final quando da quitação da dívida no Tabelionato de Protesto e, se a medida for acolhida, solicita providências visando à adequação da Declaração de Atos Notariais e de Registro, a incidência de emolumentos na hipótese de acordo entre as partes, bem como a divulgação da medida à população geral, inclusive com confecção de banner. Em decisão acostada às fls. 24 foi estabelecida a ausência de impedimentos para que os emolumentos referentes a títulos judicias protestados fossem recolhidos quando da quitação da dívida, bem como determinado a manifestação da ANOREG e colheita de parecer do Departamento de Controle e Arrecadação DCA.
A Associação de Notário e Registradores do Estado de Mato Grosso - ANOREG/MT, devidamente intimada, apresentou manifestação às fls. 28 a 34, aduzindo concordância com a proposta apresentada pela consulente e requerendo que o Pedido de Providencia 71/2010 seja apensamento nestes autos visto que o pedido ora formulado e um dos vários já formulados naquele autos. Às fls 38 foi determinado o cumprimento da parte final da decisão de fls. 24 que determinou a manifestação do Departamento de Controle e Fiscalização DCA acerca dos pedidos formulados pela Consulente e ANOREG. Instado a se manifestar, o Departamento de Controle e Arrecadação DCA deste Tribunal aduziu às fls. 40 que os emolumentos referentes aos títulos judiciais protestados poderão serem realizados sem o depósito prévio dos emolumentos, como acontece hoje nos casos de atos notarias e registrais relacionados a Justiça do Trabalho, Dívida Ative e protesto faixa A e B. Despacho encartado às fls. 42/44 determinou o apensamento do presente feito ao Pedido de Providência n.º 78/2010; contudo, fora determinado no referido procedimento o desapensamento dos autos por se tratar de matéria diversas. É o relatório. Passo a opinar. Uma das questões trazidas à colação tem como objeto a edição de normas que possibilitem a postergação do recolhimento dos emolumentos iniciais inerentes à formalização do protesto das sentenças judicias líquidas. Entendemos que sim.
A Lei Federal nº 9.492/1997, que disciplina "os serviços concernentes ao protesto de títulos", prevê no 1º do art. 37 há possibilidade que o pagamento de emolumentos e demais despesas sejam efetuados posteriormente, ou seja, por ocasião da desistência, do cancelamento ou do pagamento. No mesmo sentido, o item 5.8.1.1 da CNGCE prevê que Poderá ser exigido depósito prévio dos emolumentos e demais despesas devidas, caso em que igual importância deverá ser reembolsada ao apresentante, por ocasião da prestação de contas, quando ressarcidas pelo devedor no Tabelionato. Da interpretação dos dispositivos acima, concluímos que a lei conferiu a viabilidade/possibilidade do pagamento dos emolumentos ao final no protesto de sentenças líquidas. Assim, o credor apenas arcará com os emolumentos se desistir do protesto; sendo que, nas demais hipóteses, a saber: pagamento do título ou cancelamento do protesto, esses valores serão adimplidos pelo devedor. Ademais, na hipótese de acordo entre as partes há incidência de emolumentos. A argumentação aqui delineada vai ao encontro com o entendimento esposado no recurso ordinário em mandado de segurança n.º 29.666 - PR (2009/0102092-7) interposto pela Sra. Vivian Beatriz Formighieri Nardi, titular do Ofício Distribuidor, Contador e Depositário Público da Comarca de Toledo/PR, de Relatoria do Ministro Castro Meira, segunda turma do STJ, julgado em 20/08/2013 e publicado no DJE 30/10/2013, que reconheceu a possibilidade do pagamento diferido dos emolumentos referentes ao protesto de títulos judiciais líquidos, litteris:
RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PROVIMENTOS DO CORREGEDOR-GERAL DA JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ. PROTESTO DE TÍTULO. POSSIBILIDADE DE DISPENSA DO PRÉVIO DEPÓSITO DA IMPORTÂNCIA DEVIDA AO DISTRIBUIDOR. MERA POSTERGAÇÃO PARA O MOMENTO DA DESISTÊNCIA, DO CANCELAMENTO OU DO PAGAMENTO. LEGALIDADE. 1. Observado que, no tocante aos recolhimentos vinculados aos protestos de títulos caso em debate, a Lei Federal nº 9.492/1997 igualmente normatiza os emolumentos e demais despesas (lato sensu) pertinentes aos "serviços concernentes ao protesto de títulos" neles inseridos a respectiva distribuição, incidindo a exceção do art. 16 da Lei Estadual/PR nº 6.149/1970, segundo o qual "as custas reguladas por Leis Federais serão pagas conforme provimento da Corregedoria da Justiça". Como consequência, tem-se como legais os provimentos do Corregedor-Geral de Justiça do Estado do Paraná, segundo os quais, "na hipótese de o oficial de protesto dispensar o depósito prévio dos emolumentos", os recolhimentos devidos serão efetuados posteriormente, "por ocasião da desistência, do cancelamento ou do pagamento". 2. Recurso ordinário não provido. Assim, atuando de forma mais consentânea com a realidade, concluímos que o protesto extrajudicial de sentença judicial líquida é um meio legal, simples, efetivo, rápido e alternativo de constranger o devedor a adimplir sua dívida, evitando ato restritivo de crédito contra si, bem como de evitar que o autor ajuíze ação executiva; medidas que reduzem sobremaneira o número de execuções de cumprimento de sentença.
Ademais, a dispensa do pagamento antecipado dos emolumentos possui um importante aspecto social, pois visa estimular os credores de pequenas quantias a prática do protesto de seus títulos; garantindo, assim, o acesso à justiça a população e, em contrapartida, um acréscimo nas receitas das serventias. Nota-se, desses fundamentos, ser plenamente possível que as sentenças judiciais líquidas sejam protestadas sem a necessidade do recolhimento antecipado dos emolumentos cartoriais; efetuando-se, tãosomente, o pagamento das despesas relativas ao deslocamento, postagem da intimação pelo correio e publicação de editais, quando do protocolo do título. Por todo o exposto, o parecer é no sentido de: a) Seja incluído na nova Consolidação das Normas Gerais da Corregedoria Foro Extrajudicial CNGCE do seguinte item: 5.9.1.2 Os pagamentos dos valores previstos nas tabelas de emolumentos somente serão devidos quando da quitação do débito correspondente à certidão de dívida judicial; contudo, o pagamento das despesas relativas ao deslocamento, postagem da intimação pelo correio e publicação de editais deverão ser efetuadas quando do protocolo do título. b) que a Coordenadoria de Tecnologia de Informática CTI providencie as adequações necessárias na Declaração de Atos Notariais e de Registro para o recolhimento ao final dos emolumentos referentes as sentenças judiciais líquidas;
c) que a Assessoria de Comunicação desta Corregedoria juntamente com o Departamento de Fiscalização e Orientação - DOF promova a divulgação à população geral acerca da possibilidade de protesto de títulos judiciais sem pagamento de emolumentos iniciais, inclusive com confecção de folders. É o parecer sub censura. Cuiabá, 13 de outubro de 2014. ANTÔNIO VELOSO PELEJA JÚNIOR Juiz Auxiliar da Corregedoria Pedido de Providências 45/2013 Homologo o parecer. Cumpra-se, expedindo-se o necessário. Cuiabá, 13 de outubro de 2014. Desembargador SEBASTIÃO DE MORAES FILHO Corregedor- Geral da Justiça
5.9.1.2 Os pagamentos dos valores previstos nas tabelas de emolumentos somente serão devidos quando da quitação do débito correspondente à certidão de dívida judicial; contudo, o pagamento das despesas relativas ao deslocamento, postagem da intimação pelo correio e publicação de editais deverão ser efetuadas quando do protocolo do título. 5.9.1.2.1 Sem o prejuízo do disposto acima, as despesas relativas ao deslocamento, postagem da intimação pelo correio e publicação de editais deverão ser recolhidas antecipadamente, quando do protocolo do título.